Cap.8
- Então você deve pegar esses dois relatórios e grampea-los, pra que assim Shingyouji possa saber que eles são da mesma região.
- Tudo bem, Isa-Senpai ! - estava terminando de observar os lucros da empresa quando meu telefone começou a tocar.
- Moshi Moshi !
- Isa-Senpai ?- era a voz de Murata.
- Hai, Murata-San...
- Já consegui o avião.
- Que ótimo ! Já vou chamar Shingyouji. Vamos pegar a nossa bagagem em casa e nos vemos lá em Narita.
- Hai ! Até logo !
- Ate !- desliguei o telefone e fui correndo até a sala de Shingyouji.
- Amor ?- falei em português. Ele já sabia o significado.
- Hai !
- Vamos, Murata conseguiu o avião.
- Que ótimo ! Vamos ! - estava marcado para o dia seguinte a cesariana da criança. Havíamos decidido fazer assim, pois as chances de ela não nos avisar do nascimento eram 0, afinal aquela era a data pra que ele nascesse. Sim, nosso filho era homem.
TEMPO DEPOIS
- Nossa, como eu estou com dor !- Adhira reclamou, assim que entramos no hospital - o seu filho cresceu demais Murata, minha nossa !- eu e Shingyouji nos olhamos. Mal ela sabia que a criança que estava por vir era nosso filho.
TEMPO DEPOIS
O médico autorizou nossa presença na sala de parto. Não seria um parto muito bonito, afinal seria cesáreo, mas não há nada mais precioso pra um pai que poder ver o nascimento do seu filho.
- Animem-se, o filho de vocês está nascendo !- a esta altura, Adhira já estava profundamente sedada. Eu e Shingyouji estávamos lá, lado a lado ansiosamente aguardando o nascimento do garotinho que seria nosso filho a partir de agora. Algumas incisões, medicina pura, e logo pudemos ver a cabeça do garoto aparecer. Assim que pude ver de frente, pude perceber, ele havia nascido uma mistura de Shingyouji e Isaac. Poderia até parecer clichê, mas o cabelo liso e castanho do pai S e a pele hiper branca do pai I estava lá. Os traços da beleza do pai S estavam lá, e os olhos do pai I também. Parecia que haviam misturado nós dois, e formado aquela criança.
- Kawaii... - ouvi Shingyouji dizer, com os olhos cheios de lágrima.
- E qual sera o nome ?- ainda não havíamos decidido.
- Uma mistura de brasileiro com japonês ? - ele olhou pra mim
- Eric !- falei pra ele.
- Porquê Eric ?
- Eu sempre sonhei em ter um filho com nome Eric.
- Traduzido pro japonês ficaria Erike !
- Isso mesmo
- Então escolho Keisuke.
- Porquê Keisuke ?
- Porquê era o nome do meu avô, talvez o único homem que tenha me ajudado a formar o caráter.
- Entendo. Então ficaria Keisuke Eric ?
- Ou Eric Keisuke, acho que ficaria melhor pra dizer.
- Tudo bem, Eric Keisuke !
TEMPO DEPOIS
- Pronto, pequeno Eric Keisuke, seja bem vindo ao seu novo quarto ! - o garoto havia acabado de completar duas semanas, e estava cada vez mais "Shingsaac" . Com cabelos lisos e os meus olhos, com a boca igual a de Shingyouji, estava cada vez mais fofo. Havíamos mandado reformar o quarto de hospedes. Shingyouji escolheu pintar de azul. Compramos o berço, roupinhas fofas, enfim, tudo o que um bebê precisava. Assim que coloquei ele no berço, ele pegou no sono. Eu e Shingyouji ainda ficamos alguns minutos olhando aquela criancinha pequena, tão fofa. Parecia ser tão indefesa. Parecia que estaria com a gente pra sempre. Não enfrentava problemas. Apenas dormia, comia e sorria, vendo os outros a paparicarem.
- Ele é a nossa cara !- Shingyouji mencionou.
- É, o destino fez isso pra nós !- naquele momento, observando aquela criança, pude imaginar muitas coisas. Pude imaginar como seria ver Eric crescendo, adquirindo corpo, tamanho. Correndo pela casa, assim como Saki. Como seria quando ele chegasse a adolescência, e fizesse o ensino médio. Será se ele iria preferir um colégio interno ? E quando fosse adulto ? Será se eu teria um genro ou uma nora ? E netos ? Como eles seriam ? Acredito que todos os pais que se prezam imaginam isso e fazem essas perguntas. Imaginando tudo isso, houve apenas uma coisa que permaneceu igual. Minha relação com Shingyouji. Eu não conseguia me ver longe dele, nem um minuto que seja. Pra mim, pro destino e pra todos, ficariamos juntos pra sempre. Mesmo quando toda aquela beleza começasse a cair, e nós começássemos a ter cabelos branco. Mesmo quando a pilula azul começar a fazer parte da nossa rotina, eu ainda me via com ele. Mesmo quando começarmos a caducar, e fazer coisas de velhos, algo me dizia que este amor iria perdurar pra sempre, e sem diminuir a intensidade um minuto que seja. Eu tinha uma prova. A nossa briga, que serviu apenas pra nos aproximar provava isso. Provava também que Shingyouji sempre seria fiel, e não havia porquê ter medo, eu não iria perde-lo. Eramos almas gêmeas, e eu sabia disso !
TEMPO DEPOIS
Meu tio havia falecido. Ele acabou sofrendo um infarto e não resistiu. Agora minha tia estava viúva. Shingyouji e eu corremos pro Brasil, com o bebê, e ainda conseguimos chegar antes do enterro. Minha tia estava desolada.
- Não meu deus, agora eu vou ficar sozinha, não posso acreditar !
- Calma titia, lembre-se, ele vai pra um lugar melhor, fazer companhia a nossa familia. Eles vão nos observar de lá, lembra ?- depois de quase 4 anos, eu estava tendo que enfrentar o fantasma da morte mais uma vez. Não era alguém tão próximo de mim, mas eu senti como se fosse. Lembrei muito dos meus pais.
TEMPO DEPOIS
- E agora garotos, o que vou fazer ? - eu estava dando a mamadeira pra Eric quando vi Shingyouji sentar ao lado da minha tia.
- Sabe, tia de Isaaku, quando minha irmã morreu, fiquei sem chão também, mas sempre imaginei que... Ela iria "Plá" um lugar melhor e... Que agola nos ajudaria na caminhada da vida !- é, Shingyouji estava mesmo se empenhando a falar português - tenha calma, que ele vai permanecer ao seu lado ! - sorri, vendo ela o tratar como um filho.
- O seu português está bem melhor !
- Ando treinando muito com ele titia.
- Que bom filho ! Pelo jeito o amor de vocês vai ser...
- Pra vida toda !- dissemos juntos - eu e ele sempre pensamos nisso. E cada vez mais temos certeza !
- Que bom garotos !- ela estava muito triste. Havia perdido o marido. Eu não queria nem pensar nisso. Preferia que eu e ele morressemos ao mesmo tempo, assim ninguém sentiria dor - mas eu não sei o que vou fazer sozinha aqui !
- Porquê não vai pro Japão conosco ? - Shingyouji perguntou, com aquele sotaque.
- Mas, eu não vou incomodar ?
- Vai nada ! Vai ser ótimo lhe receber lá tia !- falei agora eu.
- Mas eu nem falo japonês !
- A senhora pode aprender, não é o bicho de sete cabeças que todo mundo fala. É isso ou ficar sozinha aqui, que é algo que eu não deixaria, ainda mais neste perigo que ronda Santos. Lá a senhora vai ter a mim e a Shingyouji, e não vai ter tanta dificuldade assim, além da língua, já que viver lá e quase igual a viver aqui, com a diferença de que aqui ainda existem muitos espaços - ela riu - fora que a senhora fala Inglês, e lá isso ajuda muito. Metrôs, lojas, geralmente sempre tem algum funcionário bilingue. E enquanto a senhora não aprende o japonês, isso seria uma ajuda.
- Tem certeza filho, eu não vou incomodar ?
- Vai nada, vamos logo !
- Bem, se você diz... Eu vou né !- demos um abraço triplo nela. Agora a mulher que eu mais admirava estaria próxima de mim. Isso era ótimo.
TEMPO DEPOIS
- Nossa, que lugar bonito esse onde vocês moram ! - falou ela, voltando pra sala depois de se instalar.
- Este local agora é seu também titia, não precisa ter vergonha. A cozinha, a sala, agora tudo isso aqui também é seu !- dizia eu, escrevendo o nome dela na parede aonde estavam os nossos nomes, e colocando do lado a frase "Segunda mãe", em português mesmo.
- Acho que vou me dar muito bem aqui !- falou, olhando pela janela - adorei essa cidade.
- Vai adorar quando ver o resto. E eu não esqueci quando a senhora disse que queria continuar trabalhando. Eu sei que a senhora é pedagoga e... Tem uma escola pra brasileiros aqui pertinho !- falei, entregando o papel da contratação pra ela.
- Não me diga que...
- Eu levei seu currículo pra eles, e eles disseram que precisavam de alguém da sua experiência. E decidiram lhe contratar pra pedagoga no colégio.
- Ai meu filho, que ótimo. Eu nem acredito que vou poder voltar a sua profissão.
- E o melhor é que o colégio é de brasileiros, ou seja, não vai ter o problema com a língua. Mas não pense que eu não vou cobrar que aprenda o japonês. Já contratei o professor e ele vai vir aqui toda noite.
- Tudo bem, eu sei que é necessário que eu aprenda.
- Com minha ajuda e a ajuda do Shingyouji, sei que logo a senhora estará habituada a morar aqui, assim como eu.
- Ah filho, se Tóquio for realmente o que eu já vi até aqui, sei que vou me dar muito bem aqui.
- Que ótimo !
1 ANO DEPOIS
Estávamos andando pela costa da praia de Kasai, todos juntos, sentindo o vento em nossos rostos.
- Depois de um ano naquele colégio, acho que já posso dizer que não houve melhor decisão do que vir pro Japão !- minha tia dizer.
- Que bom que a senhora gostou mesmo !
- Claro que sim !
- Vamos tirar uma selfie !- ouvi Shingyouji dizer , logo tirando uma foto com o seu celular - ficou linda ! - falou me mostrando.
- Como sempre, né amor !
- Amor !- dessa vez a voz que nós ouvimos não foi de nenhum de nós - amor ! Amor ! - eram as primeiras palavras de Eric Keisuke. Inusitadas, mas foram essas.
- Você falou, Eric-kun !
- As primeiras palavras !- todos nós direcionamos os nossos olhares para ele.
- Nosso filho falou, Shingyouji !- falei, o beijando. Como estávamos felizes. Era o primeiro passo pra formação do nosso garoto !
TEMPO DEPOIS
- Bem feito Dai-Chan !
- Até você vai ficar me pressionando agora, Isa-Chan ?
- Eu avisei que você devia se declarar ! Eu não entendo toda essa vergonha.
- Nem eu entendo. Mas parece que toda vez que eu chego perto dele, eu travo. Nunca entendi isso, mas é a realidade.
- Pois você tem que mudar ! Pare de retardar sua felicidade e se declare pro Murata, antes que ele acabe ficando de uma vez com esse ex.
- Você tem razão, Isa-Chan ! Eu vou fazer isso !- falou, bebendo mais um gole do Whisky - deveria matar você e o Shingyouji por terem o contratado e me deixado desse jeito.
- Pra falar a verdade, até hoje você não me disse como começou esse lance entre vocês.
- Tudo começou assim que ele chegou aqui na empresa.
NARRADO POR DAISUKE
Que droga, como eu estou atrasado ! Se Shing-Chan não tirar meu pescoço hoje, de amanhã não passa.
- Sua sorte é que o Shingyouji pensa quê você já chegou !- vi Isa-Chan mandar por mensagem.
- Segura ele na sala mais um pouco que eu já tô subindo o elevador.
- Hai !
Me chamo Daisuke Hirohito (sim, igual o imperador), tenho 26 anos, sou diretor de produção da Shing Eletronics, a maior empresa de TI do mundo. Shing-Chan era meu chefe. Homossexual, assim como eu, este era casado com Isa-Chan, diretor geral da companhia e meu melhor amigo. Minha aparência é bem comum, não há nada de especial. Tenho cabelos lisos, pretos, até a altura do ombro, pele branca, olhos castanhos e um corpo magro, mas definido. Não me achava hiper lindo. Me achava normal. Essa correria ? Tudo pra eu não chegar atrasado. Não gostava de me atrasar, principalmente pra não manchar a ficha limpa que eu tinha na empresa, depois de 5 anos contratado.
- Espera !- gritei vendo que o elevador ia fechar. A pessoa que lá dentro estava meteu a mão por entre a porta, assim como eu. Nossas mãos se tocaram, mesmo que levemente. Quando vi a porta do elevador se abrir, quase caio pra trás tamanha a beleza que se encontrava ali dentro - arigato Gozaimasu ! - falei, entrando no elevador. Ficamos em silêncio por alguns segundos.
- Anata no namae wa nanidesu ka? ( Qual o seu nome ?) - acabamos dizendo ao mesmo tempo. Rimos !- Daisuke !- falei eu
- O meu é Murata ! - arregalei os olhos.
- Por acaso você não seria Murata Yeda, o novo...
- Gerente- diretor ! Sim, sou eu mesmo. Você não me viu aqui ontem ?
- Vi, mas pensei que fosse do escritório, já que de vez em quando alguém novo entra lá
- Entendo !- quer dizer que eu veria aquela beleza todo dia ?
Continua
Gostaram do final ??? É gente, a terceira temporada vai ser sobre Daisuke e Murata, por isso disse que ele seria muito importante nesta temporada. Espero que gostem. Obrigado por comentarem. Comentem mais. Beijos :)
