Pelo menos umas tres vezes na semana, o Lu dormia com o Tiago là em casa. Assim que chegava do seu serviço, Tiago tomava banho e corria buscar o moleque na faculdade (a bichinha cursava nutriçao), vinham para casa, jantavam ali mesmo enquanto eu ficava de vela, ou saiam para um cinema ou barzinho. Eu ficava quieto no meu canto, observando as frescuras deles, beijos e amassos enquanto assistiamos TV; mais tarde iam para o quarto e transavam ate o começo da madrugada. Era sempre um momento de merda para mim, já que eu ouvia tudo, a droga da parede era fina demais, e o Lu dava como uma vadia escandalosa. Sabia ate quando eles gozavam, e quantas vezes. Quando ficava insuportavel pra mim, eu ligava meu MP3 num death metal no ultimo volume, e entao o som infernal do Debauchery impedia que eu ouvisse aqueles dois infelizes transando.
Francamente, eu nao sabia o que o Tiago viu naquela bichinha. Era um carinha futil, cinico, com um papo raso onde so' parecia saber falar de balada, cantoras pop e sobre os amiguinhos femininos do curso dele. Um garoto vazio, superficial, descartàvel como um prato de papel usado; nada naquele moleque justificava a paixao do Tiago. Ok, o menino era bonito e gostosinho, e segundo meu amigo, tinha um fogo dos infernos na cama, mas apenas isso era suficiente para um namoro? Eu somente esperava a hora em que ele enjoasse daquele tipinho, mas que isso acontecesse antes de ele se decepcionar. O cara estava super gamado, nao escondia de ninguem. Viciou no moleque, saia com ele pra todo lado, e no final de semana andava de maos dadas com ele no shopping e na rua.
Certa vez, o doido arrumou confusao perto dum bar hetero, numa tarde de sabado. Saimos juntos e eu levei Hugo comigo, nao ia segurar vela para aquele casal imbecil. Na vespera, eu tinha metido a noite inteira no moleque là em casa, sentia ate meu pau sensivel, mas fodi com força, fazendo Hugo delirar achando que era tudo tesao nele, porem era um pouco de odio por ter de ouvir o Tiago comendo o Lu no quarto ao lado. Nesse sabado, foi tipo um "programinha de casal", shopping e passeio pelo centro, o Hugo ate estava de mao dada comigo, embora eu me sentisse desconfortável. Passando por aquela espelunca de barzinho hetero, uns caras numa mesinha do lado de fora mexeram com a gente.
- Olha lá! Que coisa ridicula! _ exclamou um garotao sem camisa, bone' de mano e jeito de maconheiro _ Nao tem vergonha nao?
Tiago fechou a cara na hora, estufando o peito. Ele nunca engolia sapo.
- Tà achando ruim, otàrio?
- Aqui nao e' lugar de veado, nao! _ disse um moreninho gordo _ Pode ir atravessando a rua.
- Sai que aqui e' lugar de macho! _ falou o molecao _ Vao chupar pau no Iguatemi, que lá e' lugar de voces!
- Saio se eu quiser! _ bradou Tiago, partindo pra cima deles _ Vem! Cai dentro, moleque! Vem ver quem e' macho aqui!
Os filhos da puta aceitaram a briga, vieram com tudo. Escutei a cara do molecao estalando num soco que o Tiago deu, enquanto joguei o gordinho no chao com um pontape', chutando aquela pança de cerveja dele. Outro cara veio pra cima do Tiago, mas so' vi o infeliz caindo de gatinhas, com sangue no nariz, enquanto o molecao se levantou para revidar o soco e Hugo foi quem o parou, imobilizando o cara num golpe de karate, derrubando-o no chao. Tiago se abaixou e começou a pressionar a cara do machinho otario no chao.
- Vai! Quem e' macho agora? _ gritava, enquanto o cara gemia de dor _ Quem, imbecil?
Na confusao, o dono do bar gritava que ia chamar a policia. Os outros fregueses sairam depressa dali, ia dar merda, entao tambem nos afastamos antes que a coisa fedesse mais. Tiago limpou o suor da testa, olhou todo mundo de cara feia e saiu na frente, sem dizer nada. Com uma expressao assustada, Lu foi atras dele, disse algo em seu ouvido e seguiu andando ao seu lado, com o braço na cintura dele; aquele moleque nao conhecia o Tiago como eu: sempre que o cara brigava daquele jeito, ficava mal-humorado por um tempo, digerindo a raiva ate ela passar. Saimos Hugo e eu atras deles, e no caminho puxei o moleque para perto de mim.
- Gostei de ver! _ disse, rindo, dando um beijo no pescoço dele; muita gente olhava, mas eu nao estava nem ai _ Já tá fera no karate, hein?
- Tambem, praticando desde os quinze... _ ele sorriu, avexado.
Dei um beijo na boca dele, de leve. Na noite passada, na boate, ele tinha me visto no amasso com um carinha perto dos banheiros, e fez uma expressao tao triste e sentida que fiquei com pena. Fui atras dele, a gente ficou junto, levei o moleque pra casa e transamos forte; ele nao tocou mais no assunto de namoro, mas era evidente que estava apaixonado por mim, ficava tao feliz quando estavamos juntos, queria ver minhas coisas no quarto, descobrir meus gostos, cheirar minhas roupas, era ate engraçado. Logo ele se curaria daquela ilusao doida, pois caras na cola dele nao faltavam.
O que Bia descobriu com o Tavinho sobre Lu nao me surpreendeu. O sujeitinho tinha sido a putinha numa festa dos veteranos de Direito, certa vez. Em outro caso, corria a historia de que ele foi amante de um professor da faculdade durante meses, e o cara estava recem-casado, tinha ate um filho pequeno. No bloco de Engenharia, ele tambem andara pela mao de um e de outro. Segundo as palavras de Bia, "era dificil achar quem nao tivesse comido o carinha". Que ele era uma piranha isso eu já sabia, e talvez ate o Tiago, mas a questao era se ele estava respeitando meu amigo ou se ainda andava dando pra geral e colocando um belo chapeu de galhos na cabeça do gostosao.
Agora, como Hugo transferiu os treinos dele para a academia onde eu dava aulas, quase todo dia eu ganhava uma mamada filha da mae de boa, no final do meu expediente. Era um perigo, sempre com o risco de alguem pegar a gente, mas o tesao falava mais alto. Na academia em que trabalhei ano passado nao dava para fazer nada pois colocaram cameras no vestiario, tanta era a pegaçao entre os caras. Comi alguns rabos por là, antes das cameras, porem depois sai, o lugar ficou chato demais, o dono era crente e descobriu um dia dois caras fodendo no chuveiro, ficou louco de raiva. Campinas tinha gay pra caramba, entao a debandada foi geral, foram para outro lugar onde pudessem malhar e fazer pegaçao sem ninguem pra encher o saco. O dono evangelico ficou so' com a clientela de heteros gordos e tias da igreja que queriam perder a pança; com certeza o dinheiro dos veados fazia muita falta lá. Bem feito! Trouxa.
Numa quarta-feira à noite, eu assistia ao futebol na TV, tomando uma cerveja geladinha pra espantar o calor. Tiago tinha acabado de chegar com a bichinha dele, foram comer no McDonald's, e enquanto o gostoso foi tomar outro banho, pois o calor estava insuportavel, o Lu se sentou ao meu lado, parecendo que queria ver o jogo, mas estava era olhando para meu pau marcando no calçao branco, sem cueca. Como eu estivesse sem camisa, ele fingiu interesse na minha tatuagem no braço, uma tribal grande, preta e azul. Tocou de leve.
- Doeu pra fazer? _ perguntou, me encarando.
- Nao muito _ dei outro gole na cerveja, sem deixar de olhar para a televisao.
Ele nao tirou a mao, continuou tocando, deslizando os dedos pelo musculo trabalhado, passando para os mamilos e o abdomem. Eu travei, tenso, agora olhando para ele, observando seus dedos passearem como uma serpente por cima do meu volume, descendo e segurando meu saco. Comecei a ficar excitado.
- Deixa eu te chupar? _ sussurrou Lu no meu ouvido.
Olhei sua mao entrar pelo elastico do meu calçao, pegar no pau duro lá dentro e masturbar, enquanto ele lambia os lábios, maravilhado.
- Queria voce e ele me fodendo ao mesmo tempo _ falou baixinho.
- Voce nao presta, moleque _ falei, afastando a mao dele de mim e me levantando; desliguei a TV e fui para meu quarto.
Minha vontade foi a de bater no imbecil do Tiago ate ele aprender a enxergar as pessoas, ate ele criar vergonha na cara e parar de perder o tempo dele com gente ordinaria. O que ele tinha de grande e gostoso, tinha de cego e trouxa.
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Obrigada! Fico contente que estejam curtindo :)
Bjs!