Sankofa: o retorno e o recomeço (cap. 5)

Um conto erótico de Mmaah
Categoria: Homossexual
Contém 1547 palavras
Data: 19/05/2015 14:28:01

Me levantei, pedi licença a professora e sai da sala. Abri a porta, e quando virei pro lado direito ela estava encostada na parede me olhando, com um sorriso tímido no rosto. Não me disse nada. Apenas me abraçou. Ela é pequena, então meu queixo ficava exatamente em cima da sua cabeça. Dei um beijo na sua testa e falei:

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Eu: O que houve?

Ela: Nada demais. Sério! Vim pra pedir desculpas por não ter falado com você.

Eu: Sem problemas. Fiquei meio preocupada, mas se você me diz que está tudo bem, então fico mais tranquila.

Ela: Agora vou te deixar assistir aula.

Eu: Rs... Estava nem lembrada. Vou voltar sim.

Demos mais outro abraço e ela foi.

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Nos falávamos praticamente todos os dias pelo whats. E nos víamos pouco pela universidade. A thy ganhou minha confiança, e nossa amizade foi se consolidando. Ela me contou sua história, sua relação com seu pai, com sua mãe. Me contou muitas coisas que havia passado na vida. Eu também lhe contei sobre minha família, sobre meus relacionamentos antigos, a única coisa que não tinha coragem de contar ainda era sobre eu estar namorando uma menina. Tive medo que ela se afastasse por isso. Poderia pensar que nossa aproximação seria por interesse meu, e aí lascava tudo. E na verdade não era. Eu gostava da amizade dela mesmo. Era uma pessoa que eu queria por perto e nossa relação me fazia bem. No entanto, isso ficava como uma barreira entre nós. Me sentia escondendo algo que de fato era importante. Numa noite estávamos conversando pelo whats e ela me contou algo que havia vivido anos atrás.

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Ela: No condomínio onde eu morava, havia uma moça. Ela não tinha muitos amigos, sabe? E eu junto com as outras meninas do prédio decidimos enturmá-la. Uma noite chamamos ela pra assistir um filme, e ela disse que poderia ser na casa dela. O marido trabalhava fora, ficava dias sem aparecer em casa. Eu e as meninas fomos lá e durante o filme senti que ela alisava minha coxa de uma forma diferente.

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Eu já havia digitado: “eu já sabia”, na barra do whats. Estava esperando ela concluir pra dar Enter e enviar.

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Ela prosseguiu: Achei estranho, mas nada disse. Dias depois eu estava dormindo e o telefone tocou. Atendi e era ela. Nem sei como descobriu meu número, mas desse dia em diante passou a me ligar. Havia um orelhão na frente do meu prédio, e ela me ligava de lá. Ela até me mandou olhar pela janela pra descobrir quem era. Algum tempo depois, chegamos a ir num Circo que havia perto do bairro. Ela quis me levar de moto, e mantive meu corpo junto ao dela no trajeto todo. Depois ela me viu falar com um amigo e foi embora correndo. Até que um dia...

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Eu pensei: Agora ela vai dizer, certeza.

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Prosseguiu: ... eu acordei e soube que ela havia se mudado.

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Fiquei com cara de taxo, lendo do outro lado. Imagina se eu tivesse mando o “eu já sabia”? Rs...

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Apaguei e escrevi: Mas e aí...? Quis dizer o que com isso?

Ela: Que queria saber que fim ela levou, o que fez da vida e tal.

Eu: Huuuum. Entendi. Algo mais?

Ela: Não. As vezes lembro dela. Acho que por isso sou meio traumatizada de fazer novos amigos. Tenho receio deles irem embora do nada.

Fiquei morrendo de vontade de contar logo pra ela de Cibely, mas me segurei um pouco mais. Tinha medo dela contar pra alguém ainda. Fiquei com receio. Então esperei ela contar algo da vida realmente concreto, do contrário, não falaria.

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No dia seguinte eu acordei num sábado pela manhã por volta das 13h. Peguei o celular e liguei pra Ci. Quando desligamos, fui visualizar o whats app e havia mensagens dela.

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Thy: Bom diaaa ^^

Thy: Tá aí?

Thy: Oiii.

Thy: Alooow

Thy: Alguém? Toc Toc Toc.

Thy: Tá com raiva?

Thy: Foi de alguma coisa que eu falei?

Thy: Mah, tá aí? Fala comigo.

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Visualizei e aproveitei a deixa dela pra tentar descobrir algo.

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Eu: Oi, aqui.

Ela: Tá com raiva de mim?

Eu: Deveria?

Ela: Não sei. Tá?

Eu: Tem alguma coisa que você queria me contar?

Ela: Ela procurou você?

Eu: Ela quem?

Ela: Você conhece a Carol? Conhece a Karin?

Eu: Tem alguma coisa pra dizer ou não?

Ela: Você quer saber se eu já me envolvi com mulheres, neh?

Eu: Isso.

Ela: Tá ok. Me envolvi sim. Pronto. Satisfeita?

Eu: Rs... Eu já sabia. Acha que aquela historinha me desceu? Kkkkk

Ela: Aff. Mas de fato nunca tive nada com a menina do condomínio. Me envolvi com a Karin, mas faz tempo já. Hoje eu namoro o Juan, e não penso mais nessas coisas. Pra mim é coisa bem resolvida.

Eu: Tenho uma coisa pra te falar também.

Ela: Você também, neh? Kkkkkk

Eu: kkkkkk é. Mas eu namoro uma menina mesmo. E vamos noivar em abril.

Ela: Eita, sério? Que legal. E ela é de onde?

Eu: Ela é de SP. Nos conhecemos pela net, em outubro do ano passado nos vimos pela primeira vez. Queria muito ter te falado, mas fiquei com receio.

Ela: De que? Tá doida?

Eu: Ah thy, sei lá. Tu poderia entender errado.

Ela: Mah, eu não me importo com isso. Cada um faz o que bem quer da sua vida. Quem sou eu pra julgar alguém?

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Mandei uma foto minha e de Ci

Ela: Formam um casal bonito. E seu sorriso diz que você está bem feliz.

Eu: Tô mesmo. Eu a amo, thy. Amo muito. Mas me diz, por que você e a outra menina não deram certo?

Ela: Nós éramos amigas. Nos envolvemos, mas ela gostava mesmo de outra pessoa. Quando acabou, nossa amizade foi junto. Hoje nem nos falamos mais. Me senti “usada”. Mas enfim... acabou. Estou bem hoje!

Eu: Menos mal então.

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Depois que as coisas ficaram às claras, senti nossa amizade sólida de verdade. E os meses passaram mais uma vez.

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Quando Ci chegou de viagem (final de abril de 2014), fiz questão de que Ci a conhecesse. Inicialmente pelo celular, depois pessoalmente. Uma vez quando visitei Ci, liguei pra Thy, e elas conversaram um pouco. E como o telefone estava com fone, ouvi ela falar pra Ci.

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Thy: Olhe você cuide da Mah, viu? Ela é uma das minhas melhores amigas e não quero vê-la sofrendo. Eu a amo demais, Ci. A mah é uma pessoa boa, merece ser feliz.

Ci: Pode deixar, eu sei fazer essa branquela feliz.

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O papo delas fluiu e como nós estávamos na cama, fechei os olhos. Queria deixa-las bem à vontade pra conversar. Papo vai, papo vem e Ci tirou meu fone do ouvido e colocou os dois nos dela.

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Até que Ci fala: Olha, a Mah dormiu. Tá aqui roncando.

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Pensei: Não acredito que ela vai mentir. Primeiro porque eu não ronco, segundo que eu nem estou dormindo, se roncasse precisava dessa base pra isso acontecer.

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A Thy deve ter dito: A Mah ronca? 0.o

Ci: Ronca, viu? Saca só.

Ela mexeu no telefone, como se aproximasse de mim, e ela mesma fingiu roncar pra Thy ouvir. As duas começaram a sorrir, conversaram mais e depois de um tempo, desligaram.

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[Ci começou assim, primeiro com mentirinhas pequenas, dessas que a gente acha graça. Depois as maiores surgiram, até que ela perdeu o bom senso. Mas isso eu vou contar mais pra frente].

Abri os olhos e fiquei meio introspectiva com a mentira. Ela me beijou e eu fingi que nada tinha acontecido. Quando Ci devolveu meu celular, Thy havia me chamado no Whats.

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Thy: Mah, gostei dela, me parece boa pessoa. E cara, como tu ronca kkkkkkkkk

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Fomos então jantar. Eu continuei em silêncio, até que resolvi tocar no assunto.

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Eu: Ci, Thy tá falando aqui que eu ronquei. Como assim?

Ela: kkkkkk ai amor, tu roncou mesmo. Acabou dormindo enquanto eu falava com tua amiga. Que horror kkkk

Eu: Não Ci, eu não dormi. Apenas quis deixar vocês conversarem de boa, e se conhecerem. Por que você mentiu?

Ela: Amor, você dormiu. Tu tava roncando. A Thy ouviu.

Eu: Ci, não minta pra mim. Eu não dormi. Eu odeio mentiras. Você está mentindo olhando nos meus olhos. Como consegue fazer isso?

Ela: Você dormiu sim.

Eu: Diante de Deus, eu não dormi. Posso repetir cada frase da conversa, posso inclusive lhe dizer que lhe vi tirar o fone do meu ouvido, colocar no seu, e simular um ronco meu pra fazer graça com a Thy. Não me incomodo com a brincadeira, o que me incomoda é você mentir olhando nos meus olhos.

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Ela baixou a cabeça e foi pro quarto.

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Lavei a louça e sentei um pouco na cozinha. Ouvi os soluços no quarto e decidi ir falar com ela.

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Eu: Hey, tá tudo bem. Sério! Esquece isso. Só não mente. Eu não gosto, me magoa. E quando você mente olhando nos meus olhos então, chega a ser inacreditável. Mas não quero mais pensar nisso.

Ela deitou no meu colo chorando: Desculpa amor, não vou fazer mais fazer isso. Prometo!

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“Assim como uma gota de veneno compromete um balde inteiro, também a mentira, por menor que seja, estraga toda a nossa vida”.

(Mahatma GandhiBeijos

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Mah

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Sankofa

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Comentários

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Eita porra.. Mentira é foda.. Machuca :c ... Continua guria..

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