A LEITORA BAIANA
Logo após eu ter postado o conto “A Secretária Baranga” no site Casa dos Contos Eróticos, recebi um email remetido por “Doutora Escorpiana”, a qual se dizia ser baiana, recém formada em Direito, com 23 anos. Sempre é bom receber mensagens de leitores, quanto mais mulheres desconhecidas, melhor ainda quando recheados de elogios. Passei a dar extrema importância à mensagem por ter a baiana dito sentir-se identificada com a protagonista da estória, a Francisca, a quem exagerei na descrição negativa dos atributos físicos, apesar de ressaltar as qualidades morais da sua personalidade.
Porque alguém se identifica com uma baranga? Gordos ou magros, feios ou bonitos, cada ser humano faz uma boa imagem de si próprio, e no mais das vezes se descreve como gostaria de ser percebido. Minha amiga baiana não: contou apenas que era gorda, que tivera duas experiências sexuais insatisfatórias e havia mais de dois anos não tinha relações íntimas, apesar de se masturbar com frequência, o que denotava a preponderância da sua libido. Mesmo diante do mau juízo em relação a sua aparência, não restou a impressão de falta de auto-estima, já que usava um texto elegante, e realçava suas qualidades intelectuais.
Decidi respeitá-la, sem me permitir compaixão, ainda que tivesse exposto seu íntimo de uma maneira bastante dura. Confesso que tenho uma certa atração por mulheres gordas, e as bem gordas - como deveria ser o caso - me despertam intenso fetiche. Também fui movido pela curiosidade, até mesmo para testar se minhas percepções sobre o emocional de uma pessoa desconhecida eram tão apuradas como minha falta de modéstia me permitia acreditar. Começamos uma intensa correspondência eletrônica, trocando sentimentos, desejos, pensamentos, comentários sobre nossas leituras até que se estabelecera uma admiração mútua no plano intelectual, pois evitei descrições físicas além do que já sabíamos um do outro. Pelo Skype, sem fotos, travamos o seguinte diálogo:
Quero te conhecer!
Também quero, mas moramos longe, quase 3.000 quilômetros de distância!
São Paulo fica no meio do caminho, uma hora e poucos minutos a partir de Porto Alegre; mesmo tempo saindo de Salvador;
Você é louco?
Tipo de loucura que me dá muito tesão: encontrar uma desconhecida, beijar na boca sem nunca ter visto, ir pra cama sem nunca ter trocado muitas palavras ao vivo. Isto dá uma estória maravilhosa.
Assim, sem nunca ter me visto? E se você não gostar de mim?
Corro o mesmo risco. Tu também podes vir a não gostar de mim. Olha só: marcamos nossos vôos para pousarem em São Paulo em horários próximos, nos encontraremos na sala de desembarque do Aeroporto de Congonhas …
Tens certeza que não quer uma foto minha, meu celular?
Perderia parte do encanto! Quem chegar no primeiro vôo senta em frente a esteira de bagagens de número 4; já sabemos muito um do outro para nos reconhecermos em meio à multidão …
Tô adorando essa fantasia toda. E se tiver mais de uma gorda desembarcando no mesmo horário? E se você a confundisse comigo? Não gostaria que uma colega de infortúnio passasse por um constrangimento desses. A nossa vida de excesso de peso já é tão difícil. Você quer que eu use algo especial
Apenas unhas compridas. Se as tuas são curtas, usa as de porcelana. E pinta com um esmalte extravagante, que eu não tenha problemas em identificar. Só uma coisa: todas da mesma cor, porque eu detesto esta moda de diferenciar a unha do indicador ou do anelar com outro tom.
Esta foi a combinação básica, poucos detalhes a mais. Minha leitora, que eu também vou chamar de Francisca, em homenagem à personagem com quem havia se identificado, recusou que eu lhe mandasse passagem aérea, mas aceitou que as diárias do hotel corressem por minha conta. Um dia antes do dia marcado para viagem, me chamou ao Skype e implorou:
Só te peco três coisas: 1) não brinca comigo neste que é o momento mais excitante da minha vida; se é brincadeira, diz agora; 2) ainda que você não goste de mim, me beija na boca ao me ver; 3) se não sentir tesão por mim, sairemos para jantar como amigos e na manhã seguinte cada um volta para suas casas com lembranças boas da nossa aventura em São Paulo.
Combinado.
Por favor, não faz nada por pena de mim.
Quem tem pena é galinha, não estou com pena. Estou adorando tudo o que está nos acontecendo, e como já te disse, estou na mesma situação que tu: amanhã pode ser que eu esteja morrendo de tesão e tu não sintas qualquer atração. Se eu perceber isso, não iremos para cama juntos.
Trocamos os números e os horários de chegada dos vôos. Eu pousaria em Congonhas uns 20 minutos antes dela, e confesso agora que tive dificuldades de dormir na noite anterior, completamente excitado com as perspectivas do dia seguinte, tanto as conhecidas como, principalmente, as que eu apenas supunha. Minha esposa, deitada ao lado, percebeu a excitação e por descargo de consciência, bem como descarrego de esperma acumulado de alguns dias, busquei seu beijo doce e seu corpo quente e, concentrado apenas nela, puxei-a para sobre o meu corpo, sentei-a sobre minha virilha, e segurando suas ancas, fizemos lentos movimentos de vai-e-vem, sentindo meu pau deslizar sobre as paredes lubrificadas daquela buceta que eu já comia há tanto tempo. Depois que gozamos, impedi que saísse de cima. Abracei, beijei e a mantive sob intensos carinhos, até que suas pernas dormentes a fizeram implorar para sair da posição. Senti um pouco de culpa quando, ao ser perguntada se me amava, respondeu: “com todas as minhas forças.”
Acordei tenso, e passei a considerar o que me esperava. Buscava os porquês de tudo aquilo. Da minha parte, por óbvio, estava a aventura. Amava minha esposa, talvez até com a mesma ou mais intensidade que ela própria, mas desafio de foder com uma desconhecida, possivelmente com pouco ou nenhum atrativo físico, alimentava minha pretensão de macho alfa. De outra sorte, os segredos da mente da ‘Francisca’ me estimulavam. Como se comportaria uma menina de 23 anos, possivelmente fora dos padrões de beleza durante toda uma vida, acostumada a ser rejeitada e a esconder seus amores, que conheceu sexo apenas duas vezes na vida, com certeza mal comida em ambas oportunidades?
Decidi que seria carinhoso. Seria o protagonista do conto da Secretária Baranga durante a estada em Buenos Aires. Duvidava que Francisca buscasse um dominador, que a controlasse, a submetesse e a desprezasse. Meu pau interagia com esses pensamentos, e endurecia cada vez que eu desenhava a imagem da minha futura amante.
O caminho da aeronave à sala de desembarque durou uma eternidade; outras duas eternidades sentado à frente da esteira quatro, primeiro até que o painel de chegadas informasse a aterrisagem do voo procedente de Salvador, e outra até que aparecesse uma baiana obesa, com o olhar perscrutando os passageiros a procura do seu comedor oculto. Certifiquei que era Francisca ao conferir as mãos com unhas enormes, pintadas de um laranja muito intenso e brilhante. Não houvesse combinado, eu a beijaria de qualquer jeito: antes que saísse o primeiro “oi”, eu já a tinha nos braços, e minha língua dentro da sua boca, até para acalmar a língua dela, que nervosa dançava de um lado para outro. Queria um beijo cinematográfico, queria roubar seu fôlego, e por isso demorei, até que senti suas pernas balançarem.
Não vou descrever a Francisca: não direi se é alta ou baixa, branca, negra ou mulata, feia ou bonita, cabelo liso ou crespo, curto ou comprido; basta aos leitores, para que imaginem a sua própria personagem, saberem do que já sabem: tem 23 anos, inteligente, é bastante gorda, foi mal comida das poucas vezes que teve um caralho no meu das pernas, e usava unhas postiças. Ainda sem trocar palavras, saímos de mãos dadas, descendo a rampa que leva ao embarque dos táxis comuns na área externa do aeroporto. Dentro do taxi, beijei-a novamente; ao perceber as gotículas de suor sobre seus lábios, dando conta do nervosismo que a tomava, lambi levemente seu rosto, para sentir o salgado do suor que temperava a sua pele. Conversamos trivialidades até a recepção do Hotel Mercury, aguardando o grande momento de entrar no quarto.
O nervosismo de Francisca teria colocado a perder a magia do momento; chegando ao quarto, não sabia se se despia, se se jogava na cama, se me abraçava e rasgava minha roupa. Optou por uma saída básica, ao dizer que queria tomar um banho antes de qualquer coisa. Disse que não precisava de banho, que o calor deixava seu corpo com um gosto delicioso. Fazendo o possível para não parecer paternal, disse que teríamos o tempo que quiséssemos, que o hotel estava reservado por duas noites. Propus:
Vamos fazer o seguinte: descobre meu corpo! Antes de transarmos, te habitua ao corpo de um homem; faz o que tu quiseres.
Você não gostou de mim?
Pelo contrário! Desde que te vi não penso noutra coisa a não ser te comer. Sente o meu pau como está duro. Mas o meu desafio é te fazer gozar feito uma louca. Quero que tu voltes para Bahia como uma mulher plena, capaz de assumir o controle de qualquer relação sexual.
Voltei a beijá-la e fomos despindo um ao outro enquanto nossos lábios permaneciam grudados. Uma vez nu, deitei na cama e deixei-a passar as mãos, as pontas das unhas, os lábios, e nas vezes mais deliciosas a própria língua em praticamente todas as partes do meu corpo. Fez tudo lentamente, anotando na mente cada reação que seus toques me causavam. Quando senti que ela estava pronta para o coito, lembrei de algo importante:
Tu trouxeste camisinha?
Não. Você não trouxe? Fiquei com vergonha de comprar. Quem sabe a gente sai agora para comprar e continua depois?
Deixa eu ser egoísta: continua fazendo exatamente o mesmo, porque eu estou adorando.
Ela sorriu ao sentir que era capaz de provocar prazer em outrem:
Deixa eu te chupar?
Meu corpo é teu.
Foi um boquete maravilhoso. A boca de Francisca era perfeita. A calma com que ela chupava meu pau dava tempo exato para que cada terminação nervosa absorvesse recebesse o devido estímulo. Ainda, o toque da sua mão, que arranhava de leve e acariciava a pele da minha barriga e da minha perna, me excitava mais ainda. Eu segurei o gozo o quanto pude, e segundos antes de esporrar, por respeito, avisei: vou gozar. Ela levantou a cabeça, olho os meus olhos, sorriu e caiu com a boca novamente. Abocanhou de tal forma que eu senti a glande tocando a garganta. Engasgou quando a porra jorrou, mas nem quando eu aconselhei-a a cuspir na pia ela parou. Buscou a última gota, como se raspasse o prato de uma sobremesa feita com leite condensado.
Levantou rapidamente, dizendo que iria ao banheiro lavar a boca com antisséptico, mas a interceptei no caminho, e mesmo diante dos protestos, devolvi-a à cama e a beijei, Sentindo o gosto desagradável da porra, ainda que minha porra, entendi que seria justo demonstrar que ali, na nossa alcova, éramos iguais.
Tomamos banho juntos, ainda que o box do chuveiro se mostrasse pequeno para nós dois. Secamos um o corpo do outro, e nos vestimos. Aguardei que se maquiasse, o que fez com pressa e competência, e saímos hotel afora, novamente de mãos dadas. Sentia agora o seu passo confiante, bem diverso daquele andar tenso no aeroporto. Fomos ao shopping, onde tivemos um almoço demorado, e conversamos como velhos amigos. Formávamos um casal estranho, eu de meia idade, ela jovem, ela obesa, eu mais para gordo que para magro. Mas nos divertíamos com os olhares das pessoas, especialmente quando parávamos e nos abraçávamos em meio aos passeios. Passando em frente a uma farmácia, deixei que ela fizesse o pedido à atendente, forçando o constrangimento ao pedir muitos preservativos. Mais ainda quando lembrei, em voz alta, que comprasse um lubrificante. Eu queria comer um cu antes de voltar para casa. Com muita vergonha, ela pediu uma caixa de Cialis, sempre importante aos meninos não tão jovens como eu. Tomei o amarelinho ali mesmo, na farmácia, em frente aos balconistas.
Me leva pro hotel e me come. Não aguento mais.
No taxi foi um arreto só, que continuou pela recepção e pelo elevador. Arrancamos nossas roupas em segundos. Ela correu para cama, e abriu as pernas; eu cavalheiro, queria chupar aqueles seios, lamber aquela buceta, passar a língua em todas as dobras da barriga. Queria acariciar aqueles pés pequenos e gordos com unhas cor de laranja. Mas ela pediu:
Mete, por favor mete! Só quero um pau no meio da minha perseguida.
Obedeci. Achei que seria fácil; que a buceta fosse grande, pois molhada já estava. Mas ela não fora bem descabaçada no passado, e eu tive que praticamente romper o hímen novamente. Monteia-a com cuidado, mas ela só repetia "mete-mete-mete", e cravando as unhas na minha bunda, trouxe meu corpo para dentro dela, de supetão. Vi o rosto contorcer de dor e prazer, e em poucos instantes estava gozando alto, com aquele sotaque baiano delicioso aos meus ouvidos. Gozou outras vezes, para meu orgulho. O Cialis também prolonga a ereção, e um segundo antes de gozar, lembrei do preservativo.
Foi bom. Meu pau estava sanguinolento, resultado do cabaço rompido. Limpei com o lençol, encapuzei a camisinha, e voltei a meter. O segundo turno foi tão longo quanto o primeiro, e quando acabei estava extenuado. Saí de dentro dela, e perceber seu rosto feliz me encheu de ternura. Coloquei sua cabeça no meu ombro, nos beijamos com menos avidez, mas com muita freqüência, ate que adormecemos abraçados.
Acordei de pau duro, e como Francisca dormia, aproveitei para admirar a sensualidade daquele corpo gordo. Os seios bicudos me atraíram, e chupei-os com delicadeza, até que despertasse, e depois com vontade. Desci pela barriga, enfiando a língua nas dobras dos vários pneus, e ao descer à virilha ela reclamou:
Minha buceta está arrombada. Muito dolorida. Vai com cuidado.
Era a senha para comer o cu. Virei-a de costas, separei as nadegas flácidas e lambi aquela bunda gorda. Apesar de esburacada da celulite, era uma bunda bem cuidada, o cu rosado, sem pelos. Uma delicia ouvi-la gemer em baianês. Quando fui pegar o KY e a camisinha, novamente ela pediu:
Mete assim mesmo. Quero sentir a pele da tua pica.
Enfiei aos poucos, com cuidado, a cada vez que sentia o esfíncter cedendo à pressão. Ela reclamava quando doía, e eu parava, e depois reclamava quando eu parava, e eu metia. Fomos assim, negociando, até que o pau entrou todo, quase que estrangulado por aquele cu seco e apertado, que mal deixava o movimento de ir-e-vir. Enquanto comia, eu beijava o pescoço, a orelha, a boca, sedento por aquela saliva temperada com os gostos da boa terra. Gozei, e ela também. Nos desgrudamos e ficamos trocando carícias, eu muito satisfeito com a felicidade que exalava do sorriso da baiana.
O efeito do Cialis dura pelo menos 36 horas, e a atração que sentimos um pelo outro catalisou os efeitos do remédio. Passei a maior parte do tempo de pau duro, seja nos bons restaurantes que frequentamos, seja no teatro onde fomos assistir a uma peça, seja na exposição que fomos conhecer no MASP. Dentro do quarto, de uma forma ou por outra, passamos sempre enganchados, pelo pau na buceta, pelas línguas tranças, pelas mãos abraçadas. Voltei a minha cidade satisfeito, feliz pela missão cumprida e orgulhoso do meu desempenho. Sinto saudades de Francisca. Muita Saudade.
WALFREDO.WLADISLAU@HOTMAIL.COM