Tay foi balbuciando algumas palavras e seus olhos foram gradualmente fechando... Começo a chorar descompassadamente em meio aos policiais. Quando ouço a ambulância chegar...
Algumas horas depois...
Se passaram algumas horas desde o ocorrido. Estava no hospital esperando por notícias de Tay, na sala de espera, indo de lá pra cá.
- Onde está meu amigo?
Jorge entrou desesperado na sala de espera indo ao meu encontro. Enfiou o dedo na minha cara e repetiu:
- Onde está meu amigo?
Pedro saí correndo, entra na sala e segura a onda de Jorge.
- Tá louco, velho? - Disse pegando Jorge e o sentando na poltrona. - Mano, isso é um hospital.
- Desculpa. - Jorge começara a chorar. - Desculpa. Estou muito agitado, ele é único pra mim, meu melhor amigo.
Pedro consolou o amigo, mas quando reparou que os fitava, se levantou e veio até mim.
- Melhor do trauma, amore? - Pergunta me olhando com olhar preocupado.
- Foi tudo por minha causa, Pê - Disse começando a chorar.
Pedro me abraçou e disse:
- Calma nêgo. Você não tem culpa.
Como aquele braço era confortante. Não queria sair jamais daquele porto seguro. Enquanto Pedro me abraçava e beijava minha testa, Jorge nos fitava com ódio. Mas ignorei, pois estava no melhor lugar do mundo.
Um senhor de roupas branca entrou na sala:
- Quem está acompanhando Tayanderson Taquara Rocha Cunha.
- Sou eu - digo prontamente, indo em encontro ao doutor.
Jorge e Pedro foram junto á mim.
- Vocês são o que da vítima?
- Amigos - responde Pedro.
- Bom, fizemos tudo que podíamos mas não pôde ser feito. O colega de vocês veio a óbito. Lamento muito.
Pedro abaixou a cabeça em manifesto de tristeza. Jorge saiu da sala e eu comecei a chorar. Me senti, de fato, culpado. Era eu que devia ter morrido. Me sentei na cadeira e comecei a chorar intensamente. Senti um abraço bom, um calor de amizade e amor. Era Pedro. Retribui o abraço e chorei em seu ombro.
Tay era sozinho, seus pais haviam morrido em um grave acidente 2 ou 3 anos atrás. Sua única companheira era Alyne. Tinha que fazer o que havia prometido. Ia cuidar de Alyne e do filho que ela esperava. Era questão de honra e respeito ao meu amigo que se fora, em grande parte por minha responsabilidade.
Tinha que providenciar tudo para o enterro de Tay. Pedro ia levar Jorge para casa e me levar para a minha. Liguei para meus pais e os deixei a par de tudo.
- Que horror, minha filho - Meu pai estava com tom de voz de preocupação. - Você se ferir?
- No, papa, tô bem. Só estou muito triste - Lágrimas começaram a cair de meu rosto ao lembrar dos momentos de terror que acabara de viver.
- Venha para cassa. Seu mãe estar aflita.
- Já estou indo, pai.
- Beijos.
- Beijos.
Cheguei em casa, providenciei tudo. Meus pais arcaram o custo de todo o funeral em homenagem ao corajoso jovem que salvara a vida de seu filho.
Logicamente iria adiar minha viagem. Ia ainda falar com Alyne e cumprir minha promessa.
- Alô - Ouço sua voz enquanto a mesma assoava o nariz demonstrando que estava chorando - Quem é?
- É o Ralph.
- Ah sim. Muito obrigado por arcar com as despesas do funeral. Não teria dinheiro o bastante.
- Devia isso a ele. Mas, enfim, queria saber se você podia se encontrar comigo.
- Para que?
- Tenho uma proposta para te fazer.
- Sobre...?
- É importante... Amanhã lá naquele restaurante no centro, que Tay sempre ia.
- Eu ainda estou tris...
- Por favor Alyne. Faça o que lhe peço.
- Está bem. Amanhã?
- Sim. Ao meio-dia.
- Okay. Até Ralph.
- Até Alyne.
Me sentei na poltrona de meu quarto e começara a pensar minuciosamente nos meus próximos passos para o pagamento de minha dívida eterna... Precisava abstrair, peguei meu celular e disquei o número que mais ligava ultimamente.
- Alô - diz a pessoa.
- Oi, Pedro vamos sair mais tarde?
- É claro, meu príncipe. Te pego as 20h?
- Sim, meu bem.
- Okay. Beijão.
- Beijos.
Desliguei o telefone e saí da sala
Continua...