É sempre muito complicado começar a contar uma história, são milhões de fatos, detalhes e versões que nós autores precisamos deixar bem claros para o bom entendimento e o melhor entretenimento possível dos leitores. Porém, não seguirei a linha tradicional de apresentar as personagens no começo e então começar de fato a narração, nem muito menos irei dar uma de Machado de Assis e começar pelo fim, até porque não tenho 1% do talento do caboclo rsrs! Mas resolvi adotar uma forma, digamos, progressiva.
As personagens serão gradualmente apresentadas no decorrer da história na medida que convém as citar. Deixo claro que o gênero desta história é basicamente um Romance e como todo bom romance tem lá suas partes que farão jus ao site em que estou postando, portanto fiquem tranquilos terão sim partes eróticas. Aos que gostam desse modelo, deleitem-se! Aos que não gostam convido-os ao menos tentar ler, vai que.... Né!? Por último peço perdão adiantado por qualquer erro de natureza gramática ou afins, agradeço pela visita. E UMA BOA LEITURA!
Meu pequeno peixe – Parte I
Acordei cedo aquele dia, não que não fosse parte da minha rotina estar de pé as 5h da manhã, mas aquele dia tinha um valor especial, decisivo para mim. Fazia parte do time de natação do meu colégio, este que era inscrito no programa de competições estaduais e federais. Porém, nem todos estavam aptos e a escola só poderia indicar quatro alunos por competição sendo que dois já haviam sido selecionados de outra unidade, logo não havia espaço para erros, tinha que treinar todos os dias sempre buscando novas marcas e técnicas para que eu estivesse no quadro de indicados. Levava muito a sério, mesmo e hoje seria o teste final os alunos aprovados seriam indicados para representar o time no campeonato estadual.
Não podia negar, o frio na barriga dominava, sentia a pressão que eu mesmo sempre me impus. Embora nunca tenham falado diretamente sabia que meu pai e meu irmão contavam comigo, sempre me incentivaram a competir e no fundo eu sabia que havia uma expectativa sobre mim. Devem estar se perguntando onde está a minha mãe, perdi ela quando tinha 9 anos, morreu de câncer. Desde então meu pai e Pedro, meu irmão, me criaram e tentaram suprir a falta dela. Fizeram um bom trabalho não posso dizer o contrário.
Acho que já é o momento de me apresentar; me chamo Joaquim tenho 17 anos, estatura média para alta, costas largas por conta dos anos de natação, corpo magro, pele branca (até demais para o meu gosto), cabelos castanhos de tamanho médio, algumas sardas e olhos azuis, o que mais chama atenção em mim para dizer a verdade, todos juram que são lentes, mas posso afirmar puxei de mamãe rsrs.
Após fazer toda rotina higiênica fui ao encontro da minha mini família, tínhamos o costume de tomar café da manhã juntos e no final das contas era esse o único tempo que conseguíamos de fato estar juntos.
-Bom dia. Disse com cara de poucos amigos, era a preocupação não tinha como esconder.
-Mas que cara é essa quinca? Nem parece o meu futuro campeão olímpico. Disse meu pai, como sempre tentando me animar.
-Não fica tenso não maninho, todos nós sabemos que você é capaz e você mesmo sabe que é capaz então bota aquele sorriso que as gatas piram no rosto e arregaça no teste!
-Sem elogios por favor gente, sabem que eu não gosto de cantar vitória antes de vencer.
O papo não se prolongou por muito tempo, faltavam vinte minutos para o teste, tinha que ir logo. Meu pai me deixou na escola e eu fui direto para os vestiários encontrando meu amigo Yago que também estava competindo.
-Preparado quinca? To meio nervoso, mas to confiante, acho que é nossa haha.
-Nunca acho que to preparado o bastante, mas sei lá vamos logo já devem ter começado.
Eu precisava entrar logo na água minhas mãos estavam frias de tanto nervoso no pequeno tempo de espera até chegar a minha vez, mas enfim era a hora, me coloquei em posição aguardando a autorização do professor, a prova era relativamente simples nadar 100m medley no menor tempo possível. Ele deu o aval e assim que senti a água em meu corpo toda sensação ruim simplesmente havia desaparecido, não havia melhor lugar para mim, em meio às braçadas que eu encontrava a paz; tanto é verdade que mesmo após a prova terminar eu continuei nadando até o professor me puxar e dizer que já tinha acabado. Tinha conseguido o melhor tempo, eu e o Yago estávamos selecionados e começaríamos a treinar com os outros dois garotos da outra unidade no dia seguinte, segundo o professor eu treinaria junto com um garoto chamado Rafael enquanto o Yago ficaria com o Felipe. Por mim tudo bem, estava super feliz que tinha conseguido a vaga e só isso importava.
O resto do dia foi rotina, quando cheguei em casa tivemos uma pequena comemoração com pizza a vontade e o discurso de “estamos orgulhosos de você” rsrs! Depois de comer fui dormir com a ansiedade lá em cima, queria saber logo quem seria o meu parceiro, tinha um certo receio de pegar uma cara mala, não é fácil competir junto com um cara quando não se tem afinidade, fica quase impossível ganhar, mas enfim resolvi deixar o amanhã para amanhã eu precisava descansar!
Dia Seguinte...
Era sábado, mas não tinha desculpa, tinha que acordar e ir treinar do mesmo jeito e de fato nem me importava estava fazendo o que gostava. Cheguei na escola e meu professor logo me apresentou ao Rafael, meu parceiro. Parecia um cara legal, mas não sei, ele tinha algo diferente, algo que me chamava atenção, mas não sabia explicar –e para quem está pensando em paixão à primeira vista, nessa época era hétero, nunca sequer tinha olhado para outro homem na minha vida–. Rafael tinha 17 anos assim como eu, um pouco mais alto, ruivo, quase Albino, olhos castanhos escuros, diferente de mim tinha um corpo bem trabalhado em academia, e um jeito gentil, diria que até inspirador. Ele era o tipo de pessoa que enxergava beleza até em uma folha de uma árvore, sabem aquela pessoa que emana uma aura tão pacífica? Pois é esse era Rafael.
Logo me dei bem com ele, sabia que ele se tornaria um grande amigo, mas percebia que ele me olhava de uma maneira diferente, como quem estivesse analisando profundamente uma pessoa. Após um dia de treino ele perguntou se eu estava afim de ir tomar um sorvete e aproveitar para planejar o treino da próxima semana, topei fácil, um dos meus vícios era sorvete de massa.
-Cara eu não colocaria tudo isso não, vai te dar dor de barriga depois. Disse Rafael rindo das trocentas coberturas, granulados e porcarias que colocava no meu sorvete.
-Que nada haha eu sempre faço isso meu intestino está acostumado com doce, se pudesse almoçava sorvete, jantava sorvete, sorvete é vida cara. Disse já dando colheradas naquela perfeição.
-É magro de ruim então né? Tenho que ficar queimando isso aqui depois na academia.
-Deve ser verme. Disse brincando
-Só pode ser mesmo hahahahaha.
-Ainda não consegui descobrir qual eu gosto mais, por isso sempre coloco um monte de coisas, mas e você qual sabor tu curte mais?
-Tua boca.
-Como é? Eu disse tossindo com o sorvete engasgado pelo susto da resposta.
-A boca, o canto da sua boca está sujo de sorvete. Disse ele rindo.
-Ah tá, olha podemos ir comendo pelo caminho? Não avisei meu pai e está começando a escurecer. Perguntei ainda me recuperando.
-Sem problemas. Disse ele ainda sorrindo.
No caminho fomos conversando sobre várias coisas, descobri que eu morava 3 quadras depois dele, ele gostava muito de livros e cachorros ou melhor acho que o sonho dele era ter um zoológico porque uma pessoa que teve papagaio, uma cobra, chinchila e uma iguana não pode ser normal. Ah e claro ele fala muito, mas muito mesmo. Quando estava chegando perto da casa dele o assunto tinha acabado ele parou e eu fiquei olhando para ele.
-O que foi? Perguntei com cara de quem não entendeu nada.
Ele não respondeu apenas passou o polegar no canto dos meus lábios olhando nos meus olhos e disse:
-Tava sujo de novo haha.
-Que droga pareço criança comendo. Disse jogando a cestinha na lixeira
-Relaxa não me importo de limpar hahaha.
-Palhaço haha.
O papo morreu de novo e ele ficou me olhando mais uma vez, de forma que em um segundo ele estava me fitando e no outro, sua boca estava colada na minha, não era um beijo de língua, apenas um selinho demorado, não tive reação, uma sensação esquisita tomou meu corpo e eu apenas correspondi colocando minha mão em seu ombro. Até que em um momento em que retomei minha consciência, rapidamente o afastei e comecei a andar em direção a minha casa dei 3 passos e virei para ele que ainda estava parado olhando eu ir embora e disse:
-Eu não sou gay.
Ele deu uma breve e triste risada sarcástica e disse:
-É claro que não é...
-Fica longe de mim por favor.
Disse no modo automático e continuei andando em direção a minha casa, mil coisas passavam na minha mente e de repente comecei a usar cada beijo que dei em alguma menina como prova para mim mesmo que não era gay. A distância aumentava e eu não tinha coragem de virar novamente para saber se ele ainda estava lá me olhando. Cheguei em casa:
-Tá tudo bem filhote? Não foi me ajudar hoje na loja. Disse meu pai com cara de preocupado
-Tá sim pai, desculpa eu esqueci mesmo. Disse indo para o meu quarto. Meu pai tinha uma loja de artigos esportivos, todo final de semana eu costuma ir para lá ajudar ele, embora ele sempre diga que não era necessário.
Nem é preciso dizer que não consegui dormir, um simples beijo me colocou em uma situação em que não tinha mais certeza de nada, não, o beijo não foi ruim, muito pelo contrário nunca me senti tão bem, mas droga ele era um homem e o sonho de ter filhos? Uma família? O que todo mundo ia pensar se soubesse? Não, não podia sequer considerar ter algo com ele.
No dia seguinte o Yago me chamou para ir em uma festa de rua que estava tendo aqui na cidade decidi ir, estava precisando me distrair não parava de pensar naquele maldito beijo desde ontem à noite. Chegando lá tinha bastante gente, bastante coisa para comer e aquelas barracas e máquinas de festa de interior.
-QUINCA! Tá acordado cara? Disse Yago me tirando de um momento pensativo.
-Hãn? Ah! Tô, desculpa tava pensando em umas coisas aqui.
-Tô falando contigo a uns 3 minutos e você com a cabeça na lua cara? Kkkkkk
-Desculpa mesmo kkkk
-Esquece, estava te falando, tem duas garotas ali perto daquela árvore sorrindo pra gente e eu to super afim da loirinha de roxo, então você fica com a morena de azul ok? Disse ele apontando as garotas.
-Oi? Pera, quem falou que eu quero ficar com alguém Yago? Perguntei com cara de indignação.
-E desde quando pegar mulher, aliás mulher bonita, é algo ruim cara?
-Não é, mas caralho, eu não sou que nem você que nem chega na festa e já sai passando o rodo, dá um tempo kkkkk
-Ah Joaquim, não fode cara, tem duas garotas e elas estão olhando PRA NÓS dois, se você não ir comigo não vai rolar nada. Eu sei que você teve seu encontro ontem com seu namorado então nem vem acabar com o meu.
-Vai se fuder Yago, que encontro? Que namorado? Tá me estranhando porra?
Gelei na hora, como caralhos ele sabia disso, não tive opção a não ser simular um “chilique”
Continua....
This is all for today folks! Preciso saber a opinião de vocês, saber se continuo ou não. Aceito sugestões, críticas, perguntas e comentários sobre a história, personagens enfim, SOLTEM O VERBO :D Obrigado pela leitura, vejo vocês na Parte II.
Abraços,
Erato.