Chegamos ao shopping e fomos a praça de alimentação.
Fizemos nosso pedido e depois Alexandre permanece mudo. Fica me encarando com a cara fechada.
Eu – Fala aí Alexandre, que você gosta de fazer pra passar o tempo? Faz o que pra se divertir?
Alexandre – Fico em casa. Não gosto de badalação. Prefiro ficar sozinho.
Eu – Qual é mano? Ficar sozinho é bom, mas as vezes, é bom ter companhia. Conversar e tal...
Ele não responde nada.
Eu – Você não namora? Ou tem interesse em alguém?
Alexandre – Não.
Ele é bem monossilábico. Saco!
Eu – Serio? Pow, tu é bonitão, deve ter muita mina babando por ti.
Alexandre – Não. Não tenho ninguém.
Eu – Tá bem...
Volto a comer.
Alexandre – Você?
Ele fala depois de mais alguns minutos de silencio.
Eu – Eu o que?
Alexandre – Namora?
Eu – Não...
Alexandre – Gosta de alguém?
A imagem de Junior sorrindo vem automaticamente na minha cabeça.
Eu – Sim... Mas não futuro... Nem presente. A verdade é que não tem chances reais de rolar algo entre essa pessoa e eu.
Alexandre – Hum.
Ele volta a comer.
Alexandre – Lucas, ta ficando tarde, amanha tenho aula cedo, melhor irmos embora.
Eu – Ok. Também tenho aula amanha.
Ele pede a conta.
Eu – Quanto é a minha parte?
Digo pegando a carteira.
Alexandre – Relaxa aí, pode deixar que o meu pai paga.
Ele diz entregando o cartão pro garçom.
Fomos embora.
Eu – Alexandre, você tem uma mágoa muito grande do seu pai, né?
Ele freia o carro de uma vez. Fiquei até com medo.
Alexandre – Por que você ta perguntando isso? Minha mãe te falou alguma coisa?
Putz. Acho melhor não falar nada da conversa com a Dona Marta.
Eu – Ehhh, não, não... É que ontem no shopping, você disse que ele só servia pra pagar suas contas, achei meio estranho.
Alexandre – Hum. Não quero falar sobre isso.
Ele volta a dirigir.
Eu – Pow Alexandre, fala comigo cara. Se abre, eu quero ser teu amigo!
Alexandre – Cara, a gente não é amigo, então para de ficar perguntando coisas pessoais, merda!
Ele diz bravo.
Eu – Me desculpa... não queria te chatear.
Bem na minha cara. Bem feito, vai querer ajudar, bancar o bonzinho, só se fode.
Fomos o resto caminho todo em silencio.
Ele para em frente a casa dele, eu desço eu vou pra minha casa sem falar nada.
Subo direto pro meu quarto.
Alexandre – Desculpa.
Ele diz entrando no meu quarto, com aquele jeitão sério.
Eu – Tá tudo bem. Esquece. Eu não tinha nada que perguntar aquilo. Você não tem que...
Alexandre – Meu pai era tudo pra mim, meu melhor amigo... Mas tudo isso mudou quando ele e minha mãe se separaram.
Ele diz meio que gaguejando.
Alexandre – Ele disse que iria se mudar, mas tudo ia continuar a mesma coisa, que ele iria está comigo sempre... mas era mentira!
Ele senta na minha cama, com os olhos cheios de lágrimas.
Eu – Cara desculpa, se isso te faz mal, não precisa me falar nada.
Alexandre – ...Então ele conheceu a nova esposa dele e ela não gostava de mim. Dizia que não queria o filho da ex por perto. Então não pude mais ir à casa dele, quase não o via. Só no fim de semana, só por algumas horas... Até que ele mudou de estado.
Ele diz chorando.
Eu o abraço.
Eu – Não fica assim cara. Para de falar.
Alexandre – Meu próprio pai Lucas, ele escolheu uma mulher qualquer ao invés do próprio filho! Ele foi embora e eu fiquei sozinho!
Continuo o abraçando.
Eu – E sua mãe?
Alexandre – Minha mãe é professora, passa o dia todo fora. Quando ela ia trabalhar, eu ficava na casa da minha tia, mas ela tinha as próprias coisas pra tomar conta.
Eu – Você ficava, meio que, abandonado lá?
Alexandre – Tipo isso, tava lá, mas era o mesmo que não estar. Meus primos são mais velhos que eu, não me davam atenção...
Eu – Você não tinha amigos, alguém pra conversar?
Alexandre – Não. Nunca fui bom em fazer amigos, eu era gordinho, os outros garotos ficavam me zoando, queriam me bater, estava sempre envolvido em brigas... Já fui expulso de colégios. Eu sou um desastre! Eu não queria ser assim Lucas, queria ter amigos, igual às outras pessoas, sair, me divertir... Ser normal...
Eu – Eu to aqui agora Xande, você não tem mais que se sentir assim. Deixa eu ser teu amigo!
Alexandre – Já tentei ser amigo das pessoas antes, não dar certo. Eu as sufoco, elas cansam de mim muito rápido.
Eu – Deixa eu tentar, não vai ser assim!
Alexandre – Porque Lucas? Porque você quer ser meu amigo, o que você viu em mim, se nem eu consigo encontrar algo que gosto em mim mesmo?
Ele diz saindo dos meus braços.
Eu – Eu ME vejo em você Alexandre. Tenho o mesmo problema de relacionamentos que você tem. Sinto a mesma solidão que você sente.
Alexandre – E aqueles caras, que estavam no shopping?
Ele diz me interrompendo.
Eu – Não são meus amigos. São amigos de um amigo. A gente anda junto, mas eles não gostam de mim.
Alexandre – Pelo menos você ainda tem um amigo...
Ele diz baixando a cabeça.
Me aproximo dele e fico parado em sua frente.
Eu – Você também tem Xande!
O abraço. Fico uns segundos o abraçando. Quando estou me afastando, sinto-o me puxando novamente contra seu corpo.
Ficamos daquela forma um bom tempo. Me senti tão seguro ali. Como se nada pudesse me fazer mal.
Escuto ele sorrir, pela primeira vez.
Alexandre - E pensar que ontem tava querendo te matar... Hoje tô aqui chorando na tua frente, te abraçando... Que doideira!
Eu – Né? O mundo dá voltas!
Alexandre – Por favor, não fala sobre nada disso aqui pra ninguém.
Eu – Nunca falaria nada pessoal seu pra ninguém, Xande... Alexandre!
Alexandre sorrir.
Alexandre – Tudo bem, pode me chamar de Xande.
Eu – Huum... já é uma evolução!
Alexandre – Te chamo como?
Eu – Como quiser.
Alexandre – Luke?
Eu – Perfeito.
Ficamos nos encarando.
Alexandre – Agora, vou embora.
Eu – Certo, aula amanhã cedo.
Xande – Isso. Tchau.
Ele estende a mão pra mim.
Eu – Vem cá mano.
O puxo pra outro abraço.
Xande – Haha... Eu, eu gosto disso.
Ele diz com um sorriso lindo, que nunca deveria sair de seu rosto.
Ele vai embora.
Me jogo na cama e começo a sorrir sozinho.
Fiz um amigo novo, fiz ele se abrir comigo, com dificuldade, mas fiz, fiz ele sorrir finalmente. Foi um final de semana interessante.
Ai Xande, é bom está do lado de alguém que me entende... Adoro o Junior, mas o “senhor popularidade maravilhosa” não sabe como é se sentir solitário.
Junior! Amanhã ele volta finalmente! Vou apresentar eles dois, tenho certeza que vão se dar bem! Pelo menos assim espero.
Recebo uma mensagem do Xande.
Alexandre: Obrigado por hoje. Boa noite.
Lucas: Que isso Xande, sempre que quiser alguém pra conversar ou não conversar, só pra ficar do seu lado, eu estarei aqui. Boa noite.
Respondo e vou dormir.
Continua.
Pronto, o último de hoje! Muito obrigado a todos vocês que estão lendo.
Martines, PraQueNome, A&M, esperança, Guiiinhooo, Tau, P.G, Jaleco, LUCKASs, Drika (Drikita), Atheno, Grande abraço.
...Lírio..: Já estou fazendo outra parte do conto do Dan e Ian, peço só um pouco de calma, que vai sair sim. Abraço.
Perdão pelos erros e até a próxima!