No dia seguinte, sexta-feira, acordei um pouco mais tarde que o habitual. Tava de folga e teria um longo final de semana pra... Pra que, mesmo? Sei lá...
Tanto o ar condicionado como o aparelho de som havia sido programados para desligar pontualmente as 07:30 h daquela manhã e comecei o ritual de tentar levantar. Tava cheio de preguiça...
Saí da grande cama e fui feito robô até o banheiro. Uma leve dor de cabeça me assaltou quando comecei a tirar a calça do pijama pra poder tomar banho e fazer minha higiene matinal. Fui já nuzinho até o armário e tirei duas aspirinas que coloquei na boca sem beber nada... Tinha esse costume errado de só tomar comprimido com a saliva e finalmente entrei no box. A água estava tépida e demorei o mais que pude embaixo daquela ducha sensacional. Vesti o roupão e peguei a toalha. Com certeza a minha fiel escudeira já estava na cozinha preparando algo pra mim pois o cheiro de sua comida era algo delicioso...
_ Bom dia Dr. Matheus, dormiu bem? Perguntou Maria Rosa, a fiel escudeira.
_ Bom dia, Rosa. Dormi sim... E você? Devolvi a pergunta.
Ela tinha sido indicada por uma amiga da repartição que se aposentara e estava voltando pra sua Cidade, Rio Claro no interior de São Paulo.
_ Eu dormi, sim... Já o Senhor, acho que não.
_ Ta tão visível assim a minha noite na farra, Rosa?
_ Farra, o Senhor? Até parece. Bem queria eu e a maioria das pessoas que o Senhor conhece que isso fosse verdade. Agora sente-se na sua cadeira que vou lhe servir... A propósito Seu Jeff já ligou umas cinco vezes e D. Amélia Também...
_ Qual Amélia... A mãe ou a irmã? Perguntava só de pirraça...
_ Só pode ser sua mãe, né Doutor Matheus. Se fosse sua irmã eu teria dito a Aninha Amélia, mulher do seu Jeff.
_ Eu sei minha querida. Se não morrer empanturrado de tanta cisa gostosa que você me fez pra comer juro que ligarei pra eles.
_ Já sei que hoje o Senhor tá de folga da repartição e prometo fazer o menor barulho possível.
Ela então me deixou à mesa e foi tratar dos seus afazeres. Comi com calma e saboreando o bolo, o pão de queijo caseiro, a tapioca com leite de coco que só ela sabia fazer e uma caneca cheia de café. Saí da mesa com uma pera na mão e fui até o quarto que havia transformado em escritório...
Revisei alguns cálculos da obra que estava fazendo pro Governo do Estado e quando terminei de pegar o saldo da conta bancária pelo telefone mesmo e ver que a grana já tinha sido depositada, relaxei mais ainda e fiz a primeira de minhas ligações do dia...
Ana Amélia minha doce irmão atendeu no segundo tuque...
_ Olá minha preferida, tudo bem por aí? Eu sempre a chamava assim e ela dizia que isso só acontecia porque era a minha única irmã.
_ Tá tudo bem sim... Onde você estava que o Jeff tá pra me deixar louca por não conseguir falar com você, meu querido?
_ Tô em casa, maninha. Aconteceu alguma coisa? E meu tom de voz fez com que ela já acalmasse a me acalmar...
_ Tá tudo bem sim, maninho. Ele é que ta enrolado com uma planilha de custos sobre uma obra que vai fazer, já que a Construtora ganhou a licitação.
_ E por que ele não apresenta o cronograma geral que foi aprovado? Ele quer mudar alguma coisa, é isso?
_ Mano, só você falando com ele pra saber. mamãe te ligou também e quer muito falar com você sobre o próximo sábado.
Ao terminar de falar ela notou que não dei sequência ao nosso diálogo e perguntou se eu ainda estava na linha após uns dois minutos...
_ Pode deixar que vou ligar pra ela agora mesmo. beijo na Juliana e no Beto... Outro em você minha preferida.
Coloquei o aparelho celular em cima da escrivaninha e mirei a janela do meu escritório residencialEu e Rodrigo conseguimos seguir em frente e tivemos momentos incríveis. Ele era super carinhoso e atencioso comigo. Cada vez mais eu me apaixonava e deixava claro que ele nunca mais sairia da minha vida. Ele as vezes me dava um certo medo por conta de sua possessividade e ciumes... Aos poucos eu o fiz ver que não havia ninguém entre nós e que sempre seríamos um do outro.
Passou as festa de Natal e Ano novo. Essa última inclusive foi maravilhosa porque pude estar com ele até o nascer do dia seguinte. No dia em que estávamos na Faculdade, já que ele havia me acompanhado pra matrícula do Semestre seguinte, fomos surpreendidos por piadinha de mau gosto sobre a nossa amizade. Ele descontou em mim...
_ Você falou pra alguém, Matheus? Ele me encarava como se fosse me matar naquele instante.
_ Eu não disse nada... Ninguém sabe de nós. Leva na boa que isso é só brincadeira.
Pra piorar a situação a morena que o beijou há alguns meses atrás chegou até onde estávamos e disse olhando pra mim...
_ Então bichinha, foi por você que ele me trocou, foi? Reconheço que tem um rosto lindo... E o que mais ele tem que eu não tenho, RÔ?
Ele a matou com o olhar. Suas mãos se fecharam e eu soube naquele exato momento que ele mentiu pra mim. Ela continuou...
_ Por isso que no último final de semana lá na sua casa de praia você terminou comigo, não foi?
Eu apenas o olhava. Seu olhar era de puro ódio e assim que ele levantou da cadeira do refeitório onde estávamos ele a pegou pelo braço e disse:
_ Terminei com você durante as festas do final de ano porque soube que toda a torcida do Flamengo já conhecia o caminho entre tuas pernas, sua filha da puta. E só não te botei pra fora da minha casa porque você era convidada do meu irmão que também trepava com você... Vagabunda.
O tapa que ele levou no rosto estalou e o fez virar pro outro lado. Rapidamente a mão esquerda dela estava desenhada em seu belo rosto e ele apenas sorriu e fechou de vez a mão...
_ Vai me bater agora? Pois bate viado escroto que saio daqui direto pra uma Delegacia de Polícia e sou capaz de trepar com quem quer que seja pra te deixar mofando lá... Bate, filho da puta.
Ele riu um pouco mais baixo. Sua cor parecia a de um tomate bem maduro... Sua voz foi gélida quando falou olhando diretamente nos olhos dela...
_ Se bater em você sua puta, te garanto que jamais alguém conseguiria te ouvir novamente... Agora saia daqui e me deixa falar com meu amigo, melhor, com meu namorado já que pra você ele me conquistou...
Ela saiu sem ao menos olhar pra trás. Ele voltou a sentar e eu automaticamente me levantei...
_ Pelo amor de Deus senta nessa porra de cadeira. Mateus. Não me faz pirar, amor... Por favor não me faz pirar...
_ Pois vou adorar te ver pirando, cara.
Peguei a mochila que ele havia me dado de presente e tirei dela todos os meus pertences. E, seguida joguei a porcaria da mochila em cima da mesa, fazendo a latinha de coca-cola derramar metade do seu conteúdo.
Ele segurou meu pulso direito e fez uma grande pressão...
_ Agora quebra ele, cara... Mais quebra em pedaços bem pequenos porque assim que conseguir sarar a porra da fratura arranjarei um jeito de quebrar essa tua cara...
Os dias foram difíceis e por quatro longos meses não vi ou ouvi a voz do cara que jurou me amar até o fim e que seria amado por mim do mesmo jeito.
Meu terceiro Semestre na Faculdade tomava quase que meu dia todo e meus horários haviam mudado desde seu início, o que dei Graças a Deus. Tinha todas as aulas pela manhã e no período da tarde ajudava minha mãe na loja de doces caseiros. Havia vários rumores na Faculdade sobre a minha sexualidade e não dei importância nenhuma a eles... Eu já tinha problemas demais pra resolver e a saudade no meu peito era simplesmente terrível.
Mamãe estava inclusive preocupada com meu estado pois segundo ela eu só tinha pele e osso. No final desse quarto mês sem que eu tivesse qualquer notícia do meu Rodrigo, ele veio até a Faculdade num final de aulas por volta das 11:50 h de uma quase tarde que com certeza seria super quente...
Ele estava parado no portão de acesso ao bloco em que estudava no maior sol, vestindo uma calça branca de brim, camiseta branca polo, tênis branco, segurava um jaleco dobrado no braço esquerdo e assim que me viu notei que ele tava mau pra caralho também. O cara tinha até olheiras profundas. Ele não moveu um milimetro sequer do corpo e vê-lo parado lá quase me fez dar meia volta. Finalmente Jeff terminou a prova que havíamos tido e se juntou a mim na imobilidade da saída...
_ Tu tem certeza que é ele mesmo, Matheus? O que diabos aconteceu com o cara?
_ Ele deve ter destruídos o amor que tinha no peito... Sei lá... Me ajuda Jeff, por tudo que for mais Sagrado a você, não me deixa atravessar aquele portão sozinho.
_ Te falei não, amigo? Minha pele começou a produzir uma cola igualzinha a SuperBonder... Vou colar em você que nem Granulado em brigadeiro meu chapa... E ele cumpriu.
Acredito que uns vinte metros no máximo era a distância que Rodrigo estava de nós dois e assim que cruzei o portão ele se moveu e parou em frente a mim...
_ Jeff, você pode me dar licença, cara? Seus olhos não me largavam de jeito nenhum. Era perfeitamente possível ver alai dor e auto sofrimento.
Ele, assim como eu, estava magro. Não havia ânimo ou riso em suas expressões faciais. Não havia brilho, não havia luz e se continuasse assim, não haveria vida... E esse pensamento final me assustou.
Jeff apenas apertou meu braço e disse algo que até hoje não saberia dizer. Ficamos frente a frente e seus olhos começaram a ficar vermelhos, assim como a ponta do seu nariz.
_ Você pode me ouvir, por favor...? Acho que a palavra que não foi dita era Amor, pois era assim que ele me chamava sempre que fazia uma pergunta.
Eu nada disse... Não porque queria lhe fazer sofrer com meu silêncio... Foi porque a voz não saia de jeito nenhum.
_ Não adianta eu dizer nada, Matheus. Errei feio com você, amor... Desculpa... Acho que perdi o direito de te chamar assim, né? mais sou da opinião que toda pessoa merece ter quantas chances forem possíveis pra poder não mais errar. Hoje eu sei que a pressão que fazia você sentir, eu também tava sentindo em casa. Meus pais me cobrando uma namorada que não quero, os primos envolvidos em farras e bebedeiras e eu tendo que manter uma aparência da pessoa que não mais sou... Quase falei pra eles todos que amava e amo um lindo garoto que também me quer... Só que tenho medo de perder o amor deles, o respeito que sei que sentem por mim, amizades que prezo muito, sabe? Eu sou um fraco, Amor... Aquela filha da puta não tinha o direito de acabar com a gente. E ela também mentiu ao falar que a gente ficou junto no Natal lá na casa de praia... Juro pra você que ela tentou, insistiu, e eu só pensava em você... Acredita pelo menos nessa parte da história se as demais não importam mais pra você. Eu vivo dizendo que você é meu e que sou teu dono... Só que faz tempo que sei que você é que é meu dono e isso te dá todo o direito de fazer o que quiser de mim, entende?
Eu tava louco pra dizer alguma coisa... " Deus me deixa falar "... Era esse o meu pensamento naquele exato momento.
Deus me ouviu e consegui andar em sua direção um mísero passo... Depois o segundo e antes do terceiro passo terminar eu já estava bem a sua rete...
O puxei pra mim sem medo algum... Ele tava tremendo em meus braços e o segurei com força. Enquanto via a paisagem atrás dele durante o nosso abraço falei:
_ Não me faz mais pensar que acabou, meu Rodrigo... Não me faz pensar mais nisso, beleza?
Dessa vez o deixei sem fala... Senti seu tremor, ouvi seus fungados e o mais incrível disso tudo foi poder sentir que ele realmente me amava...
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MEUS QUERIDOS, QUASE QUE NÃO DAVA PRA ESCREVER ESSA PARTE 6. VOLTEI MAIS TARDE QUE PENSAVA E BATEU UM SONO BEM GRANDE. AGORA VAMOS TODOS DORMIR EM PAZ E FAZER DESSA SEGUNDA-FEIRA A MELHOR DE NOSSAS VIDAS PORQUE OUTRO DIA 13 DE JULHO DE 2015 JAMAIS VOLTARÁ A ACONTECER... BEIJO NO CORAÇÃO DE CADA UM DE VCS MEUS QUERIDOS E QUERIDAS... NANDO MOTA.