Quem é o seu grande amor? Muitos podem creditar isso a alguém ou achar que nunca tiveram tal sorte, mas na verdade, a resposta dessa pergunta é simples e você pode ver no seu reflexo diante do espelho. Sim, você mesmo. Quando me amei de verdade, tudo mudou. Eu sou mais do que qualquer um pode ver e ninguém me conhece melhor do que eu mesmo, logo eu tenho que me amar primeiro. Se passamos tal responsabilidade para outra pessoa, para que ela nos tenha amor quando nem nós mesmos temos, criamos uma dependência depositando a nossa felicidade a alguém e nos esquecemos que nós temos esse poder. Se amar é entender que nós temos defeitos e precisamos melhorar, que é possível rir de si mesmo e que estar sozinho não é o fim do mundo, mas sim uma possibilidade de se curtir e se conhecer melhor. Ao achar que somente alguém pode nos fazer feliz, limitamo-nos a aquela única pessoa e quando ela nos falta, também nos tira o chão. Porém, se você é feliz por si próprio, o outro somente vem a agregar, reconhecendo em ti as qualidades que você emana e te admirando pela pessoa que és e tem consciência de ser.
Estava na academia, dando meus treinos como sempre, quando alguém chegou ao meu lado.
- Oi.
O Erick falou.
Me recordei dele naquele dia do aniversário da sua irmã no bar e me envergonhei por não ter notado a presença dele antes.
- Opa, cara. Tudo bem?
- Tudo. To te atrapalhando?
- Não. Claro que não. Eu acabei um treino agora. To de boa.
Eu respondi, sorrindo.
- Ah tá. Aquele dia no bar você saiu correndo, eu nem pude me despedir.
- É..é... Aconteceu um imprevisto. Mas foi bem bacana lá, eu gostei.
- Eu também
Ele disse.
Batemos papo por mais algum tempo, até que a minha próxima aluna chegou e então ele foi embora. Passaram-se alguns dias, não se precisar quantos, pois a minha cabeça só estava focada no trabalho e o tempo passava de uma forma que não me afetava.
Estava no parque, recolhendo os equipamentos depois de dar um treino para uma aluna, quando o Erick me avistou. Fez um aceno com a mão e veio se aproximando. Estava vestindo tênis sem meia, uma bermuda xadrez e uma camiseta branca, boné preto virado pra trás e uma mochila nas costas. O estilo dele combinava com o pequeno alargador preto em uma das orelhas e com o jeito mais despojado dele.
- Eu juro que não to te seguindo.
Ele disse, rindo com bom humor.
- Não sei não. Será que eu acredito em você?
Perguntei, sorrindo.
- Eu nem sabia que você dava aula nesse parque. Eu sempre venho pra fazer slackline e nunca te vi antes aqui.
- Eu dou treino funcional para algumas alunas e o visual arborizado ajuda na aula. Slackline é? Po maneiro, cara.
- Eu curto bastante. Já pratico há um tempo, então consigo fazer umas manobras.
Ele disse, sorrindo.
- Bom pra você. Eu acho que não conseguiria ficar em pé numa parada dessa.
- Ah, pára Gabriel. Besteira, mano. Se eu consegui, você também consegue.
- Não... Não mesmo. Não tenho muito equilíbrio.
- Vem, vou te mostrar que é possível.
- Não, Erick. Sem chance, eu não dou pra isso.
Eu disse.
- Para de besteira. Deixa eu te mostrar.
Ele disse.
Coloquei os meus equipamentos no carro e fomos para perto das arvores, para que ele pudesse instalar a fita há mais ou menos um metro do chão, esticando-a bem, deixando-a completamente reta. Então, ele tirou o tênis e pulou na fita, equilibrando-se em seguida. Começou a andar, com os braços esticados, se acostumando, para depois pular, sentar e fazer diversas manobras, as quais eu olhava fascinado.
Depois de um tempo se exibindo, ele desceu do slackline. Insistiu muito para que eu subisse e na quinta vez que eu neguei, resolvi tentar. Tirei o tênis e subi na fita, me apoiando na arvore para me manter em pé. Aos incentivos dele, aos poucos soltei meu apoio, tentando me equilibrar com dificuldade, pendendo pra um lado e para o outro e no segundo passo, cai da fita. A sorte que não me esborrachei no chão.
Subi novamente, fazendo como da primeira vez, mas não teve jeito, no terceiro passo, meu corpo pendeu pra um lado e cai da fita. Ele ria e me incentivava a continuar, mas eu sabia que não havia sido feito para aquilo.
- Tenta mais uma vez. É assim mesmo. Ninguém consegue de primeira.
- Mas eu não consigo me equilibrar nesse troço.
- Vem, eu te ajudo.
Ele disse, me incentivando a subir novamente.
Assim o fiz, me equilibrando novamente sob a fita, com a mão escorada na arvore para me manter em pé. Ele esticou o braço e pediu que eu segurasse a sua mão e mesmo relutando, eu a peguei e firmei os pés, conseguindo me equilibrar. Assim, fui conseguindo dar um passo depois do outro, bambeando `as vezes, mas ganhando mais segurança.
Consegui ir até à outra arvore e comemorei de alegria com o feito, fazendo-o rir. Virei-me e segurei sua mão novamente, voltando a andar sob a fita. Quando chegamos à metade, ele me pediu para me abaixar devagar, sem soltar a mão dele. Assim o fiz, quase tombando para um lado, mas consegui. Voltei a ficar de pé. Vibrei de alegria, arrancando-lhe um sorriso.
Ele sugeriu que eu desse um pequeno salto, sem deixar de segurar a sua mão, mas eu achei arriscado demais. Ele pediu que eu tentasse e como estava me sentindo mais seguro, aceitei o desafio. Peguei um pequeno impulso e saltei, mas quando meus pés voltaram a tocar a fita, me desequilibrei e nem a mão dele foi o suficiente para me reestabelecer. Meu corpo foi para um lado, enquanto a fita subiu de outro e eu cai com tudo em cima dele, que estava tentando me escorar. Com o impacto, fomos os dois para o gramado.
- Aaiii.
- Meu Deus, eu te machuquei?!
Eu perguntei preocupado, olhando em seus olhos, ainda em cima dele.
Ele me olhou, com uma expressão de dor, para depois cair na gargalhada, encostando a cabeça no chão. Sai de cima dele e sentei ao seu lado, dando um soquinho de leve no seu braço por ter me preocupado. Depois tive que rir daquela situação ridícula.
- Palhaço.
- Hahahahaha. Desculpa, mas não resisti. Não machucou, mas caralho, você é grandão, né? Podia ter me quebrado.
Ele disse rindo.
- Eu te falei que eu não era bom nisso. Você que insistiu e ainda quis que eu ficasse fazendo manobras.
- Você foi muito bem. É uma questão de treino. Você seria um craque nisso rs.
- Não. Definitivamente, não rs.
Eu disse rindo, levantando-me do chão. Estendi a mão e o ajudei a levantar.
- Eu tenho que ir. Vou tomar um banho e ir pra academia.
- Ta certo. Eu também devo passar lá pra treinar mais tarde. Você gosta de rock?
Ele perguntou, enquanto tirava o equipamento das arvores.
- Curto. Por que?
- Vai ter um showzinho alternativo num moto clube irado de uns conhecidos meus. Eu consigo a entrada sua e da sua mina. Vai ser bem legal.
- Mina? Não... Não, eu não tenho namorada.
Respondi, abaixando a cabeça em seguida.
- Ué, achei que minha irmã tivesse falado que você tinha.
- É... terminei tem um tempo.
- Ah... Po, cara... que bad. Vê se vai então pra se distrair. Tem uma gatinhas lindas lá. Além de música boa e cerveja gelada. Posso contar com você?
- Eu não sei, Erick. Eu vou ver, mas valeu pelo convite. Eu não sou muito de sair e ultimamente menos ainda.
- Vou esperar você lá.
Ele disse sorrindo.
Nos despedimos e eu voltei pro carro. Quando estava prestes a entrar no veículo, senti alguém atrás de mim e até pensei se tratar do Erick, que poderia ter esquecido alguma coisa, mas para minha surpresa era o Guto.
- Nossa, cara. Você me assustou. Ta fazendo o que por aqui?
- Eu vim treinar, né? Você me passou aqueles exercícios e to tentando seguir à risca. E você?
- Vim dar um treino pra uma aluna. Quer uma carona?
Eu perguntei.
- Eu aceito.
Ele respondeu sorrindo e entrou no carro.
- Então, ta conseguindo fazer os exercícios?
- To sim. Acho que daqui a pouco já dá pra mudar e evoluir um pouco. Eu não entendi, você falou aluna, mas você tava com um garoto, rolando na grama.
- Que isso, Guto?! Tava me espionando?
- Não, não. Eu tava voltando, andando de skate e sem querer eu vi. Desculpa, eu não quis me meter, eu até acho legal você estar superando...
- Não! Não tem nada disso. Eu não tava rolando na grama com garoto nenhum. Ele é o irmão da Alessandra e eu conheci ele no bar, aquele dia. Ele faz slackline e insistiu pra eu fazer, mas eu me desequilibrei e cai em cima dele. Imagina se eu vou ficar rolando com um cara na grama. Ta doido?
- É, eu achei estranho. Você é tão discreto. Mas acho que ta na hora de você seguir em frente. Talvez ele seja um cara legal.
- Não, Guto. Para com isso. Eu conheci o cara agora e além do mais, ele não faz a mínima ideia de mim e é hétero. Até me chamou pra ir num moto clube pegar mulher. Nada a ver.
- E por que você não vai? Você curte mulher também. Biel, já fazem dois meses que você e o Allan terminaram. Você é um cara bonito e interessante. Para de se esconder do mundo. Sai desse luto. Aceita o convite do cara e vai se divertir.
- Ele tá bem?
Eu perguntei, sem dar nomes aos bois, mas é obvio que ele sabia de quem se tratava.
- Sim. Ta curtindo a vida adoidado. Quase não pára em casa e os pais estão com os cabelos em pé. Eu mesmo quase não o vejo. Só noto ele chegando tarde e quase sempre embriagado. Ta naquela fase.
- Entendi.
Eu respondi, sentindo um aperto no peito.
É obvio que mesmo depois desse tempo, eu ainda me preocupava com ele e o amava. Não queria que nada de ruim lhe acontecesse e temia essa fase esquisita que ele estava passando. Porém, não podia fazer nada. Deixei o Guto pelo caminho e segui para casa.
À tarde, o Erick foi treinar e antes de ir embora, mais uma vez reforçou o convite e me passou o endereço, insistindo para que eu fosse. No Sábado, porém, a dúvida me corroía. Não estava afim de ir, mas as palavras do Guto ficavam ecoando na minha cabeça. Talvez eu precisasse mesmo respirar novos ares e me distrair um pouco. Sair da minha própria sepultura, na qual eu mesmo me enterrei.
Mandei uma mensagem pra Leticia, explicando o convite e perguntando se ela topava ir. Louca como ela só, imediatamente ela aceitou e ficou de passar no apê a noite para podermos ir juntos.
Me arrumei de forma normal, colocando uma calça jeans surrada, uma camiseta branca, básica com gola V, um all star vermelho e uma jaqueta de couro preta, já que estava um pouco frio. Vesti os anéis de prata e quando estava passando o perfume, ela chegou.
- Uau. Ta a reencarnação do James Dean. Gato.
Ela disse, me dando um selinho.
- Ah, claro. E você a Marilyn Monroe.
Eu disse.
- Nossa, como você é grosso.
Ela disse, rindo em seguida.
Chegamos ao local e já estava um pouco cheio, com várias pessoas do lado de fora, escorados nos carros ou em rodinhas de conversa. Fomos nos aproximando, estudando o ambiente, quando localizei o Erick. Ele estava com uma calça jeans rasgada em vários pontos, um cinto com uns detalhes metálicos e uma blusa preta de manga comprida, arregaçada nos braços. Na cabeça, uma touca preta, caída pra trás. Ele estava conversando com uma menina, cercada de outras. Ele falava muito próximo ao ouvido dela e a beijou de leve no pescoço, rindo em seguida.
Logo depois, ele nos viu e veio ao nosso encontro, sorrindo.
- Ahh, que bom que você veio! Estava imaginando que iria me dar o cano. E veio acompanhado. Rs
Ele disse marotamente.
- Essa é a minha amiga, Leticia.
Eu apresentei.
- Muito linda, prazer.
Ele disse, a beijando no rosto.
- Bom, vou colocar vocês pra dentro e pegar uma cerveja gelada pra brindarmos a noite.
Ele disse, nos encaminhando para entrada.
Ele conversou com alguém que liberou a entrada e em poucos minutos já estávamos lá dentro, acomodados em uma mesa, esperando enquanto ele tinha ido pegar as cervejas.
- Nossa, como ele é charmoso. Tipo, não é bonito como o Allan ou gatinho como o Guto, mas ele é super estiloso e tem um jeito bacana. Gostei dele.
- Então chega junto, ué. Não sei se ele ta solteiro ou não, mas ele é hetero até onde eu percebi.
- E até parece que você vai deixar eu ficar com ele assim, de boa. Te conheço, meu bem. Você é ciumento. Mas eu vou pensar, porque ele realmente é estiloso.
Ela falou, sorrindo.
- É, eu não deixaria a minha princesa solta assim.
Eu respondi sorrindo, abraçando-a.
Ele voltou com as cervejas e ficamos bebendo juntos e conversando. Ele nos apresentou alguns amigos, que o chamavam carinhosamente de Kiko, mas ficou conosco, nos dando atenção. O show começou e realmente a banda era muito boa, fazendo covers de Nirvana, Metallica, Iron Maiden, entre outras.
Os músicos fizeram um intervalo e fomos lá fora pegar um pouco de ar, pois do lado de dentro estava enfumaçado e abafado, além da música alta. De vez em quando, dava pra sentir uma forte marola de maconha, mas eu não me incomodava muito, já que nem via da onde estava vindo. Voltamos para assistir o resto do show e curti bastante a música e quando dei por mim, estava me divertindo, rindo e cantando, batendo a cabeça com o som dos caras.
Quando acabou, ainda ficamos bebendo algumas cervejas, até que resolvi ir embora. A Leticia foi primeiro para o carro, alegando estar um pouco zonza, enquanto eu pagava a conta. O Erick me acompanhou até onde veículo estava estacionado, mas antes, uma garota o abraçou e falou algo em seu ouvido, fazendo o rir. Ele respondeu que eles voltariam juntos pra casa e deu uma piscadela de olho para ela, soltando-a em seguida.
Fiquei um pouco sem graça, E resolvi brincar com a situação.
- Nossa, você é cobiçado, hein?
- São amigas, só. Coloridas, mas amigas hahaha.
Ele respondeu, rindo
Continuamos caminhando até chegar ao carro.
- Po, mano. Valeu mesmo por ter vindo. Espero que tenha se divertido e esquecido um pouco a garota.
Ele falou, simpático.
- Garota?
- É, sua ex.
- Ah, sim. Foi ótimo, me diverti de verdade. Bem legal aqui, eu nem conhecia.
- A galera aqui é gente boa, só às vezes aparece uns loks, mas nem dá nada. Fico feliz que você tenha curtido e vamos combinar mais vezes.
- Vamos sim.
Eu disse, estendendo a mão para me despedir, mas ele a segurou e me deu um abraço camarada, com uns tapinhas costas.
- Gabriel!!!
Eu ouvi uma voz familiar berrando meu nome.
O Erick se afastou assustado e pude ver o Allan parado próximo a nós, com os olhos esbugalhados e bem avermelhados, cabelo meio desgrenhado e visivelmente alterado.
- Que isso, Allan?
- O que é isso pergunto eu. Quem é esse cara?!
Ele perguntou com raiva, olhando em seguida para o Erick, que estava sem entender nada.
- Me responde Gabriel?! Quem é esse daí? Tão íntimo seu. Já tá assim?
Ele falou, carregado de raiva e ironia.
- Do que ele ta falando?
O Erick perguntou, sem entender o que estava acontecendo.
- Allan, para já com isso. Sai daqui.
- Eu não vou sair coisa nenhuma. Você não manda mais em mim. Não vai responder quem é esse cara? Acha que pode me esconder as coisas?
Ele perguntou, fixando os olhos avermelhados nos meus.
...Continua.
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Hey galera,
Aí está mais um capítulo e espero que vocês gostem. Quero agradecer a todos pelo imenso carinho que vocês demostram tanto por aqui, quanto no blog ou por email. Eu não sei o que aconteceu, mas o capitulo passado deu um erro aqui no site e ele ficou o dia inteiro fora do ar. Pode ser que muitos tenham deixado de ler, mas já voltou ao normail. O mais estranho é que foi só o meu que deu problema rs.
O desfecho desse capitulo já está disponível lá no blog: www.bielsabatini.wordpress.com .
Quem quiser trocar uma ideia por email, manda lá: biel.sabatini@yahoo.com.br
Vou responder alguns, mas lá no blog eu respondo a todos os comentários.
Dark: Valeu por estar comparecendo lá no blog. Fico bem feliz. Eu te fiz uma pergunta lá, mas acho que você não viu. Quantos anos você tem?
Mah valério: Será? Rsrsrs. Valeu por comentar viu? Brigadão.
Léo schnneider: Opa Léo, que bom q voltou. Fico feliz em saber que suas férias foram legais. Vê se vai lá no blog hein? Brigadao!
Jhoen Jhol: Muralha da china dos sentimentos foi ótima. Kkkkk. Valeu por comentar, boy. Venha sempre ;)
Noni: Bom saber q vc curte. Entao, tem momentos feliz e tristes e acho q eu transpareço isso qdo eu to contado o q aconteceu. Mas eu to super feliz, não se preocupe. Mas é bem isso, a gente leva umas pancadas e fica com medo de sofrer. So q a gente segue em frente e continua tentando. Valeu e te espero la no blog. Brigadão
Abraço carinhoso a todos que leem, comentam e votam: (Dark, Babado Novo, Brankelo, hyan, LucasBH, Rôh, Mah Valério, Ru/Ruanito, Crystal*.*, L.Paz, A&M, Léo Schinneider, Jhoen Jhol, MorgauseDs, Noni, $Léo$;), gatinho02)