Royals - Capítulo 8: No Good

Um conto erótico de M.Sardothien
Categoria: Homossexual
Contém 5852 palavras
Data: 23/08/2015 19:20:14

Hey mundo, aqui vai mais um capítulo. No final tem uma nota gigante!Hmmmm... O que é? -resmungou o príncipe.

Ele sentia uma mão chacoalhar seu ombro. Abriu os olhos lentamente, a claridade do quarto fez sua visão embaçar. Ele virou pra olhar quem o incomodava e viu um par de olhos verdes e um sorriso de canto que fez seus ossos parecerem líquido. Matt estava deitado ao seu lado, com a mão fechada em punho apoiando a cabeça.

-Bom dia Sua Alteza -falou Matt. -Está na hora de levantar.

Ray olhou para o rapaz e lhe lançou um olhar fulminante.

-Vá se danar! -vociferou. Pegou um travesseiro e o colocou sobre a cabeça.

-Nossa acho que entrei na jaula de um tigre e não nos aposentos de um príncipe -brincou Matt. Ele começou a cutucar as costelas de Ray com o dedo indicador, fazendo o outro se contorcer e rir. Subitamente o o príncipe lhe socou o ombro. -Ai! Quanta violência logo pela manhã.

-Isso é para você aprender a não acordar alguém da realeza.

O mais novo se sentou se espreguiçando e olhando para as cortinas que davam para a sacada, o reflexo do sol entrava pelo tecido branco meio transparente.

-Eu avisei que te acordaria ás 8h00 -falou Matt esticando as pernas e dando um impulso para se levantar.

-E eu não disse que estaria preparado -ele olhou para o rapaz, que vestia uma camiseta cinza, shorts e tênis esportivos. A testa de Matt exibia gotículas de suor e o cabelo preto como carvão estava úmido. -Onde você estava?

-Saí pra correr e ir à academia -respondeu o rapaz. -Fiquei muito tempo sem me exercitar. No Alasca eu fiquei um pouco sedentário.

-Caso não saiba, lá tem academias e você podia correr lá também. -falou Ray. Ele parou um segundo, olhou para Matt e para a própria cama e falou: -Você acabou de deitar na minha cama suado? Ou estou enganado?

-Isso foi para te irritar um pouco mais, é difícil ver você irritado -Matt lhe lançou um sorriso malicioso.

-Parabéns senhor atleta, você conseguiu -suspirou o príncipe e lançou as mãos para cima.

-Não sou um atleta -corrigiu Matt. -Apenas gosto de estar saudável. Não quero ter o corpo perfeito ou ficar gostoso, só quero ter uma boa resistência física.

-Acho que preciso começar a pensar nisso. Da próxima vez que for correr me chame ok? -disse Ray.

-Acordo às 6h30 -informou o rapaz. -Tem certeza que quer?

Ray olhou para o outro com o cenho franzido.

-Não tenho preguiça de acordar cedo.

-Não foi o que pareceu. E aquele soco doeu.

-Que bom, era pra doer mesmo -Ray lançou um sorrisinho cínico para o outro. -E para quem quer ter um boa resistência física não aguentar um soquinho é meio vergonhoso não acha?

Matt estreitou os olhos em direção a ele e sorriu de canto.

-Amanhã, depois de correr, vamos para a academia, lá tem um tatame. Eu vou te mostrar o que é violência. -Havia malícia na voz do mais velho.

-Você sabe lutar? -indagou Ray. -Não parece seu estilo.

-Sim, como eu disse trabalho na empresa do meu pai, que é de segurança, então tenho que saber me defender e estar pronto para qualquer coisa -respondeu Matt.

Ray se aproximou do outro, cruzou os braços, encarou Matt e lhe lançou um olhar desafiador.

-Aposto de não sabe nem dar um chute -falou com petulância

Matt sorriu maliciosamente e disse em tom ameaçador:

-Amanhã vou te mostrar, e no final, se estiver vivo, vou te obrigar a fazer um bolo de chocolate para mim.

O príncipe olhou para o outro e gargalhou, Matt não aguentou e caiu na risada também.

-Vou tomar um banho e passo aqui pra a gente tomar café -falou Matt.

-Tudo bem, vou tomar um banho também e trocar de roupa -respondeu Ray.

O mais velho saiu do quarto fechando a porta atrás de sí e o príncipe foi em direção ao banheiro.

* * *

Após tomar café, Matt lhe informou que um professor de etiqueta chegaria às 9h30 para ensiná-lo, pois o jantar em que ele seria apresentado para algumas pessoas importantes, aconteceria dali a três dias.

A professora de etiqueta se chamava Veronika, era uma senhora de uns 40 anos, com saltos que claqueavam no chão enquanto andava pela sala de chá, carregava uma expressão de superioridade o tempo inteiro. Há cada erro de postura que Ray cometia ela batia na mesa com algo que parecia mais um chicote de sadomasoquismo. O príncipe se perguntou onde haviam arrumado aquela mulher.

Postura certa, nariz pra cima, ombros para trás e cotovelos fora da mesa. Aprendeu a usar os garfos e colheres certos, a se sentar corretamente, quando conhecer uma dama beijar a mão dela, e agradecer uma reverência com apenas uma leve inclinação da cabeça. A cada erro que Ray cometia, e a mulher estava o chicote, Matt que estava sentado em uma poltrona, segurava uma risada ou emitia barulhos de deboche. A professora lhe lançava um olhar de repreensão.

Após o fim da aula, para o alívio do príncipe, ele resolveu passear pelo castelo com Matt. Andavam por vários corredores, mas Ray tinha impressão de que mesmo assim não conhecia tudo.

Depois de almoçarem, foram para o quarto de Ray e Matt lhe entregou uma lista de aulas que ele teria, e atividades que ele poderia escolher. Analisava a lista sentado em uma pequena mesa que havia em seu quarto.

-Arco e flecha parece legal -comentou Ray, e assinalou a atividade.

-Então vamos achar um professor pra você -respondeu Matt, sentado do outro lado da mesa.

O príncipe olhou para ele e suspirou.

-Por favor, que não seja ninguém como aquela psicopata da Veronika.

-Prometo achar alguém melhor, e a professora de etiqueta foi escolha da rainha -falou Matt batendo os dedos sobre a mesa de madeira.

-Adorei ela -disse o mais novo sendo sarcástico.

-É melhor se acostumar, terá aula com ela toda semana.

Ray revirou os olhos e marcou Hipismo. Sempre gostou de cavalos, os achava animais magníficos. Marcou tênis, será que ali havia uma quadra de tênis que ele não vira?

-Dança clássica? -indagou Ray.

-Valsa -respondeu o mais velho. -E esse ítem é obrigatório que aprenda, para bailes e outros eventos.

-Quem sabe dançar valsa?

-Não deve ser difícil -falou Matt, levantando e se posicionando e balançando como se dançasse com alguém. -É só aquela coisa de dois pra lá e dois pra cá.

Ray olhou ele e riu com a cena, o rapaz parou e lhe ofereceu a mão.

-Dançaria comigo Sua Alteza? -Matt se inclinou formalmente.

-Um, não me chame de Alteza. Dois, não sei dançar. E três, vai sonhando -respondeu Ray.

-Ah, mas vai sim -Matt puxou o príncipe da cadeira, colocou o braço sobre suas costas, segurou sua mão e começou a girar com Ray tropeçando com os passos do outro pelo carpete do quarto. O príncipe se entregou e eles entraram em sintonia enquanto riam um do outro. Ray olhava nos olhos verdes de Matt e seu sorriso, conseguia sentir o calor do corpo do outro sobre os tecidos que os separavam, e mão dele sobre a sua, uma sensação de aquecimento lhe percorreu o corpo, em seguida o estômago se retraiu com um frio imenso que atravessava o corpo, suas pernas amoleceram deixando o mais velho o guiar completamente pela brincadeira, no lugar do sangue parecia que gelo corria por suas veias. Droga.

Matt percebeu que o riso do príncipe desvaneceu aos poucos e perguntou:

-O que foi?

-Nada -respondeu o mais novo, se afastando subitamente do rapaz. -Estou com sede, que tal irmos até a cozinha ver se eles têm algo para beber?

-A cozinha deve estar um inferno agora, os cozinheiros já devem estar preparando o jantar. Mas fique aqui que eu vou lá e pego algo, ok? -disse Matt.

Ray assentiu e o outro saiu do quarto. Ele caminhou até a cama e sentou olhando para o nada. Faíscas daquele sentimento que sentira antes ainda habitava ele. O príncipe apertou a o tecido da colcha florida que cobria a cama até seus dedos ficarem brancos. Certamente ele sabia o que era aquilo, apenas não queria aceitar, pois as complicações que teria, seriam drásticas, junto com um coração despedaçado.

Matt voltou ao aposentou alguns minutos depois carregando uma bandeja com uma jarra e duas taças.

-Trouxe limonada. Acabou de ser feita - falou ele, colocando a bandeja sobre a cama e se sentando ao lado de do príncipe. Então serviu a bebida e entregou à Ray. Eles beberam em silêncio. -Parece a limonada que minha tia faz -comentou o rapaz.

-Quando você vai vê-la? -perguntou Ray.

-Quando eu tiver tempo -respondeu Matt. -Se puder eu vou no domingo, estarei de folga.

Ray assentiu e depois de um tempo em silêncio, ele disse:

-Você não fala muito sobre seu pai...

-Meu pai é complicado -falou o mais velho com um longo suspiro.

-Me conta mais sobre você. Você sabe praticamente de tudo sobre mim, mas sei pouquíssimo de você.

Matt olhou para o chão, pensativo. Depois de um tempo ele falou:

-Meu pai sempre foi ausente, e nunca ligou muito para mim e para Rachel.

-Quem é Rachel? -indagou Ray.

-Minha irmã.

-Eu não sabia que tinha uma irmã, nunca me falou sobre ela.

-Não falei? -perguntou Matt, olhando descrente para Ray, que negou. -Enfim, ela é minha irmã mais nova, tem dezessete anos.

-Legal, espero conhecê-la -disse o príncipe -Mas continue falando sobre seu pai.

-Não tem muito o que falar. Basicamente, quando minha mãe morreu eu tinha oito anos e Rachel três, minha tia nos pegou para criar e ele nunca ligou muito para a gente, mandava dinheiro todo mês, mas raramente aparecia nos nossos aniversários e natal. Aprendemos a lidar com a ausência dele. -O rapaz mantinha o tom de voz estável, mas Ray podia ver a mágoa que transparecia enquanto falava.

-E como começou a trabalhar com ele? -perguntou Ray, depois de colocar a taça sobre a bandeja. Ele se deitou sobre a cama e apoiou a cabeça nas mãos enquanto olhava para o outro.

-Quando fiz vinte ele me perguntou se eu queria trabalhar pra ele, o salário era bom e eu aceitei. Apesar de trabalhar pra ele, isso não mudou nada, vejo ele pouquíssimo e ele continua indiferente em relação aos filhos -contou Matt.

-Sinto muito.

-Não sinta, nossa tia Elise foi uma mãe e pai para a gente, e sou muito grato a ela porque ela fez de coração e não por obrigação. Ela me ensinou a como respeitar a vida e as pessoas.

-Se ela te ensinou a ser quem você é, ela deve ser uma pessoa maravilhosa -Ray sorriu amigavelmente para o rapaz.

-Ela é maravilhosa sim, vou te levar para conhecê-la -falou Matt.

-Eu adoraria -respondeu o príncipe. -Mas quero que continue falando sobre você, agora que não há mais segredos entre nós, pode falar tudo.

E Matt falou. Parecia que Ray tinha uma nova visão sobre o mais velho, olhava cada movimento que ele fazia e bebia suas palavras como se fossem o que fizessem ele respirar, a cada sorriso que recebia, uma destruição imensurável era deixada para trás.

* * *

O ar da manhã fluia, sobre o chão de terra que o príncipe pisava enquanto flanqueava Matt em uma corrida frenética. Estava mais que provado que sua resistência física era deplorável, volta e meia parava ofegante, fazendo com que o tutor parasse também.

Ele já havia esgotado a água da garrafa que carregava e agora estava inclinado com as mãos no joelho enquanto recuperava o fôlego. Eles passavam por um lago. Ray não tinha imaginado o quão grande eram os jardins em volta do castelo.

-Acho que agora devemos caminhar -falou Matt. -Antes que você tenha um ataque cardíaco.

Ray fez um sinal de positivo.

-Quer entrar no labirinto? -questionou o mais velho.

-Nem pensar, e se nos perdermos? -Ray lutava com o próprio pulmão para juntar forças para falar.

-Não é tão grande assim Ray, e não há corredores sem saída, todos os caminhos levam para fora ou para o jardim central -explicou Matt.

Ao se recuperar Ray se levantou e começou a caminhar lentamente ao lado do amigo.

-Tem outro jardim no centro dele?

-Tem, é o mais bonito eu diria -respondeu Matt.

-Outro dia. Você tinha dito que me levaria à academia não é mesmo? -lembrou o príncipe. -E que ia me ensinar algumas coisas, seria legal eu saber me defender ao invés de andar com um monte de seguranças.

-Sim, falei que levarei e o farei -disse Matt lançando um sorriso malicioso para o príncipe. -E não esqueci da nossa pequena luta no tatame.

Matt começou a correr e gritou para Ray que ficou para trás.

-Quem chegar por último é a mulher do padre!

O príncipe riu com a brincadeira, seguiu o outro e gritou:

-Quantos anos você têm?!

A academia interna era um complexo bem iluminado por janelas altas. Haviam vários tipos de exercícios disponíveis, sacos de areia, bolas de yoga, esteiras, bicicletas ergométricas, pesos e e outras coisas. O tatame se encontrava no meio.

-Antes aqui só podia ser usado pela família real e visitantes, mas sua mãe liberou para os criados -falou Matt, bebendo água em um bebedouro próximo a uma geladeira cheia do que parecia ser Gatorade.

-É difícil imaginar minha mãe malhando aqui -comentou o príncipe.

-Mas ela vem, geralmente ás 9h00. Rainhas também gostam de estar em forma -falou o mais velho indo em direção ao grande tatame azul no centro do salão.

Em um movimento rápido Matt tirou a camiseta que usava, em seguida se sentou e começou a tirar os tênis. Ray arregalou os olhos involuntariamente ao notar o corpo do rapaz. Ele possuía um peitoral largo com alguns pelinhos o envolvendo, o abdômen era enxuto com uma linha dividindo-o no meio e os gomos levemente protuberantes, os bíceps com veias acentuadas marcando a pele.

Isso porque disse que não malhava pra ficar gostoso... Pensou o príncipe segurando o ímpeto desejo de morder o lábio.

-Tire o tênis -falou Matt acordando ele de seu breve transe.

Ray rezou para ele não tivesse notado, e depois de observar o rapaz por um tempo chegou a conclusão que de fato não havia. Agradeceu por isso.

Ele tirou o tênis e se pôs de pé no meio do tatame de frente e próximo de Matt, com a cabeça levemente inclinada para cima para olhar para o outro que era um pouco mais alto, se forçando a olhar somente para o rosto do rapaz.

-Por onde vamos começar? -perguntou Ray, engolindo seco.

Matt pareceu pensativo por um tempo e falou com uma expressão séria:

-Me ataque.

-O quê? -perguntou Ray. -Como assim atacar?

-Me bata -falou Matt. -Soque, chute ou sei lá.

Ray soltou um longo suspiro e ficou em posição defensiva. Ergueu o punho fechado e lançou em direção ao peito de Matt, que com um movimento rápido segurou seu pulso o torcendo levemente sem machucar, mas forte o bastante para o golpe cessar, ele puxou o príncipe pelo braço o girando e fazendo-o ficar de costas para ele, Matt passou o braço em volta do pescoço do príncipe e o fechou. Ray prendeu as respiração ao sentir o calor do corpo do outro sobre suas costas, eles estavam tão colados. Matt soltou Ray do golpe e falou:

-Isso é como você não deve socar alguém. Sua retaguarda está totalmente desprotegida, seu soco fraco e você não sabe como se desvencilhar de um mata leão.

-Por que será né? -indagou o príncipe revirando os olhos. -Não sei se percebeu, mas meu negócio são os livros e não artes marciais.

-Todos deveriam saber como se defender, não precisa saber só bater, mas também como de desviar e se proteger -falou o mais velho. -Vamos ver o que mais você tem.

Matt explicou para Ray como usar o peso do corpo para desequilibrar a outra pessoa e aumentar a força de um soco. Aprendeu que para se livrar de um mata leão era preciso fazer três movimentos seguidos: pisar do pé do adversário, cotovelada na costela e por fim soco ou chute no rosto.

Todo aquele contato com o corpo de Matt deixou Ray extasiado, ele sentia a respiração dele em sua nuca e seus pelos se eriçaram, seus braços em volta do corpo dele e suas mãos o segurando. Em sua mente gritava um alarme vermelho de proximidade extremamente arriscada, mas a adrenalina em seu corpo dizia que ele amava o perigo.

-Muito bem -parabenizou Matt. - Agora quero que você me chute, mas tente aplicar uma sequência de socos antes. Você precisa ser rápido e tirar atenção do golpe que pretende dar. Não deixe eu ler sua mente.

Ray avançou rapidamente dando socos leves no ombro, barriga e peito de Matt que simulava estar se desequilibrando. O príncipe elevou a perna no alto e levou o pé até a cintura de Matt, que com um movimento rápido segurou sua perna e o empurrou para trás, fazendo o mais novo cair de costas no chão. Graças a Deus o tatame era macio e sua cabeça não doeu ao atingir o chão. Matt se ajoelhou sobre ele pressionando todo seu peso em cima de Ray, fazendo com que seus braços e pernas ficassem presos.

-Não pode levantar a perna tão alto, você acaba dando a chance ao oponte de te derrubar -disse Matt sorrindo. -Agora se solte.

Os rostos estavam tão perto que Ray pode ver cada detalhe do olho verde claro do rapaz, tinha riscas cinza em volta da íris, era isso que fazia com que às vezes parecessem cinzas e não verdes.

O príncipe se debateu abaixo do corpo de Matt, mas todas as tentativas falhas.

-Não é com toda a força nem desespero que vai se livrar de mim -falou Matt sorrindo com o canto da boca e encarando o mais novo. -Podemos ficar aqui o dia todo.

Certamente Ray gostaria. Até então ele não havia percebido o quanto havia se entregado ao sentimento recém descoberto que ele carregava, com toda aquela proximidade não fazia sentido se punir, ele queria sentir tudo, por mais que fosse se arrepender mais tarde...

-Desisto -disse o príncipe ofegante. -Podemos continuar amanhã?

-Tudo bem -respondeu o outro relaxando o corpo e se levantando de cima dele. Já em pé Matt estendeu a mão para levantar Ray.

-Já não sei mais, qual é o meu suor e qual o seu -falou Ray rindo e acompanhado Matt que já vestira a camiseta e carregava os tênis na mão.

Eles voltaram para seus aposentos. Ray tinha uma hora para se arrumar e encontrar Veronika para mais aulas. Decidiu que merecia um banho em sua banheira particular e não se demorou a tirar as roupas e entrar no paraíso de espuma branca. Mesmo estando em água morna, ele ainda sentia o perfume de Matt sobre a pele. Não queria que o cheiro do outro saísse dele nunca mais. Ele sorriu ao se lembrar de tudo o que acontecera na academia.

* * *

O príncipe estava a caminho dos estábulos enquanto o sol se punha e deixava um laranja vívido marcando o céu. A rainha estava ao seu lado de braço dado com ele. Eles haviam acabado de tomar chá e desta vez Matt os acompanhara, também caminhava ao seu lado, mas em silêncio, como se não quisesse invadir aquele momento entre mãe e filho.

-Sua avó volta no sábado de manhã -disse a rainha. -Antes do grande jantar.

-Será tão grande assim? -perguntou Ray apreensivo.

-Bem, devido a exigência de nossos convidados será um evento um tanto intimidador, mas não se preocupe estarei com você.

Ray sorriu para a mãe.

Eles entraram no estábulo, havia cavalos em todas divisória e de todas as cores. Audrey o puxou para perto de uma divisória onde uma égua marrom estava com a cabeça para fora da pequena porta que a segurava.

-É para você -disse ela com a mão no ombro de Ray.

-Um cavalo? -perguntou o príncipe incrédulo. -Eu ainda nem sei montar...

-Não se preocupe, vai aprender em breve. Temos vários professores a nossa disposição -disse Matt ficando ao seu lado.

-Esta égua é neta do cavalo que era de seu pai. Escolha um nome para ela -falou a mãe acariciando a cabeça do bicho.

Ray abraçou a mãe e agradeceu.

-Me desculpe estar ocupada ultimamente, é que com o jantar tudo está uma loucura. Semana que vem as coisas estarão melhores, eu prometo, e poderemos passar muito tempo juntos -disse a rainha. -Tenho que ir agora, há algumas coisas para fazer. Aproveite sua nova amiga.

O príncipe olhou a mãe se ausentar do estábulo e em seguida Matt falou com um sorriso convencido:

-Um cavalo né... Espero que monte melhor do que luta.

-Com inveja? -perguntou Ray.

-Um pouquinho -respondeu Matt, rindo em seguida.

-Pode montá-la se quiser, ainda não sei nem como subir nela -Ray acariciou a fronte da égua e abaixou a cabeça. -Ela é tão linda... Os únicos animais que tive contato até agora foram gatos e cachorros.

-Animais domésticos são mais comuns. Ninguém tem um cavalo dentro de casa -disse Matt.

-Qual você prefere? Gatos ou cachorros? -Ray se virou para o outro esperando pela resposta.

-Gosto dos dois igualmente, mas nunca tive um gato -respondeu Matt.

-Eu gosto mais de gatos, acho eles têm mais haver comigo -falou Ray.

Ele se virou e se despediu da égua, saiu do estábulo indo em direção ao castelo.

-Gatos são independentes e fazem o que querem -continuou. -Eles são observadores e cautelosos em relação ao desconhecido, eu também sou assim.

-Sem dúvidas -concordou o mais velho.

* * *

Era sábado de manhã, Ray estava sobre a escadaria em frente a entrada do castelo, sua mãe estava ao seu lado. O carro preto parou próximo deles. O choffer saiu e abriu a porta para uma senhora de cabelos prateados, usava uma saia cinza com um blazer e sapatos de salto baixo. A mulher carregava um semblante sério no olhar. Ela dispensou o motorista, subiu a escadas e parou a frente do dois com a mesma expressão. Então ela olhou Ray de cima a baixo. O príncipe se sentiu desconfortável. Audrey se pronunciou primeiro:

-Bem vinda de volta ao lar Eleanor.

-Se pudesse ficaria em Paris para sempre -reclamou a senhora.

-Tenho certeza de que estava agradável -falou a rainha. -Raymond quero que conheça sua avó Eleanor -ela falou olhando para ele.

-É um prazer conhecê-la minha avó -Ray se inclinou pegando a mão de Eleanor e a beijou. Tentou parecer confortável com a formalidade.

-Aparentemente educado, espero que sirva para alguma coisa, porque herdeiros nós já sabemos que haverá -disse a mulher sem nem fitar Ray. Então ela se virou e subiu as escadas, deixando Ray com a feição congelada em um espanto.

Audrey apertou a mão do filho carinhosamente e disse:

-Eu falei que ela não é fácil, mas você aprende a lidar com ela.

Ray apenas encarou a mãe e balançou a cabeça.

Então aquela era sua avó...

* * *

Ray estava em seu quarto amarrando a gravata em frente ao espelho. O jantar começaria dali a uma hora. Ele tinha que receber e ser apresentado ás pessoas. O almoço havia sido desagradável com toda a arrogância que a avó podia lançar, tanto para ele quanto para a mãe. Até mesmo Matt não havia escapado do veneno da mulher, que tentara expulsá-lo da mesa, dizendo que criados não se sentavam com seus superiores, mas a rainha interveio e disse que o rapaz faria todas as refeições com eles, pois era um amigo e tutor do príncipe e a vontade dela não seria contrariada. A velha apenas resmungou algo, mas se calou. Ele agradeceu por a mãe saber lidar com ela. No chá não foi diferente e mais uma quantidade torrencial de reclamações vazavam da boca da mulher. Ray teria que aprender a conviver ela.

Ele ouviu uma batida na porta e foi abri-la. Não foi surpresa ao ver um par de olhos verdes e um sorriso que lhe esmagava o coração. Matt usava um terno azul marinho com uma camisa branca e gravata vinho. Ray estava acostumado a ver o rapaz de terno, ele usava todos os dias, mas aquele em especial o deixava mais perfeito do que ele já era. E o perfume que ele exalava era algo que inebriava os sentidos de Ray.

-O que deseja nobre senhor? -brincou o príncipe.

-Vim ver se está pronto? -perguntou o outro.

-Estou sim, devo descer?

Matt assentiu e Ray o seguiu. Quando entraram no salão principal, a grande mesa estava posta com os mais fino pratos e talheres, candelabros estavam espalhados pela mesa. A luz do lustre central dava ao lugar uma luminosidade confortável, as grandes portas que davam para fora do castelo estavam cobertas com cortinas avermelhadas e densas, o local estava perfeitamente arrumado. Criados corriam para lá e para cá. Eleanor gritava para todos que fossem depressa com tudo o que estavam fazendo. Uma garota com um avental branco que denunciava que ela trabalhava na cozinha parou subitamente a poucos metros deles e olhou para Matt inclinou a cabeça levemente. Ray franziu o cenho estranhando tal cena, mas antes que pudesse perguntar sobre, sua mãe lhe chamou. Ela trajava um vestido vermelho e longo que se arrastava no chão, o cabelo estava preso de modo que alguns cachos estavam soltos, usava uma maquiagem leve, mas marcante. Ela avisou que os convidados estavam chegando e puxou ele pela mão, que puxou Matt consigo. ele andaram rápido em direção ao hall de entrada.

Poucos minutos depois, vários casais começaram a entrar pela porta principal. O príncipe não se surpreendeu ao ter que cumprimentar todos, felizmente sua mãe estava ao seu lado e sempre dizia seus nomes antes de se aproximarem. Ray conheceu os membros do conselho real, que por sua vez era na maioria homens de meia idade com esposas mais novas que eles.

Depois eles seguiram para o salão de estar onde havia garçons com bebidas e mesas com petiscos, e estava decorado igual ao salão principal. Um grupo tocava música clássica em um canto enquanto todos conversavam. Ray se isolou das pessoas ficando perto da mesa de petiscos e como sempre com Matt em seu encalço.

-As pessoas não param de olhar para mim -comentou Ray baixo para que só Matt ouvisse. -E o pior é que elas nem são discretas.

Ele desviava do olhar dos convidados e abraçou a si próprio desconfortável. Quando fossem a mesa provavelmente o comeriam vivo.

-Deixa comigo -disse Matt ficando na frente do mais novo, fazendo com que ele fosse bloqueado da visão dos outros.

Ray deu um tapinhas no peito de Matt e sorriu.

-Obrigado por ser maior que eu -ele falou rindo -E por ser meu muro pessoal. Deus, achei que essas pessoas fossem educadas e soubessem que não é legal encarar. Pelo visto quem anda precisando de aulas com Veronika são eles, não eu.

-Você é carne nova no pedaço, eles adoram isso -Matt agarrou uma taça de champanhe enquanto um garçom passava com uma bandeja. Já era a terceira que ele tomava.

-Por favor, não fique bêbado -falou o príncipe. -Não tenho um pingo de paciência pra gente bêbada, não quero socar sua cara.

Antes que Matt pudesse responder o mais novo falou:

-E tonto você não consegue ser melhor que eu.

Os dois riram chamando atenção para eles.

* * *

O prato principal era algo irreconhecível, Ray não sabia dizer se aquilo era peixe ou frango, mas comeu mesmo assim. Tentava esquivar das perguntas pessoais que alguns convidados faziam, mas tudo o que queria era que aquilo acabasse o mais rápido possível. A rainha conversava com todos que estavam perto, e tinha até mesmo a postura relaxada de como se estivesse entre amigos. O jantar durou um eternidade quando finalmente serviram a sobremesa, que foi um bolo de chocolate maravilhosamente recheado,com calda quente e acompanhado de sorvete. Ele abriu um enorme sorriso quando Matt -que estava sentado ao seu lado- se inclinou e sussurrou para ele:

-O seu é melhor.

* * *

Todos estavam de volta ao salão de estar. Ray descobrira o licor de rosas, que era uma especialidade de Garnies. O príncipe aprovou a bebida assim que ela tocou seus lábios, era doce como mel. Queria perguntar para Matt se ele já havia tomado, mas o rapaz havia sumido. Enquanto as pessoas vinham até Ray para se despedir e agradecer o jantar, ele olhava em volta para ver se encontrava seu par preferido de olhos verdes, mas não teve sucesso. Já estava cansado de todas aquelas reverências e as pessoas lhe chamando de Sua Alteza quando perguntou para a rainha, que o acompanhava:

-Mãe, você viu Matt? Ele sumiu.

-A última vez que o vi ele estava indo naquela direção -a rainha apontou para uma das grandes portas cobertas pela cortina vinho. Ele agradeceu e pediu licença.

Caminhou até a grande porta. Imaginou se o rapaz estava passeando pelo jardim, e não o chamou porque ele estava em meio áquele caos de despedidas. Ray abriu a cortina levemente para poder passar quando o que viu do lado de fora lhe atingiu como um tapa na cara. Matt estava na sacada, com as mãos na cintura da garota da cozinha que o principe vira mais cedo, ela estava com as mãos no ombro dele e na ponta dos pés para alcançar os lábios do rapaz, o beijo era algo calmo. Ray arregalou os olhos e deu um passo para trás. Matt se separou da garota notando o príncipe, ela olhou para ele com um olhar de interrogação.

-Ray...? -disse Matt dando um passo para longe da garota.

-M..Me desculpe -falou Ray com a voz baixa. -Eu não queria atrapalhar, só estava procurando por você. Enfim... Me desculpe.

O príncipe fechou a cortina atrás de si e andou a passos largos pelo salão, suas pernas se mexiam sozinhas. Ele passou pela mãe e apenas falou:

-Vou me deitar, não estou me sentindo bem.

Antes que a rainha respondesse ele se afastou e saiu do salão. Subiu as escadas quase correndo. Um sentimento visceral e frio lhe percorria o sangue, um peso enorme lhe esmagava o coração, sua garganta estava selada. Ele entrou no quarto e bateu a porta atrás de si e logo foi arrancando a gravata, jogou os sapatos longe, pegou o pijama verde musgo de seda que colocara em baixo do travesseiro e foi para o banheiro. Tirou o resto da roupa e se enfiou debaixo do chuveiro. Então as lágrimas vieram torrencialmente, se misturando com a água morna que escorria pelo rosto. Sua cabeça era uma mistura de tristeza, dor e raiva de si mesmo por acreditar em algo tão idiota. Queria culpar alguém além de si, mas não havia quem.

Depois de alguns minutos debaixo do chuveiro, ele desligou, se secou e vestiu o pijama. Que se danasse, ia dormir de cabelo molhado mesmo. Se olhou no espelho e viu os olhos vermelhos e inchados.Tão idiota por chorar como uma menininha, ele pensou. Saiu do banheiro e se jogou na cama puxando o cobertor para si, Senhorita Florence estava enrolada como uma bola no travesseiro ao lado. O príncipe fechou os olhos e rezou para que o sono viesse.

* * *

Ele fez menção de seguir Ray mas Lillian o segurou pelo braço. Por que a garota tinha que beijá-lo? Não foi ela mesma que havia terminado com ele?

-Quero conversar com você -disse ela. -Sinto sua falta, me arrependo de tudo o que fiz.

-Não há nada pra conversar. Eu sofri por você e realmente acreditei que valia a pena, mas você nunca ligou, só fui mais um a cair nos seus joguinhos. -falou Matt.

-Não fale assim, eu realmente te amo. Por favor, volta pra mim? -suplicou a garota.

-Mas eu não amo você, não mais -Matt puxou o braço do aperto da garota com força. -Eu só retribuí o beijo pra ver se você ainda desperta algo em mim, mas foi como beijar uma pedra. -Ele se sentiu mal por ser tão cruel, mas como já sabia, esse era único jeito de se livrar da garota.

Matt se virou e entrou no salão a procura de Ray. Olhou em volta e não viu nada. Avistou a rainha que conversava com uma mulher, ele foi até ela andando rápido.

-Milady, por acaso viu o seu filho? -ele perguntou.

-Sim, ele estava procurando por você, mas subiu dizendo que ia deitar e não estava se sentindo bem -falou a rainha. -Pode vericar para mim? Se estiver acontecendo algo me chame.

Matt assentiu e correu para o quarto de Ray. Ele queria falar com o mais novo, mas não sabia o por quê. Se sentia mal, queria desesperadamente explicar. Ele parou em frente a porta do quarto príncipe e ensaiou a batida, andou de um lado para o outro e suspirou. Desistiu e entrou no próprio quarto. Se jogou na cama e encarou o dossel de carvalho, ficou alguns minutos pensando, subitamente um sentimento de euforia lhe percorreu o corpo e ele se levantou correndo para a porta do príncipe novamente, ele bateu duas vezes, mas não houve resposta. Tomou coragem e abriu entrando de uma vez. Ray estava deitado de costas para ele, emitindo um leve ressonar. Matt se aproximou da cama e tocou o cabelo úmido do mais novo com a ponta do dedo e sussurrou tão baixo que só ele mesmo pôde ouvir.

-Não devia dormir com o cabelo molhado -Um sorriso carinhoso tomou conta de seus lábios.

Saiu do quarto fechando a porta atrás de si bem lentamente para não perturbar o sono do mais novo e entrou no próprio quarto novamente. Ele tirou o paletó, afrouxou a gravata e se sentou na cama, frustrado.

Tinha que explicar... Mas por quê?E aí gostaram?

Gente vocês não têm ideia de como surtei quando vi que no último capítulo teve quatro comentários! QUATRO! Meu coração parou por um segundo, sério!!! O máximo que tive foram dois. Tudo bem que as leituras sejam mais, geralmente tenho 20 leituras em cada capítulo. Os comentários de vocês são importantes porque são vocês conversando comigo, dizendo o que acharam. Para mim escritor, é o mesmo que um cantor que faz um show e vê que as pessoas sabem cantar sua música. Foi uma bosta de exemplo, mas acho que vocês entenderam. Não quis ser mal dizendo que ia parar de escrever porque não tinha comentários, é só que as leituras são só números e os comentários são vocês falando comigo. Fico mega feliz quando vejo vocês shippando o casal principal. Cada vez que leio um comentário falando que gostou, que querem mais e dizendo qual parte do capítulo mais gostou, na hora me da muita vontade de escrever e faço, mas quando não tem quase nada, escrevo me obrigando por respeito à aqueles que se importam em comentar e estão realmente acompanhando... Ok essa nota foi gigante, mas foi preciso.

Até o próximo e COMENTEM!

(Música: Ivy Levan -No Good)

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Comentários

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Otimooo!!!! Amo seu conto! Continua logo

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Seu conto está muito bom, aguardando ansioso o proximo capítulo 👏👏👏

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