Cap.4
As lágrimas lavavam meu rosto e a tristeza que estava em meu peito doía. Eu havia perdido mais que um amigo, eu havia perdido um irmão. E como se não bastasse, ainda vinha, com toda essa dor, um sentimento de culpa. O policial me falou que Jonas tinha morrido em um confronto com alguns bandidos. Mas eu sabia que ele tinha morrido por minha causa. Ele morreu porque estava tentando me proteger. E isso nem eu mesmo podia me perdoar. Fui pra minha cela e John percebeu minhas lágrimas e minha tristeza. Abriu a boca, como se quisesse falar algo, mas logo fechou como se tivesse mudado de ideia. O dia foi passando e eu não conseguir comer nada. Tinha certeza que se eu tentasse comer algo, eu vomitaria. Já era umas 12:00 da noites. Os presos já estavam dormindo. Mas eu não escuto passos vindo na direção e olho pra John, ele está dormindo. Fico com medo e olho pra ver quem se aproxima e vejo que era Gustavo.
- Como você conseguiu sair da sua cela agora? – eu perguntei.
- Eu falei pra você que tenho muita influência aqui – ele fala e tira do bolso uma chave e abre minha cela.
- Cara eu não estou muito no clima hoje – eu falo pra ele e ele responde calmamente:
- Eu só quero conversar com você e mostrar um lugar que eu gosto de ir quando algo me preocupa. Você vem? – ele estende a mão me convidando. Eu hesito por um instante, ainda era muito cedo pra dizer se eu confiava nele. Como se lesse minha mente, ele fala:
- Carlos, eu não quero fazer nenhum mal pra você, e se eu quisesse ferir você, você sabe que eu já tive muitas oportunidades de fazer isso – ele fala e por mais que ainda estivesse meio desconfiado, o que ele falou era verdade. Então eu pego em sua mão e ele me guia por corredores escuros até chegar em uma escada. Após subirmos ela, chegamos eu um local bem alto, dava pra ver toda a parte não coberta da prisão e o mais importante de tudo, no céu estrelas cintilavam e promoviam um show lindo. Ele me olha e fala:
- Eu fiquei sabendo do seu amigo, eu sinto muito – ele fala e me abraça e então eu começo a chorar. Ele leva seus dedos na minha face e limpa minhas lágrimas e eu falo:
- Foi culpa minha – eu falo e explico a história pra ele. Uma parte minha me dizia que não era pra ter contado tudo pra ele. Mas outra parte minha queria ter alguém em quem confiar e algo me dizia que o Gustavo poderia ser confiável.
- Eu sei como é falhar com as pessoas que amamos – ele me fala e me pergunta: - Você já se perguntou como eu vim parar aqui?
Aquela pergunta me pegou de surpresa, eu nunca havia parado pra pensar naquilo.
- Não – respondi sinceramente.
- Há muito tempo atrás, minha mãe morreu, e meu pai, nunca soube quem era. Então fiquei só eu meu irmão mais novo de 9 anos e eu tinha 15 anos. Quando meu irmão fez 10 anos, ele foi diagnosticado com uma doença séria. Então eu tive que começar a trabalhar, e em dois empregos. No começo deu pra levar bacana a situação. Mas depois seu tratamento começou a ficar mais caro e eu não sabia mais o que fazer pra pagar o tratamento do meu irmão, foi ai que eu entrei pro mundo do crime– ele falou. Eu estava chocado. Jamais passou pela minha cabeça que ele tinha um irmão e que ele foi preso por causa do irmão dele.
- Mas você fez tudo pra salvar seu irmão e eu sou a causa da morte do meu melhor amigo – falei.
- A questão é que eu não consegui salvar meu irmão – ele fala e agora percebo que seus olhos estavam bem vermelhos e eu sentia que ele estava tentando não chorar. Eu o abracei. “Às vezes, a vida é uma droga”, pensei me perguntando “porque nós perdemos aquelas pessoas que amamos?” Esperava que algo pudesse lhe dar uma resposta, mas nada veio. As lágrimas voltaram ao meu rosto e agora também tinham lágrimas no rosto do Gustavo. Ele tinha sido tão sincero comigo. Tinha exposto suas emoções. E ele era um homem que sempre tentava passar a imagem de “frio” e de “mal” mas eu sabia que, no fundo, ele era uma pessoa boa. Apoio minha cabeça em seu ombro, olho pras estrelas, e , pela primeira vez na vida, não tenho a mínima ideia do que o futuro reserva...
Alguns Quilômetros de Distância Dali:
Um homem velho bem vestido tomava seu Whisky enquanto verificava alguns gráficos no seu computador. O negócio que construiu tinha se mostrado quase 70% mais lucrativo com a ajuda da polícia e quando esse homem soube que tinha um policial certinho tentando acabar com o seu negócio. Vários policiais recomendaram que ele mandasse matar esse policial. Mas esse homem, não era um amador. Ele sabia que esse jogo estava apenas começando e sabia que se matasse logo esse policial insignificante, não saberia a que informação ele tinha tido acesso e se ele tinha copiado. Implantar drogas no seu apartamento nem foi tão difícil e sua prisão tinha saído como planejado. Tudo ia bem até ele descobrir que o amigo desse policial foi no apartamento dele pra procurar algo lá. Felizmente, ele mandou um assassino profissional ficar lá no apartamento pra vigiar o local. Segundo o assassino, ele não teve escolha a não ser matar esse cara que era amigo desse policial. A única parte boa dessa história tinha sido que agora ele tinha certeza que esse tal de Carlos não copiou o arquivo pra ninguém. Isso se tornaria um atalho pra finalizar o jogo. Ele pegou seu telefone e ligou pra um número que não estava salvo na sua agenda e falou:
- Você ainda tem aqueles seus contatos na cadeia? – O velho perguntou. E uma voz do outro lado da linha respondeu:
- Sim – uma voz rouca do outro lado da linha respondeu.
- Quero que eles acabem com um tal de Carlos que está lá – o velho falou determinado.
- Você sabe que como é na cadeira, os preços são maiores – ele falou e o velho riu. Dinheiro não era problema pra ele.
- Pago o que for preciso, mas quero aquele ex-policial morto – após falar isso, o velho desligou e fechou os olhos, esperando que o serviço solicitado fosse feito...
Continua...
Eai, pessoal o que acharam desse cap.? Se der, ainda posto hoje o cap.00 que contará um pouco mais da história do Carlos antes da Prisão. Mais uma vez, muito obrigado pelos comentários... <3
