CAP.4
TRILHA SONORA: ผ่าน - กันต์ ชนกันต์ (Não sei quem canta, mas é uma música tailandesa muito boa. Pelo menos eu gosto. Como não falo tailandês, não posso dizer como se fala. Aos que ouvem as trilhas que posto, se é que alguém ouve, é só copiar e colar essa frase no YouTube e logo o primeiro ou segundo resultado será a música)
Meu coração acelerou na mesma hora que ele falou aquilo. Minha respiração parou, começei a suar, minha mente se fechou, não conseguia pensar. Não sei o que fazer !
- Da onde tiraste isso ? - não queria assumir meus sentimentos. Não dessa forma, de surpresa.
- Sei lá. É a única explicação. Desde que nos conhecemos você nunca namorou. Sei que não gosta de mulheres. Nem quando saímos para baladas, você nunca fica com alguém... Pode parecer um insulto ou algo assim pra você, mas é a única explicação que a minha cabeça aceita a respeito disso - ele havia me desmontado por completo. O que eu diria agora ? Fiquei apenas acuado, de cabeça baixa, sem reação. Sem saber o que dizer, como sair daquela pergunta que tinha uma resposta óbvia até para um idiota. De repente ele colocou a mão no lado esquerdo do meu peito, e pareceu sentir algo - bate mais forte que o meu. Você está nervoso ! Você... Fala alguma coisa. É verdade ou não a minha suspeita ?
- Eu... Eu... - estava sem reação ! Sem pensamento. Parecia que de repente, tudo havia sido roubado de mim.
- Tá na cara que é verdade. Você está calado. Quem cala consente... - ele não pareceu ficar nervoso. Estava bem calmo. Olhei de canto de olho, e vi quando ele se sentou na minha frente - quando começou ?
- Desde que nos conhecemos - disse eu, de cabeça baixa.
- Você aguentou anos calado ? Sem falar nada ? Como esse sentimento durou tanto tempo ?
- Não sei - disse, escorrendo uma lágrima com medo de perder um amigo.
- EI... Não chora !
- Desculpa... Eu... Eu não consegui evitar. Por favor... Não deixe de ser meu amigo por causa disso ! - disse, o abraçando.
- Porquê eu deixaria ?
- Por ter nojo de mim... E do que sinto por você...
- Não tenho nojo de você
- Não ?
- Devia ter nascido gay. Ao menos assim poderia retribuir você do jeito que você espera.
- E precisa ? - foi a vez dele ficar calado.
- Eu... Eu não sou gay Caio...
- Eu sei que não... Mas... - queria dizer a ele que eu era a única pessoa que o amava de verdade, que não iria fazê-lo sofrer, que não estava interessado em seu status... Mas faltou coragem - é... Você tem razão... Você não é gay ! - ele não iria retribuir meu sentimento nunca. Me soltei dele e peguei meu celular.
- EI... Aonde vai ?
- Pensar - disse, pegando a chave do carro.
MINUTOS DEPOIS
Andava pelas ruas da cidade, com o tráfego bem reduzido em razão do horário. Agora ele sabia. Eu não havia assumido diretamente, mas indiretamente estava mais do que claro. Não sabia como seria dali pra frente. Se ele já não iria mais dormir no mesmo quarto que eu. Se passaria a se vestir por completo dentro de casa. Ou se mesmo continuaria no apartamento. Meu medo de que ele fosse embora era enorme, eu não queria ficar longe dele. Porquê é tão difícil assim conseguir o amor de uma pessoa ? Porquê tivemos que nascer com o mesmo sexo ? Deve ser carma de outra vida. Pode parecer confuso pra quem vê de fora, mas essa é a verdade. Eu sou apaixonado por um homem hetero que dificilmente vai me corresponder. Mesmo eu sendo a única pessoa que realmente iria dar valor a ele, isso não basta. Seria necessário que eu nascesse de novo para que realmente desse certo algo entre nós. Mas ao menos algo progrediu. Ao contrário do que eu pensava, ele percebeu os meus sentimentos.
HORAS DEPOIS
Fiquei umas duas horas na rua, e quando percebi que as mesmas já estavam desertas, voltei pra casa com medo de assaltos. Estacionei o carro, subi as escadas. Respirava fundo. Meu coração estava apertado, sofrendo como nunca. Meu olhar cabisbaixo, minha pele pálida. Eu estava tão triste por causa disso. Queria tanto ser feliz mas isso não seria possível. Entrei em casa por volta de 1 hora. Tudo escuro. Logo percebi que a mesma estava vazia, pois a chave da moto não estava no lugar. Não sabia aonde ele tinha ido, nem que horas ia voltar, ou o que íria acontecer. O que me restava era chorar. E esperar. Só o tempo diria o que aconteceria dali pra frente. Tirei meus sapatos e com roupa e tudo me joguei na cama. Porquê eu tive que me apaixonar por ele ? Porquê estava sofrendo tanto agora ? Tantos porquês sem resposta. Eu queria uma resposta ! Talvez dormir ajudasse a amenizar a dor que eu estava sentindo.
"- Não... Não se vá Bruno ! - via ele na minha frente, me olhando.
- Eu não vou embora Caio. Eu vou ficar. Vou ficar com você. Quero ser seu Caio, só seu !
- Ã ?
- Só seu !"
Acordei de repente, ligeiramente suado pois não tinha tirado a roupa e o ar condicionado estava desligado.
- Era só um sonho ! - digo a mim mesmo. Nem em sonho ele some da minha mente. Olhei no relógio, eram 2h00 da manhã. Tirei a roupa e fiquei apenas de cueca. Não sabia se ele estava em casa ou não. Mas no quarto ele não estava. De repente, ouço a porta se abrir. Com cuidado, ela é fechada. Logo senti seu perfume, era ele. Fechei os olhos, como uma forma de pegar novamente no sono. Ouço o barulho do ar sendo ligado.
- Caio ? Tá acordado ? - não respondo. Era melhor não falar mais com ele aquela noite. Tudo o que eu queria era dormir e entrar no conto de fadas da minha mente. De repente o lado vazio da cama começa a ser mexido. Ele estava se deitando. Eu lá, acuado, num canto, com meus sentimentos sem retribuição. Tentei me focar mais uma vez no sono. Quase consigo. Quando estava prestes a dormir, sinto um braço sendo colocado sobre o meu corpo. Ele colou o corpo dele no meu, fazendo o meu coração acelerar. E a vergonha adentrar o meu corpo.
- Será ? Será que você, mesmo sendo homem, pode ser melhor que todas as outras ? - sinto meu cabelo ser mexido - será que a pessoa certa pra mim estava do meu lado o tempo todo e eu não percebi ? Mas isso é tão estranho e tão novo pra mim. Será se é só deixar rolar ? E se eu não gostar ? Sentir nojo ? O que faço ? - deslizava sua mão pelo meu rosto, acariciando.
- Não vai saber se não tentar - disse, quase sussurrando.
- EI ! Você estava ouvindo o que eu falei ?
- Estava.
- Você me deixou confuso sabia ? Eu... Eu não sou gay. Mas quem sabe com você seja diferente... - me virei e olhei nos seus olhos. Estavam tão inchados quanto os meus, mas mesmo assim continuavam lindos.
- Você tem medo quando eu faço isso ? - perguntei, acariciando levemente o seu rosto.
- Não... Eu gosto !
- E isso ? - era pra beijar apenas o seu rosto, mas de repente ele segurou minha cabeça e selou os nossos lábios, fazendo muitas dúvidas morrerem. Dessa vez foi de língua. Dessa vez ele estava sóbrio. Dessa vez os dois corações sabiam o que estavam fazendo. Foi tão intenso, tão gostoso, que quando paramos os dois estavam ofegantes.
- Vai ser muito bom ficar com você - falou, sorrindo.
DIAS DEPOIS
É, parece que tudo Aconteceu diferente do que eu imaginava. Ele acabou me dando uma chance, mesmo tendo toda a diferença de sexo.
- Você é o único homem que amo na vida. Não tem outro ! Você é o único ! - eu não duvido. Talvez a nossa longa amizade tenha quebrado barreiras e deixado os tabus de lado. Sim, começamos a namorar.
- Oh Bruno, deixa de ser chato, vamos no cinema hoje. Vamos ? Vamos ? Vamos ? - ele ria toda vez que eu ficava o cutucando como um criança.
- Sabe o que vou fazer se me cutucar mais uma vez ?
- O Que ? - de repente ele avançou sobre mim e me colocou contra o sofá.
- Vou te encher de beijos !
Até o momento está sendo melhor do que eu imaginava. A tristeza é algo que desapareceu das nossas vidas. Estamos amando tanto ser um do outro, que agora usamos alianças de compromisso.
- Eu não esperava que seria tão bom assim - dizia ele, me abraçando no sofá.
- O que você esperava ?
- Eu não sabia se ia dar certo. Mas deu... Agora eu não quero mais sair de perto de você. Não quero ! Você é a melhor pessoa que eu já namorei. A que mais me fez feliz. Eu sabia que não iria me decepcionar com você !
E ao contrário do que imaginava, não precisei dizer a ele os meus sentimentos. Sim, ele percebeu.
FIM
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