Tínhamos terminado o lanche, Karl aproximou de mim, beijou meus lábios e disse em seguida?
_ Quero que você conheça meu pai. E já foi me pagando pela mão e andando em direção à porta.
_ Karl, tem que ser hoje? Perguntei por perguntar e ele parou me olhando.
_ Há algum problema em querer te apresentar a meu pai, Danilo?
_ Não há problema nenhum, meu amor. Tô preocupado com a hora, só isso.
_ E eu posso saber o porquê?
_ Você esqueceu que eu tenho alunos que ficarão a minha espera lá em casa?
_ Eu pago você sem problema nenhum...
_ Você o quê? Olha a bobagem que você acabou de dizer, cara. Me pagar? O que você pensa que eu sou?
_ EI calma, Medina...
_ Não me chama de Medina, eu já te pedi isso... E dessa vez saí em direção a porta e a abri sentindo uma raiva gigantesca do cara que me fizera o garoto mais feliz do mundo e que também me fizera ter um ódio mortal por ele.
Ele me seguiu pelo corredor tentando me parar... Não conseguiu. As pessoas que trabalhavam num grande salão separadas por divisórias viam a cena em questão sem nada entender. Ele ficou um pouco constrangido em ser contrariado por mim que não mais lhe deu atenção e quando finalmente passei pela grande porta de vidro da sala de recepção e ganhei o corredor do prédio ele apenas parou e disse:
_ Não pense que se livrou de mim, garoto... Tá me ouvindo? Nem pense que isso me fará desistir de você... Não sou culpado de nada, você que entende tudo errado.
A tarde estava bem quente e dei graças a Deus quando um táxi parou ao meu sinal na Avenida Paulo gama e pelo meu tom de voz o motorista entendeu que eu tinha que chegar no Cidade baixa, na rua da República em menos de vinte minutos.
Os cinco garotos do primeiro horário já estavam nas escadas do segundo andar do meu prédio quando eu subi as escadas correndo. Consultando o relógio notei que o meu atraso era de quinze minutos.
_ Quero pedir desculpas a cada um de vocês por conta desse atraso. Tive problemas pessoais e assim que me vi livre deles vim o mais rápido que pude. Vou compensá-los... E a aula começou.
Meu celular vibrava praticamente a cada cinco minutos e por volta das 19:10 h quando a última turma saiu e fui guardar o dinheiro do dia, o celular vibrou novamente em minha mão...
_ Alô?...
_ Por que? Por favor Danilo Medina, reflete e me diz se mereci o que você fez hoje no Escritório do meu Pai... Você me acusou injustamente só Deus sabe lá de que e foi embora sem me dar pelo menos o direito de defesa. Uma vez eu te disse que você era cruel e por hoje, isso tá mais que comprovado.
Respirei fundo antes de falar alguma coisa. Era inegável que durante as aulas eu não estava totalmente presente, eu não tive como concentrar nas aulas por pensar no final do meu almoço com Karl sempre que parava pra pensar um pouco. Éramos muito parecidos em força, teimosia e determinação... Só que ele era milhões de vezes melhor que eu pois era sensato e sabia analisar todos os fatos bem melhor que eu...
_ Eu não saberia dizer o porquê. Você não mereceu o que fiz hoje... Eu sinto muito se...
_ Sente muito? Sente mesmo, Danilo?
" Deus do céu, ele estava chorando "... Foi o que pensei antes de falar novamente.
_ Eu não mereço você, cara. E devo ter feito você pensar horrores a meu respeito. Eu sou muito esquentado e quando você disse que me pagaria eu pensei um monte de bobagem na hora e meu sangue esquentou e eu praticamente ceguei diante de toda aquela situação... Sabe Karl, acho melhor a gente fazer de conta que...
_ Não Danilo, você não vai desistir de nós desse jeito, garoto. Você prometeu ontem que seria pra sempre... Acreditei e acredito em você. Em outros tempos teria mandado você à merda sem problema nenhum, só que foi diferente e algo sério começou a ser construído entre nós dois. Nós nos entregamos um ao outro sem medo ou mesmo sem duvidar de quem somos e do que queríamos e isso é razão mais que suficiente pra voltar a te lembrar que eu tô louco por você e quero você, cara.
Dessa vez eu que chorei. Como ele podia ter tanta razão a nosso respeito? Como ele sabia que eu não queria me separar dele mesmo tendo falado ser melhor que isso acontecesse? Voltei a ouvir sua voz...
_ Tô aqui na frente do teu prédio e você tem apenas meia hora pra descer e aceitar meu convite pra jantar... A ligação foi desfeita.
Entrei no banheiro sorrindo. Tomei rapidamente um banho frio, me arrumei com roupas despojadas e desci após derramar o vidro inteiro de perfume no corpo.
Ele abriu o vidro e me olhou. Seu olhar brilhava de felicidade e prazer. Ele sorria e diante de sua visão eu baixei totalmente a guarda. Karl von Dorff estava com uma calça caqui, sapatos na mesma cor, uma blusa de botão azul marinho, no pulso um lindo relógio, e um grosso cordão de ouro pendia no eu branco pescoço e um pequeno pingente repousava em cima de seu peito.
Ele destravou a porta do carona e enquanto eu entrava fechou o vidro da sua janela e veio ao meu encontro cheio de desejo... Sua boca me alcançou no momento em que me preparava pra dizer um simples boa noite... Sua língua atravessou a barreira dos meus lábios e pude mais uma vez sorver o mais que pude do seu beijo e desejo.
Ele me puxou com pressa pra cima do seu peito e me deixou confortavelmente descansar em cima do seu corpo. Seus braços me envolveram e o frio do ar condicionado do carro não mais me incomodou. Chupei a boca e a língua do meu namorado demoradamente sob a proteção escura dos vidros e juro que não me importaria se as janelas estivessem abertas... Eu o beijaria do mesmo jeito.
Lentamente ele foi le largando e nada disse sobre nossa primeira briga... Sua mão direita repousou na minha coxa esquerda e finalmente saímos pra jantar.
O restaurante da vez era especializado e comida japonesa... TAKÊDO, no Bairro Petrópolis. Lugar super agradável e cheio de gente bonita e de bem com a vida. Mais uma vez conheci outros amigos de Karl e quando passamos por uma das mesas foi visível a insatisfação dele ao ver alguém que lá se sentava...
_ Houve alguma coisa, amor? E olhei abertamente para a tal mesa e seus ocupantes.
_ Não amor, tá tudo bem...Apesar de achar que não foi uma boa ideia ter vindo aqui hoje.
_ Então nesse caso há alguma coisa e assim que você estiver pronto eu saberei te ouvir... Só não demora a contar porque caso contrario vou encher você até conseguir te fazer falar...
Sentamos numa mesa de canto que havia sido reservada por Karl mesmo antes dele saber se aceitaria ou não seu convite... Acho que ele já havia planejado tudo antes do nosso almoço.
Recebemos o cardápio e fizemos nossas escolhas. Ele pediu vinho, eu coca-cola e assim que nos fitamos ele começou a falar...
_ A história é de dois anos atrás. Se você reparou nas quatro pessoas que estão sentados à mesa não pôde deixar de notar o único ruivo que lá se encontra. Ele chama Roger Carvalhedo de Moraes, como você mesmo viu é um homem muito bonito só que não vale nada. Tivemos um conturbado relacionamento que durou exatos quinze meses e desde que o mesmo terminou que esse cara me ataca sempre que tem uma oportunidade.
_ E por que tal coisa acontece? Por que ele te ataca?
_ Devo dizer que sofri um bocado enquanto convivi com ele... Deixei o tempo passar e fazia vista grossa pra muita coisa que ele já fazia às minhas costas e eu insistia em não ver. Só que aprendi a duras penas que meu amor próprio teria que ser maior do que qualquer outro amor que eu pudesse sentir na vida porque se eu estivesse bem, tudo estaria bem...
_ E o que você fez pra finalmente se ver livre desse... Fardo?
_ Gostei da palavra... Nunca pensei no meu amor como um fardo... Desculpe meu garoto lindo, mas eu amava esse filho da puta e não fiz nada pra me ver livre dele... Ele foi quem fez tudo. Tinha acabado de comprar meu apartamento que o senhor irá conhecer logo logo numa belo começo de noite e depois que nos falamos fiquei de ir pro apartamento dele pois alguns amigos lá se reuniriam e ele me assegurou que teria uma excelente surpresa... E você pode apostar Danilo Medina que eu tive mesmo uma surpresa só que de excelente ela não tinha nada.
_ Assim você vai me matar de curiosidade, meu karl... Confesso que pensei numa traição, só que queria ouvir de sua boca.
Nossas bebidas já haviam chegado e após um curto brinde, sorvemos um longo gole e ele continuou...
_ Com minha chegada éramos quatro pares de casais... Oito belos e másculos homens. Eu conhecia apenas uns três e os demais já tinha visto pelas baladas da vida. O papo estava agradável, a bebida no ponto, os petiscos saborosos e do nada todos começaram a ficar nus e a se pegarem e quando o Roger agarrou o membro duro de um Negro tremendamente lindo e começou a lhe chupar eu não acreditei no que estava vendo. A coisa começou a ficar estranha quando um amigo dele que infelizmente passara a ser meu também, falou... " Ele chupa gostoso, né mesmo? " E o Roger seria usado por todos nós durante o tempo em que lá estivéssemos. Só que o pior veio depois de um bom tempo... " Quero foder você Roger igual semana passada na casa do Felipe "... Falou o amigo dele dono de uma academia de ginástica enquanto tinha o grosso membro chupado pelo meu namorado. Eu que não havia nem tirado a expressão de incredulidade do rosto saí dali me sentindo mal. Eu e ele, pelo menos na minha visão, éramos um casal fiel e que transava sem proteção por conta disso. Sabe o que pensei, amor? Minha vida estava sendo colocada em risco sem eu saber. Esse filho da puta dava a torto e a direito por aí e eu de nada sabia. Quando o cara falou na semana passada, eu só pensava numa viagem a trabalho que tinha isso e ele ficara aqui fazendo só Deus sabe o que...
Karl voltou a beber um pouco mais do vinho e assim que encheu novamente a taça falou:
_ Ele foi levado pra minha casa por volta das três da madrugada completamente bêbado e vestindo apenas uma calça jeans. Quando ele entrou no meu apartamento trazia os sapatos enfiados nos dedos da mão direita, a camisa sobre os ombros e assim que me viu me chamou de desmancha prazer... A briga foi feia... Violenta mesmo. Ele me ameaçou e disse que não me deixaria em paz de jeito nenhum. Minha família me apoiou e só após um pronunciamento na Justiça é que ele se afastou de mim... Apesar de ainda me atormentar de vez em quando.
Quando o garçon trouxe nosso pedido alguém da mesa do tal Roger colocou no bolso de sua calça um pequeno papel e a pessoa falou algo pro garoto que logo mais nos serviria... Ele pousou a bandeja em nossa mesa e tirou o papel do bolso entregando a Karl a pequena folha. Ele não olhou o papel e logo em seguida pediu a conta...
_ Você não vai pedir a conta de jeito nenhum... O rapaz estava esperando a nossa decisão.
_ Você tem razão meu Danilo.
_ Estamos juntos, esqueceu? Vamos comer e fazer de contas que nada nos abalou...
Ele afagou minha mão, pegou os Hashis assim como eu e aproveitamos o nosso jantar. Estávamos conversando animadamente quando uma voz se fez ouvir próximo ao meu ouvido...
_ Quem é você, delícia?
O homem que me fitava era realmente lindo. Seu hálito já estava com cheiro forte de bebida e ele ficou novamente ereto a meu lado provavelmente esperando uma resposta...
Karl o fuzilou com seu olhar gélido... E isso me surpreendeu. Ao tentar levantar segurei sua mão e disse ao estranho, pelo menos para mim...
_ Quem eu sou? E ele me olhou... Muito simples de responder, cara... Aquele que se você não tivesse sido tão burro jamais poderia estar aqui na companhia desse lindo homem que nos olha.
_ E você pensa que vai ficar por muito tempo? Ele perguntou.
_ Não penso sobre isso... Só sei que quero ficar e ele quer que eu fique... É o suficiente.
_ Que bom, você é pelo menos um sonhador...
_ Não meu caro, eu sou um determinado.
Ele falou algo no mesmo momento em que o garçon foi chamado por karl e a conta foi pedida... Sua última pergunta ficou sem resposta.
Saímos do lugar não mais tão felizes como havíamos entrado... Eu apenas sentei ao lado do homem que realmente começava a amar e quando ele disse que queria que eu fosse pra sua casa eu apenas concordei e relaxei a seu lado.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
AH, TEMPO QUE NÃO TENHO... AH, SAUDADE DE FALAR COM CADA UM DE VOCÊS... BEIJO. NANDO MOTA.