O ACOMPANHANTE - Parte XI
O toque alto do interfone quase me interrompe o coito, se eu não tivesse gozado antes. Eu e Márcia nos entreolhamos, duvidosos de atender ou não. Atendi. Reconheci de pronto a voz da policial Alice:
- ABRA A PORTA, IMEDIATAMENTE - Disse ela, imperativa - OS CARAS ESTÃO VINDO TE PEGAR.
Tomei um susto. Pedi que Márcia se trancasse no banheiro e não abrisse a porta, a menos que fosse eu que a chamasse. Ela fez o que eu pedi, sem perguntas. Corri para a porta e abri, espiando para o extenso corredor. Alice já vinha em minha direção, arma empunhada. Quando entrou no quarto, alvoroçada, reconheci revólver novinho de Madeleine. Empurrou-me pra cima da cama e escondeu a arma sob o travesseiro. Depois, sem pronunciar uma só palavra, começou a se despir ligeiro. Deixou seu coldre com a própria arma pendurado no cabide afixado na parede do quarto, junto com as roupas. Depois, jogou-se na cama e cobriu-nos com o lençol. Para a minha surpresa, exigiu:
- MAME MEUS PEITOS. VAMOS. DEPRESSA!
Ainda estupefato, fiz o que mandou. Meti a boca em seus mamilos, que não estavam nada eriçados. Tinham gosto de suor, mas não me fiz de rogado. Então, ouvi passos apressados vindos do corredor. De repente, a porta do quarto veio abaixo. Dois brutamontes invadiram o quarto. Um deles era o que havia me esfaqueado. Dessa vez tinha uma pistola na mão. O outro, era o que devia ser líder do grupo e não parecia estar armado. Faltava um. Imaginei que estivesse na portaria. Talvez agredindo Madeleine, a filha do dono do motel. O líder espantou-se quando viu a policial ao meu lado.
- Sargento Alice??? - disse de olhos arregalados - O que faz aqui?
- Eu é que pergunto o que você faz aqui, e por que essa entrada estardalhaçosa? - rebateu ela.
- É UMA ARMADILHA - rosnou o líder do grupo - E CAÍMOS FEITO IDIOTAS. ATIRE NELES E VAMOS EMBORA!
O outro sujeito, que estava armado de pistola, titubeou. Apontou-nos a arma mas sem muita convicção de que deveria atirar. O líder, então, viu a arma da policial pendurada no cabide. Avançou para ela e sacou-a do coldre.
- ESPERE - disse olhando para o comparsa - VAMOS MATAR A SARGENTO COM SUA PRÓPRIA ARMA!
Ouviu-se o primeiro disparo, vindo da portaria. Temi pela filha do dono do motel. O segundo estampido pipocou bem perto de mim. É que a policial Alice, aproveitando-se da distração dos dois, sacou a arma de sob o travesseiro e atirou. O líder caiu, levando uma das mãos ao estômago. Em queda, apertou o gatilho. Mas o projétil alojou-se no teto do quarto. O outro sujeito levantou as duas mãos, apavorado:
- EI, EI, EI... EU NÃO ATIRO EM POLICIAIS - berrou ele, com o medo estampado no rosto.
A policial apontou-lhe a arma e bradou:
- LARGUE A PISTOLA AGORA MESMO, SENÃO LEVA CHUMBO!
Foi atendida no mesmo instante. O sujeito depositou a arma no chão, enquanto o outro gemia ao seu lado. Nesse momento, a capitã apareceu na soleira da porta, revólver fumegante em punho. Vinha seguida de vários policiais. Madeleine também acorreu, preocupada comigo. Ficou indecisa se me abraçava ou não, quando viu a nudez de Alice. Abracei-me a ela, mesmo estando nu.
- Está de parabéns, sargento Alice - falou efusivamente a capitã - vai receber uma medalha pelo bom serviço. Quem sabe uma promoção?
Achei engraçado a policial, toda nua, perfilando-se e batendo continência. Agradeceu à sua superior e cobriu-se com o lençol. Eu fiquei descoberto. A capitã mandou-me vestir-se. Peguei minhas roupas e as de Márcia do cabide e fui ao banheiro. Bati na porta, pedindo para que a loira abrisse. Ela abraçou-se a mim, toda se tremendo. A capitã, para a minha surpresa, deu voz de prisão a ela.
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Na delegacia, tudo ficaria esclarecido. A capitã chamou-me ao seu gabinete e explicou-me que a loira era procurada em vários estados brasileiros por, junto com o detetive Otávio, aplicar diversos tipos de golpes. Fingiu o próprio sequestro, querendo extorquir dinheiro do marido, o bicheiro Heitor Barata. Este havia pedido intervenção da polícia, depois do desaparecimento da mulher. Alguém ligara para ele, pedindo resgate. Quem ficara encarregado do caso fora três policiais corruptos, ligados ao tráfico de drogas, que estavam sendo sigilosamente investigados pela polícia. O grupo também praticava assassinatos a soldo. Inclusive, foram pagos pelo marido da bela negra Nuella para assassiná-la. Repassaram o serviço para a taxista que cuidara de mim, cujo falecido marido fazia parte do esquema, mas esta não teve coragem de matar a maníaca por sexo. Recebeu o dinheiro, mas apenas deu sumiço à moça, mantendo-a em cativeiro. O depoimento de Nuella, acusando o marido de negligenciar seu sequestro, sem pagar a quantia exigida pelos sequestradores e evitando que a polícia não se envolvesse, despertou a desconfiança da capitã. A surpresa estampada no rosto do esposo da negra ao vê-la viva, escoltada de volta para casa pela polícia, confirmou as suspeitas. A prisão da taxista foi fundamental para resolver o caso.
Márcia havia encomendado a morte do detetive, seu amante, quando descobriu que este queria pegar a cópia da agenda e fugir sozinho. O detetive prometeu uma cópia da agenda aos policiais corruptos, que cometiam assassinatos contratados por ele. É que Otávio oferecia seus serviços a maridos ricos que queriam se livrar das esposas adúlteras sem ter que dividir bens ou pagar pensão. Simulavam sequestros e matavam as vítimas. Otávio pediu a morte de Márcia. Esta, alertada pelo policial que se rendeu à sargento Alice, duplicou a oferta para que o matassem. Garantiu aos assassinos que ele estava de posse da cópia da agenda quando, na verdade, ela havia pego de volta depois que deixara para ele sob a toalha de praia, como o combinado. Em seguida sumiu, sem nem mesmo pagar aos policiais pela execução do amante. Não estava de posse da quantia acertada e nem podia tirar dinheiro do banco, temerosa de que eles lhe preparassem uma armadilha. Por isso os três militares corruptos estavam atrás dela.
Quando recebi o telefonema de Márcia e saí furtivamente do meu apartamento, a sargento Alice me seguiu sem que eu a visse. Notou que eu parei no motel e me demorei por lá, aí ligou para a capitã e pediu reforços. Desconfiava que meu celular ou o de Márcia estava grampeado pelos policiais corruptos, portanto não demorariam a aparecer por lá. Foi assim que descobriam que havia uma cópia das minhas chaves do apartamento com o porteiro. Também souberam quando eu pedi um táxi para fugir com Nuella da casa da taxista. A policial Alice chegou ao motel, alertou Madeleine, pegou sua arma e esperou os caras aparecerem. Contava que a capitã já estivesse a caminho. O terceiro policial, que ficara de guarda na portaria, reagiu e foi atingido pela capitã. O resto eu havia presenciado.
Não denunciei o casal que me fotografou na casa de praia. Também não acusei a taxista. Apesar de fazer parte da gangue, ela me ajudou com o ferimento a faca. Soube que Nuella também não havia prestado queixa contra ela. Mesmo assim, a taxista permaneceu presa para averiguações. Márcia foi direto para o xilindró e dedurou o esquema de lavagem de dinheiro do marido. Eu, a contragosto, dei algumas entrevistas a jornalistas ávidos por informações. Fui liberado antes do meio dia e fui direto para o meu escritório. De lá, liguei para Roxane, minha secretária. Ela declinou do meu convite de volta ao trabalho. Disse ter encontrado emprego melhor. Mas, seu eu não tivesse ficado chateado, queria bebemorar comigo seu primeiro dia em seu novo emprego. Eu seria seu convidado em uma festa, logo mais à noite, numa das mais sofisticadas boates da cidade. Topei.
Quando cheguei ao meu apartamento, a sargento Alice já havia desocupado o quarto de hóspedes sem nem se despedir de mim. Não a vi durante todo o tempo em que estive no quartel de polícia. Deixara a cópia das chaves com o porteiro. Nuella também não apareceu. Não quis perguntar por ela à capitã. Tomei um banho demorado, me aprontei e rumei para a boate. Chamava-se Downpub e era realmente luxuosíssima. No entanto, fui barrado na entrada. Falei que fora convidado por uma das funcionárias e dei o nome de Roxane. Logo, ela veio me buscar na portaria. Sentamos numa mesa e ela pediu uma dose de uísque. Disse que não serviam cervejas ali, só as bebidas mais caras. Perguntei qual a sua função na boate. Respondeu com orgulho que era "Ficha Rosa", uma espécie de anfitriã para gente importante que frequentava o local.
Um dos donos da boate veio falar conosco. Quando ela me apresentou como seu ex-patrão, ele chamou-a a um canto. Pouco depois, seguranças a puxavam pelo braço para uma sala nos fundos do local. Não demorou a me convidarem gentilmente a sair da boate. Explicaram que era uma festa particular de um grupo musical. E eu não possuía nenhum convite impresso. Não quis fazer confusão. Perguntei por Roxane e disseram que ela estava ocupada. Saí de lá cismado. Quando já manobrava o carro no amplo estacionamento, ouvi a voz de Roxane me chamando. Estava chorando e pedindo para que nos afastássemos rápido dali. Fiz o que pediu.
Em prantos, contou que a haviam enganado. Contrataram-na para ser intérprete, na boate, quando na realidade a queriam usar como garota de programas. Garota de programa de luxo. Receberia até dois mil reais por noitada com empresários ou gente envolvida com música, jogador de futebol, pilotos de corrida. Não era a ideia que ela tinha de emprego. Acalentei-a e perguntei se queria que eu a levasse à sua casa. Preferiu tomar umas cervejas comigo. Se fosse lá no meu apartamento, melhor. Lembrei-me do trabalho que me deu para limpá-lo, de tanto vômito. Sugeri um motel. Ela topou na hora.
Escolhi um motel perto de onde estávamos, mas não havia nenhum quarto desocupado. Resolvemos tomar umas cervejas no bar mais próximo. Depois do terceiro copo, Roxane já parecia bicada. Ela pediu uns petiscos e ficamos conversando sobre minha recente aventura. Pediu que eu levantasse a camisa, para que pudesse ver as ataduras. Mas o que queria mesmo era ver meu peito nu. Disse ter tara por peitoral de homem. Beijou-me os mamilos com carinho. Olhei em volta. O bar estava lotado. As pessoas pareciam não ligar para que as outras faziam ou deixavam de fazer. Em uma mesa próxima, percebi uma casal masturbando um ao outro, por baixo da mesa. A expressão no rosto de ambos era de puro prazer. Aí, mais adiante, vislumbrei o ex-namorado de Roxane com outra. Devo ter dado algum sinal, pois ela parou de lamber meus mamilos e olhou em direção aos dois. Crispou o rosto de ódio e levantou-se. Eu quis impedi-la, mas ela desvencilhou-se de mim.
Eu não estava afim de me envolver em escândalos, por isso deixei que ela fosse até a mesa onde estava o militar do exército. A morena que estava com ele espantou-se quando Roxane o agrediu com um tapa no rosto. O cara revidou com um murro que a fez cambalear e cair no chão. A morena tentou impedi-lo de chutar Roxane, caída ao solo, mas levou um safanão dele. Resolvi intervir. Tentei falar com ele e levei um murro violento, que me pegou quase encima do ferimento a faca. Caí de joelhos, gemendo de dor, e o sangue ensopou as ataduras. A morena agachou-se para me amparar, quando viu o sangramento, e o militar aproveitou para atingi-la com um pontapé. Alguém tomou as dores dela e quebrou uma cadeira nas costas do cara. Logo, o tumulto estava formado.
A morena me levantou e me amparou em seus ombros, levando-me em direção à área dos banheiros. Como o dos homens estava fechado, levou-me para o das mulheres. Fechou a porta e deu duas voltas no trinco. Depois tirou minha camisa, desatando as bandagens. Abriu a bolsa que levava a tiracolo e retirou de lá gazes, uma seringa e pomada. Limpou o ferimento e aplicou-me a injeção. Eu estava zonzo da dor. Sentou-me no vaso sanitário. Fez o curativo com mãos tão leves que quase não senti. Depois tirou minhas calças, que estavam sujas de sangue. Alguém batia na porta querendo entrar, mas ela não dava a mínima atenção. Quando tirou-me a cueca, percebi melhor sua figura. Era uma morena cor de jambo, cabelos compridos e lisos, peitinhos quase pulando do sutiã de tão empinados. Deu-me um sorriso tão angelical que eu fiquei de pau duro.
Sem dizer uma palavra sequer, ela pegou um pedaço de gaze, molhou-o e tratou de limpar o sangue que sujava meu sexo, escorrido do ferimento. Pegou meu pênis com uma das mãos, suavemente, e passou o tecido molhado. O pau deu um pulo e ela sorriu de novo. Dessa vez, maliciosamente. Eu estava zonzo, por isso acreditei ser um sonho quando ela levou meu cacete à boca. Lambeu-o bem lentamente, como se quisesse provar o sabor de cada parte dele. Abocanhou-me os bagos e eu quase tive um orgasmo. Continuou a massagem com a boca e os dedos dispostos em anel, quase sem tocar-me. Aí, sem que eu quisesse nem conseguisse me segurar, gozei deliciosamente em sua boca.
Fim da Décima Primeira Parte