Cap.6
Meu coração acelerou, eu e ele nos olhamos com tanta firmeza que eu cheguei a tremer. Corei novamente, enquanto ele se afastava de mim.
- É melhor eu ir ! - falei, começando a andar, com as Mãos na cabeça.
- Eu te ajudo - falou, ofegante.
Sai arrastando a moto, sem Liga-la pra não fazer barulho até o lado de fora. Ele abriu o portão e me deixou passar.
- Comece a pensar numa forma de nos tirar dessa situação !
- Eu vou pensar, prometo !
Subi na moto e coloquei o capacete. Virei meu rosto e olhei pela última vez. Ele tinha que nos tirar daquela relação logo. Eu estava começando a ficar incomodado com isso. Ou será que esse incômodo é outra coisa. Não, não pode ser ! Não é outra coisa !
MINUTOS DEPOIS
Não preciso nem dizer que levei uma boa bronca da minha mãe por ficar fora quase dois dias, mas ela perdoou.
- A senhora sabe que eu avisei que ficaria longe !
- Eu sei... Mas eu não gosto quando você sai. Me sinto sozinho aqui ! Quem vai montar quebra cabeças comigo ? - ri.
- A senhora não acha que já passou da idade de montar quebra cabeças ?
- Não mesmo kkkk gosto de quebra cabeças - falou me puxando - venha me ajudar pois estou bem perdida aqui.
- Tá, eu vou - comecei a montar quebra cabeças com a minha mãe. Nossa relação não era ruim, eu sempre convive muito bem com ela e, como minha mãe, ela me amava. Sempre fazíamos atividades juntos, e eu adorava, porquê ela é uma figura divertida. E foi a única pessoa que conseguiu me tirar daquele mar de pensamentos ao qual minha mente estava envolta naquele momento.
TEMPO DEPOIS
Lá estava eu, minha cama e a noite estrelada. Como todo adolescente, estava pensando bastante na minha vida amorosa. Depois da conclusão que cheguei, já não sabia se era o melhor, continuar a levar o relacionamento com Natália. Relacionamento esse que não começou por minha causa, ela que chegou em mim. Como era bonita e fofa, eu aceitei. Mas não consigo gostar dela. Só consigo fingir. Infelizmente. De repente, me aparece esse bobão. Que por alguma coincidência do destino domina meus sonhos. Me pede pra ajuda-lo em um relacionamento falso. E agora faz eu ficar nervoso. Porquê isso está acontecendo ? Isso não pode acontecer ! Eu não sou gay ! Não sou !
DIA SEGUINTE
As primeiras aulas se passaram como sempre passam. Quando chegou o intervalo, lá fui eu para a minha sala. Estranhei quando cheguei lá, e vi a mesma cheia de gente. Os mesmos não paravam de conversar e gritar, estava prestes a explodir.
- SILENCIOOOOOO ! - só então pararam - porquê estão fazendo essa zona dentro da minha sala ?
- É que o nosso orçamento veio errado - era o pessoal do grupo de teatro. A maioria eram meus amigos.
- E foi é ? Deixa eu ver ! - me entregaram o papel que eu havia dado a eles, e eu não acreditei quando vi o valor que estava lá - eu coloquei isso aqui ? Não acredito !
- Tem que prestar atenção. Já imaginou se a gente não tivesse visto isso ?
- Ah gente, desculpa. Isso não vai acontecer de novos. Estou com alguns problemas, é só isso.
- Problemas é ? Acho que esse problema tem nome, e estuda na Ala Masculina do colégio - Gustavo falava, entrando na sala. Os garotos começaram a zoar, como sempre faziam quando ouviam algo engraçado ou que envolvesse namoro ou coisas do gênero.
- Quem é ein Lucas ? - um outro perguntou.
- Não liguem para esse doido. Tá com raiva porquê ainda não anunciei os escolhidos para tocar no torneio - ele riu.
- Ué... Mas você não tava na casa dele, com a roupa dele esses dias. Você dormiu lá ! - mais zoacoes.
- Tá com ciúme é ?
- Eu ? Kkkkk só quero zoar mesmo kkkkk te zoar porque está tendo um caso com um garoto.
- Não estou - falei, imprimindo novamente o orçamento - seu louco !
TEMPO DEPOIS
Teoricamente eu estava, mas não era nada verdadeiro. Não tinha um relacionamento com um garoto, não estava apaixonado ! Eu... Era o mesmo eu de sempre ! Não tinha mudado ! Não tinha !
- Alô ?
- Lucas ? - era Natália.
- Oi Nat ! Tá tudo bem ?
- Tá sim. Tô ligando pra saber se você não quer ir naquela pista de gelo que abriu próximo ao colégio.
- Ah, quero sim !
- Ah, não tem algum amigo que você queria levar ?
- Porquê ?
- É porquê eu vou levar uma amiga minha e ela acha que vai ficar de vela por causa da gente ! - ri.
- Tá, vou conversar com aqui e levo.
- Até mais Lucas.
Comecei a pensar em quem poderia levar, e o primeiro nome que surgiu na minha mente foi o de Ghilherme.
- Será se eu levo ele ? - de primeira pensei que era melhor não. Se alguém da família dele nos visse poderia falar besteira. Mas, depois de procurar e não achar outro amigo pela escola, percebi que a única opção era ele. Me aproximei bem lentamente do local aonde ele estava deitado dormindo, e bati num ferro que tinha próximo. Ele se levantou na hora.
- Que merda é essa ?
- Sou merda agora ? - perguntei, rindo.
- Precisava me assustar assim Lucas ?
- Devolvendo o susto que você me deu em frente a sua casa o outro dia.
- Porra ! Pensei até que fosse um tiro - ri
- Não quer ir naquela pista de gelo que tem aqui perto ?
- Eu ?
- É. A Nat quer ir e quer levar uma amiga mas não quer que ela fique sozinha. Vamos ?
- Quem é Nat ?
- Minha namorada
- Ah... - ele fez uma cara estranha. Não entendi na hora - vamos ?
- Eu não... - o interrompi.
- Ah vai, vamos logo, eu vou sofrer se for com duas mulheres pra uma pista de gelo.
- Mas eu nem sei patinar.
- E você acha que eu sei ? Anda, vamos logo !
- Não sei não...
VINTE MINUTOS DEPOIS
- Oi Lucas ! - chegou Nat, me abraçando.
- Oi ! Preparada ?
- Muito kkkk Você sabe patinar ?
- Sei...
- É mentira, ele não sabe ! - Guilherme chegou, de intrometido.
- EI, ninguém te perguntou nada tá bom ! - dei um tapa leve na nuca dele, o suficiente para nos levar aos risos - esse é meu amigo Ghilherme.
- Ah... - ela puxou uma menina - essa é minha amiga Flávia - a guria e ela eram bem parecidas, com a exceção de que a guria era mais alta um pouco e mais morena.
- Prazer - dissemos nós dois. Ela parecia ser bem fechada, pois apenas acenou - vamos ?
- Vamos, claro !
MINUTOS DEPOIS
Assim que botei o pé no gelo, me desequilibrei
- Ai meu Deus, aí Jesus, como fica em pé nisso ? Aiiii - a primeira queda de muitas aconteceu.
- Lucas seu louco, tem que ser com calma. Você nem sabe patinar - dizia Nat, me ajudando a levantar de novo
- Affs, parece tão fácil ! - passei a mão no osso que tinha batido ao cair.
- Vamos, a gente vai devagar.
- Aí Meu Deus - comecei a patinar bem devagar no gelo, rindo e me desequilibrando as vezes, porquê apesar de tudo, é divertido - e agora ?
- Vou soltar sua mão, vai devagar viu !
- Tá, eeeuuuu... - logo quando ela soltou minha mão levei outra queda - que difícil !
- Vamos ! Você pega o jeito kkk
Continuei a tentar patinar, e continuava sendo desastrosamente divertida a experiência. Me divertia mais ainda quando olhava pro lado e vi que Ghilherme também estava tendo dificuldades e caia constantemente, igual eu. A pista estava bem vazia naquele horário então estava ainda mais divertido patinar.
- Garotos, Flávia e eu vamos ao banheiro. Continuem praticando, uma hora vocês conseguem - falou, enquanto eu me segurava numa barra.
- Tá bom kkkk - me segurando, eu conseguia caminhar um pouco para lateral. Olhava pro lado, e via um Ghilherme que não conseguia nem se levantar
- Meu Deus, esse gelo gostou de mim ! - dizia, com raiva. Comecei a rir alto dele .
- Vem, deixa eu tentar te ajudar - aos trancos e barrancos dei minha mão a ele e começei a tentar puxa-lo. No início até deu certo, mas de repente eu escorrei e acabamos caindo de novo. Mas dessa vez eu cai por cima dele. Coração acelerado, mãos coladas, aquela sensação da noite voltou novamente. Olho no olho. Porquê estou me sentindo assim ? Porquê isso tá acontecendo comigo ?
TEMPO DEPOIS
No dia seguinte ao entrar atrasado na sala, estranhei o fato de que a cadeira em que ele costumava sentar estava vazia.
" Porquê ele não está aqui ?"
Esperei pra ver se ele chegava, mas ele não chegou. Ele faltou.
" Será se ele tá doente ? "
Não estava entendendo toda aquela preocupação que estava aflingindo o meu coração, mas o fato é que ela não me largou. Só sosseguei quando fui até a casa dele. Quando cheguei, o portão estava sendo aberto, e vi um carro saindo. Quando saiu, parou ao meu lado.
- Ah Lucas, é você !- era o pai dele.
- Sim Seu Paulo, vim ver se está tudo bem com o Ghi, ele faltou aula hoje.
- É, eu sei. Ele está gripado filho, não te avisou.
- Não.
- Pois é, está febril, não pode ir. Você pode fazer um favor pra mim ?
- Qual ?
- Vigia ele pra mim ?
- Tá, tudo bem Seu Paulo.
- Obrigado filho. Entre e não se preocupe com o portão, eu fecho com o controle.
- OK...
MINUTOS DEPOIS
A casa estava extremamente vazia naquele momento. Com certeza todos os habitantes trabalhavam. Fui andando pelos corredores, e logo regressei ao quarto aonde havia estado dias atrás e toda aquela história havia começado. Abri a porta lentamente, e quanto entrei, vi ele lá, de olhos fechados. Me aproximei lentamente. Estava todo coberto. Parecia dormir. Toquei em sua testa e percebi o Quanto estava quente.
- Nossa ! Precisamos abaixar essa febre ! O que faço, o que faço ?
- Pega aquele comprimido verde que está ao lado da TV.
- Ué, não está dormindo ?
- Não. Estou só de olhos fechados pra ver se passa esse mal estar. Parece que o passeio no gelo não me fez bem.
- Não mesmo - peguei a pílula e um copo de água - levanta o braço para eu colocar o termômetro- Quando o lençol caiu, vi todo o seu peitoral nu. Por algum motivo aquilo me chamou atenção. Eu não consegui parar de olhar !
- Vai ficar olhando pro meu corpo ? Vou começar a desconfiar de que você não e hetero !
Continua
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