Parte: 11 - Amores passados.
Eu tinha esquecido completamente daquela festa maldita; um churrasco promovido pelos meus colegas de classe. Eu tinha contribuído com o dinheiro da carne no sábado passado, mas eu tinha perdido o papel com o endereço e a data da festa, e os eventos que tinham acontecido ultimamente na minha vida só ajudou a apagá-la da memória. Guto me ligara avisando e perguntando se eu não iria? Eu não podia fazer essa desfeita e digo que vou. Penso em ligar pra Flávio e avisar, só que como ele ia só chegar a noite, resolvo deixar um bilhete. A ressaca da noite passada me deixa meio mole mas junto forças suficiente e coloco um óculos na cara e vou na festinha.
Chegando lá, cumprimento todos com um humor forçado e logo busco um lugar pra ficar sentado. Pego meu cel e fico trocando msg com Jess.
"Foi gostoso oh, Bruns. Doeu mas entrou tudinho", ela mandou. Agora pronto, a vadia ia só falar do cu dela? A festinha estar bem animada, começa a tocar um tecno-melody e eu me coloco no modo "paciência". O barulho faz minha cabeça pulsar de dor. Eu ficaria ali só uma hora, apenas pra mostrar que vim. Afinal, sou um cara de palavra. Pego uma tigela de açaí e tomo lentamente. Eu amo açaí. Principalmente o da minha região que tomamos a poupa grossa e forte. Fui uma vez em BH e lá os açaís eram muito industrializados e diluídos de mais. Só o suco. Aqui não, tomamos ele feito na hora, alguns preferem sem adoçante algum, outros tomam comendo comida, eu gosto com açúcar e farinha típica daqui do Pará e fica uma delícia. Depois da terceira tigela de açaí, noto que já fiquei tempo o bastante e vou me despedir de todos. Não me atrevo a comer carne pq meu estômago ainda sofre por consequência da grande quantidade de álcool ingerida ontem. Nunca tinha ficado no estado deplorável da noite passada e sinto vergonha. Lembro de cada detalhe pq nunca sofri com a amnésia-pós bebedeira e via isso como uma mentira que muitos usavam pra não assumir seus vexames. Vou até meu carro e um garoto alto e que eu nunca vi antes se aproxima e fala.
Cara: Ah, oi. Você é o Bruno né?
Eu cauteloso: Depende. Se vc for algum cobrador, então não sou ele.
O cara ri: Só vim te deixar um bilhete.
Hum... um bilhete. Mas de quem?
Eu: Certo.
Cara: Aqui tá (ele me dá um pedaço de papel) e acho que a menina que mandou ta afim de ti.
Não ligo pro que ele fala e olho o papel e meu coração para.
O cara: Bom, vou indo. Flw, Bruno.
Eu pego o braço dele e sinto meu estômago revirar: Quem é essa menina?
O cara: Não sei. Ela tava por ali, mas não vi mais ela.
A musica da festa me chama a atenção e percebo que é do Grupo Revelação. Ouvi a letra:
" A paixão me pegou, tentei escapar não consegui..." me pegou mesmo.
Meio tonto eu agradeço e ele se vai. Leio o bilhete de novo. E penso nos pós e contra dessa mensagem. Eu deveria avisar Flávio? Eu deveria ir sozinho e tentar saber mais sobre o passado? Amasso o papel e vou pro meu carro. No papel lia-se "Orla da cidade, docas. 13:45. V"
Era um bilhete de Vítor e faltavam apenas 15 minutos pro horário combinado.
*
Flávio estava meio incomodado estando numa sala fechada com Eduardo. Ambos analisavam a emissão de uns passaportes para o exterior, aquilo não era trabalho de Flávio, mas ele tinha que pisar fino com Eduardo. Flávio focava os pensamentos na noite passada onde Bruno havia ficado louco. No cinema fez um boquete tão intenso que ele gozou em tempo recorde. No pub bebeu tanto que cantou as garçonetes e chamou elas pra uma suruba. Umas delas viu interesse na proposta dele, mas Flávio soube deixar as coisas bem claras. Depois disso ele dançou desajeitado e os amigos dele tentavam pará-lo, mas Bruno não estava nem aí. No prédio, ele queria jogar bola com o porteiro as 3 da madru e Flávio teve que arrastar ele pro elevador, uma vez lá dentro ele beijou seu macho e do nada vomitou no chão. Flávio teve que limpar depois. Lembrou disso tudo e sorria de quando em vez.
Eduardo: ... ta prestando atenção, Flávio? Então (folheou um pasta) acho que isso é só. Depois te mando o memorando desse tal de Hans Slietem, faça só com que a polícia do Rio fique de olho nele.
Flávio: Claro, senhor.
Eduardo: Não precisa ficar me chamando de senhor. Me veja como seu amigo. Amigo esse que vc só magoa.
Flávio: Não é minha intenção, "senhor". Só que não vejo uma amizade saudável entre nós dois.
Eduardo levantou-se e circundou a mesa até ficar atrás da cadeira que Flávio estava sentado. Passou as mãos nos ombros largos de Flávio e as apertou: Sinto saudades desse seu corpo. Do seu toque em mim. Sabe, tenho 2 filhos e uma mulher que pensei que me faziam feliz. Mas você me mostrou o melhor do ser humano e me mostrou os prazeres da carne.
Dos ombros suas mãos foram até os peitos largos do seu policial favorito. Flávio segurou as mãos dele: Eduardo, seja razoável.
Eduardo: Por Deus, seja razoável você. Não vê que aquele pivete ama outro e está usando você como step. Não vê que ele ama o primo ainda?
Flávio: Mas ainda sim, me ama o suficiente e isso basta.
Eduardo ficou na frente dele e seu rosto aparentava tristeza, abandonando assim a máscara fria e cruel. Flávio lembrou de como aquele rosto fora bonito e amigável, gentil e amável. Eduardo tinha a mesma idade que ele mas aparentava ter mais. Agora era uma pessoa amargurada e que remoía o passado.
Eduardo: Perdeu a razão? Olha o que você está falando. Se o garoto volta praquele bandido, você fica à deriva.
Flávio: Se por acaso ele fizer isso, eu entenderei e deixarei ele ir.
Eduardo: Mas eu não amo ninguém a não ser você. Eu amo você e ainda espero você ver a luz da razão e voltar pra mim.
Flávio: Desculpa, mas é Bruno que amo.
Eduardo se aproximou mais e colocou as mãos nas pernas grossas de Flávio. Se inclinou e deu um beijo nos lábios dele. Flávio sentiu uma ternura no beijo mas não deu passagem pra boca de Eduardo. Esse por sua vez se entregou ao beijo e forçou sua língua a entrar.
Eduardo: Abre a boca, vai. Abre e deixa eu sentir sua língua.
Ele enterrou ainda mais a boca, mas Flávio não cedeu. Permaneceu uma estátua e deixou seu ex-melhor amigo o abusar. Percebendo que não obteria resultado algum daquele ato, Eduardo afastou a boca e colou a testa na de Flávio: Eu não vou deistir de você. Eu te amo, Flávio.
Flávio: Desculpe.
Eduardo irado dá um tapa na cara dele: Você me iludiu. Você mentiu pra mim. Desculpas não valem de nada. Não depois de você acabar com minha alma... Não depois de você me matar por dentro.
E se apoia na mesa e lágrimas rolavam pelos seus olhos. Flávio se sentiu agoniado pq aquelas palavras era tão doloriadas que doeu nele tanto que o mesmo levantou e abraçou Eduardo. O mesmo chorou um pouco mais e disse.
Eduardo: Pq tem que ser assim? As pessoas que a gente ama não retribuem da mesma forma? Pq tudo tem que ser tão crel?
Flávio: Eu me pergunto isso todos os dias.
Então se viu alí, naquela sala fechada, com as persianas abaixadas e com um homem em cacos abraçado nele. Flávio não amava Eduardo, mas amou ele como irmão e ainda amava-o. Eduardo sofria por não ser correspondido e por essa razão se fechou pro mundo, se focou em ter o que ele não podia ter. Flávio amava seu Bruns como nunca amou ninguém, faria de tudo por ele mesmo que isso custasse sua felicidade. Logo o choque lhe invadiu: Todos os papéis foram trocados e com perfeição. Bruno era Flávio, apaixonado por outro; Flávio era Eduardo, lutando para ter o amor dele mesmo que isso o custasse muito. Flávio era muito centrado e confiante de suas emoções, mas naquele momento sentiu medo.
Será que um dia ele se tornaria uma pessoa como Eduardo? Obstinada, possessiva e até mesmo doentia? Será que Bruno faria com ele o que Flávio fez com Eduardo? Largar ele e ir atrás da felicidade? Atrás do seu amor passado? Quantos amores passados.
Flávio pensou "todos somos umas pessoas transtornadas. Nem ao menos conseguimos nos manter inteiros."
Então um telefone tocou e Eduardo atendeu ele. Flávio se afasta de Eduardo e olha pro seu rosto que voltou a sua costumeira máscara de frieza.
Eduardo esbugalhou os olhos e disse um "O quê? " tão perplexo que Flávio sentiu um desconforto grande.
Eduardo: Não acredito. Muito bem, irei vê-lo. Deixo o garoto ir, ele não passa de um estorvo. - deligou.
Flávio: O que houve?
Eduardo com ar de triunfo: Pegamos o primo do seu pivete. Aliás, seu pivete trouxe ele até nós.
*
A brisa do rio trás o cheiro peculiar do mesmo. Eu gosto daquele rio majestoso de águas verdes. Ando nas sombras dos quiosques pra fugir do sol que reina no céu sem nenhuma nuvem. Olho o relógio, 13:45, mas não vejo nem sinal de Vítor. Ando pelas docas e poucas pessoas estão andando por aqui. Tbm, qualquer um teria que ter muita garra pra sair de casa nesse sol escaldante. Volto pro meu carro e quando estou em movimento uma voz me sobressalta.
- Oi - dou um pulo e freio o carra com tudo. Vítor estava deitado no banco de trás lendo um gibi da Turma da Mônica.
Eu estupefato: Meu Deus, quer me matar do coração?
Ele ri rouco: Continua dirigindo, se ficarmos parado no meio da rua vamos atrair "atenções".
Eu nervoso de mais pra pensar no que estou fazendo digo: Certo. Mas pra onde?
Ele responde lendo o gibi despreocupado: Sempre em movimento.
Quando paro no sinal próximo eu olho pra ele. Está de camiseta com os braços enormes à mostra e as tatuagens reluzem a luz do dia. Ainda são lindas como eu bem me lembro e vivas. Seu corpo enorme era menor do que de Flávio, mais entrocadinho. Vítor não mudou muita coisa, exceto a barba rala e bem feita que ele adotara. Agora sua cara está mais bruta, mais cafageste, mais perigosa... Balanço a cabeça e me concentro no trânsito. Perigoso. Perigoso. Ele era pergoso. Mas ele era perigoso comigo?
Eu: Como entrou no meu carro?
Vítor: Sou um bandido, lembra?
Eu: Como sabia que eu iria estar naquela festa hoje?
Vítor folheia o gibi e fala: No apê nosso, sábado passado, você deixou um papel cair no chão. Esta escrito festa no dia x e local x... aí só tive que mandar alguma menina te entregar meu bilhete hoje caso você tivesse sozinho. Por sorte eu estou com sorte.
Eu: Pq você ta aqui?
Ele: Calma que to terminando essa parte.
Então com raiva eu paro o carro, me inclino pra ele e arranco a droga do gibi e jogo pela janela do carro: Eu não estou pra brincadeira. Não estou.
Eu estou nervoso. Com medo. Não por mim, mas por ele. E se policiais ninjas surgem do nada e levam ele? Será que ele não via isso?
Vítor com raiva: Puta que pariu. Te fode, Bruno.
Eu dirigindo: Pelo amor de Deus, Vítor. Você não tem medo de estar nessa vida? Ah senhor... Que vida.
Na minha cabeça tudo gira. Raiva, alegria por ver meu primo, ódio dele por ter se tornado aquilo, ódio por eu saber que nesse momento Flávio ta na delegacia trabalhando e eu aqui dando rolêzinho com um bandido altamente procurado.
Vítor vendo meu desespero: Hey, calma Bruns. Não precisa ter medo de nada. Eu te protejo.
Eu explodo: Porra!, não me preocupo comigo, e sim contigo. Eles podem te matar e...
Minhas mãos tremem assim como eu por inteiro. Uma hora Vítor vai ser pego. Uma hora ele vai ser pego.
Ele ri triste: Desculpa por isso. Mas tenho uns anjos-da-guarda por aqui.
Eu lagrimando: Bandidos não tem amigos. Bandidos não tem anjos-de-guarda, você vai ser morto, Vítor. A polícia federal está atrás de você.
Ele: É. Não precisa me lembrar. Minha sorte é que o melhor policial deles, o que estava atrás do papai aqui, desistiu de vim atrás de mim. Agora tem só patetas.
Eu: Eles podem estar fazendo o cerco. Montando uma armadilha. Facilitando para depois te pegar desprevenido. Não vê que você não terá um futuro?
Ele: Meu futuro é você. Estou aqui por você. E vou te mostrar que valho a pena.
Eu dou uma risada e fungo: Francamente, você não vê que está me pondo na mira dos seus crimes?
Vítor: Sei o que faço e sei que nada cai sobre quem eu amo. Relaxa.
Ele vem pro banco da frente. Vítor é muito grande e ele tem problemas para vir pro banco do carona. O pé dele engata no câmbio, uma mão pega sem querer na minha cara, ele mete o joelho no porta-cds e quebra meu pendrive. No fim, ele senta no banco e olha pra mim rindo. Era o sorriso do menino travesso que eu conhecia na infância. O sorriso pelo que me apaixonei. O sorriso que estava fazendo voltar sentimentos que eu não deveria ter. Estamos numa rua da periferia, não tem ninguém nela e então Vítor se inclina pra mim. Sua mão esquerda apalpa minha coxa e pega no meu pau, ele dá uma apertada e eu não consigo controlar a ereção. A outra mão vai até meu queixo e ele segura firme, quando os lábios dele tocam os meus eu sinto que o beijo do nosso reencontro não fora nada. Talvez eu estive em choque de mais naquela noite que nem havia percebido que o beijo dele era maravilhoso.
Sinto a boca dele delicada e macia, o hálito dele saboroso e sua língua tocando a minha. Me arrepio todo e ele aperta mais meu pau. Quando dou por mim, estou perdido no beijo dele, estou perdido por ele. Eu amo meu Flávio, mas amo meu Vítor. Apesar de ser o que ele era agora, eu o amo. Por isso que sentia medo de que a polícia pegasse ele. Por isso que me preocupo por ele, pq ainda o amo. Eu estava ofuscado pelo amor inebriante de Flávio, eu estava me escondendo dos meus reais sentimentos... mas agora caiu a ficha e eu sabia da verdade. Coloco o braço envolta do pescoço dele e puxo sua cabeça pra minha... sua costumeira careca lisa e sedosa, sua tatuagem linda, sua barba que roçava no meu rosto, seu cheiro de bandido rico, seu jeito de cafageste e malvado. Ahhh, eu esqueço do mundo, do meu nome. Vítor vai até meu pescoço e dá uma chupada nele, não a ponto de deixar marca, mas intensamente deliciosa. Sua boca é muito quente e macia, sua barba me deixa louco e eu penso em transar com aquele homem ali mesmo.
Flávio. Flávio. Flávio.
O nome me trás de volta daquela loucura. Me afasto dele e ele ri maliciosamente: Que foi, meu amor?
Eu: Não posso. Não posso. Não quero magoar outra pessoa que amo.
Ele ri: Foda-se essa outra pessoa.
Eu: Não é bem assim. Amo ele assim como... - mordo a língua e percebo que não devo terminar a frase.
Contudo, Vítor me conhece bem e a termina: ... ama a mim. Você me ama ainda.
Pra quê negar? Fico em silêncio e um peso cai sobre mim.
"A paixão me pegou. Tentei escapar não consegui..."
Que música mais imprópria de se lembrar, penso com nojo de mim.
Vítor: Sei que tô te fazendo sofre e seja lá quem for esse cara, ele não te ama tanto quanto eu.
Eu: Você ta redondamente enganado. Flávio me ama mais do que mereço. Tu não sabe o lixo que estou me sentindo por estar aqui contigo.
Vítor: Flávio é? Então esse é o nome do teu policial bonitão?
Ele sabia quem era o Flávio. Como ele sabia essas coisas? Tinha algo errado nisso tudo... então me veio a cabeça "anjos-da-guarda".
Eu: Tem policiais te ajudando. Por isso que nunca te pegam... policiais ligados ao crime te ajudam.
Ele parece surpreso com minha afirmação: Uau, você deveria trabalhar na inteligência da polícia. Teria me pegado há muito tempo. Mas vc quase acertou.
Aquelas informações eram valiosas.
Eu: Vítor, você nunca vai me falar como começou isso tudo?
Ele faz cara de pensativo, nossos rostos estão muito perto um do outro e ele fala: Um dia, meu amor - afaga meu rosto carinhosamente. - Senti tanta falta de ti. O que fiz com você naquele dia... ainda me atormenta.
Eu cansado: Fez pra me poupar de uma vida perigosa. E agora ta me envolvendo nela? Que volúvel você.
Vítor: Já disse, não estou te envolvendo em nada. Mas me diz, tudo isso que foi falado aqui... vai pros ouvidos do teu policial?
Falo imediatamente: Sim.
Ele ri: Pensei que estava aqui só pra me ver. Mas você está me usando, sr. Carte.
O modo como ele falou me fez rir: Olha olha... um sorriso. Ganhei o dia por ver um sorriso tão lindo desses - ele passa um dos dedos nos meus lábios. - Você não precisa contar nada à ele.
Eu: Pq?
Vítor: Por que eu vou te mostrar que te amo de mais e quque vim aqui pra te reconquistar.
Eu sarcástico: Vai voltar no tempo e ajeitar as burradas que tu fez?
Vítor: Não... mas se tivesse um jeito eu o faria. Mas só quero que você me leve aqui.
Ele mexe no meu GPS e sigo os caminhos indicados. Olho ocasionalmente pra Vítor e aquele homem está lindo de mais. A camisa guerreira em suportar aqueles músculos brancos, as mãos dele brancas e veiosas, noto uma outra cicatriz perto do cotovelo. Olho pro seu rosto e ele me olha e nós rimos dos nossos encontros de olhares. Logo percebo que caminho estamos tomando e medo me domina.
Eu: Vítor, bem na esquina é a delegacia da Polícia federal - fico em pânico e meu coração bate tanto que machuca. Eu tinha que sair dali com ele logo antes de pegarem ele. Antes de matarem ele.
Vítor calmo: Continua sem parar.
Eu: Mas pq? Pra quê? Prefiro ver você...
O que eu preferiria? Ver ele livre e sendo caçado feito um animal? No mundo do crime para sempre?
Vítor: Vou me entregar, ué.
Eu: Não, Vítor. Não, não. Você disse que não podia voltar atrás. Não existe meio termo... Você falou.
Ele: Mas eu não estou voltando atrás. Estou jogando o jogo do crime, onde agora estou passando pra uma nova etapa.
Eu: Seus amigos bandidos podem te matar por vc está os abandonando.
Vitor: Nada disso. Estou apenas me entregando para ficar livre pra você. Pra te ver e pra ter você pra mim.
Eu desesperado: Eu fico com você, eu fujo com você. Mas não se entrega.
Ele iria ser morto se se entregasse, pelos bandidos... pelos policiais... estaria vulnerável, preso. Morto.
Estou com os olhos cheios de lágrimas e lembrando das rebeliões em presídios onde tinham guerras pelo poder... presos mortos, mutilados, torturados.
Vítor: Acabei de dizer que estou fazendo isso pra ficar contigo e não pra ser preso.
Ele ia ser preso, isso era óbvio... Ele não via a lógica disso? Ou endoidou a ponto de ver possibilidades fantasiosas? Eu falo: Mas você vai ser preso.
Vítor: Te acalma, meu amor. Sei o que faço, e faço tudo por você. Dirige até lá vai. Ou vou a pé.
Não dirijo. Ele sai do carro e eu vou atrás dele chorando e dizendo que não, ainda dava pra ele fugir. Levar meu carro... ir embora. Eu devia ter dito que não amava ele, cuspido na cara dele e falar que estava em outra para que ele desistisse de mim. Mas eu não sabia mentir e minhas emoções sempre ficam visíveis no meu rosto. Eu só fazia merda. Só causava ainda mais problemas. Tento puxar aquele monstro de músculos para meu carro mas ele é forte e estamos quase na delegacia. Ele sobe os degraus.
Ele: Vai pra casa e não te preocupa.
Eu faço que não com a cabeça e ele entra. Entra para seu destino. Nos jogos do crime, se ganha ou morre. Ele iria morrer.
ContinuaTenso heim. Hey, amigos patriotas. Tudo bem com vocês? Espero caridosamente que sim. Está aí mais cap., espero que tenham gostado... Comentem e digam o que acharam. Todavia, bom feriadão a todos e feliz dia da pátria a cada um de vcs ;)