I: realmente fiquei surpreso quando você disse que aceitava falar comigo.
(ele se sentou ao meu lado olhando para o mar, nesse meio tempo que passamos separados ele mudou um pouco, fez luzes no cabelo, estava mais bonito e estava com um brinco na orelha direita, ele olhou para mim e sorriu, estava usando aparelho)
I: você esta bonito, esse tempo te fez bem...
Eu: pode falar, estou escutando.
I: Diego, eu só fiquei com o Ricardo naquele dia por que ele estava me chantageando.
Eu: como assim chantageando? Conta direito essa história.
...
I: eu não queria ficar com ele, mas ele conseguiu umas fotos minhas que meu ex tinha, fotos minhas pelados...
Eu: como assim o seu ex tinha fotos suas pelado?
I: ele gostava de tirar fotos minhas pelado para guardar de recordação, quando a gente acabou eu pedi que ele apagasse as fotos, mas pelo visto ele não apagou e de alguma forma o Ricardo conseguiu essas fotos, ele já havia tentado ficar comigo, antes mesmo de a gente começar a namorar Diego, mas eu nunca quis, mas depois que ele conseguiu essas fotos, disse que ia vazar na net, eu fiquei sem saber o que fazer...
Eu: você deveria ter me contado isso, por que você não me contou que ele estava te chantageando?
I: eu fiquei com medo, medo de a gente brigar por causa dessas fotos, eu não... não queria te perder (seus olhos estavam marejados).
Eu: mas perdeu ne? Simplesmente me perdeu.
I: Diego, eu nunca quis que isso tudo acontecesse, depois que você saiu do meu apartamento o Ricardo me entregou as fotos e eu nunca mais quis falar com ele de novo, eu juro que nunca mais falei com ele...
Eu: isso não tem mais importância, quer saber, eu te perdoou, não vamos deixar mais magoas não, magoa só trás mais sofrimento, então não quero saber mais dessa história...
Nesse momento o Iago abriu um largo sorriso, mostrando assim como seu sorriso estava mais bonito com aquele aparelho na cor azul claro, simplesmente se aproximou rápido e me abraçou, não se importando com quem estava ao nosso redor, eu não retribui o abraço, embora eu tenha sentido uma felicidade imensa, aquele abraço, aquele corpo, um dia foi tudo para mim, era o que eu mais tinha saudade nele...
Eu: você pode me largar por favor?
Ele me soltou e me olhou triste...
I: me desculpa, agi por impulso.
Eu: eu te perdoei Iago, mas não quer dizer que vamos ficar bem, eu não quero guardar mais magoa dentro de mim, isso é ruim de mais, mas também não quero mais me machucar com você.
I: Diego, desculpa, quantas vezes eu vou ter que pedir desculpa?
Eu: eu espero que sua estadia aqui no Recife seja muito boa, até mais Iago.
I: eu não vou desistir de você...
Eu: só não quero mais guardar magoa, mas não pense que podemos voltar, você esta errado, até mais.
(dei as costas e sai andando)
I: eu ainda vou te ter de volta Diego, esteja certo disso.
Eu olhei para trás com um olhar triste enquanto caminhava, ele realmente estava mudado, mais bonito, mas também não era só isso, ele parecia mais maduro, não parecia ser o mesmo Iago que deixei para trás no Rio de Janeiro. Rumei para casa e lá encontrei minha mãe e o Guilherme, ela estava fazendo com ele os exercícios da escola, cumprimentei os dois e fui para o meu quarto, quando peguei meu celular percebi que o Nathan e o Arthur conversavam no nosso grupo do whats e resolvi entrar na conversa...
WHATS...
N: também não é assim Arthur, você tem que conversar com ele...
A: mas ele é um idiota e só quer se divertir comigo, vou terminar hoje mesmo, sem conversa.
N: então tá né...
Eu: oi gente...
N: oi
A: e aí!
Eu: Arthur, conversa direito com ele, a gente tem que sempre conversar quando tem algum problema... se caso você ver que não dá para continuar você termina, mas antes conversa com ele.
A: vou pensar... Nathan falou que você foi encontrar com o imbecil do Iago, como foi?
Eu: foi tranquilo, deixei bem claro que não quero mais nada com ele, esta perdoado, sem resentimentos, mas ele que não espere mais nada de mim a não ser perdão, não quero viver com raiva dentro de mim.
N: você esta certo, acho que eu faria o mesmo.
A: eu não, no momento que ele aparecesse na minha frente, eu daria uma voadora na cara dele e depois jogava ele desacordado no mar...
Eu: tenho certeza que você faria isso.
N: :/ exagerado!
A: sou.
Eu: bom gente, vou sair aqui, vou procurar saber como esta o Manu...
N: esta bem, nos dê noticias do estado dele, OK?
Eu: esta bem, eu falo como ele esta.
A: até mais então.
Eu: até.
Larguei meu celular e rumei para a cozinha para fazer um sanduiche pois estava com um pouco de fome, minha mãe e Gui ainda estavam nos exercícios...
L: olha aqui, escreva essa frase: “eu gosto de macarrão”.
G: mas mãe, eu não gosto muito de macarrão não, gosto de arroz!
L: ai que menino chato, então escreve arroz, esquece o macarrão!
Olhei para eles dois rindo, minha mãe seria uma péssima professora, seria a típica professora que bota uma bomba na sala de aula para acabar com o alunos, era divertido ver ala dando aula para o Guilherme, ele é muito preguiçoso e ela muito impaciente, péssima combinação, ela briga mais do que dá aula, a sorte é que ele é inteligente e consegue fazer a maior parte dos exercícios com facilidade, mas sempre arruma um jeito de tirar ela do sério...
(entrando na cozinha)
Eu: to bom hoje hem?
L: oxi, esse menino me tira do sério.
G: eu sou muito inteligente.
L: mas preguiçoso, vamos, para de perder tempo e continua escrevendo...
G: esta bem.
Eu: vou fazer sanduiches, vocês querem?
G: eu quero dois!
L: tas morrendo de fome é? Acabasse de comer!
G: ainda sim quero dois sanduiches!
Eu: esta bem, e a senhora vai querer?
L: “senhora é o cacete” e sim, eu vou querer um, gracias.
Eu: farei agora.
...
O tempo passava e o Manu cada vez menos melhorava, sua família já estava acostumada com a minha constante presença e eu cada vez mais me sentia confortável perto deles, ainda um pouco desconcertado perto de seu pai (homem do interior, cresceu na roça, rústico, mas um bom homem), mas estávamos nos dando muito bem.
Certo dia estava no hospital fazendo companhia a ele, estávamos jogando cartas quando o Igor entra e se aproxima de nós, logo já fechei a cara e o Manu percebeu que fiquei sério, claro que eu tratei o Igor bem, mas apenas com cordialidade e nada mais, o quanto menos contato com ele melhor, o garoto parece que vivia em luto profundo, sempre usando preto e todo estranho sempre, sempre com uma postura desagradável, só não sabia por que ele era assim.
I: então primo, como você esta se sentindo hoje?
E: eu estou melhor, minha cabeça não dói.
I: que bom, pelo menos esta em boa companhia.
(dei um leve sorriso para ele)
E: é, o Diego esta me ajudando muito, as vezes me dá uns esquecimentos e eu não lembro nem quem eu sou, confesso que ele esta sendo muito paciente comigo, obrigado por tudo Diego...
Eu: não precisa agradecer, eu faço porque gosto de você...
(ele me puxou para perto dele e me beijou, me tirando o ar, seus beijos eram sempre tão carinhosos)
I: o Manu me falou que seu ex estava aqui no Recife?
Eu: ele veio para falar comigo, mas eu coloquei todas as cartas na mesa e ele já voltou para o Rio.
E: história complicada a de vocês.
I: pelo visto você só tem histórias complicadas né?
Eu: isso não é da sua conta né?
I: seu grosso!
Eu: outro tapa na cara, ai sim você vai ver o grosso...
E: por favor parem de brigar! Vocês dois, Igor, para de provocar e Diego, para de cair na provocação!
Eu: esta bem, parei...
I: eu vou caminhar um pouco, até mais.
E: até.
Eu: vai pela sombra.
I: eu sou a sombra...
(ele saiu e nos deixou a sós)
Eu: garoto irritante.
E: vocês dois são, mas amo vocês e não consigo ficar com raiva de vocês.
Eu: eu também te amo, vem cá, me dá mais um beijo.
...
Certo dia estava na varanda deitado na rede quando o Guilherme chega de mansinho e se deita junto comigo, eu havia acabado de conversar com meu pai pelo celular e também com sua nova namorada, achei ela muito simpática e muito bonita pala foto que meu pai me mandou, ela era uma mulher muito deslumbrante, cabelos castanhos ondulados, olhos verdes, morena e um perfeito corpo de modelo (o tipo de mulher que não passa despercebida na rua), e muito simpática, gostei muito dela.
Eu estava perdido em meus pensamentos quando o Guilherme chegou e subiu na rede, ficou deitado ao meu lado (bom, praticamente encima de mim), olhamos ao mesmo tempo para o céu e não demorou muito até ele começar a fazer perguntas...
G: mano?
Eu: oi?
G: por que os adultos são tão complicados?
Eu: não sei, quando somos crianças é tudo tão fácil, mas quando crescemos aparecem os problemas e é difícil ser grande.
G: eu quero crescer, mas eu tenho medo de ser grande.
Eu: você é o primeiro pirralho que eu vejo falando que tem medo de crescer.
G: eu quero ser criança para sempre. Como o Peter Pan!
Eu: hahaha isso não vai acontecer, algum dia você vai crescer e eu e a mamãe estaremos aqui para te ajudar com suas dúvidas e os problemas, saiba que você nunca estará sozinho viu?
G: brigado mano (ele me abraçou forte), ei, você pode ler o livro do Peter Pan para mim de novo?
Eu: quer agora?
G: sim, quero!
Eu: então vai buscar o livro.
Ele se levantou rapidamente e foi correndo em direção ao seu quarto, se tem uma coisa que minha mãe acertou em fazer foi apresentar os livros para esse menino, desde que meus tios morreram e ela adotou ele, quando ela começou a decorar o seu quarto ela colocou duas prateleiras cheias de livros infantis e aos poucos ela ia lendo para ele, a partir disso ele aprendeu a gostar de livros.
G: pronto, esta aqui!
Eu: então vamos ler juntos, você sabe ler alguma coisa né?
G: só um pouquinho, tô aprendendo a ler ainda!
Eu: então deita aqui do meu lado, vamos ler juntos.
...
Quando eu estava quase no final do livro nossa mãe aparece com uma xícara de café com leite na mão e senta-se na cadeira ao nosso lado, e ficou em silencio ouvindo eu terminar de contar a história para o Guilherme que estava lendo mais do que eu, realmente ele estava aprendendo a ler muito rápido, só algumas palavras que ele errava ou não sabia pronunciar, mas logo ele já estaria lendo melhor, passarei a ler mais vezes com ele, confesso que me diverti fazendo isso, me distrai e esqueci todos os meus “problemas de adulto” (como diz o Gui), e dedico um bom tempo para a educação do meu irmãozinho.
L: vocês são lindos juntos!
Eu: somos apenas irmãos.
L: mesmo assim são lindos juntos, gosto de ver a união de vocês...
G: eu sei mãe que eu sou muito lindo.
Eu: seu convencido, eu que sou mais lindo.
G: eu que sou mais...
L: vocês dois são, meus lindos, amo muito os dois.
G: mãe, me fala da mãe Sara?
Ela olhou para o céu...
L: bom, a Sara era a minha irmã mais nova, com dois anos de diferença, sabe, ela era muito legal, tivemos uma infância muito boa, quando íamos para a fazenda da nossa tia no interior, aprontávamos horrores juntas com os primos, ela sempre sorria, estava presente, sempre que eu pegava briga com alguém ela estava lá para amenizar a situação, na escola eu sempre brigava com os garotos que mexiam comigo hehehehe, e ela sempre estava lá para me ajudar, sempre calma, quando ela colocava algo na cabeça era quase impossível de tirar, sempre tão decidida, travessa, depois do meu pai ela era a pessoa que eu mais admirava no mundo, Guilherme, sempre guarde boas lembranças dela e quando você quiser saber como ela é, olhe para você mesmo, a resposta esta em você, você é a única pessoa que eu conheço que tem mais dela do que qualquer outra pessoa no mundo, sabe esse jeitinho que você levanta a sobrancelha direita quando não entende algo que aconteceu?
G: sei.
L: sabe quando você primeiro sente a temperatura da água antes de tomar banho para ver se esta fria de mais?
G: sei sim, na gosto da água muito fria.
L: pois é, a sua mãe era do mesmo jeito, ela só gostava de tomar banho em água morna, assim como você. Ela pode esta morta querido, mas ela esta viva dentro de você e eu te amo mais do que te amei quando você nasceu, porque ela não só me deu mais um filho, ela me deu a continuidade de sua vida e eu te amo porque você é mais do que ela era, você é tudo o que ela foi e muito mais, você é meu filho mais novo, é meu bebê.
G: eu também te amo mamãe.
Ele se levantou da rede e abraçou ela, minha mãe estava chorando, pelo carinho do Gui e pela lembrança de sua irmã, foi uma cena bem emocionante, e me deu uma sensação de paz muito grande ver eles dois ali abraçados, curtindo aquele momento lindo... (interfone tocando).
L: deixa eu atender...
G: vou beber água!
Eu: vai lá!
Em poucos minutos minha mãe volta
L: comprei pizza, vem comer.
Eu: opa, to indo agora, estava a fim mesmo de uma pizza.
A noite correu tranquilamente sem nenhum transtorno, bom, posso dizer “sem transtorno” por que já era comum em casa o Guilherme ficar pelado, ele dizia que não gosta de usar roupas em casa, que a cueca aperta de mais e as roupas fazem calor, e foi assim que ele jantou, pelado, primeira criança naturista que eu conheço, mas tudo bem, eu já estava acostumado.
Na hora de dormir recebi uma ligação do Manu que estava com saudade de mim e ficamos conversando, ele estava um pouco mal por conta do tratamento, estava muito enjoado e um pouco desorientado, as vezes esquecia o que ia falar e eu para amenizar sua frustração começava outro assunto sem nenhum problema, a conversa se estendeu até eu perceber que ele pegou no sono e me deixou falando sozinho...
Eu: Boa noite, tenha bons sonhos!
...
Dedico esse capitulo a três amigos muito especiais para mim, são pessoas que conheci aqui na CDC e sempre estão comigo aqui curtindo cada capitulo e no meu dia-a-dia no whats, bjs para vocês e para aqueles que leem e comentam, muito obrigado pelo comentário, vcs são muito importantes para mim, e para aqueles que leem e não comentam, muito obrigado também, são muitos acessos que o conto tem e se continuam lendo é porque gostam então obrigado por sua leitura... bjs.
P.S. Não demorarei para postar o próximo não, eu prometo! E no próximo capitulo vou começar a colocar ação no conto, estou achando as coisas calmas de mais, próximo capitulo vou fazer o negocio pegar fogo.
Gatinhoo2gatinho02@hotmail.com