E mais uma vez os erros do meu passado vinham à tona para me mostrar como sou uma pessoa horrível. De certa forma eu merecia isso, sentia la no fundo que tudo o que estava acontecendo era somente o destino se vingando, me colocando em frente a um espelho que refletia a maldade que uma vez já habitara meu coração, e que me faz ate hoje me arrepender dos meus pecados.
Acordei com a os cabelos do Arthur no meu rosto, sua cabeça estava em meu peito e os cachos chegavam ate meu nariz fazendo cócegas, me ajeitei na cama pra arrumar uma posição melhor, mas acabei despertando Arthur.
— Me desculpe amor – disse assim que vi que seus lindos olhos azuis me encaravam.
— Já estava na hora de acordar mesmo – disse ele pegando os óculos em cima da cômoda e colocando. Uma coisa que eu amo quando ele faz: quando ele ta de óculos e vai ajeitar ele no rosto e franze a testa ao mesmo tempo, puta merda, não tem coisa mais bonita.
— Como eu adoro sábados – dizia Arthur sentando na cama , os cabelos cacheados estavam desarrumados, mas de forma alguma davam aquele aspecto estranho que ele possuía á cinco anos, na verdade ele ficava sensual com os cabelos desarrumados.
— Você e o resto do mundo – respondi colocando o travesseiro no rosto.
— Sábados são o alivio da tensão acumulada no decorrer da semana, mesmo que você não faça nada de especial só por ser sábado o dia já se torna especial.
— Concordo, cadê meu beijo de bom dia? – Perguntei manhoso.
— Mal acostumado – Arthur riu e me beijou.
Vocês devem estar se perguntando: nossa, você quis beijar ele logo após acordar, aposto que os dois estavam com um mau hálito horrível. O surpreendente era que nenhum de nos acorda de mau hálito, na verdade Arthur sempre tem o mesmo hálito toda hora, não sei descrever o cheiro, mas era ótimo.
— O que quer fazer hoje? – Perguntou ele deitando meu colo.
— Hoje queria ficar em casa te curtindo – respondi. Realmente estava meio desanimado em sair, a semana era muito cansativa, então preferia ficar em casa.
— Mas nos curtimos todo dia – disse meu moreno rindo.
— Vamos nos curtir mais – falei fazendo minha melhor cara de safado.
— Bobo – disse Arthur e me beijou.
Apesar desse clima de amor eu ainda estava me remoendo por dentro para saber o que Arthur escondia de mim, sempre que tentava chegar a esse assunto ele conseguia desviar.
— No que esta pensando? – Perguntou o moreno me encarando com aqueles enormes olhos azuis.
— Nada não – respondi
— Você não vai usar os óculos não? – Ele me perguntou
Duas semanas atrás comecei a me queixar de dores de cabeça, fui a um medico que me encaminhou para um oftalmologista e la fui diagnosticado com dois graus de astigmatismo em cada olho, não era nada comparado a Arthur que tinha quatro graus e meio de miopia.
— Fico feio de óculos – respondi meio emburrado.
— Se tu fica feio de óculos, imagina eu então – ele disse sorrindo – vai amor, coloca, faz bem pra você.
Como resistir a ele me chamando de amor? Peguei os óculos na cômoda ao lado da cama, e coloquei. Realmente o alivio que eles causavam nos meus olhos quase me faziam gritar de prazer.
— Olha só que lindo – disse Arthur sentando no meu colo e me dando vários selinhos. Passei meus braços em volta da sua cintura e comecei a apertar ele contra mim, e então reparei uma coisa que nunca tinha reparado antes.
— Arthur, o que são essas coisas no seu corpo? – Perguntei me referindo a varias linhas espalhadas pelo seu corpo.
— São cicatrizes ora – respondeu o moreno meio nervoso.
— Só reparei nelas agora que coloquei os óculos – disse, e me senti idiota por estar com ele a tanto tempo e so agora estar percebendo aquela quantidade enormes de linhas em seu corpo – porque têm tantas?
— Sou meio desastrado – mentira, Arthur podia ser qualquer coisa, menos desastrado – exceto essa aqui no pulso – disse ele mostrando uma cicatriz que me surpreendi de nunca ter visto, a pele em volta da cicatriz era grossa e parecia meio brilhante.
— Essa veio da onde então? – Questionei.
— Foi depois da queda da escada e da descoberta do tumor, meio que entrei em depressão profunda e tentei suicídio – disse ele olhando pra baixo.
Por mais que eu ainda me sentisse culpado por aquela maldita atitude de tanto tempo atrás, era incrível como a vida me fazia sentir mais culpado a cada dia que passava.
— Não se culpe – disse ele.
— Como não me culpar? Fiz da sua vida um inferno.
Aquela cicatriz em volta do pulso estava ali para me lembrar.
— Bem, você só me empurrou de uma escada, tirando isso foram os trigêmeos que fizeram – falou o moreno.
— Arthur – comecei – se você me ama, me fala, o que tanto esconde de mim? – Perguntei já quase a beira de um ataque de lagrimas.
Ele respirou fundo, tirou os óculos do rosto e os limpou com o pijama, ele parecia estar avaliando uma melhor forma de me contar.
— Bem – finalmente falou meu moreno – lembra quando você começou a vir aqui e me viu com aquele curativo na perna?
Acenei positivamente com a cabeça, me lembrava desse episodio. Arthur tinha acabado de sair do hospital, eu insisti em dormir com ele, mas acabei sendo dispensado com uma desculpa de não quero privar seus pais de você. No outro dia quando cheguei Arthur tinha um curativo na perna, perguntei o que houve e ele me disse que havia escorregado no banheiro, fiquei muito bravo e disse que a partir daquele dia iria dormir com ele, quer ele queira ou não
— Acontece que depois da queda da escada eu... – ele parou claramente tentando calcular as palavras que diria a seguir – eu desenvolvi esquizofrenia.
Fiquei estático com essas palavras, o ar parecia não querer ir para os meus pulmões, sentia que devia respirar, mas não tinha controle sobre o meu corpo.
— Otavio, não foi sua culpa – Arthur começou – provavelmente eu já ia desenvolver isso com o tempo.
— Você que se machucou aquela vez? – Minha voz saia arrastada
— Foi, quando tenho crises acabo por me machucar, mas elas estão cada vez mais raras, desde que estamos juntos não tive nenhuma, exceto pela aquela vez na manhã seguinte a nossa primeira vez, mas só comecei a ouvir vozes e logo o Carlos e o Gabriel me ajudaram.
— Como o Carlos soube? – Perguntei.
— Ele já me viu dando uma crise, prometeu não falar pra ninguém.
Fiquei em silencio, não sabia o que falar, talvez um pedido de desculpas? Não, nenhum pedido de desculpas no mundo seria capaz de tapar o estrago que causei na vida de Arthur.
— Otavio – o moreno começou, e tirou os óculos e colocou em cima da cômoda, e começou a passar a mão nos cabelos, ele sempre fazia isso quando estava apreensivo – você foi uma das melhores coisas que aconteceram na minha vida, não deixe uma bobagem idiota como me jogar – ele deu um sorrisinho – eu te amo, eu te perdoei, agora só falta tu mesmo se perdoar.
Depois de dizer isso ele me abraçou, não agüentei e desabei a chorar, Arthur colocou minha cabeça no seu colo enquanto eu chorava e ficou fazendo carinho nos meus cabelos. Chorei todos os meus ressentimentos, todas as minhas magoas, todos os meus arrependimentos, senti meu corpo ficar mais leve a cada momento devido ao enorme peso que estava tirando das minhas costas, no final eu estava em paz, finalmente tinha me perdoado
Deeeeeeesculpa galera, mas tive tantos contratempos, realmente lamento, comecei a trabalhar em uma clinica nova e tenho que mostrar serviço e também tava meio gripado, tento escrever sempre que da, e poxa, ninguém acertou o que o Arthur escondia, então ninguém ganha a fotinha, quem sabe eu lance outro desafio... ate a próxima galera, vocês são demais