A VIDA DE DIEGO 13

Um conto erótico de Gatinho02
Categoria: Homossexual
Contém 2202 palavras
Data: 13/09/2015 23:47:03
Última revisão: 14/09/2015 00:17:38
Assuntos: Gay, Homossexual

Na hora de dormir recebi uma ligação do Manu que estava com saudade de mim e ficamos conversando, ele estava um pouco mal por conta do tratamento, estava muito enjoado e um pouco desorientado, as vezes esquecia o que ia falar e eu para amenizar sua frustração começava outro assunto sem nenhum problema, a conversa se estendeu até eu perceber que ele pegou no sono e me deixou falando sozinho...

Eu: Boa noite, tenha bons sonhos!

...

Quando enfim eu estava pegando no sono, sentia meu peito apertado numa angustia que eu não sabia explicar, estava pensando em todos ao mesmo tempo, o Manu, o Iago, até nos meus amigos eu estava pensando, não sabia por que, mas eu estava triste e essa tristeza estava me consumindo por dentro desde muito tempo.

No meio da madrugada enquanto eu dormia o meu celular começou a tocar, não identifiquei o número de imediato, e com um pouco de êxito eu atendi, não falei nada apenas fiquei escutando a pessoa que estava do outro lado da linha chorando, um choro soluçante tomou conta de meu ouvido esquerdo enquanto eu tentava adivinhar de quem era aquele choro tão profundo que não permitia a pessoa nem a usar a fala, mas eu sabia quem era do outro lado da linha e sabia o por que de ela esta chorando, era a mãe do Manu e seu choro veio para me dizer que ele havia morrido naquela madrugada.

Um desespero tomou conta de mim, não esperava que ele fosse nos deixar assim tão de repente, desliguei o celular e comecei a chorar em voz alta no meu quarto, para esse choro eu não guardei nenhum pudor, despejei de uma vez toda a minha dor guardada dentro de mim. Em instantes a minha mãe e o Guilherme entraram no meu quarto em busca do motivo de eu estar naquela situação, minha mãe também ficou chocada com o acontecido, ela levou mais uma vez o Guilherme para o seu quarto e por alguns instantes me deixou sozinho.

Eu: será que eu estou fadado a sofrer com cada relacionamento? Será que eu não nasci para estar com alguém do meu lado? Amar e ser amado! Meu Deus, será que é pedir muito? Não quero viver assim, assim não...

Quando olhei para o lado vi meu estilete na prateleira junto dos meus materiais escolares, peguei o mesmo em minhas mãos, coloquei a lâmina para fora e com toda a força que eu consegui arranjar eu passei a lâmina no meu pulso esquerdo, logo comecei a sentir meu sangue quente escorrer pela minha mão, quando fiz menção de fazer o mesmo com a mão direita ouço minha mãe gritando na porta de meu quarto...

L: Você está louco! Como poude seu idiota!

Ela veio correndo em minha direção me empurrando na cama e enrolando meu pulso com uma camisa minha que estava pendurada atrás da porta do meu quarto e eu fiquei lá, imóvel, caído na minha cama olhando para o teto, o único pensamento que passava na minha cabeça era o de deixar essa vida e não sofrer mais, mamãe me levantou com muito custo, chamou o Guilherme aos gritos, quando ele apareceu se assustou mais ainda com a quantidade de sangue no chão do meu quarto e com o meu estado, logo ele começou a chorar e quis chegar perto de mim para me ajudar também, mas minha mãe não deixou e disse que nós iríamos sair e ele iria ficar só em casa, quando amanhecesse ele fosse para a casa da vizinha, o coitado atendeu as ordens da minha mãe e voltou completamente desorientado e chorando para seu quarto.

Minha mãe me sentou no sofá na sala e foi até o quarto do Guilherme, logo ela já estava de volta e saiu me arrastando até o carro no térreo do prédio, chegando perto do carro eu desmaiei e ela sai correndo até o Sr. Flávio que estava de plantão na portaria, logo os dois voltaram correndo e ele a ajudou a me colocar dentro do carro e ela saiu correndo para o hospital, no caminho eu voltei a minha lucidez, ainda muito fraco eu abri um pouco os olhos e desorientado fiquei olhando as luzes passando rapidamente pelo meu rosto e os fleches me mostravam o rosto do Manu, ele me olhava triste, chorando ao ver meu estado, mais uma vez aquela dor tomava conta de mim e eu comecei a lembrar de todos os dias que passamos no hospital, de todas as vezes que nos divertimos naqueles corredores, ele foi a pessoa mais amável que eu conheci, ele sempre sabia o que falar quando eu precisava de algum conselho ou conforto.

Eu: eu não quero viver sem você Manu... (comecei a chorar)

Minha mãe olhou para mim rapidamente...

L: não durma, se mantenha acordado... idiota! Como você foi capaz? Você não pensa não garoto? Ai meu Deus, finalmente chegamos.

Ela foi entrando no hospital, chegando na entrada do mesmo ela saiu correndo me abandonando dentro do carro e foi até a recepção, ela me levou para o hospital particular que ela trabalhava, logo dois rapazes apareceram com uma cadeira de rodas e me tiraram do carro.

?: Dr. Liliana se acalme - disse a atendente – A senhora não pode ficar tão nervosa assim...

L: é meu filho, eu... eu to com medo, quem é o médico que vai tratar ele? Isso não importa, sei que o Dr. Luiz Carlos esta de plantão hoje, eu quero ele para cuidar do meu filho. Levem ele para o centro cirúrgico agora, em instantes aparecerei com o médico.

?: esta bem doutora.

Os dois enfermeiros me levaram para uma sala e me colocaram em uma cama e logo começaram os procedimentos iniciais me preparando para a chegada do médico. Quase 10 minutos depois o médico e minha mãe entram na sala e se aproximam de mim o doutor começou a analisar meu pulso e logo ordenou uma transfusão de sangue...

Eu: me deixem morrer!

Consegui dizer antes de apagar lentamente...

Dr: hoje não rapaz, hoje não...

Sua voz estava distante e logo não vi nem ouvi mais nada...

Acordei sem saber por quanto tempo estava ali, estava com um sono incrível, o quarto estava um pouco claro, cocei os olhos e senti minha mão esquerda doer, logo me recordei de tudo o que eu fiz na madrugada daquele mesmo dia, quando olhei para a cadeira no escuro quase tive um ataque de susto ao perceber que meu pai me olhava escondido no escuro...

Eu: meu Deus! Pai? – ainda estava muito confuso.

P: oi.

Ele se levantou e veio para mais perto de mim se posicionando ao meu lado...

P: como você pode fazer uma coisa dessas meu filho? Eu quase tive um ataque quando sua mãe me ligou contando o que você fez.

Eu: pai, desculpa, eu... eu perdi a razão quando eu soube que o Manu morreu, eu... eu não sei por que eu fiz isso, eu enlouqueci quando soube que o Manu morreu.

P: vem cá filho – ele me deu um abraço forte – ele morreu e você ia se matando, eu não saberia o que fazer sem você meu filho.

Eu: pai, cadê a mãe?

P: ela foi para casa para cuidar do Guilherme, o coitado passou o dia todo ontem aqui do seu lado...

Eu: ontem?

P: você esta aqui desde a madrugada de ontem.

Eu: e o enterro quando vai ser?

P: o enterro foi ontem a tarde mesmo, eu sinto muito filho.

Eu: como eu pude fazer isso, que droga, eu sou muito burro – mais uma vez comecei a chorar.

P: não se preocupe – me abraçando de novo – sua mãe foi em seu lugar e explicou o motivo de sua ausência, depois do enterro a família dele veio aqui te visitar, hoje quando você tiver alta eu te levo para se despedir dele.

Eu: eu fui muito idiota pai, me desculpa por ter feito isso?

P: é claro que eu desculpo filho, sempre vou estar aqui para você, sempre...

Nesse momento a porta se abre e o Guilherme entra correndo feliz ao me ver acordado e pula encima da cama e encima de mim, logo em seguida minha mãe entra carregando algumas sacolas, quando o Gui caiu por cima de mim me abraçando senti uma vontade de desmaiar, talvez pela fraqueza que ainda sentia após tudo o que fiz comigo mesmo, mas eu estava adorando ter ele ali, depois do momento carinho foi a hora de escutar...

L: você ficou louco seu moleque? Como você pode ter feito uma coisa daquelas? Eu deveria ter deixado você se ferrar, sorte sua que eu te amo! E também tem a ética profissional que não me permite ver um imbecil se matando e deixar...

P: Liliana, cala a boca e vem abraçar teu filho poxa!

L: ai filho desculpa é que, você é muito idiota.

Eu: eu sei, desculpa mãe?

L: não tem problema, agora me dá uma abraço...

Depois que me abraçou ela olhou para o meu pai.

L: você já foi mais magro Paulo.

P: santo Deus, vai cuidar da tua vida...

Eu: começou a guerra.

L: enfim, eu e esse homenzinho aqui trouxemos o café da manhã.

G: compramos muita coisa.

Eu: que bom, estou mesmo com fome.

L: então espera o hospital começar a servir a comida, aqui é só para eu, o Gui e seu pai.

Eu: ai meu Deus que maldade...

L: to brincando amoreco, eu trouxe para todos nos.

...

Na tarde daquele dia eu recebi alta do hospital e logo eu pedi que minha mãe seguisse para casa com Guilherme e pedi para que meu pai me levasse ao cemitério onde o Manu foi velado, quase uma hora depois estávamos chegando eu cemitério, entramos e meu pai me apontou o túmulo e eu pedi para ficar um pouco sozinho e assim ele fez, cheguei perto do túmulo, era de mármore negro, eu não li nem o que estava na lápide, só fiquei olhando para a sua foto que estava colada em uma moldura dourada na lapide...

I: o enterro foi bem triste.

Eu: que susto Igor, o... o que você esta fazendo aqui essa hora?

I: eu não quis vir me despedir ontem, fiquei vendo o enterro de longe, então vim me despedir dele agora.

O Igor estava todo de preto com os cabelos pintados de preto, os olhos negros, camisa de manga comprida e uma calça Jeans preta com alguns cortes e uma cara sem expressão olhando fixamente para o túmulo enquanto conversava comigo.

I: fiquei sabendo o que aconteceu com você, eu sabia que esse romance só iria trazer dor e sofrimento, mas só o que eu consegui foi um tapa na cara...

Eu: e foi bem merecido.

I: tudo o que eu queria era preservar vocês dois de se machucarem, mais por ele do que por você claro...

Eu: por que você não diz logo o que tem para dizer e vai embora logo?

I: não preciso dizer nada, não precisa – lagrimas escorreram de seus olhos – ele era o melhor...

Eu: Igor eu...

I: Adeus senhor Diego, espero mesmo que você fique bem.

Ele tirou uma rosa vermelha que estava presa no bolso de sua calça e jogou encima do túmulo, me deu as costas e foi embora me deixando sozinho e mais uma vez eu me vi olhando para o retrato do Manu e só consegui dizer “eu te amei tanto”.

Passei um tempo ali conversando com ele, até que meu pai veio atrás de mim para ver se eu não tinha desmaiado ou algo do tipo, vendo que eu estava bem ele conseguiu me convencer a ir para casa para descansar e assim eu fiz, fomos para casa em silêncio, ele dirigia enquanto eu chorava com os pensamentos só voltados para o Manu.

Quando chegamos em casa encontramos minha mãe o Guilherme, o Nathan e o Arthur no apartamento da minha mãe, quando eles dois me viram, se levantaram do sofá e me deram um abraço coletivo...

L: agora sim podemos jantar.

G: finalmente!

Eu: gente, eu não estou com fome, na boa.

A: aaaaa mas você vai comer sim, nem que a gente tenha que te forçar.

N: olha, você acabou de perder o namorado, cortou os pulsos, ficou mais de um dia desacordado no hospital, o que você mais precisa agora é comer.

Eu: ta bom, vamos comer, eu tentarei.

G: tentará nada, você vai comer de qualquer jeito.

Nos seis sentamos na mesa e começamos a comer o jantar que minha mãe preparou e que por acaso foi bem caprichado, pela primeira vez naquele dia eu vi meu pai sorrindo nos contando junto com minha mãe como eles eram quando namoravam, muitas histórias engraçadas que conseguiram tirar o foco de toda a dor que eu sentia no momento, estávamos todos comendo e conversando quando o Nathan resolve se pronunciar...

N: Pessoal, eu precisa falar uma coisa para vocês, mais especificamente quero falar para o Arthur e o Diego.

A: fala logo!

N: Eu e meus pais vamos voltar para o Espírito Santo agora no meio do ano.

Eu: o que?

A: como é que é seu vagabundo?

...

Gatinhoo2gatinho02@hotmail.com

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 3 estrelas.
Incentive gatinho02 a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Assim que ele percebeu que Manu tinha deixado ele falando sozinho, já tinha percebido algo. Muito triste perder alguém que amamos. Quase chorei tbm... :'(

0 0
Foto de perfil genérica

Pôxa gatinho,tu me fez chorar,eu já esperava a morte dele,mas foi doloroso.

Bjos e até a próxima! Da sua leitora fiel A.

0 0
Foto de perfil genérica

#Triste, serio, eu quase chorei, na verdade foram poucos os contos que me fizeram isso e o seu quase chegou la, nossa que agonia e angustia! Tu conseguiu me abalar kkk

0 0