N: Pessoal, eu precisa falar uma coisa para vocês, mais especificamente quero falar para o Arthur e o Diego.
A: fala logo!
N: Eu e meus pais vamos voltar para o Espírito Santo agora no meio do ano.
Eu: o que?
A: como é que é seu vagabundo?
...
N: Acontece que meu avô paterno esta nas ultimas e como meu pai é filho único ele quer voltar para lá e assumir a fazenda e os negócios do meu avô, e daqui a dois meses quando as farias começarem estaremos voltando para o interior do Espírito Santo.
A: você não pode ir assim, vai nos abandonar, eu vou mexer com quem agora?
N: eu sinto muito, mas não tenho opção.
Eu: eu te entendo – eu estava sério e não queria falar muito – se você tem que ir, então vá, mas nunca deixaremos de ser amigos, tenho certeza que você poderá receber nossa visita por lá casa a gente marque de viajar para lá.
N: vocês sempre serão bem vindos na minha casa, quando quiserem ir lá é só planejarem a viajem que eu mando meus pais prepararem a fazenda para lhes receber.
A: agora me empolguei, mas vai ficar chato aqui sem você amado!
O Arthur deu um abraço apertado no Nathan se assustou um pouco com seu abraço, eu não me fiz de rogado e me levantei e abracei os dois juntos, nesse momento meus pais estavam na sala assistindo e comendo a fim de nos deixar conversar em paz, o Guilherme chegou correndo e praticamente pulou encima de nós três...
Eu: eu amo vocês, são meus melhores amigos aqui no Recife.
N: se nós somos os seus melhores amigos aqui no Recife, então quem são os seus melhores amigos no Rio de Janeiro?
A: é, agora fiquei curioso!
Eu: lá eu só tenho uma melhor amiga, crescemos juntos, o nome dela é Marcela.
N: moravam na mesma rua?
Eu: não, conheci ela no maternal, com 3 anos de idade, eu puxava o cabelo dela e ela me batia, com o tempo não nos separamos mais.
A: ótima maneira de começar uma amizade, na pancadaria.
(rimos um pouco)
N: eu vou sentir falta de vocês.
A: todos vamos.
...
Já fazia uma semana desde a minha tentativa de suicídio e da morte do Manu, posso dizer que eu mesmo estando vivo, estava morto, minha única rotina era ir para a escola e ir para casa e passar o resto do dia lendo, afundando nos livros deitado na rede na varanda, as vezes o Guilherme aparecia e me fazia companhia deitando comigo fazendo com que eu lesse em voz alta para ele e assim meus dias foram se passando, minha mãe as vezes tentava me tirar de casa, mas sem sucesso, acho que ela temia que eu entrasse em depressão mas acho que isso não era o que estava acontecendo, eu só estava de luto.
Também tinha o Nathan que frequentemente vinha em minha casa para me visitar, o Arthur não vinha muito porque quando ele não estava na escola estava no salão e quando não estava nem na escola e nem no salão, estava em casa ajudando a mãe a cuidar dos irmãos, então sua falta era justificável embora na escola nós três não nos separávamos.
Certo dia estava só com o Guilherme em casa, mais uma vez eu estava deitado na rede lendo um livro (divergentes), quando senti uma presença ao meu lado, achei que era o Gui que estava ali, foi ai que eu ouvi aquela voz familiar do meu lado que me fez arrepiar todos os pelos do meu corpo...
Eu: MANU! (eu quase dei um pulo da rede)
E: Oi Diego (sentando-se no chão com as pernas cruzadas)
Eu: o que esta havendo, como você esta aqui? (por incrível que pareça eu não estava assustado, ao contrario, eu estava em paz)
E: eu vim em seu sonho, para lhe dizer para parar de chamar por mim.
Eu: eu estou sofrendo muito...
E: mas eu não quero que você sofra, não mais.
Eu: eu sinto tanto a sua falta, tanto (estendi a mão para tocar em seu rosto mas não senti nada, minha mão passou por ele como se ele não estivesse ali)
E: eu sinto muito Diego, eu sei como é difícil, mas pare de sofrer, viva sua vida, eu quero que você seja feliz...
G: ACORDA!
Acordei com Guilherme me chamando e me balançando pelos ombros, foi ai que eu percebi que eu estava chorando e todo suado e Guilherme se assustou com isso e me chamou me tirando do meu sonho, fazendo com que Manu desaparecesse da minha frente me deixando triste de novo.
G: você estava chorando e eu fiquei com medo de acontecer de novo.
Eu: acontecer o que?
G: você tentar morrer.
Ele quis dizer “se matar”
Eu: eu nunca mais vou tentar fazer isso de novo, vem cá, me da um abraço.
Puxei ele para mim e o abracei bem forte, Manu estava certo, não devo mais sofrer, tenho que tentar ser feliz, não vai adiantar ficar triste num canto se a tristeza não me serve de nada. Já estava de noite quando o Guilherme me acordou do meu sono e eu só percebi depois que o soltei do meu abraço.
Eu: então, vamos pedir nosso jantar?
G: você vai comprar comida?
Ele falou já pulando de excitação.
Eu: sim, você escolhe a comida.
G: obaaaaa! Comida japonesa!
Eu: comida japonesa então.
Nesse momento o interfone tocou e quando eu fui atender era o Nathan então o deixei subir, ele disse que estava ali perto com os pais e resolveu vir me visitar, melhor do que ficar na casa do amigo chato do seu pai, ainda era cedo da noite “18:37”, então pedi a comida para nós três, eu resolvi pedir um pouco dos melhores pratos para que o Nathan pudesse experimentar já que ele tinha me dito que nunca tinha comido comida japonesa, então eu tinha que fazer isso por ele.
Era sábado e como no domingo não teríamos aula então eu resolvi chamar o nathan para dormir em minha em minha casa, já que não teríamos aula no outro dia e como ele estava para se mudar, nossos momentos juntos estavam contados e eu já nutria um carinho enorme pelo Nathan, pois o mesmo me ajudou bastante nesses dias que eu estive de luto. Ele ligou para seu pai que disse que iria para casa pegar roupas para ele poder ficar o domingo em minha casa, e passamos a noite assistindo filme.
N: sua mãe não volta para casa hoje não?
Eu: não, ela só chega amanhã lá pelas 10 horas.
N: então somos só nós três aqui?
Eu: (dei de ombros) sim.
N: legal, meus pais nunca me deixam sozinho em casa.
Eu: você não sabe como é bom ficar sozinho em casa
N: Estou sabendo agora.
Eu: verdade.
Continuamos assistindo ao filme, quando o mesmo acabou o Guilherme disse que estava com sono e foi dormir, então chamei o Nathan para a gente ir para o quarto também, eu lhe cedi a minha cama e fiquei deitado no colchão no chão, ficamos até tarde jogando conversa fora até que mais uma vez entramos no tema que sempre lhe deixava com vergonha: “sexo”.
Eu: sério que você nunca nem beijou na boca?
Ele ficou um pouco calado.
N: sim
Eu: como você consegue?
N: eu tenho vergonha, tanto que você é o único amigo com quem eu converso sobre isso e ainda assim eu morro de vergonha.
Eu: não se preocupe comigo, não tenha vergonha de falar comigo. (me sentei olhando para ele)
N: eu sei, é por isso que eu falo sobre essas coisas com você, você é a única pessoa que eu confio para isso.
Eu: obrigado pela sua confiança.
N: por nada.
De repente ele ficou um pouco vermelho e olhou para baixo envergonhado e falou:
N: como é beijar?
Eu dei uma pequena risadinha.
Eu: quer experimentar?
N: O QUE!!!! (ele falou com os olhos arregalados olhando com nervosismo para mim)
Eu: eu posso te beijar, se você quiser.
N: eu... é... eu... eu... quero. (ele falou muito vermelho de vergonha)
Eu: não precisa ficar com vergonha.
Eu sentei na cama ao seu lado e puxei o seu queixo para cima e ele me olhou timidamente, ele estava com um olhar um pouco nervoso e muito vermelho de vergonha. Eu me aproximei um pouco de seu rosto, ele fechou os olhos achando que o beijo iria acontecer naquele momento, eu apenas me aproximei dele e juntei nossas testas, ele mais uma vez abriu os olhos encarando os meus...
Eu: realmente você quer?
Ele falou em um tom quase que impossível de ouvir.
N: eu quero.
Dessa vez ele não fechou os olhos, eu fui aproximando minha boca devagar da dele até que nossos lábios se encontraram, ele manteve os lábios fechados, com receio de abri-los para dar passagem para a minha língua, me lembrei imediatamente de todas as vezes que ele me disse que tinha medo de errar no primeiro beijo e por isso que ele estava tão nervoso, com a intenção de acalma-lo eu coloquei a minha mão esquerda no seu rosto e comecei a fazer carinha descendo minha mão para seu pescoço e voltando para seu rosto, senti ele ficar arrepiado e aos poucos abrir os lábios e enfim minha língua pode ir de encontro com a dele, ele começou a seguir os movimentos dos meus lábios sincronizando assim nosso beijo e aos poucos ele foi seguindo seu caminho sem precisar me seguir, ele passou as mãos elas minhas costas, interrompeu nosso beijo e me abraçou forte demonstrando assim todo o sentimento que ele estava sentindo nesse momento, eu o abracei de volta enquanto ele estava ali com a cabeça apoiada no meu peito ouvindo os batimentos do meu coração, ele afastou a cabeça do meu peito olhou para mim e mordeu o lábio inferior olhando para a minha boca, não precisou ele dizer nada, eu já sabia o que lhe perguntar...
Eu: Nathan, você que fazer sexo comigo essa noite?
...
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