Antes de mais nada, desejo agradecer a vocês, àqueles que só comentam e àqueles que apenas leram, a vocês, meus sinceros obrigados. E também para deixar alguns esclarecimentos sobre: Primeiramente; Eu já tinha essa história toda escrita alguns dias antes de começar a postar, escrevi em uma semana e meia, por isso postava quase que diariamente, somente fazia algumas mudanças para dividir os capítulos e adicionava detalhes ao postar aqui no site. Meu intuito de postar na CDC uma estória dramática sem romance ou sexo, mesmo aqui sendo um site de contos eróticos cheio de romances, é porque já fui autor da CDC faz alguns anos (abafa!) tinha algumas séries, mas as deixei inacabadas – quem é leitor assíduo do site, sabe como é chato acompanhar um conto e não ter um final – Então como uma forma de me redimir, talvez, nem tanto... Achei melhor publicá-la antes aqui.
Segundo; Esse conto (Na Ordem do Caos) , talvez alguns compreendam seu título, enfim, esse não é o foco, mas o conto em si em partes é real, sou o Claus dessa história com seus temores, amores e obsessões, algumas coisas realmente aconteceram, alguns personagens realmente passaram na minha vida... Escrever e postar Na Ordem do Caos foi como uma catarse para mim, depois de tanta sublevação pessoal e amorosa na minha vida nos últimos tempos. Por isso ainda, tive receio de meu conto ser prolixo ao leitor. Até porque, um dos motivos de eu postar antes na CDC (penso em postar em outros meios também mais para frente) é que tenho tinha iniciado a escrever para compartilhar para as pessoas, era como um treinamento semanas antes da prova do ENEM da minha escrita, acabou que as história ficou muito mais profunda, complexa e introspectiva que eu esperava, postar aqui ajudou a reeditar alguns erros também. Espero que compreendam tudo isso.
Por último, ultimamente minha mente tem estado bastante prolífica, tenho várias ideias para contos e estórias, então desde já, aviso que tenho em mente para escrever ainda esse ano, e dessa vez faz a cara da CDC, com um romance bonito e possivelmente sexo, espero agradar, vamos como virou meu costume, vou escrever tudo antes de postar. Bom, quiser me acompanhar, que me aguarde! Então fiquem com o final dessa história, que particularmente é especial pra mim e para o Claus, boa leitura.
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Na Ordem do Caos
Capítulo 13 (último) - Na Ordem de Claus.
====== 25 de Dezembro 17h00min ======
Vivaldi: Violin Concerto In F Minor, Op. 8/4, RV 297, "The Four Seasons (Winter)" - 1. Allegro Non Molto
https://youtu.be/NqAOGduIFbg
Uma coisa que sempre me intrigou, era a Teoria do Caos, ela implica que o Caos é a essência de tudo que nos rodeia, em tudo o que você puder imaginar, é como se um pequeno fato da sua vida, por mais simples e inútil que pareça, uma vez mudado, pode mudar todo seu futuro e de todos ao seu redor, pode mudar resultados que antes eram previsíveis, muda para uma complexidade irrestrita e imprevisível, resultados quão caóticos. Foi evidenciada pela primeira vez em 1960 por um meteorologista norteamericano ao criar uma máquina para estudar as massas de ar, ele mudou algumas casas decimais de um mesmo número que usava no cálculo da máquina, esperando resultados um pouco parecidos, mas essa pequena mudança mudou todos os resultados de modo caótico e imprevisíveis das massas de ar, desde então pode se observar que toda essa sensibilidade de condições iniciais em tudo da nossa vida se encontrava a equação do caos, isso é assustadoramente magnífico. Foi da teoria do caos que surgiu a frase do efeito borboleta, "O bater de asas de uma borboleta em Tóquio pode provocar um furacão em Nova York". Naquele fim de tarde, indagava-me em como minha existência poderia provocar caos na vida das pessoas que me cercam, ou uma simples mudança pessoal minha poderia influenciar tudo de maneira desajustada, eu era o próprio caos em si, desde que nasci. Só que sempre me lembrara da mitologia do deus primordial Caos, o primeiro dos primeiros, antes de ele ser uma desordem, ele era a divisão de toda uma imensidão, quantas imensidões poderiam surgir ao se dividir? Era o que eu me questionava... Eu sempre fora diferente, eram o que todos me diziam, eu fazia questão de me sentir diferente de tudo e de todos, assim como todo mundo, assim como todo mundo é único em si e consequentemente insubstituível, até um clone meu seria único e diferente de mim, todas as vezes que eu mantinha meus hábitos e obsessões, eu era diferente. Eu era o caos à procura de ordem, procurando uma ordem dentro de mim, mas só encontrava fora.
Lourenço se fora, eu não o amava como ele me amava, assim como Maurício não me amava como eu o amara e só quando sai do meu próprio desequilíbrio entendia que isso não importava, por mais frustrante que fosse, era Amor de qualquer forma e não podia simplesmente fugir, éramos para estarmos sempre mais pertos, é como minha mãe me disse, quem ama tem diferentes formas de amar, o amor tem diferentes de se demonstrar, sejam elas estranhas ou dúbias, porém era tanto tempo em confusão que eu era o opositor ao Amor, assim como Caos era a Eros, eu rejeitava a união de quem tinha amor, eu rejeitava meu próprio amor. Então fiz o que deveria fazer, não só por mim, mas para Lourenço e todos. Abri meu armário novamente, busquei todas as telas e desenhos que guardei durante anos de inércia, eu os apreciei pela última vez, cada um deles, todo toque meu sentia as suas vibrações, relances de memórias e causas que cada uma delas tinham, cada traço seguindo minha ordem. A ordem que tanto almejava, as pessoas se sentem em paz e harmonia quanto tudo está em seu devido lugar, onde há classes e hierarquias, pelo menos em um mundo utópico a ordem é perfeita. Minha organização exacerbada se materializava em minha casa, uma casa limpa, nada fora do lugar. Pois então, eu encontrei a ordem.
Peguei minhas obras, coloquei cada uma das minhas 6 telas em um cômodo da casa, enquanto perambulava lânguido jogava meus desenhos ao chão, como se quisesse deixar rastros de um caminho. Voltei para meu quarto, e peguei as coisas que estavam estagnadas no tempo, escondido no obscuro do armário, meus materiais. Peguei um a um e os reuni no meio da sala enquanto analisava tudo.
— Tintas a óleo, sprays, lápis, canetas, pilotos, pincéis, palheta, latas de tintas...
Então fui até a cozinha, peguei cada um dos meus talheres, que eram únicos e somente meus. Usei meu garfo e fui arrastando o utensílio lentamente pelas paredes de cimento da cozinha, um som estridente surgia da fricção, era irritante, logo depois foi com a faca, com a colher e com todos os talheres que eu tinha, aguentava aquele som, eles significavam muito mais que barulhos, eram minha sinfonia, fui além da cozinha, até arranhar todas as paredes e entortar todos os talheres, momentos saíam faíscas. Depois quebrei os pratos um a um, todas as louças, era uma alegria só, me sentia em uma dança quebra pratos dos gregos, a cada prato que eu tinha, espatifados no chão e o barulho de seus estilhaços.
"Annnh Gaaaaspp!"
Com esforço consegui tirar e carregar o bujão de gás da cozinha e com um impulso eu coloquei verticalmente segurando, como uma bola de boliche eu o empurrei para mesa e cadeiras que um estrondo se chocaram, derrubando as cadeiras para os lados e entortando a mesa, um strike!
"CLAAAANG BLÉEEM BLÉM"
Peguei o detergente da pia e com o líquido fiz bolinhas de sabão, no qual soltava por toda casa, ver aquelas bolhas brilhantes e coloridas era lindo. De súbito voltei para sala onde arranquei todo estofado e almofadas do sofá e com os talheres já tortos e acabados perfurando cada um com raiva, suas espumas se espalhavam pelo chão. Então fui até meu quarto, perfurando meus travesseiros também, rasgando os tecidos, suas espumas escapuliam como pipoca no chão, desarrumei minha roupa de cama e joguei-os furiosamente no chão, fazendo uso da minha força, levantei o colchão tirando da armação, indo junto para perto do chão entre a parede. Fui derrubando cada objeto que sobrara entre móveis do meu quarto, abrindo gavetas e revelando tudo para o exterior, rasguei cadernos e livros que antes eram perfeitamente organizados em uma instante. Por fim me deparei comigo mesmo no espelho, aquele era eu, extasiado, vendo-me olhos nos olhos, sem receio, eles brilhavam de espontaneidade e sorri para mim mesmo.
"CRAAAASSSHH! PRAAAAAÁ!"
Segurei o espelho e o arremessei contra o chão, com cacos esparramados pelo chão, eu via como lindos cristais, cada um refletindo uma parte de mim. Cada eletrônico e eletrodoméstico teve o mesmo fim, um a um atingindo o chão e a parede se quebrando. Visualizando minhas tintas a óleo, peguei alguns tubos os misturei na palheta, usei meu pincel e comecei a pintar aquelas paredes cinzas de cimento, desenhava coisas abstratas e desconexas entre as telas que eu acabara de ajustar na casa, eram a expressão do meu eu, de como me se sentia. Gastei o resto dos turbos derramando as tintas coloridas pelo chão como se irrigasse uma horta.
Hora dos meus sprays, peguei cada em uma mão, cores diferentes e fui pichando as paredes aleatoriamente, fazia curvas e mais curvas, era um balé de cores, até que escrevia algumas coisas emocionado.
— Toda Arte
É uma Revolução
Que começa
Dentro de si.
Era vez do banheiro, arranquei a caixa d'água do vaso, peguei os papéis higiênicos e os fui desenrolando por cada canto da casa, prendendo-se ao que puderam se agarrar, utilizei todos os rolos que eu tinha, era uma estética fantástica! Minha casa como uma teia de aranha... Voltei para os retos dos meus sprays e espirrei nos emaranhados de papel de higiênico, colorindo-os.
"Psssssssssss!"
Para o final, peguei minhas latas de tintas, abri cada uma com uma faca, seu odor era forte e penetrante, mas eram muito necessárias, peguei a lata de tinta verde e atirei sobre mim, era pegajosa, cobriu-me por inteiro, sentindo-me novo, peguei as 4 latas restantes e os lancei sobre as paredes já desenhadas, por toda casa, jogando como se não houvesse amanhã, uma alegria infinta, passava minha mão cheia de tinta sob as paredes, o chão, tudo o que pudesse alcançar, era como uma criança pequena desenhando com o giz na parede de casa. Cansado, cai no chão deslafacido extasiado, estirado na sala onde tinha um chão todo sujo de tinta e espumas do estofado do sofá e pequenos objetos.
— MINHA OBRA-PRIMA!
Gritava com todo meu fôlego do chão, pude contemplar minha obra de arte, minha casa virou minha tela, meu bloco, meu afresco... Era verdadeiramente minha obra-prima, as paredes pintadas em uma grande confusão, objetos quebrados, papel higiênico por toda parte, tudo fora do lugar. Talvez eu creditasse minha obra à base do expressionismo, que prioriza o drama e a emoção, mas era só uma particuridade minha e era linda, minha casa era meu caos, éramos como um, eu também fazia parte da obra.
— MINHA HOMENAGEM A VOCÊ LOURENÇO!
Gritava com toda força, Lourenço existindo ou não, eu não poderia dizer qual o meu estado, era pleno em minha arte, era verdadeiramemte caótico, um estado inexprimível. Eu não pude ir ao velório de Lourenço, nem ao seu enterro, nem queria, não conseguiria chorar por ele, mas Lourenço sempre quisera bagunçar meu mundo, mesmo com minha reprovação, eu podia compreender melhor ele, Maurício e todos. Então fiz as duas coisas que ele mais desejava em mim em um só, minha arte e meu caos. E foi apreciando minha casa em uma bagunça sem sentido, como se um furacão passasse por ali, que descobri que se podia encontrar uma equação em todos os eventos desordenados e imprevisíveis, simplesmente caóticos, haveria de haver uma ordem no próprio caos ou haveria o caos na própria ordem, mas aquele era o caos que me habitava, eu o apenas externei, em minha ordem, ainda por ser confuso e caótico em harmonia com meu eu, que toda imperfeição se tornava perfeita.
"Meeeeow"
"Miaaaau"
Cástor e Pólux logo apareciam do nada perto de mim, miando intensamente com tudo que acontecera. Ainda deitado no chão, eu estava alegre, sorridente e ofegante, porque agora tudo estava completo.
— Oi Cástor
”Miiiaaaaau"
— Oi Pólux
"Meeeeoww"
— Bem-vindos ao lar.
"Miaaaau Meoooow"
Final?
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«Por que tudo teria que ter um um fim? Se apenas vivemos de inícios e recomeços.»