Júlia narrando
Eu sinceramente não sei o que eu fiz pra merecer passar por isso dentro da minha casa. Sempre criei meus filhos baseado nos ensinamentos bíblicos, onde o amor é o que mais importa, onde a família é um projeto de Deus aqui na terra, e ai simplesmente descubro que o meu bebê está sofrendo assim em casa. Tudo bem que ele não é mais nenhuma criancinha, ja tem 16 anos, mas ele sempre foi diferente dos outros meninos, sempre foi mais apegado a mim e eu o sentia mais dependente de mim do que os outros.
Cheguei em frente ao quarto do Gus, entrei, abri a janela e as cortinas, e ele começou a reclamar:
- Mãe ainda faltam 10 minutos pro meu horário de levantar, fecha essa janela!- falou com a mão nos olhos por causa da claridade.
- 10 minutos? Ótimo! o que eu tenho pra falar pra você e para o Max não vai passar disso, te garanto. vou no quarto do seu irmão acordar ele e se eu chegar la na sala e não te encontrar la, você vai se ver comigo garoto.- sai em direção ao quarto da frente.
- Max acorda, quero ter uma conversa séria com você e o Gus agora la na sala. você tem 2 minutos para estar la e nem ouse me desobedecer.- sai de la e fui descendo as escadas, vendo que o Gus ta jogado no sofá e o Gabe sentado no outro. O Max vem descendo logo em seguida e se senta.
Gabriel narrando
- Eu quero saber que palhaçada é essa que está acontecendo aqui nessa casa de vocês dois ficarem tratando o seu irmão de uma forma horrível- Minha mãe começou perguntando enquanto eu via o Max abaixar a cabeça e o Gus me fuzilar com os olhos. Ninguem falou nada.
- Vocês estão achando que eu tô perguntando pras paredes é? anda, me respondam!
-Mãe eu nem trato o moleque tão mal assim, são só umas brincadeirinhas, coisas de irmão, você sabe...- Falou o Gustavo tentando convencer a minha mãe.
- Mãe eu estou tão arrependido do que eu fiz, eu nem consegui dormir essa noite, eu juro que nunca mais vou fazer nada com o meu irmão...- Foi a vez do Maxwell se explicar. Ele parecia triste, mas não me convencia.
- Eu acho muito bom mesmo que você tenha se arrependido Max e quanto a você Gus, se eu ouvir alguma reclamação a seu respeito, você vai se ver comigo, entendeu? Vocês sabiam que o Gabe até pensou em ir morar com a tia de vocês por não aguentar mais passar por isso?- nessa hora o max me olhou com espanto- Eu não vou admitir isso aqui ta entendido? Gus pode subir e se arrumar pra ir pra faculdade.
O Gustavo passou por mim me encarando com a feição carrancuda. Subiu e foi se arrumar.
- E Max -minha mãe voltou a falar- Um mês de castigo. Só vai sair daqui pra ir pra escola e pra igreja, nada alem disso.
- Mas mãe você disse que não ia me castigar...- Ele tentou argumentar.
- Disse, disse mesmo, mas mudei de ideia. Não posso deixar o que você fez com o seu irmão passar em branco. Agora sobe e vai se arrumar pra ir pra escola e não quero ouvir um pio.
- Mãe eu vou ter que ir mesmo assim? Olha como o meu rosto está, alem de roxo, está com esse curativo enorme. Todos vão ficar me olhando...- Falei.
- Meu amor eu sinto muito, mas hoje começa a sua semana de provas... você não pode perder, anda vá se arrumar- Respondeu ela.
Fui fazer minha higiene matinal, e tomar café. Eu sempre tomava café antes de vestir o uniforme, porque eu sou meio desastrado e pode ser que eu o suje. Fui me vestir, enquanto o Max tomava café, quando vejo o Gus entrando no meu quarto.
- Aff moleque que você era fresco eu ja sabia, agora chegar ao ponto de contar pra nossa mãe é o cúmulo. Você não é homem não? Fez eu levantar cedo pra ouvir bronca- falou e veio se aproximando de mim.
- Cara qual é a tua? Eu nunca entendi essa implicancia gratuita contra mim.- falei me afastando um pouco dele.
- Você deve se achar muito né? Sempre tem alguem pra te proteger, nunca enfrentou a vida sozinho... vê se cresce garoto, aprende a ser homem porra- falou dando um tapa na minha cabeça- E ai? vai contar pra nossa mãe sobre isso tambem?- falou com um sorriso sarcástico no rosto e foi saindo.
Eu acho que nunca vou entender o porque desse ódio todo, e nem tinha tempo pra isso. terminei de me arrumar e desci. Meu pai ja tinha saído pra trabalhar e minha mãe ia só depois das 14 hrs, pois iria fazer plantão no hospital. Todos os dias era o Gus que nos levava para a escola que ficava no caminho da faculdade. Ele ganhou um carro por ter passado no vestibular. Dentro do carro eu ia no banco de trás e meus irmãos nos da frente. chegamos na escola e antes da gente descer do carro o Gus fala:
- Quando eu voltar pra buscar vocês, vou trazer um amigo meu pra estudar comigo em casa, pois amanhã temos prova. Então façam o favor de se comportar em casa, e de não agirem como crianças.- Falou mais pra mim do que pro Max.
- Na hora mano, até mais.- Respondeu Max. Eu saí sem dizer nada.
Chegando na porta do colégio, percebo todos os olhares voltados pra mim e com razão. Nossa, como eu odeio ser o centro das atenções. Continuei andando em direção a minha sala e meu irmão me acompanhado. Fato inédito diga-se de passagem, ja que ele sempre corria pros seus amigos quando entrava na escola. Quando estavamos na porta da minha sala ele fala:
- Boa aula mano.- Numa tentativa falha de aproximação, pois eu o encaro sério e entro na sala. Ele vai pra sala dele que fica ao lado da minha.
Todos na sala começam a me olhar com curiosidade, mas nem dou bola e continuo andando para o fundo da sala, onde avisto a cadeira em que sempre sento, vazia, pois meu melhor e único amigo guarda meu lugar todos os dias. Seu nome é João Lucas, tem 16 anos também e é loiro só que em um tom escuro, acho que loiro cinza e olhos castanhos. Ele tem mais ou menos a minha altura e nos identificamos por não gostarmos muito de esportes... preferimos o mundo geek. Ele me olha com espanto e começa o interrogatório:
- Cara o que aconteceu com você? Ta tudo bem?
- O Max me bateu, ta tudo bem sim.- Falei sem paciencia porque não queria relembrar aquilo.
- Mas por que ele fez isso?
- Cara sinceramente, eu não tô com um pingo de paciência pra falar sobre isso, me deixa aqui na minha, beleza? a professora ja ta entrando com a prova, boa sorte- virei pra frente e esperei a prova vir.
A prova até que estava fácil, terminei e fui lá pra fora esperar o horário de prova acabar, enquato os outros alunos terminavam suas provas. Sentei em um dos bancos ali pelo pátio e comecei a mexer no celular quando escuto pessoas se aproximando e vejo que são uns garotos da sala do meu irmão que sempre me importunavam. Na maioria das vezes meu irmão via tudo mas não se metia, as vezes parecia achar graça naquilo.
- E ai mudinho.- me chamavam assim porque eu geralmente ouvia suas provocações calado- fiquei sabendo do que o Max fez com você... como é saber que até seus parentes te odeiam?- Ele riu, assim como todos a sua volta. Eu ja estava de saco cheio daquilo e de certa forma, a minha briga com o max me deu coragem pra enfrentá-los. me levantei do banco e o encarei. Nem sabia o nome daquele menino.
- O QUE É CARA, O QUE VOCÊ TEM A VER COM ISSO? VAI CUIDAR DA TUA VIDA MERMÃO, ME DEIXA EM PAZ!- Comecei a gritar sem me importar com quem estava por ali. Eu ja tinha chegado no estopim daquele assunto. Parecia que toda hora alguem fazia questão de reforçar o quanto meus irmãos me odeiam. Eles começaram a rir.
- Parece que o mudinho fala, olha aí galera hahaha- e de repente esse mesmo garoto me empurra para um outro garoto, que me empurra para outro e assim ficam me jogando de um para outro como se eu fosse uma bola. Eu não conseguia fazer nada para me defender pois eles me jogavam com muita rapidez de um para o outro. Sinto alguem colocar o pé pra eu tropeçar, o que acontece logo em seguida, fazendo eu arranhar todo o meu braço. Que ótimo, ja não basta o rosto, agora o braço também. Olho pra cima e vejo o garoto que começou com as provocações se preparando para chutar o meu estômago. Fecho os olhos esperando pela pancada, porém não sinto nada. Abro os olhos e vejo o meu irmão dando um soco no garoto:
- O QUE VOCÊS PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO COM O MEU IRMÃO SEUS FILHOS DA PUTA!- Seus olhos estavam vermelhos, seus punhos fechados com muita força, seus músculos inchados e ele bufava. Sua face era puro ódio. Aquilo não ia acabar bem, só não sei se pra ele ou pros garotos que estavam mexendo comigo.
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Pessoal, gostaria de agradecer a todos pelos comentários e pelos votos. Isso se me incentiva a continuar a escrever. Abraço.