Mesmo estando assustado por estar diante de alguém que tem uma arma, sabe-se lá Deus por quê, eu estava gostando. Nunca tinha tido um contato desses com ninguém... Renato não conta!
_ David, cadê você? _ Renato continua gritando.
Juro que se eu pudesse matava ele ali mesmo. Sinto os músculos de Raphael se enrijecerem e ele soltar um grunhido de insatisfação.
_ Vamos, antes que eu decida dá utilidade a minha arma! _ Raphael diz no meu ouvido.
Me assusto um pouco, mas não posso censura-lo, tive o mesmo pensamento segundos antes. Logo nos dirigimos a parte claro da faculdade e damos de cara com Renato, que me examina de cima a baixo.
_ Onde vocês estavam? _ Ele pergunta olhando pra mim.
_ Não te interessa. _ Raphael responde.
Íamos passando direto, mas Renato segura Raphael pelo ombro esquerdo e diz:
_ Eu sei o que você fez, então não que vou deixar você fazer o que quiser com o que é meu!
Raphael fecha o punho, solta uma risada irônica e diz:
_ Pelo menos eu não preciso estuprar ninguém e quanto a ele, nunca foi seu, pois eu vi primeiro.
Do que raios eles estavam falando?
Decido não dá mais atenção a essa cena patética e infantil e vou para minha classe. O sino bate e os alunos começam a entrar na sala. Entre eles Raphael e Renato. Raphael chega perto de uma garota que está sentada ao meu lado, sussurra algo em seu ouvido, ela sorri e ele lança uma piscadela junto com um sorriso safado para ela.
Fico boiando totalmente, até que vejo que ela pega os materiais dela e sai da carteira, ele vai até a dele, pega a mochila e senta no lugar dela.
_ É muito bom ser bonito e sexy! _ Ele diz sorrindo para mim.
Sem querer eu sorrio de volta. Acho que estou maluco porque estou com a sensação de que se eu tiver qualquer coisa com esse garoto minha vida irá virar de cabeça para baixo. Mas parece que dentro do meu cérebro tem um botão ‘dane-se’ e eu sem querer apertei ele.
Virei para frente e tentei olhar para aquele ruivo sedutor o menos possível, mas sempre que eu não conseguia resistir à tentação ele estava me olhando e sempre com um sorriso no rosto. Enfim, 10 horas depois o sinal bate e sala inteira se comove como se estivessem libertando de anos de escravidão e só cinco pessoas ficam na sala: eu, Raphael, Renato, Carlos e Adriano.
Eu, claro, só percebi isso depois de ter arrumado minha mochila tranquilamente. Quando percebi parecia que aquilo ia pegar fogo. Sério, o clima estava muito quente e a tensão era palpável.
_ Eu vou contar pra coordenação. _ Renato diz.
_ Contar o que, cabeça de bacalhau? _ Pergunta Raphael. Com aquele sorriso lindo e desafiador que ele tem.
_ Que eu vi vocês dois no maior amasso atrás da faculdade!
Ah não. Me arrepiei na hora, será que seriamos expulsos por isso? Mas ao contrário de mim, Raphael começou a gargalhar e fala:
_ E você acha que estamos aonde? No fundamental? Francamente...
_ Olha aqui, cara. Eu mando aqui e se você não quiser problemas com a... Polícia, sugiro que saia da faculdade, ou melhor ainda, saia da cidade. _ Renato fala com cara de poucos amigos.
Raphael fica sério por um instante, mas depois ele volta ao seu ar zombeteiro.
_ Sério, mano. Cê me dá muita pena! Tá com tanta dor de cotovelo, por eu ter conseguido em duas noites o que você não conseguiu em três anos. E se você quiser falar sobre polícia, conversa com meu pai que é policial. Agora, se nos dão licença...
Ele passa os braços em volta dos meus ombros e meio que me impulsiona a sair da sala. Mas uma voz nos faz parar antes que saiamos da sala de aula.
_ Duas noites?! _ A voz era de Adriano. _ Neném? Você sabe que não o conhece só desde ontem, né?
Raphael respira fundo.
_ Como assim? _ Eu pergunto sem paciência.
_Nossa você não se lembra de nadinha mesmo? _ Adriano pergunta com uma cara de angústia.
_ Me lembrar do quê? _ Eu pergunto cada vez mais desesperado, pois sinto que estão me escondendo algo.
Mas Raphael agora me puxa pra valer, e logo estamos no estacionamento da Faculdade. A cara do Raphael não é das melhores.
_ Por favor me diz o que está acontecendo.
_ Entra no carro. _ Raphael fala com uma voz brava.
Não vou entrar em lugar nenhum enquanto não souber o que está acontecendo.
_ Acho melhor não, vou para casa de pé.
Viro de costa, mas Raphael rodeia o carro, abre a porta e me coloca dentro do carro.
_ Coloca o cinto! _ Ele diz ao entrar no carro.
_ Eu vou embora sozinho.
E então Raphael perde o controle e grita:
_ Só me obedeça e coloca a porra desse cinto!
Depois disso ele dá um murro no volante e o carro buzina. Confesso que me assustei e sem resistir coloco o cinto.
Raphael dá a partida e sai andando pela cidade... Na direção completamente oposta da minha casa.
_ Minha casa não é pra aí! _ Digo com a voz baixa.
_ Eu sei onde você mora, fica tranquilo. _ Ele diz com a voz mais calma.
_ Como você sabe aonde eu moro?
_ Como você não sabe quem eu sou? _ Ele pergunta com a sobrancelha esquerda arqueada.
_ Não entendi.
Ele ri como se tentasse se controlar.
_ Eu sei do seu trauma tá bom! Mas aposto que se eu perguntasse quem era Matheus, você saberia me responder.
Estou cada vez mais assustado. Como ele sabia sobre Matheus.
_ Você sempre gostou mais dele que de mim. _ Ele diz com uma carinha tristonha.
Eu penso um pouco e desde o momento em que vi ele o achei familiar. Talvez eu o conhecesse mesmo. E enquanto eu penso ele para o carro, agora estávamos fora da cidade. Uma praia pouco movimentada nessa época do ano. Juro que estou pra ter um ataque de pânico.
_ Por que me trouxe aqui?
Ele passa o dedo na minha bochecha e liga a luz do carro.
_ Calma, não quero te machucar.
Ele joga suavemente seu corpo sobre mim, com o intuito de me beijar, porém eu me afasto.
_ Quem é você? _ Eu pergunto.
Ele sorri e diz:
_ Isso você vai ter que se lembrar. Eu sei que você consegue.
Ele tenta me beijar de novo, mas outra vez eu me afasto e ele pergunta:
_ O que foi agora?
_ Sua arma, quando lembro que você tem uma arma eu fico nervoso.
Ele tira a arma da cintura e manipulando-a.
_ Meu pai me deu para minha segurança, mas se você quiser eu coloco ela no porta luvas.
Eu faço que sim com a cabeça e ele realmente faz o que disse.
_ Então você não é um serial killer? Promete?
Ele abre um sorriso de canto e diz:
_ Prometo que não vou matar você.
Então ele tenta me beijar pela terceira vez e, bem, eu não resisto.
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Não se preocupem pessoal prometo que não pararei de postar o conto. E aí o que estão achando?