"Os viajantes sempre estão fugindo de alguma coisa, e na maioria das vezes é de si mesmo."
Com a batida na porta, pularei rapidamente da cama e gritei:
- Please wait
Coloquei um roupão e me olhei no espelho, eu não estava nada apresentável.
Abri a porta e dei de cara com o meu passado
XxxX: Quem é vivo sempre aparece
- O que você quer aqui? Por que você voltou Eduardo?
Eduardo: Eu voltei? Você voltou, você sempre volta, continua linda e sempre se fazendo de desentendida.
Ele me empurrou para dentro do quarto e fechou a porta.
Eduardo: Continua lindíssima.
Eu estava tremendo, apenas sorri.
Eduardo: Por quais motivos você sempre volta para essa cidade? Esse hostel?
- Eu gosto desse lugar, você sempre soube disso. Como você descobriu que eu estaria aqui?
Eduardo: Eu sempre sei de tudo, tudinho, esqueceu?
- Eu não voltei por você, nem por nós dois.
Eduardo: Eu sei que não, e também não sofro por isso.
- Você quer beber algo?
Eduardo: Não. Por que você voltou? -ele gritou
Ele segurou no meu queixo e me olhou nos olhos. Não tive reação, ele me empurrou, cai sentada na cama, meus olhos se encheram de lagrimas, fiquei olhando ele sair.
Olhei para o espelho novamente e novamente e novamente. Onde estava o meu erro? Pensei nisso varias vezes. Resolvi que a melhor escolha era tomar um banho e dormir.
Tranquei a porta.
Entrei no banho, quando os primeiros pingos começaram a cair sobre meu corpo, me transportei para os braços de Eduardo.
Eu o amava, amava a maneira como éramos companheiros, amava nossas viagens, amava a minha liberdade ao seu lado, tudo acabou pela falta de coragem de ambas as partes.
Lembrei da nossa última briga, ele me disse varias coisas entre elas uma que me marcou muito “Você não ama ninguém, só amava o fato de não se sentir só”, não era verdade, ele sempre soube do meu amor e também soube das minhas incertas sobre relacionamentos.
O sexo com Eduardo nunca teve limites.
Seus olhos continuam me amando.
Os pensamentos somem, tomo banho, me seco e me deito na cama.
03 de Fevereiro de 2013.
Abro os olhos com calma, estou nua, meu corpo todo dói, olho para o celular e são 09h30min, o trem para Rye parte em duas horas. Levanto-me, olho no espelho e sorrio, estou com uma paz inexplicável.
Colo uma roupa quente, é inverno e faz 8º C, eu amo o inverno. Minha mochila esta organizada, fico olhando a porta, não tenho coragem de abrir, lembro de Eduardo e de tudo o que vivemos. Sinto que estou no caminho certo. Giro a maçaneta da porta, meu celular apita.
Coloco a mão no bolso e abro a notificação… É do Facebook, um pedido de amizade, um desconhecido. Colo o celular no bolso e deixo para olhar no trem.
Abro a porta, está frio e eu sinto fome, quero tomar um café no caminho de Rye.
Vou descendo as escadas do Hostel e minha mente se enche de lembranças. Fomos um casal feliz durante seis meses que passamos em Londres, aquele Hostel cheirava a saudade.
Vou até a recepção, eles trocam à recepcionista.
- Hi, I need to close my account, please.
xxXXx: Ok, what’s your name?
- Catherine.
xxXXx: Beautiful name
- Tranks
xxXXxx: everything is okay.
-Bye
xxXXxx: Bye Bye
Daqui a quarenta minutos o trem parte, pego um táxi.
No caminho lembro-me do real motivo que me trouxe a Londres. Eu queria definitivamente esquecer. Queria esquecer de tudo o que fui um dia. Todas as dores.
Chego à estação e vou comprar minha passagem, compro um café e fico observando uma mãe com seus filhos, eu nunca quis ser mãe, ter um filho é ter um filho é um laço eterno, é demais para mim. Faltam dez minutos e eu ainda não comprei a passagem, vou até a bilheteria, compro a passagem com o destino a Rye.
Sinto que alguma coisa nessa viagem vai mudar minha vida por completo. Eu sinto.
Entro no trem, coloco meu café sobre uma bancada, fico observando os outros passageiros, é interessante imaginar do que estão fugindo ou buscando.
A viagem de Londres á Rye é de aproximadamente de uma hora e meia.
Pego meu celular e volto a olhar a notificação, eu não gosto de tecnologia, já fui viciada em jogos de PC, hoje não faço questão de atualizar com frequência minhas redes sociais. Isso incomoda meus amigos. Olho o pedido de amizade, é de um rapaz, ele se chama Charles, aceito. Mando o inbox com o caps lock ligado:
—- QUEM É VOCÊ?!
Coloco meu celular no bolso do casaco novamente e fico observando a paisagem, tudo fica tão lindo no inverno.
Fecho os olhos e lembro de Eduardo, do seu beijo, de como ele me fez ver o mundo.
Ele deve ter se envolvido com outras garotas, seus olhos negros sempre foram muito chamativos, o sexo é fantástico.
(Olá, leitores... Eu sei que vocês são maravilhosos e bons críticos, sejam sinceros... Meu e-mail para contato é omeunovoolhar@outlook.com)