Espero que gostem. Obrigado pelos comentários e por acompanhar ... ;)
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Acordei e olhei meu homem dormindo como um anjo. Estávamos na terra das Cataratas, Foz do Iguaçu. Fica no estado do Paraná. Uma cidade não muito grande, mas também não muito pequena. Esse era nosso mais novo destino turístico dentre muitas viajens que fizemos em cinco anos de casados. Meu príncipe agora, mais grisalho e muito mais viril do que quando eu o conhecera. Abri a janela e me deparei com o mais lindo paredão de rochas sendo acarinhado por um fluxo de água abundante. Acordei o macho. Ele me olhou ainda querendo dormir e eu já vestia uma roupa de caminhada. Seis horas da manhã, e ainda mal se via a densa mata em volta do Hotel das Cataratas, que ficava dentro do próprio parque.
— não acredito que já está vestido pra caminhar?
— lógico. Achou que ia te fazer me trazer pra um lugar desses pra ficar deitado numa cama de hotel igual velho. — me olhou com um só olho aberto.
— eu te amo demais pra responder esse comentário. Se importa em ir sozinho, só hoje?
— Edu, meu amor, vou só hoje. Ah, to tarado de fome, mas quero comer só quando chegar. Pede um café bem gostoso pra gente?
— peço. Vá logo, senão vou acabar te comendo. Ta muito tesudo nesse short de corrida.
E quando ele fala pra eu ir, vou mesmo ou acabo sendo abatido. Deixei ele descansando e desci escadas abaixo já pra um aquecimento. Ainda escuro, só se ouvia os bichos e toda aquela água caindo. Ela incrível, era lindo demais. Corria na contra mão e dava de encontro com os funcionários do parque ainda chegando para mais um dia de trabalho naquele lugar maravilhoso. Eu viveria lá se pudesse. Fiz todo o percurso do parque até chegar na portaria, me alonguei e voltei pro hotel respirando ar puro que aquele lugar exuberante me presenteava.
Cheguei na suite e o Edu não estava na cama. Ouvi um barulho vindo do banheiro e a camareira acabara de chegar com o café da manhã. Agradeci e se retirou. Fui até o banheiro e me deparei com aquele corpo cinquentão sendo banhado com perfeição. Ele tava de costas. Tirei em silêncio minha roupa e abri o boxe devagar. Ele se virou e sorriu pra mim. Lindo demais pra eu não querer me aconchegar naqueles braços que me pegaram com tanta ternura e amor.
— fiquei com saudade. — ele disse e me beijou.
— só fui até ali e voltei, meu amor. Ainda quero sair por ai contigo e conhecer melhor tudo isso.
— você não se cansa de tanto viajar?
— mas eu viajo deitado hahaha. Como vou me cansar?
— daqui mais uns cinco anos não vou conseguir dar conta de você.
— e como vou fazer sem a disposição do meu macho alfa?
— contrato um substituto. Quando eu tiver de pau molenga, ele te fará feliz.
Fiquei encarando aquela face molhada e ele viu que tinha falado bobagem.
— falei besteira? — ele me segurou pela cintura.
— falou! Quando casei contigo, não casei enganado. Sabia dos seus vinte anos a mais. Então, não me venha com esse blá blá blá... não queira me testar. Acha que vou dizer o quê? — Ah sim amor, você contrata um GP pra me fuder enquanto você olha.
— desculpa. Eu não fico testando se você é interessado em outros homens, só brinquei.
— eu não gosto quando brinca desse jeito. A impressão que tenho, é que eu vou ficar contigo até quando você ainda me servir. Você não me conheceu em qualquer lugar Edu, você ao menos deveria dar valor ao valor que eu te dou. Viajamos por lugares incríveis, Las Vegas foi um deles, não chama de cidade do pecado? Poderíamos ter feito muitas coisas lá, mas meu único pecado aos olhos de muitos ignorantes foi amar você. Outra coisa, também não gosto quando você não se dá valor e pensa que não te valoriso pela tua idade. Chato isso.
— ele colocou a cabeça no meu ombro e ficou quieto.
— me desculpe, de verdade. Eu não sabia que ficava tão chateado.
— eu fico, porque as vezes a impressão que dá é que você quer se poupar, me poupando em ter que viver contigo na velhice. Caramba homem. Quando que reclamei de alguma coisa contigo? Nunca deixou me a desejar, pelo contrário. Eu sinto muito tesão em você, muito mesmo. Eu sempre te dei o meu melhor só pra te fazer feliz. Gosto quando realizo uma fantasia tua, gosto de te acordar de madrugada e fazer amor contigo. Agora, se você acha que eu vou ser mais feliz longe de você, a gente vai ter que ter uma conversa muito séria. Eu não quero ficar vivendo com um homem que não da valor no valor que dou a ele e que não se dá valor.
Me soltei do abraço dele devagar e deixei ele sozinho no banho. Não sei porque aquele medo todo de envelhecer ao meu lado. Sempre dizendo de forma sutil que eu ia acabar me apaixonando por alguém da minha idade. Merda! Ele tinha que parar de ficar colocando coisas que eu nunca pensei na cabeça.
Ele saiu do banho e veio daquele jeitão que eu sempre amei. Adorava ver ele vindo secando os cabelos molhados e se sentando com as pernas abertas na cama.
Assim ele estava. Vi uma tristeza em seus olhos. Nunca, em cinco anos de casados, tinha visto aqueles olhos de mar tão tristes. Ele secava o cabelo olhando o chão e com vergonha de olhar pra mim. Fui até ele e me ajoelhei na sua frente. Eu tava preocupado com seus sentimentos em relação a mim.
— você não me ama mais? Não me ama e não sabe como dizer? É isso? — perguntei e ele me puxou com lágrimas nos olhos. Me abraçou tão apertado que sentia seu coração acelerado. Meu homem sofria. Caramba, ele não me queria mais?
— você é tão jovem, bonito e tem uma vida inteira pela frente. Eu tenho medo de atrapalhar sua vida.
— meu amor, você me dá vida. Lembra quando disse que eu te dava a minha juventude?
— lembro sim.
— pois bem, você me dá sua experiência. Eu aprendo muita coisa contigo. Gosto de quando me fala de coisas que ainda não passei, mas eu absorvo cada detalhe pra poder conversar contigo de igual pra igual e não ser um barbaca sem assunto. É uma troca Edu.
— eu amo tanto você que nem imagina.
— então não fale mais essas besteiras, por favor. Quem anda colocando minhocas na sua cabeça?
— não é relevante. — sabia, alguém estava fazendo a cabeça dele.
— fala ou pego minhas coisas e vou embora. — ele viu que eu falava sério.
— caramba Lauro. — me levantei.
— fala Edu!
— fica calmo. No meu aniversário de cinquenta anos escutei o seguinte: " Garotão desse jeito, deve dar cada perdido no Carlos. Imagine quando ele fizer sessenta? Bem capaz de levar um macho pra dentro da casa deles e fingir que é o jardineiro. Velho e viado, deve levar cada chifre...
— aí você começa a me falar um monte de merda só pra ver o que eu penso? Divide a mesma cama comigo há cinco anos e não me conhece mesmo.
— me perdoa. Eu escutei aquilo e me senti tão mal. Eu sei que você nunca me traiu, não tenho duvidas disso, mas eu sempre serei vinte anos mais velho que você.
— pelo menos reconhece que eu não sou mal caráter contigo, assim como eu sei que você nunca foi comigo.
— nunca amor, nunca te trai. Na verdade, isso nunca me passou pela cabeça.
— olha, você conseguiu estragar minhas férias com essa bobagem. Eu sempre te amei, caralho. Nunca quis nada além do que você sempre me deu. Não estou contigo por interesse. Estou contigo porque te amo e a prova disso foi ter me entregado a você. Por causa de um comentário idiota, você esqueceu de tudo que a gente viveu. Eu não quero mais falar disso.
Vesti um short e fui até a sacada do hotel. Não consegui segurar e comecei a chorar. Não era justo ele achar que não servia mais pra mim e ficar me testando pra ver se eu sentia algum tipo de interesse por outro homem. Senti suas mãos em meus ombros, me massageava e eu adorava tanto quando ele fazia. Na verdade, ele era quem mais gostava dos meus ombros largos pela natação. Eu, mesmo com o coração magoado, não podia deixar ele se martirizar por um comentário infeliz de algum invejoso. Me levantei, fiquei em pé e me virei pra ele.
— pelo amor de Deus, me perdoa. Ele disse. — me beijou com aquela paixão que eu sempre tive tanto orgulho em ser merecedor.
— eu não quero saber quem disse aquela besteira. Só que eu nunca mais quero te ouvir falar em outro homem na nossa vida. Eu não preciso de outro homem porque tenho você, bem aqui, e ele da no couro muito bem. — ele sorriu.
— dou?
— da sim.
— tivemos nossa primeira briga depois de cinco anos.
— por uma bobagem. Coloca uma coisa na sua cabeça: Eu te amo e sempre vou te amar, mesmo com esse cacete molenga. Qualquer coisa eu compro umas balinhas azuis pra você.
— hahahaha, meu amor. Você me diverte, mesmo falando sério. Prometo não pensar mais besteiras e nem pensar por você. Ainda me ama?
— to muito puto, mas amo. Amo muito, seu coroa tarado, vem aqui. — beijei meu homem com toda aquela natureza como testemunha.
Chamei ele pra tomar nosso café, sorte dele ainda estar quente. Peguei uvas frescas e dava em sua boca. Sempre adorei cuidar dele, do mesmo jeito que ele cuidava de mim. Ele apertava minhas coxas e meu cacete acordou. Ele olhou pra baixo e começou a rir.
— depois o tarado sou eu né?
— pra te provar o quanto você me basta. Não preciso de mais ninguém pra me sentir o homem feliz que sou. Edu, você me conquistou de vários modos. Passamos por muitas coisas juntos e sei que não pude te ajudar em muitas delas, mas sempre estive contigo. Não tente nunca mais me afastar de você.
— fique tranquilo. Nunca mais vou tocar nesse assunto. Eu fui um babaca. Te amo meu rapaz tesudo.
— eu te amo, meu coroa tarado!
Pedi que se vestisse confortável, ele vestiu uma roupa de caminhada. Levei ele pra um passeio que queria muito fazer; o tal Macuco Safari. Ele me olhou e disse que não iria entrar em um barco inflável de jeito nenhum.
— ah sim, fizemos um Cruzeiro de uma semana em alto mar e você não tinha nenhum medinho.
— sim amor, mas era um gigante.
— Titanic também era e afundou.
— hahaha, não sei porque te deixo me levar nessas paradas.
— porque você me ama até o infinito e além.
Ele ria. Adorava aquele sorriso aberto de orelha a orelha. Me jogaria em seus braços a cada sorriso seu e me perderia completamente por horas naquele abraço.
Chegamos no tal Macuco, ficava a poucos metros do hotel. Primeiro fizemos uma caminhada pela mata adentro acompanhados por vários turistas e um guia que traduzia em várias línguas tudo que falava. Mais na frente tinha um passeio de bicicleta. Pegamos as bikes e pedalamos mais um tanto até chegarmos em uma cachoeira de água cristalina. Olhava meu homem com orgulho — um coroa enxuto, cabelos grisalhos, pele levemente bronzeada e uma virilidade que me deixava estirado na cama por horas de tão cansado.
Deixamos as bicicletas e era a hora.
— caramba, vai me fazer entrar nesse bote?
— vou. Vamos!
— olha, eu só vou porque quando quero ir à ópera, você sempre me acompanha mesmo não gostando.
— pra você ver como te amo. Visto meu melhor smoking e vou junto contigo.
— adoro você de smoking, fica um tesão com essa bunda carnuda.
— Edu, não me enrola. Vai logo.
— hahaha, tudo bem.
Descemos até onde o barco estava atracado e ele sumiu no pequeno (não tão pequeno) bote inflável. Quando todos estavam dentro o rapaz deu a partida no motor e subimos rio acima em direção às quedas d'água. Ele segurou minha mão por um tempo e seus olhos de mar me pediam perdão. Ele nem precisou dizer uma palavra. Como fazia muito barulho, tinha que dizer em seu ouvido.
— nunca imaginei que um homem como você, poderia ficar tão inseguro.
— quando um homem como eu, se casa com um homem como você, não tem como não ficar inseguro. Eu não quis te ofender e se o fiz, peço que me perdoe.
— eu te perdoou, a gente ouve muitas histórias, eu também sei de muitas, mas nem por isso fico colocando coisas na cabeça.
Ele soltou minha mão e se segurou firme, o barco fez uma curva e entrou embaixo de uma cascata. Nos molhamos e vi em seus olhos a vontade de me beijar. Queria também tocar aqueles lábios que há cinco anos me acariciavam o corpo de uma forma deliciosa.
O passeio foi uma delícia, voltamos pro hotel encharcados. Disse que no dia seguinte bem cedo faríamos um vôo panorâmico pelas Cataratas de helicóptero.
— quem disse que eu vou? — ele disse rindo.
— eu disse. Vai comigo sim, lembra que me fez visitar todos os museus da França? Eu fui e nem reclamei. Confesso que aprendi muitas coisas.
— meu Deus, tudo bem. Faço tudo contigo, mas vou querer uma coisa em troca.
— hum, o que?
— quero um beijo.
Ainda estávamos no corredor do hotel quando me pediu um beijo. Segurei sua mão e a outra levei até seu rosto. Beijei meu homem ali mesmo e não me importava se alguém visse. Me pegou pela mão e me levando até quarto, foi me despindo já na porta. Me beijava feroz e me jogou na cama. Meu Edu estava de volta e do jeito que eu adorava, impetuoso e com um olhar devorador.
Transamos como se não houvesse amanhã. Queria um pouco mais daquilo, mas ele me tirou todas as forças e pregas.
— to morto! — ele disse rindo.
— eu também. Nossa, meu reto ta assado.
— te machuquei amor?
— nãaaao.. é que sem camisinha, o contado é mais selvagem.
— hahaha. Eu quero te levar na Argentina. Vamos beber os melhores vinhos e aproveitar esse resto de férias.
— com você eu vou a qualquer lugar, desde que não deixe de me amar.
— se isso acontecer, eu morrerei. Porque amar você é o que me mantém vivo.
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