LOUCO AMOR – metido a machão pegador 26
Outra nota de esclarecimento: Eu sei que já está ficando chato isso, até por ser fruto da minha incompetência. Pois bem, no capítulo especial, no começo do mesmo, notei após alguns comentários, que a data estava muito antiga, complementando assim algumas coisas que foi apresentado ao longo do texto. Iria corrigir no próprio capítulo, em forma de revisão, mas isso iria confundir a cabeça dos próximos leitores que iriam ler, então deixei pra corrigir aqui, o começo ficaria assim, apenas com datas alteradas, nada mais:
Narrado por Fagner:
Nasci no dia 4 de março de 1991, uma criança saudável, a mais saudável do bairro, dizia minha mãe, dificilmente pegava um simples resfriado.
Mas no ano de 2003, aos meus 12 anos, isso muda e muda drasticamente...
Assim, no momento dessa história, eles estarão no ano de 2007. Desculpa por isso e peço a compreensão de todos. Obrigadão.
Boa Leitura queridos!!!
Anteriormente:
– Porque ligou pra mim?
– Sabe, eu até cheguei a acreditar que Caio havia mudado, mas vejo que ele continua o mesmo safado de sempre.
– Do que você está falando?
– Ele está fazendo a mesma coisa que fez quando estava comigo, a diferença era que eu sabia, o amava, mas não tinha amor próprio.
Minha cabeça começou a funcionar a toda naquele momento, ela havia dito praticamente tudo com aquela frase. Recostei-me em um dos pilares externos do supermercado negando aquela informação com toda veemência possível.
– Você não vai me colocar contra ele.
– Sabe aquela vez que ele foi lá em casa porque eu, uma donzela em apuros o havia chamado? Ele não apenas conversou comigo como eu acho que ele falou pra você, ele fez muiiiito mais, um pacote completo, me beijou e fizemos altas loucuras naquela minha cama, aaah como a vingança é boa. Boa não, ótima.
Continuação:
– Isso é mentira, ele não faria isso comigo – disse, com toda certeza que pude reunir em minha voz naquele momento.
– Lucas, Lucas, eu pensei que você fosse um pouco mais inteligente. Se não acredita em mim, pergunta a ele – disse fazendo com que metade de minha certeza e confiança em Caio se esvaísse.
– Porque você está fazendo isso? – perguntei, mas já era tarde demais, ela já havia desligado.
Guardei o celular no bolso e inspirei fundo deixando os pensamentos invadirem e me torturarem. Mesmo sem saber se aquilo era realmente verdade, meu coração já doía e meus olhos queimavam.
Porque ele faria isso comigo? Quem ama não traia!
Será que ele ainda gosta dela?
Porque ele me escondeu isso?
A história se repetia? Comigo?
Eram tantas perguntas sem respostas. Eu sabia onde e com quem conseguir, mas a verdade era que eu não tinha coragem, eu não sabia quanta dor eu iria sentir, quanto dor mais eu era capaz de suportar.
Ainda ali, encostado no pilar exterior do supermercado, eu já sofria, a dor era lancinante mesmo antes de saber se era verdade ou não o que Teresa havia me falado.
– Tudo bem amigo?
Olhei para o lado em busca do dono daquela voz, pelo uniforme deduzi que era um funcionário do supermercado.
– Tudo sim! Obrigado – disse me desencostando do pilar para logo em seguida limpar uma lagrima que insistiu em cair.
– Se quiser um copo com água...
– Não precisa, já estou indo.
Virei às costas pra ele e fui embora, mesmo não estando preparado, eu precisava saber da verdade. Um misto de sentimentos que se formava em meu peito, era tão forte, que eu não conseguia andar em linha reta por muito tempo, pra piorar, minha vista estava turva por causa das lágrimas que há tempo desistira de segurar. Esbarrei em várias pessoas no trajeto, algumas reclamavam com um “não olha por onde anda?” e outras simplesmente me olhavam com pena e seguiam caminho, foi assim que cheguei em frente ao prédio, totalmente acabado e desesperado. Não entrei de primeira, algo dentro de mim não deixava, tentei uma segunda vez e uma terceira, na qual fui mais longe, até em frente ao elevador, mas acabei voltando ao lado de fora, me sentei nos degraus e comecei a respirar fundo, eu precisava me acalmar, eu não era mais nem uma criança pra está chorando por apenas suposições, mas era quase impossível não se fazer.
Era até engraçado a situação, eu a traí e agora ela me traia, uma parte de mim gritava: “BEM FEITO IDIOTA” e a outra: “VOCÊ MERECEU”.
Haviam se passado mais ou menos dez minutos que eu estava ali sentado, estava bem mais calmo de que quando eu cheguei ali, apesar de meus batimentos ainda continuarem rápidos e descompassados e de meus olhos ainda escaparem algumas lágrimas. Era agora ou nunca, levantei-me e dessa vez lutei contra a vontade de não subir.
Abri a porta devagar sentindo meu coração acelerar ainda mais. Ele estava de costas pra mim arrumando alguns DVDs e CDs que estavam espalhados em cima do sofá.
– O que trouxe de bom amor? – ele perguntou sem olhar pra mim.
– Teresa me ligou – disse sentindo minha voz falhar.
Ele se virou pra mim no mesmo estante.
– O que ela te disse? – disse se aproximando. Seu rosto estava contraído e nos seus olhos dava pra se ver o medo tomando forma.
Fechei meus olhos com força e perguntei:
– É verdade?
– Lucas... – disse segurando os meus braços, mas me soltei e me afastei um pouco mais pra trás.
– Apenas me diga se é ou não.
– O que ela te disse? – perguntou se reaproximando de mim, me esquivei para o lado.
– Você transou com ela?
– O que?... Claro que não! – falou mostrando uma feição indignada.
– Não mente pra mim Caio – digo sentindo a primeira lágrima cair de meus olhos na frente dele.
– Eu apenas a beijei... Na verdade, ela me beijou e... Eu retribuí, mas só foi isso, eu juro!
– Apenas isso Caio? Apenas?
– Foi um beijo sem importância alguma.
– E porque a beijou DROGA? – falei sentindo a enxurrada de lágrimas caírem de meus olhos e uma dor que me desestabilizaria me invadir.
– Eu não sei, quando percebi, eu já estava retribuindo, Lucas, você tem que acreditar em mim, para de chorar veio – disse tentando novamente chegar perto de mim. Novamente me afastei.
– Você ainda gosta dela não é? – disse forçando minha voz, pois aquela foi pelo incrível que pareça a coisa mais difícil até então que eu o perguntei – Por isso todo esse desespero com o desaparecimento dela? Você nunca mostrou se importar muito com aquela criança, é dela que você gosta! Como eu pude ser burro?
– Não fale o que você não sabe – disse levantando o dedo – eu amo aquela criança e também te amo, merda.
– Você não sabe o que é amar! Olha pra você, dizia amar Tereza, mas mesmo assim a traia, diz me amar, mas me traiu, e o pior disso tudo é que eu tiver que sofrer a humilhação de saber apenas por ela.
– Eu iria te contar!
– Quando?
– No mesmo dia em que aconteceu, mas aí você entrou desesperado por aquela porta, eu não queria aumentar ainda mais o teu sofrimento, depois aconteceu esse desaparecimento dessa irresponsável, minha cabeça ficou a mil. Eu iria contar.
– Como eu vou saber se é verdade Caio? – falei com a voz um pouco mais suave. Ele notou e aproveitou pra se aproximar de mim. Dessa vez não fugi.
– Você tem que acreditar em mim – disse limpando uma lágrima que descia de meus olhos – não chora. Sério.
– Você passou a vida toda mentindo e traindo, ninguém nunca fora suficiente pra você.
– Você é suficiente pra mim – disse convicto de si.
– Se eu fosse suficiente, você não a teria beijado. Isso de ficamos junto foi um erro, você é hétero e eu forcei a barra.
– Olha a baboseira que estas falando Lucas – ele segurou nas laterais de meu rosto e fez com que o olhasse – eu te amo cara.
Aquilo soou tão sem importância. Tão sem veracidade. Seria coisa da minha cabeça? Confusão fruto de meu nervosismo e medo?
– Porque a beijou? – retornei a perguntar.
– Eu já disse que eu não sei, por pena talvez, a situação dela estava deplorável, você não a viu do jeito que eu a vi. Eu não pude ignorar o tempo em que eu gostei dela.
– Você está confuso.
– Eu não estou, para com isso, eu sei o que eu quero, eu não lutei contra mim mesmo quando soube que amava outro cara para agora me senti confuso.
– Eu não estou conseguindo acreditar no que você me diz, você traiu Teresa porque não a amava, e esse é o pensamento que se repete na minha cabeça agora, varias e varias vezes, me destrói por dentro. Eu te amo pra caralho, a cada dia me sinto ainda mais dependente de ti – as lágrimas voltavam a cair – Eu não sei se suportaria se que aconteceu com ela acontecesse comigo.
– Não vai. Acredita em mim, eu estou ficando louco aqui cara, eu não sei mais o que falar.
– É melhor a gente dar um tempo.
Essa frase veio quase que instantaneamente. Na verdade, eu havia pensado em fazer isso enquanto subia o elevador, mas não achava que conseguiria coragem para tanto, porém acabei falando por impulso, tão rápido que não deu tempo pra minha cabeça processar o que eu iria falar, não deu tempo para as incertezas. No final eu estava certo, eu não estava acreditando nele, estava sentindo coisas que não eram pra sentir e isso tudo junto precisaria de um tempo para se dissipar.
– O que? Não, claro que não, está ficando maluco?
– Eu preciso pensar melhor, colocar minha cabeça em ordem, você também precisa fazer o mesmo.
– Eu não vou dá tempo pra você coisa nenhuma! – disse firme – qual é cara, só foi um beijo, um beijo.
– E se eu tivesse beijado o Fagner? E aí? O que você faria?
Ao ouvir aquilo, vi a raiva transbordar pelos olhares que ele me passou. Por um segundo pensei que ele fosse me bater.
– Eu iria quebrar esse Fdp na porrada, iria sentir uma vontade enorme de te bater pra me respeitar e te mandar embora de minha vida – disse bem rente ao meu rosto – mas eu não faria isso, não sou capaz de te bater e nem tão pouco te mandar embora, sabe porque?
– ...
– Porque eu te amo e quem ama não suporta a ideia de ficar longe.
– E quem ama também não trai e nem tampouco esconde o que aconteceu. Eu não sei o que pensar Caio, me cabeça tá confusa e minha confiança em ti está abalada, eu não quero me arrepender de uma escolha errada e sei que você também não. Se...
– PARA DE FALAR – gritou recuando alguns passos – QUE MERDA VEI, o que tu quer que eu faça em? Eu não vou suportar ficar longe de ti, entende isso, eu te amo, EU TE AMO PORRA – gritou por último a plenos pulmões. Os olhos dele, pela primeira vez desde o começo daquela discursão começavam a ficar úmido. Acho que nem preciso dizer que eu vendo aquilo, já estava igual uma criança chorando. Aquilo me doía muito, eu sabia que aquilo seria o certo a se fazer, mas se ele continuasse, eu não conseguiria ir até o fim.
– É PRECISO... É preciso.
– PRA QUEM? Pra mim não é.
– PRA MIM CAIO! Eu perdi a confiança em você, você sabe o que é isso? – disse enquanto tentava conter em vão as lágrimas que insistiam em cair – significa que eu não vou consigo ficar bem quando você sair pra algum lugar, vamos brigar sempre que você chegar, vou ficar paranoico!
Pela primeira vez, ele não soube argumentar, me olhava, depois para olhava para o lado, até voltar a mim. Se sentou no braço do sofá logo atrás de si e curvou a coluna, seus olhos se fixaram em suas mão que não paravam de brigar entre si.
– E pra onde você vai cara? Não faz isso, a gente resolve isso aqui.
– Eu me viro, não se preocupe.
Ele olhou pra mim novamente, seus olhos marejados cortaram meu coração, dilacerou na verdade, iria falar algo, mas a companhia soou interrompendo-o.
– Lucas? Tá tudo bem filho?
Aquela era a voz de meu pai, era ele que estava atrás da porta, então isso explicava o fator de o porteiro não o ter anunciado. Mas o que ele estava fazendo ali agora?
Olhei para porta e depois retornei o olhar a Caio que por sua vez baixou a cabeça. Enxuguei meu rosto, molhado pelas lágrimas. Tentei me recompor em segundos, caminhei até a porta, respirei fundo e finalmente a abro.
– O que está acontecendo? Ouvi gritos! – disse olhando por trás de mim para ver se notava algo de diferente até por fim pousar seus olhos em mim – estava chorando?
– Entra – digo e então saio da frente, para lhe dá passagem – vamos até o quarto.
Olho uma ultima vez para Caio que não mais se encontrava sentado e sim em pé de frente a janela.
– Ele te machucou? Foi isso? – perguntou assim que entramos no quarto.
– Claro que não pai.
– E então?
Suspirei.
– Descobri que ele... que ele me traiu – disse com vergonha olhando para o chão.
– O que? Como assim? – indagou meu pai surpreso.
– Senta aqui, que eu te falo tudo – digo me sentando na cama, ele se senta logo em seguida, ao meu lado.
Contei toda a história que vocês já sabem a ele. Do começo ao fim, sem tirar nem por.
– E agora, vamos dá um tempo – finalizei.
– Sei que é doloroso fazer isso, digo por experiência própria. Mas é o certo a se fazer. Você vai ficar lá em casa.
– Como assim? Minha mãe jamais deixaria.
– Naquele dia em que você me disse o que ela fez acabamos brigando...
– Mas...
– Eu sei que você me fez prometer que não brigaríamos, mas foi inevitável filho. Ela queria está certo quando na verdade estava totalmente errada. Passamos toda essa semana sem nos falar direito, hoje ela acabou não indo trabalhar, quando cheguei hoje, havia apenas um bilhete na geladeira dizendo que ela tinha ido passar uns dias na casa da irmã, aquela de Alagoas, dizia também no bilhete que ela precisa de um tempo longe e sozinha para colocar a cabeça em ordem, pensar nas coisas que fez, vai fazer e as que deve fazer.
– Você acha que um dia ela vai me aceitar?
– Claro, com certeza. Ela já deu o primeiro passo filho.
Em meio a tanto sentimento ruim, me permiti senti esperanças com aquilo.
– Vamos? – ele perguntou me lembrando do que eu tinha que fazer. Olhei ao redor, o cheiro dele ainda estava lá, a decoração que ele gostava e não deixava ninguém mudar. Tive que reuni coragem pra continuar com aquilo.
– Vou arrumar minhas coisas.
– Vou te esperar na sala – disse, se virando pra sair.
– Pai – chamei – não o intimide – disse me referindo a Caio.
– Pode deixar.
Olhei mais uma vez ao redor e com muito pesar, levanto-me e começo a colocar minhas roupas dentro de minha mochila. A cada peça de roupa que eu pegava, era uma lembrança de meus dias ali que viam a minha mente, foi inevitável não me emocionar.
Já estava colocando a ultima peça de roupa minha, na mochila, quando senti uma mão segurar o meu braço, olho para o lado e vejo ele, Caio, não aparentava está tão fraco emocionalmente como eu, mas era visível sua tristeza, me assustei um pouco pois estava bem distraído.
– É a ultima vez que eu te peço, por favor, não vai – disse.
– A gente já conversou Caio.
Foi o que eu disse, porém, com uma vontade enorme de desfazer a mala e me jogar nos braços dele, mas eu ainda tinha meu orgulho, não iria dizer que estava tudo bem depois do que ele fez porque não estava.
– Até quando? – perguntou demonstrado cansaço na voz.
– Até eu voltar a confiar e acreditar em você.
Ele me analisou com um olhar triste por alguns segundos, olhou para chão e depois pra mim, era nítido que ele queria falar algo, mas por fim, a única coisa que fez foi me abraçar forte, retribuí segundos.
– Eu vou te reconquistar. Você vai ver. Eu te amo.
– Eu te amo – digo.
Notaram que eu não disse a palavra “também” antes do “eu te amo”?
Era porque eu não estava acreditando nele, algo dentro de mim gritava para não confiar e eu tinha medo, dessa voz nunca mais se calasse.
– Tchau – disse assim que ele me soltou. Peguei minha mochila coloquei nas costas e me virei pra sair.
– Até logo – ele disse.
Narrado por Caio:
Assim que ele saiu pela porta, me permiti desmoronar, me joguei na cama e chorei como há anos não chorava, o que eu estava sentindo já não podia mais ficar reprimido dentro de mim, primeiro senti medo de não conseguir telo de volta e depois veio à raiva, raiva de mim por se tão imbecil, raiva de mim por fazê-lo sofrer e raiva daquela filha da mãe da Teresa, era maior que qualquer sentimento que se abatesse sobre mim, eu precisava extravasar aquilo, fui até a sala pisando forte, onde alguns DVD’s e CD’s ainda estavam espalhados sobre o sofá, muitos deles de bandas que eu amava e muito deles autografados, nada disso me impediu de estraçalhar o primeiro na parede, depois o segundo, depois outro e mais outro, até só me restar ofegar de cansaço sentado em postura de um derrotado no sofá.
Narrado por Lucas:
Havia se passado pouco menos de duas semanas que eu morava com Caio, mas parecia que havia se passado dois anos, não pelo fato de ser ruim ficar perto dele, não é isso, é só que aconteceu tantas coisas em apenas duas semanas que eu mal acreditava que coisas assim poderiam acontecer em tão pouco tempo, primeiro: descobri que ele tinha um irmão que não via há anos, no mesmo dia presenciei o reencontro emocionante dos dois, depois, esse mesmo irmão diz está apaixonado por Fagner, fico feliz, claro, logo em seguida Teresa some deixando todos desesperados para dias após liga pra mim apenas para destrói a confiança que eu tinha no meu namorado, a base fundamental de um relacionamento.
Ao entrar em casa, pensei encontra-la de alguma forma diferente, até mesmo pela perspectiva de tempo que eu tinha por causa de tantos acontecimentos em tão pouco tempo, mas ela se encontrava do mesmo jeito, da mesma maneira que eu a tinha a deixado, nem um móvel se encontrava fora do lugar, e o melhor de tudo era que eu ainda sentia o aconchego daquela casa, um aconchego que só se sente quando está na sua própria casa, na casa em que você cresceu, porém, a ausência da minha mãe se era notada, era uma coisa palpável, tornando tudo um pouco estranho.
- Se quiser desabafar, estou aqui – disse meu pai se aproximando de mim, depois de ter fechado a porta. Eu ainda reparava atento a cada local da casa que eu podia ver da sala.
– Eu só quero ficar um pouco sozinho – digo.
– Eu entendo, assim como a casa, seu quarto está do mesmo jeito que deixou – ele diz e sorrir.
– Espero que não tenha muito poeira – brinco.
Ele sorri.
– Veja você mesmo. Bem vindo de volta filho.
– Obrigado pai – digo dando-lhe um abraço.
Subi as escadas e segui pelo corredor até entra em meu quarto, depois de quase duas semanas que mais pareceram anos, estava realmente tudo no lugar, de uma forma mais organizada, mas estava. Fechei a porta atrás de mim, tirei a mochila das costas, deixando-a caída no chão, me deitei na cama de barriga pra cima e então deixei a dor novamente se apoderar de mim, reprimir aquilo só iria me causar ainda mais dor depois, as lagrimas vieram em silencio enquanto as lembranças do que havia acontecido fluía vivamente em minha mente.
Então foi isso que Teresa sentiu e teve que passar quando soube que EU, seu melhor amigo a traia, deveria ter sido tão duro como estava sendo pra mim mesmo ela sabendo que Caio era infiel. Ela o amava de uma forma meio louca, mas o amava e eu havia tirado esse direito dela, ao invés de sentir raiva dela e de Caio, a única raiva que eu conseguia sentir era de mim mesmo, por ser um fdp idiota e um burro.
Passei aquele fim de tarde e começo de noite, pensando e sofrendo, sofrendo e pensando e quando não chegava a conclusão alguma voltava ao inicio repensava e sofria novamente. A única coisa que eu tinha certeza era que eu o amava e que mesmo só ter se passado apenas algumas horas, eu já sentia uma saudade sufocante daquele idiota. Por fim, já sem lágrimas para colocar pra fora, coloquei os fones de ouvido e deixei as músicas falarem por mim até senti-lo minutos depois vibrar com uma mensagem.
Continha apenas um singelo “Oi” de nada menos e nada mais que Caio.
Pensei em não responder, mas aquilo, já seria um pouco de mais pra mim.
– Oi – respondi.
– Como você está? – perguntou.
– Como você acha que eu estou?
Minutos depois quando pensei que ele não fosse mais responder, ele manda:
– Estou muito mal com tudo isso, sei que você não acredita, mas eu estou sendo sincero. Eu estou desesperado aqui, preciso de você, preciso te ver, te tocar...
– Hum – foi o que mandei.
– Queria poder te ver.
– Não – neguei com o coração na mão.
Minutos após.
– Então me deixa ouvir sua voz? Nem que seja apenas pra me xingar, eu sei que mereço.
Dessa vez ele não me deixou responder, pois seu numero já chamava na frente de minha tela, eu não podia atender, eu não devia atender, mas eu não conseguia desligar, algo dentro de mim, me impedia de fazer isso. Sem pensar direito, joguei o celular do outro lado próximo à parede, a bateria foi a primeira a saltar longe, não sabia se estava ou não quebrado, mas aquilo pouco me interessava naquele momento, o importante é que ele havia parado de tocar, parado de me causar tentado a correr para os braços dele e fingir que nada aconteceu.
Era umas 20h quando meu pai me chamou para jantar, não estava com fome, mas mesmo assim desci e belisquei algo, conversamos um pouco, não muito, nada referente ao que aconteceu mais cedo, ele compreendia que eu não queria falar e nem desabafar, não naquele momento.
– Qualquer coisa estarei aqui, pode contar comigo filho – disse ele assim que me levantei da mesa.
Passei-lhe um sorriso e então subi de volta ao meu quarto, tirei toda minha roupa, entrei no banheiro e me olhei no espelho, meu rosto estava levemente inchado e meus os olhos vermelhos esbanjavam tristeza. Entrei em baixo do chuveiro e deixei a água gelada não só me acalmar, mas também me castigar.
Tentar dormi foi a pior parte, me virava de um lado a outro e nada de conseguir o feito, mas quando finalmente consegui, desejei ter passado a noite acordado. Sonhei com eles dois, Teresa e Caio, em um quarto, ambos se beijando, a mão dela viajando pelo corpo dele enquanto a dele apalpava com força a bunda dela lhe causando gemidos.
Acordei com o estômago totalmente embrulhado, olhei para janela e vi a claridade envolvendo a escuridão, o sol começava a dar o ar de sua graça àquela minha realidade dura e triste.
Até que ponto uma pessoa é dependente de outra?
Perguntei-me assim que percebi que naquele dia provavelmente eu não teria razão pra sorrir, não teria vontade de viver.
Tudo por que não estava mais com ele, tudo por que não conseguia confiar nele como antes.
Levantei da cama sem pressa alguma, caminhei em direção ao meu celular caído no chão, o peguei já arrependido pelo que fiz, o analisei e percebi que não havia nada que indicasse que estava quebrado, peguei a bateria que estava há alguns metros dali e a encachei de volta no celular, ligou normal, sem problemas, não demorou pra que uma enxurrada de mensagens da noite anterior começasse a invadi-lo.
53 ao total, todas dele, uma mais dramática de que a outra, com o mesmo peso que senti no coração ao não atende-lo, sentir ao apagar várias mensagens não lidas. Respirei fundo e me peguei perguntando: “Isso é realmente necessário?”.
A vontade de ir a escola estava em quase zero, mas a vontade de ficar em casa já estava lá estacionada no numero zero, não queria ficar em casa, pensando besteira e me torturando, foi assim que mesmo estando muito cedo, me arrumei e caminhei em direção à escola, ainda faltava uma hora para começarem as aulas, mas eu sabia que sempre tinha alguns alunos que chegavam cedo, uns para conversar, jogar bola na quadra e outros para fazerem trabalhos atrasados em dupla. Não era possível que alguém não fosse me dá atenção.
Acabei por me enturmar em um grupinho que jogava dominó na cantina, já os conhecia então ficou fácil me colocarem pra jogar, comecei meio desanimado com tudo que estava acontecendo, porém minutos após, por incrível que pareça estava rindo das palhaçadas e das provocações que adolescentes gostam de fazer quando se juntam, mas aí o sino toca e me traz de volta a realidade, me faz lembrar o porquê de eu ter chegado tão cedo. Despedi-me de alguns que não eram da minha sala e segui até a mesma, joguei a bolsa em cima da mesa que ficava ao lado da mesa de Fagner, onde eu me sentava quando eu ainda não era... Namorado de Caio. Me sentei, apoiei minha cabeça na cadeira e torci para que Fagner chegasse logo, de preferencia antes de uma certa pessoa.
– Lucas – senti alguém me remexendo, levantei a cabeça e vi que era Fagner – me corrija se eu estiver errado, eu me sento ai né – disse apontando para a cadeira de meu lado expressando uma feição de confusão.
– Senta, é uma longa história – digo com desanimo.
– O que foi que aconteceu dessa vez e cadê o Caio? Vocês praticamente não se desgrudam.
– Ele...
– Pagina 24, agora, todo mundo – falou o professor de português entrando aos berros na sala com o livro balançando no ar.
– Quando acabamos, eu te conto, não é nada demais. Se ele pegar a gente conversando nos expulsa do colégio – digo forçando um sorriso.
– Ok – disse e então se virou para pegar o livro.
Olhei para a porta aberta e senti minhas esperanças de velo aquele dia irem embora e meu coração apertar, na época não admiti tão facilmente pra mim que já estava me corroendo de saudades dele em menos 24 horas, dizia pra mim mesmo que era outro sentimento como a raiva por exemplo, doce ilusão.
– Senhor Lucas, a minha aula está tão chata assim?
– Oi, o que? – perguntei meio que atordoado fazendo vários na sala rirem de mim.
– Estou aqui a um tempão e você aí olhando para a porta. Assim não dá né.
– Desculpa professor, não vai acontecer de novo – disse corando por causa da vergonha. Mas como aquilo foi possível? Tenho certeza que não fiquei olhando muito pra porta – agora não tinha mais né. Me perdi totalmente no meu mundinho interior.
– Seja lá o que tenha acontecido, não foi nada de menos – disse Fagner lendo algo no livro.
Ignorei o comentário e finalmente peguei meu livro na mochila enquanto o professor explicava o assunto.
– Com licença professor, posso entrar?
Parei tudo que estava fazendo e olhei diretamente pra porta, com o coração a mil e lutando com ímpeto de sorri, o vi com o típico uniforme escolar que nele marcava todos os músculos, sua feição estava péssima, parecia que não tinha dormido nada na noite anterior, ele deu uma olhada triste pra mim de relance, mas que mudou para uma raiva velada ao perceber com quem eu estava sentado.
– Isso são horas, Caio?
– Dê um desconto professor, isso é ressaca de amor, a namorada fugiu com outro – disse um dos amigos dele lá no fundo fazendo todos rirem, menos eu, aquilo não tinha veracidade, mas me atingiu de uma forma que eu não esperava. Era como se ele me dissesse: ele tá sofrendo por causa dela e não por que gosta de você e não suporta fica longe. Eu sei que é muita paranoia pra uma pessoa só, mas foi assim que pensei, foi assim que minha mente trabalhou.
O professor pareceu pensar sério sobre a brincadeira feita pelo amigo de Caio e disse:
– dessa vez passa, dá próxima não mais.
– Obrigado – murmurou ao entrar na sala. Encarou-me longamente enquanto depositava sua mochila na mesa.
Foi passado um exercício do livro em dupla na qual Fagner fez inteiramente sozinho porque eu não estava com cabeça, o simples fato da pessoa que eu mais amo no mundo, porém a que eu menos confio está logo a minha frente me desconcertava por inteiro, às vezes até me esquecia de respirar por causa dos pensamentos que detonavam não só a minha cabeça como dilacerava o meu coração, eu não conseguia parar de pensar no beijo que ele dera nela apesar de não te visto. A imaginação infelizmente estava aí para isso.
– Professor – chamou Fagner ao meu lado – já terminamos, podemos sair?
– Deixe a folha em cima da mesa e vão. – respondeu sem nem ao menos tirar os olhos do livro que lia.
– Vem comigo agora! – ele disse com autoridade.
Não contestei. Me levantei e fui ao seu lado. Estávamos no corredor, que por sinal estava deserto já que a maioria dos alunos se encontrava em aula.
– O que aquele idiota fez dessa vez?
Quando iria abrir a boca pra responder, sentir uma mão passar de raspão no meu braço, olhei para o lado e só vi o corpo de Fagner se projetando para trás enquanto Caio atracado com ele o empurrava até o mesmo se colidir com alguns armários do corredor, o baque foi surdo e reverberou no corredor inteiro, ainda mais, pois estava deserto, não demorou para que vários alunos saíssem de suas respectivas salas.
Não entendi nada, fiquei atordoado, mas não pensei duas vezes ao correr até os dois e então segurar o braço de Caio, tentei em vão tirar de cima do peito de Fagner que não se intimidou e retribuía o olhar furioso.
– Quem é o idiota aqui? Repete vai – disse com fúria nos olhos.
– Se você não solta-lo Aagora pode esquecer de mim pra sempre – disse no momento em que Fagner abria boca pra falar algo, provavelmente para confronta-lo. Não queria que aquilo se agravasse ainda mais.
Ele demorou alguns segundos, mas então soltou, assim como pedi.
– O que está acontecendo aqui? – falou um dos professores que davam aula e assim como os alunos, ouviram o barulho estrondoso.
– Já está resolvido professor, não precisa se preocupar, não aconteceu nada de mais.
Usei minha influencia na escola não só para salvar Caio, mas principalmente Fagner de tomar uma detenção ou algo parecido.
O professou analisou a situação e então disse:
– Tudo bem, mas se acontecer algo a responsabilidade é toda sua.
– Tudo bem professor – digo.
Ele então começou a dispersar os alunos que já se aglomeravam para ver o espetáculo enquanto olhava seriamente pra Caio que desviava o olhar.
– pra mim já chega – disse Fagner se distanciando.
– Posso saber o que foi isso? Virou criança da noite para o dia mesmo? Está querendo aparecer? – disse enquanto lutava contra a vontade de aumentar a voz.
– A culpa é sua – disparou.
– Minha? – perguntei com indignação.
– Eu estou ficando louco – disse se aproximando – não posso ficar longe de você, não do jeito que estamos, por favor, acreditar em mim, volta pra mim. Olha só a minha cara, eu não dormi nada na noite anterior, estou mega estressado.
– E por causa disse resolve sair por aí distribuindo arrogância?
– Ele me chamou de idiota! – argumentou.
– Ele estava certo, você é um idiota, um completo idiota – falei sentindo a raiva crescer.
Dei as costas pra ele e saí andando antes que falasse mais alguma coisa que viesse me arrepender depois, mas no terceiro passo que dei, senti algo pegar em meu braço e me virar com tudo, me choquei no seu corpo.
– Eu te amo.
Disse olhando fundo nos meus olhos e então me beijou, sem se importar se alguém pudesse ver, não resisti e me entreguei...
CONTINUA...
Fala galerinhaaa, tardo, mas não falho rsrs. Bem, queria pedir desculpas novamente sobre as datas do capitulo especial. E ah,não tenho previsão certa para o termino dessa temporada ainda, talvez tenha mais dois capítulos pela frente.
Outro ponto é que notei o amor que Fagner adquiriu de tantos leitores, causando aí inúmeros pedidos para eu não mata-lo. Gente, eu não sou mal kkk só um pouquinho rsrs, quem sabe se continuarem pedindo, eu amoleça rsrs.
Vou responder a todos referentes ao cap. 25 e ao cap. Especial.
S2DrickaS2: Realmente a verdade é sempre melhor escolha. É como diz o ditado: Três coisas que não podem ficar escondidas por muito tempo: O sol, a lua e a verdade ;) Obrigadão por acompanhar :)
Martines: Apesar de se ter os motivos dele, ele deveria ter contado :( Obrigadão por acompanhar :)
Ms_Cleiton: Obrigadão cara. Fiz um episodio especial sobre o Fagner, se quiser ler, só clicar no meu nick e boa leitura :)
Lucassh: Ah cara, preciso de você vivo rsrs prometo não te deixar tão ansioso assim por muito tempo rsrs. Obrigadão por acompanhar :)
Anoniz: Sei nem como me portar diante de tantos elogios, obrigadão mesmo cara, espero não te decepcionar e ah fico lisonjeado por ter sido o primeiro comentário de sua conta :)
Hello: O Fagner é só amor em, é impressionante a quantidade de pessoas que gostam dele, vamos continuar na torcida, quem sabe eu deixe de ser mal com ele rsrs Obrigadão cara.
R.Ribeiro: Ele foi fazer a coisa certa, mas acabou se dando mal. É verdade é sempre necessária. Obrigadão cara.
Mr.John: Teresa foi má, porem foi a quem contou a dura verdade, meio distorcida, mas contou. E ah o Fagner, um amor de pessoa ^^
CDC LCS: Já to aqui rsrs Obrigadão por acompanhar :)
Vi(c)tor: Amo sim meus leitores ^^ vem muita coisa por aí, estou por aqui, montando em minha cabeça uma segunda temporada, não se preocupe, se nada de imprevisto acontecer, irá sair. Bjs :)
LC..pereira: Terminar com o Caio? Radical em rsrs
Ru/Ruanito: Outro radical? Rsrs o Caio as vezes é amável rsrs Obrigadão por acompanhar ^^
Nara M: Já estou aqui rsrs. Caio pensou está poupando Lucas de outra dor :( mas acabou se dando mal :( e ah sobre o capítulo especial, tem razão, foi uma data quase no tempo dos escravos rsrs mas acabei vendo o erro. Espero não ter decepcionado. Obrigadão por acompanhar ^^
LipM: Pensas igual a mim, Teresa não é má, apenas está magoada, bem magoada...
Pandinha4: Jamais me esqueço de meus leitores, eu tardo, mas não falho kkk Obrigadão pelo carinho cara e sim, se não acontecer nenhum contratempo, segunda temporada por aí.
Jardon: Vou pensar no seu caso rsrs Obrigadão por acompanhar ^^
Anjo sedutora: A data saiu um pouco errada kkk desculpa, espero que entenda e obrigadão por acompanhar ^^
Pyetro_Weyneth: Todos na torcida ;) Obrigadão por acompanhar.