No outro dia ele me levou até o banheiro da facul, me xingou todo e até me ameaçou.
Dessa vez eu não liguei, dei as costas e sai fora.
Ele conseguiu o meu telefone e ficava me ligando, mandando sms, era o apse da época os sms's# rs.
Eu lia, ouvia ele no telefone e não respondia.
Aquele cara virou o demônio comigo!
Continuando....
Eu dei um tempo de festas, baladas e outros eventos, meu caminho era apenas da minha casa no trabalho ou da minha casa até a faculdade.
Evitava os locais em que poderia me encontrar com qualquer um daqueles meninos.
Mas ficou um rancor, um ódio, pelo Dimas e aquilo parecia crescer dia pós dia.
Um sentimento de vingança tomou forma dentro de mim, eu precisava fazer aquele cara pagar pelo que tinha me feito, mas eu não sabia o que fazer e como fazer.
Eu não falava mais com a Michelle e o Duda estava todo feliz com a namoradinha nova chamada Karla.
Era uma menina bonita, mas uma hora ele iria se cansar da pepeka dela e iria voltar a me perturbar.
Um dia na biblioteca ela veio me pedir uma ajuda pois não estava conseguindo encontrar um livro, eu não êxitei em ajudar e por conta da procura acabamos trocando algumas palavras.
Pude perceber que era uma menina doce, toda comunicativa e bem intelectual, era focada nas coisas que lhe interessavam, enfim encontramos o livro e depois de tudo isso acabamos nos apresentando.
Ela: desculpa moço, você me ajudou e eu nem perguntei seu nome rs.
Meu chamo Fábio, muito prazer!
Sou a Karla e o prazer é todo meu rs, mas você é novo por aqui?
Nunca te vi!
Eu: não não, já estou no 4º semestre, é que não nos conhecíamos mesmo, você vai ver que agora vamos nos cruzar por todo lugar rsrs.
Ela riu e saiu andando, nisso o Duda chega e a vê se despedindo de mim!
Me olha com cara de tonto e levanta a cabeça em sinal de cumprimento ou ele me encarou sei lá rs.
Saíram abraçados como um lindo casal e eu fiquei com meus livros.
O fato de o Dimas ter me violado me deixou traumatizado, me deixou com raiva, e eu me perdia nos meus pensamentos, nas varias formas de fazê-lo pagar.
Ainda na biblioteca de costas e concentrado na minha leitura, não percebi a chegada e a presença de duas pessoas atrás de mim.
Ele chegou bem perto do meu ouvido e cochichou: oi delicia!
Quando me virei para sair, percebi e tomei um susto com os dois seres.
Dimas e um outro rapaz estavam atrás de mim, me observando e rindo, era um sorriso demoníaco, algo que realmente me assustou.
Olha quem esta de volta?
Fabinho!
Tudo bem?
Como estão as preguinhas?
Ta querendo mais, que tal duas rolas agora?
Oque você acha?
Meu amigo aqui vai gostar!
O outro cara não parava de rir e ao mesmo tempo massageava as partes como que se estivesse excitado.
Eu não respondi as provocações e dei alguns pares de passos para traz.
Ele sentiu meu medo como um cão farejando sua preza e veio pra me segurar.
Graças a Deus um dos rapazes que estava sentado percebeu meu desespero e me chamou.
Oi?
Fábio, você poderia me dar uma ajudinha aqui?
O sentimento de alivio tomou conta do meu corpo, uma leve tontura, percebi minhas mãos trêmulas e as gotas de suor que haviam se formado em minha testa, minha vontade foi apenas de sentar e chorar.
Fábio, você está bem?
Eu notei seu desconforto perto daqueles garotos, ta tudo bem?
Juntei minhas duas mãos no rosto e sentado respirei bem fundo pra não chorar de medo, raiva e ódio daquele garoto.
Quer uma água?
Ei?
Ei, Fabio?
Estou falando com você?
O rapaz me chamando.
Eu estava desnorteado e com toda aquela imagem na minha cabeça, nem percebi que o menino ainda estava ali.
Fábio?
Agora mais calmo respondi:
Oi, oi! Me desculpa eu acho que foi uma queda de pressão, mas já estou melhor.
Como sabe meu nome? Perguntei.
Aliás, obrigado cara, você me salvou daqueles marginais, eles não iam me dar um minuto de paz.
Perdão! Qual o seu nome?
Era tanta informação que esqueci até mesmo de perguntar o nome do rapaz ali na minha frente.
Eu me chamo Danilo rs, a gente faz o mesmo curso e você ainda não me conhece pois acabei de me transferir pra cá.
Já tem alguns dias que estou aqui, como já conheço boa parte da sala eu imaginei que o aluno sumido turista era você rs.
E pelo jeito eu acertei não?
Ele falando comigo todo sorridente e com jeitinho todo envergonhado, realmente quase não prestei atenção nas palavras que ele disse rs.
"Cabelo jogadinho meio bagunçado, bermuda caída com um cinto que era só um adorno pois não estava segurando nada, um par de pernas peludas e bem definidas, rostinho rosinha e os olhos num tom mel por detrás dos óculos grandes.
Um belo e gentil rapaz."
É Danilo você me salvou daqueles caras, muito obrigado e desculpa o mau jeito é que esses dias estão sendo bem difíceis pra mim.
Esse aluno turista sou eu sim, é que eu tive uns problemas pessoais e não estava vindo.
Mas aqueles caras não iriam me fazer nada aqui dentro da biblioteca né, foi mais o susto mesmo, e obrigado novamente.
Imagina cara, nem fiz nada haha!
E me diz qual sua duvida? Perguntei todo bobo.
Relaxa Fabio não tenho duvida não, só te chamei porque vi que você estava meio arredio rs.
Ele ainda me perguntou novamente se estava tudo bem, e vendo que sim, pegou suas coisas e saiu.
Eu fiquei sentado lá tomando folego pelo susto.
Já no final da aula fui até o estacionamento pegar meu carro e vi o Danilo no ponto pra pegar o ônibus.
O mínimo era uma carona pro meu salvador em forma de agradecimento.
Parei o carro e o convidei a entrar, ele riu e se recusou, mas eu insisti e ele acabou aceitando.
Naquele momento o Duda passa com a Karla e fica me olhando, nos olhando!
A Karla acena pra mim com um sorriso no rosto e fala algo pra Duda que continuava nos olhando.
Perguntei ao Danilo onde ele morava.
E com voz sorridente respondeu:
Eu moro ali na José de Alencar!
Uma rua abaixo da minha falei rindo também.
Já tinha um novo amigo pra ir junto pra facul.
No caminho ele me contou que os pais haviam se separado, mas diferente da maioria das separações onde os filhos ficam com as mães, Danilo preferiu ficar com o pai, pois a mãe não era muito legal, era meio louca ou qualquer coisa parecida, o fato é que eles não se davam.
Falei um pouco da minha vida, mas poupei de falar sobre a violencia que havia sofrido, era cedo.
Eu acabará de conhecer o rapaz.
Deixado em frente a sua residencia, combinamos que no outro dia eu o pegaria pra irmos juntos e subi pra minha casa.
Em frente ao portão tenho uma bela surpresa.
O Duda em pé escorado no muro com os braços cruzados.
Quando me viu, veio me intimando:
Porque demorou?
Onde você tava?
Tava com quem?
Eu: Hã? Ta doido Duda?
Desde quando te devo satisfação da minha vida?
Ele: to sabendo que o Dimas foi te perturbar, o que ele te fez?
Senti um ciumes da parte dele e resolvi aproveitar o momento.
O Dimas não fez nada, porque o Danilo me salvou na hora.
Ele me ajudou.
Então o nome daquele merda é Danilo?
E você estava com ele fazendo oque?
Já ta dando pra outro é Fábio?
Duda vai se ferrar, sai da minha frente que eu não to com saco pra aturar esse seu escândalo na porta da minha casa, sua namorada mora em outro bairro.
Ela sim tem que dar satisfação.
Abri o portão e entrei, subi pro meu quarto e fiquei olhando pela fresta da janela, ele andava de um lado para o outro, ficou uns 15 minutos lá.
Tudo bem do cara não se decidir ou ter medo, mas largou da namorada e logo engatou outro namoro e mesmo assim vinha me procurar e fazer ceninha, não vira né?
Peguei uma toalha e fui tomar um banho, quinze minutos de chuveiro foi o suficiente pra eu colocar a cabeça no lugar.
Quando saio do banheiro o Duda sentado na minha cama.
O que você está fazendo aqui?
Fábio, vamos começar de novo?
Começar o que Duda?
Fabio senta aqui, vamos conversar?
Se depois disso você não quiser, tudo bem eu não volto mais.
Eu: ta vai falando, estou ouvindo.
Ele: larguei da Michelle porque eu estava com um milhão de coisas na minha cabeça, ela me cobrando, me apertando, você me deixando louco, eu não parava de pensar em você, meus pais me cobrando a facul, meu trabalho, minha vontade foi sumir, fui numa balada, bebi e conheci a Karla, a gente passou a noite juntos e foi se conhecendo melhor, eu achei que ela fosse te tirar da minha cabeça, mas quando eu te vi com aquele cara, eu percebi que não, que você está aqui dentro e que esse sentimento só cresce.
Eu: hum e eu faço o que?
Aceito essa situação, espero você nas madrugadas?
Fico no banco, esperando ser convocado?
Ele: não Fábio, eu não quero isso!
Eu não vou largar a Karla, mas não quero ficar longe de você, não quero te ver com outro cara!
Eu rindo perguntei se ele já tinha acabado e pedi que ele fosse embora.
O cara fura quem quer, a hora que quer e eu não?
Vai se foder!
