~~Gustavo~~
-Boa tarde- Eu respondi, e como se eu não estivesse ali, ele se virou e saiu do quarto.
Fiquei um pouco pensando na beleza daquele menino, o modo como o sol batia nos ombros dele, aquela roupa de roça, a verdade é que ele é muito bonito. Mas eu ia tentar não fazer nada, além do mais, eu tinha vindo para casa de minha avó para pensar um pouco na vida, Leonardo, meu tio, Lucas, Caio, meu Deus, acabei lembrando de Cario, vim pro fim do mundo e nem sequer dei uma explicação a ele, se estava tudo bem ou não.
Peguei meu telefone e pude ver 25 ligações perdidas, todas de Caio e Luc, resolvi não ligar para Luc, ele deveria aprender uma lição, aprender a escutar as pessoas.
Olhei no relógio e já eram 11 da manhã, então resolvi ligar para Caio.
-Gus? Cadê você? Tudo bem? Como você não atendeu eu resolvi te procurar e não lhe encontrei em lugar nenhum...-disse ele, após o telefone chamar por 4 vezes.
-Calma Caio, está tudo bem sim, eu resolvi vir para casa da minha avó por um tempo, para pensar em tudo, pensar na vida, mas só vou ficar até esse domingo, já que as provas antes das férias de meio de ano começam nessa segunda.
-Promete que assim que você voltar, vai me ligar?
-Não.
- To falando sério, seu chato! - ele disse de uma maneira tão fofa, que com certeza ele pode escutar um risinho que saiu de minha boca.
-Ta bom, eu ligo.
-Tchau, seu chato - ele disse com uma voz doce
-Tchau, seu bobo.
Fiquei um grande tempo pensando em como Caio estava diferente, desde que conheci ele, no começo ele era aquele garoto marrentão, que se achava, e depois ele fez questão de mudar, dizia ele que por mim, no começo confesso que não acreditei, mas agora, ouvindo suas palavras, com aquele arzinho bobo de quem gosta de alguém, para mim não restava dúvidas de como ele mudou por mim. Também pensei em Lucas, e tudo que já tinha acontecido entre nós dois, ele apesar de tudo era meu melhor amigo, confesso que me arrependo muito de ter ficado com Lucas já que, se um dia terminarmos, a nossa amizade com toda certeza terminará junto.
Desci as escadas para comer algo, e quando cheguei lá em baixo minha avó e todos os funcionários já estavam almoçando, tinha esquecido como esse horário de roça é totalmente diferente.
Cumprimentei todos e sentei em uma cadeira vazia que tinha ao lado de Thomaz, era incrivel ver como todos pareciam uma grande família, conversando, brincando, rindo.
Tentei puxar assunto com Thomaz, mas era muito difícil, todas as perguntas que eu fazia ele apenas me respondia com "Sim" e "Não", assim dificultando muito a conversa.
Ao terminarmos de almoçar, minha avó pediu para que eu ajudasse Thomaz a cuidar dos animais por hoje, já que ela teria que sair para resolver umas coisas, e precisaria que o pai de Thomaz a acompanhasse.
...
Cerca de uma hora depois de almoçarmos, fui perguntar a Thomaz como poderia ajudar ele. Ele me levou até um celeiro, que estava vazio, e me explicou que na última tempestade que teve, alagou aquele celeiro e tiveram que mudar os cavalos para outro, e como já tinha sido feita uma obra lá, não teria como alagar novamente, porém precisava de uma limpeza antes de colocar os animais lá de volta, e realmente, estava cheio de lama, inclusive até me arrependi de não ter trocado de roupa para ajudar ele.
Começamos a arrumar, e eu tentei puxar assunto, mas fui interrompido por mim mesmo, que acabei escorregando na lama e caindo no chão.
-Cuidado -disse Thomaz rindo.
-Sério que vai ficar rindo de mim? -Perguntei bravo
-Desculpa... -disse ele sendo interrompido por um jato de lama que joguei na direção dele - Você não fez isso...
Em alguns minutos iniciamos uma guerra de lama ali mesmo, até que ele caiu, em cima de mim, muito próximo, e após um longo e constrangedor tempo, ele se aproximou de mim, e me deu um beijo lento e carinhoso.
-Não faça isso -falei, e logo empurrei ele para longe- eu não quero... não posso... não...
Levantei e comecei a correr em direção a casa de minha avó.
...
~~ Leonardo ~~
-Você acha que meu sobrinho vai contar para alguém? - perguntou André
-Pode ficar calmo, eu conheço aquele lá, ele não vai. - respondi
Nesse exato momento, a campainha tocou, devia ser a Pizza que estávamos esperando, André logo se levantou e desceu caminho a porta para receber o pedido.
Olhei para a cama e vi que o celular dele estava com uma luz de notificação, desbloqueei a tela e vi que era a mulher dele.
"Tive que ir pro Rj, estou indo ai te encontrar, cheguei no aeroporto, 30min estou ai"
-Tem alguma mensagem pra mim?- perguntou André entrando no quarto carregando a pizza.
-Não, apenas estava vendo a hora- Respondi apagando a mensagem da tela inicial.
Comecei a beijar ele lentamente, fazendo ele largar a pizza na mesa.
- A pizza pode esperar - disse tirando a blusa dele - estou com fome de outra coisa...