Quando nós chegamos na boate que o Pi sempre ia eu, instantaneamente, entendi o que ele queria me contar.
- Eu não acredito!!
- É, eu também gosto de meninos! – Pi disse me olhando
- Eu não acredito!
- Não me olha assim Antoine, eu pensava que tu serias a única pessoa que me entenderia... – Ele disse com raiva
Eu olhei sorrindo para ele e disse em português com um sorriso que ia de orelha a orelha.
- Pi, tu és do babado!!!
- O que isso significa?
- Que tu és um de nós – disse apontando para Bruno e eu-, em português a gente fala que é do “babado”.
- Não entendi!
- É simples, significa que tu gosta de homem! Entendeu agora?
- Ah, agora, sim! Eu pensava que tu estavas assustado, que não me aceitarias...
- Bom, assustado eu estou mesmo, mas não te aceitar? Pelo amor de Deus, né Pierre?
- É que...
- É que... – Eu falei fazendo careta - Espera aí, ninguém sabe?
- Ninguém!
- Ninguém, tipo ninguém?
- Isso!
- Eu fui o primeiro?
- Foi! – Ele disse ficando vermelho
- Nós fomos, tu queres dizer, né? – Bruno falou
- Ow, primo! – Eu abracei meu primo e nem liguei para o que o Bruno tinha falado.
- Não conta nada para maman, tá? Nem pra Jeanjean, nem pra tata...
- Pode deixar, eu não vou contar para ninguém!
Bruno deu um abraço em Pi e disse que ele poderia contar conosco, falando isso ele foi comprar nossas entradas.
- Pi?
- Oi?
- Foi por isso que tu saíste de casa?
- Foi!
- E é por isso que tu não vais visitar a Jeanjean?
- Unrum!
- Mas, por que tu não vais visita-la se ninguém sabe de nada?
- É que o marido dela não vai muito com a minha cara, ele desconfia e fica jogando indiretas que me fazem ter vontade de socar a cara dele.
- Mas como ela reagiu com esse distanciamento? Vocês sempre foram amigos, não, na verdade, ela sempre foi uma segunda mãe pra ti.
- Ela fala que eu estou distante, que não converso mais com ela, que eu a deixei de lado, que a troquei por Paris... O que ela não sabe foi que eu só me afastei para deixa-la ser feliz com o marido.
- Ai, Pi... Mas não vale a pena se afastar dela assim.
- Eu sei! Mas não tinha outro jeito, ela me disse que amava o Auguste e eu não poderia estragar tudo, né? Se eu causasse confusão com ele, ela com certeza teria acabado tudo com ele e estaria sofrendo agora. Então, eu preferi me afastar um pouco, às vezes ela vem me visitar aqui. E também eu me mudei para PARIS, moro sozinho, não devo satisfações a ninguém, faço o que quero, ninguém me controla. Eu estou bem assim.
- Mas vocês só se veem quando ela vem aqui?
- Pessoalmente, sim! Mas, a gente sempre se fala pela internet.
- Ai, Pi, que situação chata...
- Pois é...
- Vem cá, minha tia mandou tu ires comigo quando eu for visita-la, tu vais?
- Vou, sim! A Jeanjean tá viajando, lembra? Eu posso ir lá porque não vou correr o risco de ter que encontrar o marido dela na casa dos meus pais e nem ter que ser obrigado por maman a ir visita-los.
- Atah!
Nós ficamos um tempinho em silêncio.
- Pi?
- Hum?
- Tu pensas em contar para teus pais?
- Penso, mas não sei quando e nem como. – Ele respirou fundo.
Com certeza quem iria sofrer mais com toda aquela situação seria ele, eu queria ajuda-lo, mas nesses casos, somente a pessoa pode tomar uma atitude, o que eu poderia faze era só apoiá-lo.
- Eu estou feliz em te ter aqui, Antoine.
- Eu também estou feliz em estar aqui contigo – Eu o abracei.
- Não some mais, não, tá?
- Não vou sumir, bobo. Nós teremos vários meses para aproveitar, não esquece.
- Eu sei, mas quando acabar esses meses tu voltas para o Brasil e eu fico aqui.
- Ué, vem comigo para o Brasil!
- Eu? No Brasil? – Ele riu
- Claro! Qual o problema?
- Um bem simples: EU NÃO FALO PORTUGUÊS! – Ele me deu um peteleco na cabeça.
- Aiiiii!!! Isso a gente resolve, o Bruno está aprendendo francês, tu podes aprender português. Na verdade, tu tendo uma família brasileira e não saber falar português é bem vergonhoso...
- Não tem nada de vergonhoso!
- Claro que sim! Eu não falo português e francês? Por que tu não podes falar também?
- É, mas teu pai é brasileiro, eu não tinha com quem praticar aqui.
- É, pode até ser, mas seria uma boa tu ires para o Brasil, poderias ter um restaurante lá.
- Isso seria perfeito, mas digamos que eu não tenho capital para isso.
- Isso depois a gente vê... Mas bom, tu estás convidado, se quiseres vir conosco, nós te receberemos felizes em nossa casa.
- O Bruno aceitaria?
- E por que ele não aceitaria?
- Ah, sei lá... Ter um outro cara na casa dele...
- Ele sabe que tu és meu primo, sabe que na nossa família não tem essa de primo pegar primo, e sabe que eu o amo, então... não tem problema nenhum tu ires lá pra casa. E ele já me disse que não tem problema nenhum tu me abraçares, eu sei que às vezes tu te controlas. Tu podes agir normalmente comigo, Pi. Não é por que eu casei que eu sou intocável.
- Sério? Eu estava me mantendo um pouquinho afastado mesmo, não queria que o Bruno pensasse outra coisa.
- Ele não pensa, não te preocupas com isso!
- E então, vamos entrar? – Bruno disse chegando com os bilhetes em mãos.
- Opa, vamos! – Eu disse
- Ei mocinho, volta aqui! – Bruno disse sorrindo enquanto eu já estava bem na frente deles.
- O que foi?
- Onde tu pensas que tu vais tão rápido assim?
- Ué, não é para entrar ainda?
- Sozinho? Todo alegre desse jeito? Nem pensar!!! Nós vamos entrar juntos e de mãos dadas, não quero nenhum viado francês abusado dando em cima de ti!
- Que coisa fofa! – Pi disse sorrindo
Eu fui até o Bruno e peguei nas mãos dele.
- Satisfeito?
- Agora, sim! Vamos!
- Que bobagem, amor!
- Bobagem nada! Tu não sabes como essas boates funcionam?
Eu só fiz rir do jeito como ele falava. Ele era mais velho do que eu, mas ele falava de um jeitinho tão engraçado, quando estava com ciúmes ou quando cuidava de mim, que eu ria.
- Isso não é engraçado, Antoine!
- Eu sei que não, amor! Eu estou rindo é da carinha que tu estás fazendo...
Ele ficou emburrado de eu estar rindo dele.
- Ah, não... não fica chateado, amor. Olha só – eu o beijei – tá vendo? Todo mundo já viu que estamos juntos, ninguém vai querer dar em cima de mim, e muito menos de ti.
- Por que muito menos de mim?
- Por que eu parto o viadinho em dois! – Eu falei no ouvido dele
Ele caiu na gargalhada.
- Vocês vão ficar aí ou podemos entrar?
- Já estamos indo!
Nós entramos na boate e eu fiquei encantado com o que eu vi. Era uma boate bem diferente das boates brasileiras, bom pelo menos das amapaenses, COM CERTEZA. O primeiro grande salão não parecia uma boate, pois tinha somente um som ambiente e vários sofás e puffs espalhados por todos os lados, haviam algumas pessoas sentadas, outras estavam namorando. Aquele ambiente com certeza não fazia parte de uma boate, aos meus olhos. Nós passamos por esse salão e depois entramos em um outro que era bem maior que o primeiro, esse sim parecia uma boate, a música tocava alta, haviam pessoas dançando em todos os lugares. Havia vários pequenos palcos onde haviam dançarinos e ainda tinha uns outros onde os clientes podiam arriscar uns passos. O bar ficava no fundo do salão e possuía uma infinidade de bebidas, é claro. Havia barmans fazendo diversos shows com garrafas e drinks.
Pi nos levou até o bar e pedimos algumas bebidas. Enquanto bebíamos Pi resolveu nos deixar e caiu na pista, e por incrível que pareça ele dançava super bem. Definitivamente, o tempo tinha feito muito bem ao meu primo. Ele estava lindo, eu não podia negar, dançava muito bem, era independente, trabalhava em um dos restaurantes mais badalados de Paris e chovia pretendentes para ele.
- Caramba! Ele já beijou quantos? – Bruno perguntou
- Já perdi as contas!
- Ele vai pegar alguma doença desse jeito!
- Talvez! Mas, eu entendo o que ele tá fazendo, eu já passei por isso.
- Como assim, Antoine?
- Ele esteve tanto tempo preso à uma imagem que não pertencia a ele que agora ele quer extravasar ao máximo. Ele quer se afirmar enquanto gay.
- Quer dizer que tu já saíste beijando uma boate inteira?
- Já!
- Que coisa feia, mocinho!
- É feia mesmo, não me orgulho. No entanto, foi fundamental pra mim. Todo mundo precisa passar por isso, eu acho. Eu me lembro que o Thi ficava louco enquanto eu ficava com os caras.
- Tens falado com ele?
- Não! Há muito tempo não falo com ele, para falar a verdade, a última vez que eu o vi foi no casamento.
- Será que ele vem pra cá?
- Não sei, amor!
- VOCÊS VÃO FICAR AI PARADOS? VENHAM DANÇAR! – Pi chegou gritando para que nós pudéssemos ouvir.
- Ei, vai devagar, tá? – Eu falei no ouvido dele.
- Com o que?
- Com os caras que tu estás pegando!
- Ah, qual é Antoine?
- Pi, tu podes pegar alguma doença, tu já viste quantos tu beijastes em menos de uma hora?
- Eu sou solteiro, primo!
- E se continuar beijando qualquer um que aparece na tua frente, tu vais continuar assim por muito tempo, pensa nisso.
Dizendo isso eu fui para a pista de dança com o Bruno. Eu dancei como um louco, dancei com o Bruno, dancei com o Pi, até no palco que era reservado aos clientes eu subi com o Pi e demos um “micro show”. Foi incrível!
Por incrível que pareça, depois de eu ter puxado a orelha do Pi, ele se controlou um pouquinho mais. Algo que chamou muita a atenção do Bruno foi que ninguém deu em cima de nós dois, mas como dariam? Ele parecia um cão feroz segurando minha mão.
- A noite foi incrível! – Pi disse enquanto voltávamos para casa.
- Confesso que estou surpreso! – Eu disse
- Com o que?
- Com o fato de tu não teres transado com ninguém!
- Eu não sou tão promiscuo assim, priminho! Eu não saio com qualquer um, aquilo era só diversão.
- Uma diversão bem extensa, diga-se de passagem.
- Como essa cidade pode ser tão linda, meu Deus? – Bruno disse
Eu já tentei mil vezes e nunca chego a uma conclusão, não sei se Paris é mais linda ao amanhecer, durante o dia ou durante a madrugada. No amanhecer, ver a cidade acordar, ver os cafés abrindo as portas, sentindo o cheiro das flores dos jardins; durante o dia com todo o movimento de cidade grande, mas também com toda a magia da cidade; a madrugada com todas as luzes da cidade acesas, com o clima noturno, com o conflito constante entre escuridão e luz. Para mim, não existe cidade mais linda que minha Paris.
- Eu sempre me pergunto isso, amor!
- Primo? – Pi chamou minha atenção novamente - Obrigado!
- Pelo o quê?
- Por ter chamado minha atenção, às vezes é bom ser trazido para a realidade. E principalmente, é bom ter alguém que te traga para a realidade.
- Ah, por isso? Pode deixar, pelo visto eu ainda vou puxar muito essas tuas orelhas.
Ele sorriu para mim. Pode até parecer estranha essa reação dele, mas quem mora sozinho, talvez, possa compreender. Eu entendi, naquele momento. Ele só queria carinho, queria atenção. Quando a gente mora sozinho por muito tempo, a gente sente falta dessas coisas. Até um puxão de orelha é bem-vindo, nesses momentos.
Oiiiiiiiiieeeeeeeeeee, meus amores!
Eu sei que prometi voltar há algum tempo e eu estou me saindo muito bem como mentiroso, sei que isso é chato. Mas, enfim, eu voltei. Eu estou me esforçando ao máximo para continuar a escrever, sei que minha ausência nesse longo período pode ter prejudicado um pouquinho a história, mas eu vou me esforçar para concluí-la.
Mas tenho uma boa noticia, tenho uns 10 capítulos escritos e revisados, então, vocês terão publicação nos próximos 10 dias. Isso é legal, não é? Eu prometi voltar há alguns dias, aí como não consegui publicar, eu escrevi e revisei os capítulos. Uruuuu!!
Alvimjr: Oi, meu lindo! Muito obrigado! Obrigado mesmo pelo apoio!
Plutão: Bonjour!!! Ça va mon cher ? Comment vas-tu ? Merci pour tes mots, ils sont si importants pour moi ! J’ai publié le premier chapitre parce que le site ne me permet pas de publier quelques lignes et comme j’avais besoin de vous informer sur mon absence, j’ai pris le premier chapitre pour faire ça. Mais, voilà, maintenant tu as la continuation de mon histoire. Bisous !!
Ninha M : Oi, meu amor ! Também estava morrendo de saudades! Exatamente isso, mas em determinados momentos até as boas lembranças machucam. Bom, mas agora eu já estou bem. Estou na área novamente! Kkkk Muiiiiiiiiiiiiiiiiiitoooooooooooooo obrigado pelo apoio, minha linda!! Obrigado mesmo! Beijuuu
Tau: Oiiieeee, minha coisinha maldosa! Eu só publiquei esse capítulo por que se eu colocasse somente o aviso, o site iria apaga-lo e vocês não iriam ler. Foi só por isso! Agora já estou bem, já voltei à minha rotina. E eu não te ignoro, sempre que eu vejo tuas mensagens eu respondo. Kkkk Beijuuuuuuuuuuuuuuuuuu.
€$: Obrigado! E sim, agora, eu volteiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!! Kkk Verdade, às vezes nos deixamos ser consumidos pela rotina e não conseguimos tempo pra nada.
Ruth M.: Volteiiiiiiiiiii!!! Volteiiiiiii!!! Kkk Obrigado, minha linda! Me estapear??? Aaaaah nãooo!! O beijinho eu aceito! Kkk Pois bem, agora estou de voltaaaa!!! Obrigado pelo apoio! Beijuuuus.