O mistério Debs 2

Um conto erótico de Júlia
Categoria: Homossexual
Contém 1713 palavras
Data: 22/11/2015 22:43:23

Acordei cedo no dia seguinte, pra ser sincera, nem sei dizer direito se dormi. Levantei depressa e fui para o sofá com a roupa de dormir e fiquei assistindo uma série que admito, sou meio viciada. Meio.

Igor apareceu pelas 11h e ficou lá comigo, atazanando, como todo bom irmão mais novo. Só estávamos nós dois e iria continuar assim até o fim daquele domingo. Eu falei pra ele que iria sair de novo com Arthur e ele deu aquele sorrisinho. Falou que também iria sair com os amigos pra jogar bola na praia e fiquei falando pra ele como tinha sido no dia anterior no evento, claro, sem alguns detalhes importantes.

Desta vez quando Arthur chegou, eu já estava pronta e eu mesma abri a porta pra ele. Ele sorriu simpático e disse que eu estava linda. Disse que ele estava muito bonito também, o que não era uma mentira. Arthur era um garoto fortinho, não por malhar. Ele praticava todo esporte que podia e tinha aquele bronzeado de pegar tanto sol, que acho que deu início aquelas sardas que eram charmosas. Era uns 10 centímetros mais alto que eu e um sorriso meio bobão. Ele vestia uma bermuda com uma camisa manga-longa do Ramones e all star. Eu vestia um short, uma camiseta branca do Bart e um tênis Vans preto, peguei uma camisa de botão de manga longa vermelha quadriculada e coloquei amarrada na cintura, deixei o cabelo solto e não passei maquiagem. Fomos novamente com o primo dele, que eu perguntei o nome e era Rogério. O.k. Eles perceberam que eu estava empolgada, fui o caminho inteiro puxando conversa, ao contrário do dia anterior, que parecia estar indo contra minha vontade. Ficamos procurando vaga juntos, dessa vez. Não demorou muito. Entramos e fomos direto comprar cervejas. Rogério achou alguns amigos e apresentou-os pra gente. Ficamos conversando, eles eram legais, mas na verdade eu estava procurando uma outra coisa. Um alguém. Duas horas depois de eu ter chegado, resolvi fazer a mesma coisa do dia anterior. Disse que iria ao banheiro e dei àquela sondada no lugar a procura dela. Débora. Nada, não a encontrei nem as pessoas que eu vi com ela. Encostei-me a um batente da escadaria principal e liguei pra Igor pra saber como estava indo a praia. Ele não atendeu, provavelmente estava indo bem. Demorei mais um pouco por lá, dei meia volta e quase esbarro na garota ruiva que estava com Débora no dia anterior. Pedi desculpas e xinguei mentalmente. Eu ia pro outro lado, mas tive a brilhante ideia de segui-la. O que não deu em nada. Voltei pra onde estava Arthur, Rogério e o pessoal. Assim que cheguei uma garota, Gabriela, pediu pra eu dar uma volta com ela, nas salas temáticas. Fomos. A primeira sala temática era de Divergente. Estava legal, passava o filme num projetor e tinham vários cartazes, livros, acessórios e tudo o mais só de Divergente. Quando saímos e íamos pra segunda sala, que era de Jogos Vorazes, vi uma silhueta parecidíssima com D. entrar na terceira sala, que até então eu não sabia do que se tratava. Gabriela entrou e eu falei que iria rapidão na terceira sala. Quando cheguei à porta estava escrito “Harry Potter”. Entrei. Mesma sistemática, filme no projetor, camisetas, acessórios, livros, e infinitas coisas. Ela estava em frente a um grupo enorme de pessoas. Fui em direção às camisas e fiquei fingindo que estava olhando. A algazarra toda era por que Débora e um garoto, um que estava comendo doritus com ela na grama, estavam bebendo alguma coisa. Alguém aleatório fez o favor de perguntar o que era aquilo. O menino que servia falou que era whisky de fogo, bebida do HP. Jujuba derretida + pimenta + whisky. Ela bebeu e fez careta, a careta mais linda que eu já vi. Ela estava com uma calça colada e uma camisa enorme do Duff vermelha. E um nike sb preto. Estava linda. E bebeu outro e outro whisky de fogo. Ela falou pro cara que estava vendendo que voltava depois e foi em direção às cadeiras posta em frente ao projetor, para quem quisesse assistir. Ela pegou um longboard que estava lá junto com uma bolsa de costa e saiu. Mas antes de chegar à porta o garoto que estava com ela entrelaçou os dedos aos dedos dela. Acho que arregalei os olhos em um “COMOASSIM?”, eles saíram pela porta e eu mais atrás. Eles continuaram andando de mãos dadas e ele pegou o longboard da mão dela, que parecia pesado, e foram cortando entre as pessoas. Desceram as escadas e eu desci também e PUFF! Eles foram embora. Sim, saíram. Eu quase fui atrás, mas o quê que eu poderia fazer? Socar a cara dele e dar a mão pra Débora? Fiquei tão irritada comigo mesmo por ter dito não no dia anterior, por que sim, eu tive vontade de ficar com ela. Queria conhecê-la, queria poder saber mais sobre ela. Eu só... Assustei-me com tudo, não quis admitir que quisesse ficar com uma garota. E agora já era. Débora. Tudo que eu sabia era seu primeiro nome.

Voltei pra onde Gabriela e continuamos a explorar as salas temáticas, eu sem tanta empolgação assim. Ela já havia passado da sala de HP e eu voltei lá pra comprar um whisky de fogo. Comprei dois e levei um pra ela. Era gostoso, mais ardia muito mesmo. Entendi o porquê da careta que Débora havia feito.

Fomos quase expulsos da festa, de tão tarde que já era. Alguns estavam bêbados e outros nem tanto. Eu estava um pouco, admito. Rogério era um dos mais embriagados e eu perguntei a ele como é que ele ia nos levar naquele estado.

- Não consigo – ele falou e sorriu, eu sorri também por que geralmente os bêbados insistem em dizer que não estão bêbados e dirigem mesmo assim – vou deixar no estacionamento da escola e vamos de táxi.

- Escola? – perguntei.

- Sim, eu estudo nesse prédio enorme aqui atrás, tá vendo? – ele apontou, apesar de não dar de ver nada de onde estávamos – quase todo mundo da escola estava aqui. Todos os meus amigos que apresentei pra você são de lá também...

- Ah... – pensei, pensei, pensei. Fico com o processador lento quando eu bebo. E THANRAN! Débora tinha dito “Eu estudo aqui” e eu não tinha entendido. Ela estudava na mesma escola que Rogério – você, por acaso, conhece alguma Débora?

Ele fez biquinho, de quem está pensando.

- Débora o quê? – por que todo mundo precisa de sobrenome pra reconhecer alguém?

- Não sei, Débora Somente – ele sorriu e negou com a cabeça, eu ia falar as características dela mas daí veio um dos organizadores e nos expulsou da festa pela segunda vez.

A essa altura só estava Arthur, Rogério, Gabriela e eu. Ficamos esperando um dos organizadores voltar com a chave do carro de Rogério, ele tinha ido levar até o estacionamento de trás. Pegamos um táxi e quando ele foi fazer o retorno pra pegar a avenida principal voltando vi a garota ruiva ficando com uma menina. Rapidamente baixei o vidro de uma das portas de trás do carro pra ver se era Débora e fiquei aliviada por ver que não era. Quer dizer, não parecia ser ela, passamos rápido demais.

Deixamos primeiro a Gabriela e depois fomos pra minha casa. Falei que eles poderiam dormir lá, se quisessem. Mas eles tinham que ir pra escola no dia seguinte, tinham algo importante a fazer e se dormissem lá, não daria tempo. O.k. Despedi-me e eles seguiram caminho. Arthur falou que me ligaria depois. Já era tarde e minha mãe estava em casa já, ela não falou nada pelo horário. Na verdade acho que ela estava aliviada por eu finalmente ter saído.

A noite foi longa mais uma vez. Fiquei fazendo um plano mental de como a veria de novo. De como a abordaria.

Amanheceu e eu acabei perdendo a hora de ir pra escola. Eu fazia o segundo ano do ensino médio. E a propósito, com 16 anos. Tomei café da manhã e estudei um pouco. Sim, eu era toda certinha. Estudava todos os dias e já tinha meu futuro todo programado. Que faculdade iria fazer, em que área ia me especializar, onde iria trabalhar, onde iria morar. Iria casar e ter 2 filhos. Já tinha até escolhido o nome dos dois. Era detalhista. Meu irmão adorava dizer que eu tinha TOC.

Quando deu 11h eu tomei um banho rápido, coloquei as primeiras roupas que achei e peguei um ônibus. Eu não conhecia muito aquela parte da cidade, mas os dois dias indo pra lá foram o suficiente pra eu não me perder. O lugar onde tinha sido o evento ainda estava de portas trancadas. Rodeei e vi a tal escola. Era grande e eu já tinha ouvido falar, só não sabia onde era. Na frente tinha um estacionamento para visitantes e próximo a um jardim havia alguns bancos. Falei para o porteiro que estava esperando alguém e ele disse que eu poderia esperar lá dentro, nos bancos. Sentei-me e olhei no relógio. Eram 11h50min, provavelmente batia o horário às 12h30min. E foi exatamente quando bateu. 2 minutos depois, uma onda de alunos saindo. Fiquei atenta, temi que ela não fosse. 7 minutos depois de pessoas saindo eu já estava sem esperanças de vê-la. Ela enfim apareceu. Estava com as mesmas pessoas do evento, incluindo a garota ruiva que a beijou. Pensei rápido. Tinha passado a noite em claro planejando, mas ainda não tinha nada concreto. Não tinha um roteiro, eu odiava não ter um roteiro.

Forcei-me a andar. Fui ao encontro dela, a contramão.

Ela conversava. Quando me viu calou-se e fez cara de confusão.

- Posso falar com você um minuto? – perguntei. Os amigos dela ficaram olhando, interessados. Dois meninos cochicharam algo entre si.

- Claro – ela disse. Eu saí na frente de volta aos bancos e ela me seguiu.

Ela mantinha um riso cínico nos lábios, o que me desestabilizou. Fiquei em pé, não quis sentar, estava inquieta.

- Oi, o meu nome é Júlia – falei de uma vez – mas você pode chamar de Jully – os olhos dela me analisavam como um scanner – se quiser.

- Jully – ela repetiu e apertou minha mão que estava estendida – Debs. Pode me chamar de Debs.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive juhddebsmir a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Tô ficando viciada. Continua logo...

0 0
Foto de perfil genérica

Muito bom...gostei...prendeu minha atenção e deixou-me ansiosa...continua logo então rsrsrs ☺

0 0
Foto de perfil genérica

Tá maneiro. Curiosa aqui pelo que vem pela frente. Tu escreve muito bem.

0 0