Cap.16
No dia seguinte, bem cedo o nosso diretor estava batendo na porta.
- Meninos, acordem que o dia vai ser longo. E nós precisamos gravar algumas cenas com esse nevoeiro da manhã. Vamos, andem logo ! - não teve jeito, tivemos que acordar. Entramos no banheiro, e juntos escovamos os dentes.
- Espero que dê tudo certo, e que não nos esqueçamos de fala nenhuma - dizia eu, enquanto escovava os dentes.
- Tenho certeza que tudo conspira a nosso favor.
- Será ?
- Tenho quase que certeza completa - sorrimos um para o outro. Estava feliz com essa aproximação repentina entre eu e ele. Cada vez mais me via apaixonado por este garoto fofo.
MINUTOS DEPOIS
Asagohan (Café da Manhã) reforçado, figurino casual, maquiagem bem feita (um tubo de corretivo ), aquecimento vocal, um frasco de laquê e pomada japonesa para manter o cabelo na linha (exagero), e então estávamos prontos para gravar. O clima era muito bom, todos riam, tentando descontrair. Mas na verdade estávamos nervosos. E via Yuki transparecer. Lentamente minha mão caminhou, e se encontrou com a sua.
- Tenha calma. A partir de agora a timidez e o nervosismo não devem existir - ele sorriu.
- Você tem razão, Misu-San kkkk - estávamos nervosos, e ao mesmo tempo animados e ansiosos. A vontade de gravar logo era enorme.
TEMPO DEPOIS
- Atenção pessoal, todos preparados. É hora do sonho começar - respirei fundo, escondi meu roteiro dentro do casaco que vestia, e logo ouvi a claquete bater. O meu sonho estava começando.
As primeiras cenas não exigiam muito de nós. Uma postura um pouco mais fútil, uma voz mais imposta da minha parte, e estava tudo bem. E haja laquê para manter o cabelo no lugar naquela ventania. Em alguns momentos a fala sumia da mente, e aquele era o momento mais descontraído. Porquê em todos os outros, estávamos muito nervosos. Mas eu até que estava gostando de gravar. E conhecer melhor a história do meu personagem.
" No colégio interno mais uma vez, Misu andava pelos corredores em busca de descobrir qual seria seu novo quarto após a saída. Saiu do colégio, não para entrar em férias, mas por Que estava com leucemia, e passou por muitos momentos ruins. Agora curado, retornava para o lugar aonde mais foi feliz. Mas agora sem a certeza de que aquela felicidade de antes poderia ser alcançada !"
NARRADO POR YUKI
Não nego, nas primeiras cenas eu estava muito nervoso. Ficava corado quando me perdia por entre as falas, ou quando a expressão que eu queria passar não era convincente na opinião do diretor. O meu personagem não era tão fácil de interpretar, e para um ator que nunca havia feito nem teatro, era um desafio.
" Saki era um dos alunos mais antigos do colégio. Morava ali a quatro anos, conhecia todos os ambientes e muitas pessoas. Mas era tímido ao extremo. Sempre retraído, voz baixa, não inspirava confiança. Por isso, mesmo veterano, não tinha muitos amigos e era visto por muitos como um garoto estranho. Poucos sabiam que aquela timidez estranha havia sido causada por ter sofrido bullyng na infância, por sempre ser estudioso e delicado, e principalmente, por sofrer de uma síndrome do pânico que volta e meia retorna. Ficou com traumas, e mesmo já tendo se passado um bom tempo desde o ocorrido, tudo aquilo ainda vivia na sua mente, como se fosse impossível apagar. Apesar da timidez, ele tem sentimentos dentro de si. E a pessoa que mais ocupa os seus pensamentos e o deixa calmo e apaixonado é o jovem Misu "
NARRADO POR GUSTAVO
Como vocês imaginam, nós não gravamos as cenas do filme da forma como ele é mostrado no cinema, ou seja, em sequências. Gravamos todas as cenas que ocorrem num local, para que depois toda a comitiva se mova para outro. Então, o primeiro beijo técnico que os nossos personagens trocariam, foram uma das primeiras cenas gravadas, para minha tristeza (ou alegria)
MINUTOS DEPOIS
Não nego, todo o nervosismo que eu não tive antes vieram de uma vez só naquele momento. Não por causa da cena em si, mas Porquê eu iria beija-lo. Era técnico, era... Mas a minha boca iria entrar em contato com aquela boca que a meses vive nos meus pensamentos, e me deixa louco de paixão. O figurino foi trocado, a maquiagem realçada. A cada minuto, eu tentava repassar o roteiro na minha mente, pois estava com muito medo de esquecer.
- Nossa, sua mão está gelada - dizia ele, sentando ao meu lado, sendo maquiado também.
- Estou meio nervoso...
- Vamos ter calma, lembra ? Vai dar tudo certo, eu tenho certeza... - dizia ele, tentando passar mais confiança para mim. O fato era, não seria nada fácil gravar aquela cena.
MINUTOS DEPOIS
Fomos até aquele jardim lado a lado. Apesar de ele tentar demonstrar não estar nervoso, dava para ver, ele estava mais branco que o normal. Sentamos num canto ordenado pelo diretor do jardim, e em poucos segundos a cena estava prestes a acontecer. Olhei em seus olhos, incrivelmente eles não conseguiam me passar sensação nenhuma. Era como, se assim como eu, ele não estivesse pensando em nada. Logo a claquete bateu, lá íamos nós de novo.
- Você não gosta daqui ? - dizia eu, tentando encarnar o destemido personagem que eu encarnava.
- Gosto... Mas... Normalmente eu venho aqui sozinho.
- Porquê ein ?
- Ah... Porquê eu não tenho amigos... - dizia ele, baixando a cabeça. Parecia que aquele personagem havia sido montado para ele, nem era tão necessário assim ele mudar a personalidade.
- Porquê você é assim ? Tenho certeza que tantas pessoas gostariam de se aproximar de você...
- Eu não quero me aproximar de ninguém... Na verdade, as pessoas não me inspiram confiança. Eu tenho medo de ser magoado, de ter o meu coração partido por um amigo aproveitador e falso. Na verdade, a única pessoa que me importaria ser amigo, está aqui ao meu lado - naquele momento nos olhamos. Infelizmente, como no teste, eu não estava conseguindo pensar como Misu. Estava pensando como Gustavo.
- Do que está falando ?
- Você me parece ser a pessoa mais verdadeira deste local. Assim como eu, passou por tanta coisa e sobreviveu a cada uma delas. E... Agora está aqui, interessado num garoto que nada tem de interessante...
- Quem disse que você não é interessante ? Você é inteligente, é bonito, sabe muitas coisas, e - nesse momento eu baixei a voz. Aquilo não estava combinado, foi involuntário - é muito fofo... - ele corou. Ficou vermelho, sem um pingo de maquiagem.
- Falando assim até parece que você tem algum interesse por mim e... - naquele momento eu tinha que fazer algo que nunca teria coragem de fazer na vida real. Roubar-lhe um beijo.
- E se eu estiver ? - e então, de uma vez, e sem pensar, fui de encontro aos seus lábios. Se eu pensasse não conseguiria fazer. Num primeiros momento ele parecia assustado. Mas logo se soltou. Pegou nos meus cabelos e atuou. Porém, de repente nossas línguas se tocaram. Me surpreendi quando senti a sua língua. Aquilo não era um beijo técnico de forma alguma.
Continua
E aí ?? Gostaram ?? É galera, quase 2 dias voando e eu ainda não estou no Japão. Acabei de chegar na China, estou fazendo uma conexão aqui, e graças a Deus, em poucas horas estarei na minha terra natal. Não sei se vou escrever mais tarde, acho que vou dormir, pois estou cansado, principalmente por causa da longa viagem mas também do jet lag, afinal aqui acaba de amanhecer e aí deve estar anoitecendo. Enfim, leiam e avaliem por favor. Beijos.