Blz galera?
Mais uma vez por aqui com mais uma história, espero que curtam. Daqui a pouco penso num título. Ah e quanto ao título, sei que é horrível, rs mas o site exige um pra poder postar.
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Esse conto irá contar a história de dois homens, de personalidades e mundos diferentes. Enquanto um teria motivos de sobra pra odiar a vida, só consegue ver o lado bom de tudo, sempre acreditando em um mundo melhor e na esperança de um dia reencontrar seu irmão desaparecido.
O outro é seu oposto, tem tudo, mas não possui nada. Nem mesmo o pior dos sofrimentos é capaz de arrancar-lhe uma lágrima e nem a maior das alegrias é capaz de lhe tirar um sorriso, aias, sorriso esse que só aparece em seu rosto quando destrói seu inimigo, quando destrói todas as formas de amor ao seu redor.
O destino não age por acaso e por algum motivo o caminho dos dois irão se cruzar. Um será capaz de mostrar ao outro o que é o amor? E caberá ao outro ser o responsável pela maior alegria que um deles poderia ter, trazendo alguém que tanto procura?
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Capítulo 1
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Já era altas horas da noite e o único som possível de se ouvir era da chuva, que caia insistentemente do lado de fora.
Guilherme - Irmão, eu estou com medo.
Antônio - Não fique com medo não, é só um trovão.
Guilherme - Eu tenho medo, cadê a mamãe?
Antônio já estava deitado, mas levantou-se no mesmo instante, indo até a cama do irmão, o abraçando.
Antônio - Não fica com medo não, eu vou ficar perto de você. Ta bom?
Guilherme abraçou o irmão ao escutar mais um trovão e ver o quarto se iluminar com aquele relâmpago.
Antônio - Vamos brincar?
Antonio correu até uma caixa velha de sapatos e trouxe nas mãos alguns carrinhos arranhados, alguns sem rodas, mas que para a realidade em que viviam, era um verdadeiro luxo. Guilherme sempre escolhia o mais bonito, mas Antônio nem ligava para esses detalhes.
Sem se importar com a friagem do piso de cimento batido, os dois irmãos se esparramaram no chão e em segundos Guilherme se acalmou, totalmente entretido com Antônio.
Os dois se divertiam, rindo um para o outro. Antônio estava prestes a completar 05 anos de idade, enquanto Guilherme tinha pouco mais de 02 anos.
Aquele clima inocente foi novamente quebrado, não pelo barulho dos trovões, mas sim pelos gritos e discussões que vinham do quarto ao lado. Antônio já estava acostumado com esses sons e sempre que os pais brigavam, enfiava a cabeça de baixo do travesseiro, chorando em silêncio, tentando tapar ao máximo o som vindo do quarto dos pais.
Apenas um menino, Antonio sabia perfeitamente o som de um tapa e naquela noite eles estavam mais constantes, mais intensos.
Guilherme - A mamãe esta gritando?
Antônio abraçou o irmão e juntos ficaram encolhidos no chão, ao lado da cama e a cada grito da mãe, fechava os olhos, enquanto as lágrimas caiam. Guilherme já estava impaciente e pela sua idade não conseguia distinguir o que acontecia, mas percebia o medo no olhar do irmão, o que o fez começar a chorar.
Antônio - Não chora Gui.
Cada vez mais impaciente, Guilherme se desvencilhou dos braços do irmão e correu até a sala, a tempo de ver a mãe rolando sobre o chão, com a roupa cheia de sangue.
- Sai daqui moleque.
Antônio - Não bate nela.
Ana - Volta pro quarto filho, leve seu irmão.
Antônio - Vocês estão brigando. Não machuca a mamãe.
- Já mandei sair daqui sua peste.
Guilherme correu chorando para o quarto enquanto Antônio, sem ação, olhava nos olhos do pai, que estava prestes a lhe espancar também. Mesmo sentindo fortes dores, Ana levantou-se, jogando-se contra o marido, defendendo o filho como uma leoa defende seus filhotes.
Ana - Foge Antônio, corre meu filho.
Antônio parou na porta da rua, olhando para a mãe, e chorando muito viu seu olhar de desespero. Suas mãos já estavam cheias de sangue mas o pior foi quando seu pai ergueu o braço, empunhando aquela faca, descendo com tudo sobre Ana.
Tampando o rosto com as mãos, não teve coragem de olhar aquela cena, apenas escutou o grito abafado da mãe e com muito medo saiu correndo naquela escuridão, descendo pelas vielas daquela favela, enquanto a água da chuva se misturava com suas lágrimas.
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Dando um grito, Antônio acordou assustado, levando as mãos ao rosto.
Antônio - Nossa!!!
Ainda suando, foi se sentando na cama, relembrando o pesadelo que acabará de ter. Já havia se passado quase 30 anos, mas essas lembranças da infância ainda pareciam vivas em sua cabeça e por vezes assombravam seus sonhos durante a noite.
Apesar de aquele dia ser um dia especial, Antônio nem se importou e iniciou sua rotina normalmente.
Antônio era praticamente um herói e mesmo com tantas portas fechadas pela vida, mantinha sempre o bom humor. Com 33 anos de idade já tinha trabalhado praticamente com tudo que se possa imaginar.
Com o corpo molhado e a toalha amarrada na cintura, correu até a porta, já que sua campainha tocava insistentemente.
Ao abrir a porta, viu apenas um braço estendido, segurando uma rosa vermelha, com o corpo da pessoa escondido. No mesmo instante começou a rir, sabendo perfeitamente de quem se tratava.
Antônio – Quem será que é hein!!!
- O amor da sua vida.
Antônio deu um sorriso de orelha a orelha e no mesmo instante Marcelo se revelou, ainda com a rosa nas mãos.
Marcelo – Bom dia!!!
Antônio – O que faz aqui?
Marcelo – Você achou mesmo que eu iria abrir em ser o primeiro a lhe dar parabéns?
Antônio sorriu mais ainda, adorando a surpresa do namorado.
Marcelo – Vou ficar plantado aqui na porta?
Antônio segurou o namorado pela cintura e lhe deu um beijo apaixonado, de tirar o fôlego, o puxando para dentro de casa. Sem cerimonias, Marcelo soltou a toalha do namorado e em segundos já estavam na cama, se amando.
Ainda deitados, ficaram namorando um pouco. Antônio fazia carinhos nas costas de Marcelo, que entrelaçou suas mãos com a dele.
Marcelo - Esta pensativo.
Antônio - Sonhei com minha mãe, meu irmão e com aquele monstro.
Marcelo - Não fique triste meu amor, hoje é seu dia, é um dia pra você se sentir feliz.
Marcelo virou-se de frente para Antônio, beijando seu queixo.
Marcelo - O que quer ganhar de presente?
Antônio - Não quero ganhar nada.
Marcelo - Não estrague o clima, vai, pede alguma coisa.
Antônio - Eu já ganhei um presente, quando lhe conheci.
Marcelo - Hummm, então pode usar bastante esse presente.
Antônio - Mais do que eu já uso?
Os dois riram, mas Antônio respondeu com seriedade a pergunta de Marcelo.
Antônio - Amor, eu não preciso de mais nada estando ao seu lado, mas gostaria sim de ganhar um presente.
Antônio - Gostaria de reencontrar meu irmão. Já tenho você, mas no dia que eu encontrar o Guilherme, vou poder dizer que sou o cara mais feliz desse mundo.
Marcelo - Deixa comigo, vamos reencontrar seu irmão. Vou ajudar você a revirar esse Brasil se for preciso, mas vou lhe dar esse presente.
Marcelo – Deixei meu celular com aquele ex porteiro do orfanato. Ele ficou de dar um retorno, e to levando fé que dessa vez conseguiremos uma pista concreta do Guilherme.
Antônio – Eu sei, mas tem horas que desanima. Mas vamos deixar isso pra la.
Antônio – Adorei a surpresa, não esperava mesmo.
Marcelo – Você não me conhece ainda hein, ainda vou lhe surpreender muito.
Antônio sorriu como um bobo, beijando o namorado, mas teve que interromper o clima de romance, afinal precisava ir pra rua, ganhar a vida, trabalhar, estudar.
Marcelo - Você vem mais cedo hoje?
Antônio - Não vai dar, arranjei um bico de garçom numa festa de bacana, pagam bem, não pude recusar.
Marcelo – Mas no dia do seu aniversário?
Antônio – Vamos ter outros dias pra comemorar, fique tranquilo.
Os dois se despediram com um beijo apaixonado e cada um tomou seu rumo. Marcelo estava sem emprego e foi passar mais um dia na rua em busca de sua sorte.
Antônio trabalhava num cartório, ganhava muito mal, mas não deixava se abater. Nas horas vagas fazia bico de garçom, de ajudante de pedreiro, na feira e em qualquer outro lugar que pudesse ganhar seu sustento.
Após a tragédia que se abateu em sua família, ficou perambulando pelas ruas da cidade, até ser jogado num abrigo infantil. Chegou a ser adotado por uma família, mas por maus tratos dos pais adotivos, voltou para o orfanato meses depois, onde permaneceu até completar 18 anos.
Sem família, parentes e amigos, Antônio foi o único responsável pelo seu destino. Praticamente tudo que ganhava era para seu próprio sustento, nunca podendo se dar ao luxo de conhecer os grandes prazeres da vida.
Não bastando todos esses problemas, ainda teve que lidar com sua sexualidade e com a angustia de tentar descobrir o paradeiro do irmão, que ele nem mesmo sabia se estava vivo.
Mesmo sendo um cara solitário, não via a vida como um fardo, suas angustias guardava para si mesmo e para os outros dava apenas o que tinha de melhor, seu sorriso e sua amizade.
Sua vida começou a mudar quando conheceu seu primeiro e grande amor, Marcelo. A partir dai começou acreditar que era possível ter um futuro, uma família e ser feliz ao lado de alguém. Marcelo tinha sua idade e o romance com ele fez com que Antônio se sentisse menos sozinho, não que fosse uma pessoa que reclamasse da vida, mas ter alguém com quem contar fazia com que as dificuldades da vida ficassem mais leves.
Após o fim do expediente, o pessoal do seu trabalho improvisou um bolo e não deixaram seu aniversário passar em branco. Antônio ficou muito feliz mas não via a hora de ir para casa, passar o resto do seu dia com seu amor.
Antes de ir para a casa, fez o que sempre fez em todos os seus aniversários, foi até uma igreja e agradeceu por tudo.
Antônio - Obrigado meu Deus por mais um aniversário. Obrigado por tudo de bom que fez em minha vida, não me sinto no menor direito de reclamar nada, só agradecer por tudo que tenho.
Antônio - Por favor meu Deus, só lhe peço um presente. Traga meu irmão de volta pra mim.
Antônio - Antes que eu esqueça, obrigado por ter colocado o Marcelo em minha vida. Sinto que a vida será muito mais fácil, estando ao lado de quem me ama de verdade, de quem me faz feliz.
Antônio havia mentindo para Marcelo, mas na verdade tudo fazia parte de um plano. Economizando o quanto pode, juntou uma graninha para ter uma noite especial com seu amor, comemorar seu aniversário e ao mesmo tempo namorar. Saiu daquela igreja e foi o mais rápido que pode para a casa do namorado, já que com meses de namoro, um já tinha as chaves da casa do outro.
Antônio – Marcelo!! Sou eu, está ai?
Antônio – Tenho uma surpresa.
Percebendo que ninguém respondeu, foi até a cozinha, tomou um copo d'água mas logo sua atenção foi despertada quando escutou alguns ruídos, barulhos, vindo do fundo da casa.
Antônio - Marcelo, esta ai?
Enquanto se aproximava do quarto, aqueles ruídos foram se transformando, agora em risadas e sons abafados.
- Você está tão tarado hoje.
Marcelo - Você não viu nada ainda.
- Ei, porque você não da um pé na bunda desse idiota do Antônio e vamos ficar juntos de vez.
Marcelo - Pra que falar do Antônio agora? Você sabe que ele não ter a menor importância pra mim, é de você que eu gosto.
- Prove então!!!
Marcelo - Vem ca meu gostoso, hoje a noite é só nossa, já fiz o papel de bom namorado hoje de manhã.
Marcelo e seu amante estavam nus e começaram a se agarrar, rindo sem parar, um engolindo a boca do outro.
Marcelo - Eu te amo.
Se pegando como dois tarados no cio, tiveram um péssima surpresa ao darem de cara com Antônio, que estava na porta do quarto, com os olhos cheios de lágrimas, assistindo toda aquela cena.
Continua...