Queridos leitores, muito obrigado pelos comentários e por lerem esses contos que mesmo com tantos erros ( que não são poucos) dedico a vocês. Grande beijo a todos... ;)
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Contagem regressiva para a virada do ano, e meu irmão e eu, ainda no quarto do hotel com uma garrafa de champagne nas mãos. Nos enrolamos em lençóis e fomos até a sacada para vermos os fogos. Um explendoroso espetáculo de luzes que nos faziam brilhar os olhos. Ele ssgurou minha mão e a beijou. Encoste minha cabeça em seu braço e ergui os olhos vendo meu irmão amado derramar uma gota de lágrima. Certamente chorava por não termos mais a presença de nossos pais. Não quis atrapalhar seu momento nostaugico e fiquei abraçado ao seu corpo. Minutos depois ele me abraçou, e me girando no ar, me beijou a boca e tirou o lençol do meu corpo; me deixando cometamente exposto.
— você tem um corpo tão bonito. Não me canso de olhar pra você. — dizia e veio roçar o corpo dele no meu.
— eu vou acabar perdendo todas as minhas forças contigo. Ficamos trancados aqui a mais ou menos quatro horas.
— coitadinho do maninho, ta com fome amor?
— muita fome. Vamos descer e jantar?
— vamos.
Tomamos um banho rápido e descemos para comemorar o Ano Novo junto com os demais.
Primeira passagem de ano sem nossos pais. Fiquei um pouco pensativo depois a respeito disso, mas acabei esquecendo. Não queria que o Quim notasse que eu também sentia falta deles e chamei ele pra jantar.
— estou muito bem alimentado já. — seu olhar safado me tirava o fôlego.
— você não tem jeito rapaz. Venha logo.
Ele me abraçou pelo pescoço e antes de entrarmos no restaurante, demos de cara mais uma vez com as duas garotas. "Tenha santa paciência!" — pensei. Dei de ombros e continuei andando. Uma delas me chamou e eu fiz que não ouvi. O Quim já estava servindo o jantar e olhou pra trás me procurando. Ergui meu braço e acenei. Me servi e sentei com ele.
— o que aquela garota queria contigo? — ele perguntou e eu suspirei revirando os olhos
— sei lá. Fingi que nem ouvi.
— hahaha, você é muito hilário.
— eu não gosto me relacionar com mulheres, nem pretendo. Você sente falta?
— não. Quando a gente começou a ficar juntos, eu não saia com ninguém já fazia uns cinco meses. Talvez porque eu já estava sentindo alguma coisa por você. Eu sentia a necessidade de ficar perto de você, de tocar em você e alguma coisa aqui dentro me dizia que eu te amava demais.
— se não tivesse tanta gente aqui, te daria um beijo.
Ele me surpreendeu com um beijo no rosto um pouco demorado e de longe vi as duas garotas nos olhando. Meu corpo tremia de desejo por ele e ao mesmo tempo me senti envergonhado. Voltei a comer e ele sorria de um jeito maroto. Parecia uma criança quando acabara de fazer uma travessura.
Depois do beijo, não vimos mais as garotas. Provavelmente se deram conta que não havia espaço pra mais ninguém no nosso pequeno mundo.
Ficamos um dia a mais hotel, aproveitando cada momento a dois. Meu corpo implorava por ele e não conseguia ficar longe dele um minuto se quer. Meu irmão passou a ser meu ponto de equilíbrio. Isso as vezes me incomodava; era como se eu não pudesse mais sobreviver sem ele.
O tempo foi passando e nós dois cada vez mais próximos. Ele saia pra trabalhar e chegava a me ligar seis vezes durante o dia. Um dependia do outro e as vezes era difícil não agir como um casal perto de nossos amigos ou familiares. Tínhamos que nos controlar, mas era impossível olhar pra ele e fingir que entre a gente não acontecia nada. Eu estava começando a enlouquecer.
As aulas começaram e como eu estudava de manhã, não nos veríamos o dia todo. Ele escrevia o roteiro de um curta metragem enquanto almoçava e eu acabara de chegar. Quando me viu, largou tudo de lado e veio me ajudar. Tirava minha camisa enquanto beijava meus ombros. Suas mãos desceram até o botão do jeans e enquanto descia a calça, beijava minhas costas. Me deixou só de boxer e se pôs na minha frente.
— anjo, meu anjo! Saudade de você.
— sentiu mesmo minha falta?
— claro que senti. Venha, tem almoço pronto.
Como ele cuidava de mim. As vezes era irritante, mas eu não conseguia abrir mão de tanto cuidado. Eu precisava daquilo.
Um dia de sábado, ainda estávamos na cama e ele acabara de me acordar com seus deliciosos beijos. Ouvi uma buzina de carro na rua e pedi que ele fosse ver quem era. Ele se levantou enrolado no lençol e foi até a janela da sala ver. Voltou correndo e vestiu rápido um short.
— veste uma roupa, amor. O tio Henrique está lá fora.
— a essa hora? Nem são nove da manhã. Ele te viu?
— viu, pedi que esperasse.
Me troquei e o Quim foi abrir a porta. Ouvi meu tio dizer o porquê de tanta demora e o Quim disse que estava com uma garota no quarto. Cheguei e abri aquele sorriso. Meu tio me olhou e tirou uma com a minha cara.
— teu irmão tá pegador.
— é, to sabendo.
— e você? Tem namorada não?
— não. To focado nos estudos.
— sim, mas tem que se divertir também. Olha seu irmão, não perde tempo.
— o Quim é uma máquina.. A meninada sofre.
— hahaha, esse é meu sobrinho. Escuta aqui, vocês estão sumidos. Eu sei que não é fácil pra vocês, mas vocês ainda tem família.
Meu irmão se adiantou e mostrou o roteiro em que estava trabalhando. A desculpa foi que estavamos muito ocupados com o trabalho e estudos. Ficaram conversando e meu tio nos pressionando a passar o fim de semana na casa dele. O Quim disse que talvez iríamos, mas não deu certeza. Meu tio foi embora e fomos arrumar a mesa pra tomarmos café.
Nossa situação estava começando a ficar insustentável. Cada vez mais a família cobrava nossa presença em datas comemorativas ou ao menos nos fins de semana. Disse ao Quim que deveriamos ir pelo menos uma vez por mês casa da nossa avó. E foi em um desses fins de semana que seria melhor não termos ido.
Levantamos cedo no domingo e fomos almoçar com a família. O lado da família da nossa mãe, não moravam na mesma cidade e não éramos tão apegados, então, a gente não se preucupava tanto.
Chegamos e todos estavam lá. Meus tios e tias com todos os nossos primos e nossa vó. Cumprimentamos a todos com um "olá" coletivo e fomos abraçar nossa vó. Eu até que gostava de participar desses encontros, mas o Quim as vezes torcia o nariz. Ele dizia que nosso pai sempre reclamava pelo fato deles sempre quererem se intrometer um na vida do outro. Eu também já ouvi meu pai e o tio Henrique brigando e sinceramente, só não saiam no tapa em respeito a minha vó. Família é família!
Ficamos até a hora do almoço conversando com nosso primo Murilo, filho mais velho do nosso tio Henrique; dezesseis anos, nerd, adora informática e não tinha nada que ele não conhecia. O Quim e ele ficaram um bom tempo falando sobre os melhores editores de vídeo e eu deitado no sofá com a cabeça no colo do meu irmão. Ah como era bom ficar perto do Quim: sentir suas mãos afagando meu rosto sem que ninguém nos censurasse. Afinal, eramos dois irmãos, órfãos de pai e mãe. Normal que ficassems mais próximos.
Ninguém ali imaginava o quão próximos éramos de verdade. Não sabiam do verdadeiro amor que sentíamos um pelo outro e quanto esse amor ultrapassava todos os limites. Incesto? Não, nunca gostei dessa palavra, nossa relação era de uma pureza e de tamanha cumplicidade que ninguém seria tão sencível a ponto de compreender. Tudo entre nós era permitido e como era delicioso ser acordado por ele. Era surreal.
Depois do almoço nos reunimos na grande varanda que rodeava a casa de minha vó. Minha vó brincava com os outros netos e o Quim se deitou em numa das redes. Eu estava sentado na escadaria que dava acesso ao imenso jardim e resolvi ver as exóticas flores que minha amada avó cultivava com tanta dedicação. Desci e em meio ao emaranhado de samambais que ficavam pensuradas no tronco de uma árvore, vi a flor de minha mãe. Uma roseira amarela que minha vó teria dado a ela quando começou a namorar nosso pai. Era a roseira que minha mãe cuidava, sempre quando passávamos o fim de semana na casa da nossa avó querida.
Fiquei ali, parado, admirando os botões da roseira e pensando na bênção que nosso pai havia nos dado. Ele sabia o quanto o Quim era importante pra mim e certamente não tinha dúvidas do amor que o mano mais velho sentia pelo caçula. Me perdi completamente em meus devaneios e num susto, tive a boca tapada pelas mãos do cara que a todos os dias me chamava de amor.
— quieto, sou eu. — ele disse no meu ouvido.
— eu sei que é você, mas me assustei. Vão ver a gente, Quim.
— não vão. Tem toda essa cerca viva servindo de parede. Relaxa. O que está tão interessante pra você ter ficado aqui até agora? — como era bom ouvir sua voz tão perto. Perguntei se ele se lembrava da roseira de nossa mãe e ele disse que sim.
— lembro. Ela me trouxe aqui uma vez. Dizia que nossa vó a chamava de "sua filha do coração". De todas as noras, a nossa mãe era a favorita.
— verdade, ela era tão meiga, delicada e sabia ser firme quando precisava. Será que ela teria vergonha da gente? Desse amor que sentimos um pelo outro, será?
— não sei te responder, mas ela, assim como nosso pai, nos amava profundamente. Sabe, as mães sabem de tudo, algumas podem até fingir que não sabem, mas elas sabem. Sempre fomos muito ligados, você e eu, desde pequenos. Eu adorava cuidar de você. Sempre gostei da sua companhia e ela me admirava por isso. Lembro muito bem de suas palavras: dizendo o quão era feliz por saber que eu te amava tanto. Guto, as vezes tenho a impressão que já te amava desde muito antes de você me dizer que era gay. Por isso não me abalei quando você disse, pelo contrário, comecei a cada dia mais, ficar mais próximo de você. Agora entendo muitas coisas, Guto.
Ele me abraçou com uma vontade que nunca havia sentido antes. Beijou minha nuca e apoiou a cabeça no meu ombro. Estávamos em sintonia com aquele lugar que representava o amor dos nossos pais; e representava o nosso amor também.
— ela fez você pra mim. Foi o melhor presente que nossa mãe me deixou.
— eu amo tanto você, Joaquim.
— e eu amo você.
Me virou de frente pra ele e delicadamente me beijou a boca. Como seus lábios eram doces, suas mãos suaves e seu corpo me servia de abrigo. Nós dois ali, entregues diante do símbolo da união de nossos pais, como uma confirmação do nosso amor. Era tão mágico nosso momento que nos esquecemos do resto do mundo, até que ouvi àquela voz feroz...
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Continua...