Cap.25
NARRADO POR MAURICE
No dia seguinte, tão logo o Sol raiou eu me levantei da cama.
- EI ? - ele acordava enquanto eu vestia o meu terno - já vai ? Não vai nem comer ?
- Não precisa, eu como depois numa confeitaria.
- Mas...
- Eu quero resolver isso logo e estar livre para viver o meu amor da forma que me convém - disse, indo até ele e beijando o seu rosto - me aguarde. Eu volto e... Espero que tenha um lugar para mim aqui - ele sorriu.
- Com certeza tem !
Decidi fazer isso. Faltando uma semana para o meu casamento, eu decidi não me casar. Decidi contrariar tudo aquilo que eu havia planejado. Tudo aquilo que eu havia idealizado por tanto tempo e jogar tudo para o alto. Terminar aquela farsa que eu havia intitulado de casamento e fugir com o meu amor para algum lugar desconhecido, em que nós pudéssemos ser felizes sem sermos incomodados. Eu não conseguiria viver uma farsa o resto da minha vida.
MINUTOS DEPOIS
Fui direto para minha casa. Quando cheguei, todos estavam reunidos ao centro da mesa, comendo.
- Maurice, aonde esteve ! Eu estava preocupado, como você pode passar a noite inteira fora sem avisar ? - dizia minha mãe, levantando da ponta da mesa.
- Isso não importa. Acho que já estou velho demais para dizer para aonde vou o tempo todo. Vou aproveitar que vocês todos estão reunidos aqui, para comunicar uma coisa - de repente todos me olharam. Naquele momento eu fiz um silêncio, e refleti rapidamente para ter certeza que era aquilo que eu queria - eu não quero mais me casar.
- O Que ? - ela gritou. Aquele barulho de aço se chocando com a mesa se formou - mas porquê ?
- Eu não quero dar muitas razões do que quero fazer. Só acho que não é o melhor para mim, simplesmente me prender com alguém que eu realmente não gosto. Eu não quero me casar tão cedo.
- Mas esse casamento já estava marcado a muito tempo ! Porquê isso agora ? A festa, o bolo, o vestido, tudo já está preparado, você vai simplesmente jogar tudo isso fora.
- O prejuízo que o fim deste casamento trará será ínfimo comparado ao que eu vou sofrer se fazer algo que eu não quero. Eu não vou me casar !
- Mas e os convidados ? E as pessoas ? O que vão falar ? Vão especular se souberem que você simplesmente abandonou. Falarão mil coisas !
- Que falem. Eu não ligo para os mexericos dessa gente. Ligo apenas para a minha felicidade, se trata da minha tranquilidade. Da minha vida. Eu não vou me casar. Desmarquem tudo - começei a caminhar em direção ao meu quarto. Arrumaria algumas coisas e depois partiria em direção ao apartamento do Antônio. Eu queria ficar ao seu lado agora.
MINUTOS DEPOIS
Arrumava algumas das minhas roupas em uma mala, quando ela entra no meu quarto.
- Espera Maurice, você acha que é simplesmente assim ? Não vou me casar e acabou ? Não vai dar nenhuma boa explicação.
- E do que isso vai adiantar ? A força eu não me caso !
- Mas e a Marine ? Você não pensa nela, no quanto ela vai sofrer ?
- Ela é nova e bonita, poderá viver um grande amor e casar-se com alguém que realmente a ame.
- Mas porque isso, do nada ? Ontem mesmo estávamos acertando os últimos detalhes do buffet, e agora você simplesmente desiste de tudo e está arrumando as suas coisas. É outra pessoa, não é ?
- Da onde você tirou isso ?
- Você não mudaria do nada assim por nada. Tudo estava certo para um casamento e de repente você desiste. Alguma nova pessoa está metida nisso. Quem é ? Fala !
- Não é ninguém. Essa é uma decisão minha. Ninguém está envolvido nisso ! - falei, terminando de arrumar e indo em direção a saída. Então para onde você vai ?
- Vou para um hotel ! - dizia. Deixei aquela casa não com raiva da minha família, mas porque infelizmente nela estava reservada apenas a minha infelicidade. A minha felicidade agora estava em outro lugar
NARRADO POR ANTONIO
E então, o eclipse novamente havia testemunhado uma grande mudança na minha vida. E possivelmente havia sido o mandante daquela nova virada. Ele desistiu do plano e, insistiu para que ficassemos juntos ! Eu aceitei, afinal, apesar de tudo, não havia algo alem disso que eu mais queria. Eu queria ser feliz. Queria ser feliz ao lado dele, sonhava com isso todo dia. E teria esse sonho realizado alegremente. O eclipse mais uma vez se mostrou presente, mudando a minha vida. Relia novamente cada uma das cartas que eu havia recebido com propostas de outros países. Todas elas estavam em Francês. Imaginei que deveria esperar ele chegar e decidir para onde iríamos. Mas o lugar não importava. O importante era que eu ia poder estar perto dele sempre.
MINUTOS DEPOIS
Estava cozinhando quando ouvi algumas batidas na porta. Olhei por uma abertura, era ele. Abri a porta e lá estava ele, com uma mala na mão. Ele apenas entrou e me abraçou. De repente então, começou a chorar.
- EI ? O que houve ?
- Eu vou sentir muita falta da minha família - dizia, aos prantos.
- Oh... Não fica assim. Eu também vou mas... Chega uma hora que nós devemos procurar a nossa própria felicidade, não é ?
- Eu sei - dizia ele, erguendo o olhar e olhando nos meus olhos - e é por ela que eu vou fazer tudo isso ! - dizia, me dando um selinho.
MINUTOS DEPOIS
Almoçamos juntos e após isso nós paramos para escolher o lugar para onde iríamos.
- Tem que ser um lugar legal, seguro e que Nós dois tenhamos oportunidades para vivermos juntos.
- Nenhum país árabe.
- Eu nem quero, o calor que faz ali já me afasta - dizia, enquanto eu acariciava seu cabelo, em pé ao seu lado.
- Então que tal a Suécia ? O departamento de Astronomia deles é fraco mas, é o melhor salário e eles me ofereceram toda a verba que eu precisarei para aparelhar o departamento.
- Pode ser. É um país frio, seguro, bonito, tranquilo - ele sorriu.
- Preparado para cuidar de crianças loiras ? - rimos, enquanto continuavamos a olhar a proposta.
TEMPO DEPOIS
Enfim a decisão havia sido tomada. Iríamos nos tornar suecos de alma e eu poderia estudar muita coisa dali. Não era o melhor lugar para se visualizar o céu, mas era um bom lugar, e realmente precisaria da minha ajuda. Ele voltou em casa, pegou o resto das coisas.
" - Eu encontrei a minha felicidade em outro país !
- E pra onde você vai ?
- Pra um outro país da Europa !"
Foi só o que ele me falou. Mandei uma carta para a agência, aceitei o emprego. A própria agência comprou as passagens para mim, e para ele, que eu disse que era meu irmão. Estávamos totalmente prontos para a viagem, apenas esperando chegar a hora de embarcar no navio rumo a Estocolmo.
- O que você está fazendo ? - perguntava ele.
- Guardando meus utensílios.
- Tudo isso é seu ?
- Sim. Menos a mobília. Essa nós teremos que comprar quando chegarmos lá.
- Já estou bem ansioso sabia ?
- Sei. Eu também ! - continuei arrumando tudo, afinal o início da nossa viagem era no dia seguinte, quando alguém bate na porta.
- Eu atendo - ele foi lá e abriu a porta.
- Ah, o Antônio está ? - era a Dona do apartamento.
- Sim, eu estou aqui. O que houve, ainda devo algo ?
- Não, você não me deve mais nada. É que o carteiro entregou este telegrama para você hoje de Manhã - falou, me entregando.
- Ah, ok. Obrigado - Fechei a porta e quando parei para olhar, percebi que era do Brasil.
- Acho que ela respondeu ao telegrama que eu mandei dizendo que ia embora - abri e logo comecei a ler.
" Antônio, aqui é a sua tia. Mandei este telegrama as pressas para pedir que retorne o mais depressa possível para o Brasil. Sua mae faleceu !"
Continua
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