O OGRO VESTE PRADA (Cap.
Por um momento eu vi a morte de perto. Eu tinha socado um cara enorme, com braços fortes, peitoral largo... Quer dizer eu tinha socado aquele ogro e agora não tinha para onde correr, eu iria apanhar.
Dito e certo, seu punho cerrado rapidamente me atingiu em cheio, fazendo com que eu desmontasse obviamente. A sensação era de que eu tinha perdido metade da minha dentição. Ao fundo eu conseguia ouvir manifestações como:
“Briga! Briga! Briga! Briga! Briga!”
“Coitado, não vai sobrar nada dele”
Quando sinto suas mãos novamente me pegar pelo colarinho e me colocar de pé bem próximo ao seu corpo, nossos rostos estavam praticamente colados:
- Anda muleque, cadê aquela valentia toda?
Ou eu fazia alguma coisa ou eu continuaria apanhando, eu não era forte, não sabia lutar o jeito foi apelar para o bom e velho chute no saco. Agora sim eu vi aquele ogro se contorcer de dor, mais uma vez eu podia ouvir coisas do tipo
“Briga! Briga! Briga! Briga! Briga!”
“Agora a briga tá ficando boa”
Procurei em volta, não tava conseguindo visualizar nem Patrícia nem Luan, puta que pariu, grandes amigos me abandonaram aqui com esse brucutu. Mais uma vez aquele monstro voltou-se a mim, e me derrubou como naquelas lutas de MMA, ele ficou por cima de mim me imobilizando. FODEU, FODEU, FODEU, agora sim eu iria apanhar de verdade
- Posso saber o que está acontecendo aqui ? – Bradou o diretor do campus junto, com Patrícia e Luan, acompanhados por dois seguranças que logo trataram de arrancar aquele ogro de cima de mim – OS DOIS NA MINHA SALA AGORA.
Eu estava morrendo de vergonha, depois desse balde de água fria em nossa briga eu pude perceber a dimensão que aquilo tinha tomado, o pátio estava lotado, eu estava derrotado, todo bagunçado, minha boca já estava levemente inchada. Eu já imaginava a hora que chegasse em casa o interrogatório que minha mãe faria.
Em compensação aquele garoto permanecia intacto se não fosse o corte em sua boca, por um momento eu senti orgulho de mim mesmo, tudo bem posso ter apanhado, mas também bati, não deixei por menos.
- É inacreditável, que mesmo estando em um ambiente universitário tenho que lidar com duas crianças, imaturas brigando no meio da universidade como se fossem dois primatas. Não admito e repudio qualquer ato de violência dentro do meu Campus.
- Diretor eu posso explic... – Tentei me justificar, sendo imediatamente interrompido
- Seu Roberto, por favor poupe-nos das desculpas esfarrapadas, eu tenho muita coisa pra resolver, vocês acham que é fácil cuidar disso tudo? Eu tenho coisas mais sérias a me preocupar, então vamos pular pra parte da punição?
- Punição? Esse ogro, mal educado, babaca me ataca no meio do refeitório eu ainda serei punido? É brincadeira né? – A raiva voltava a tomar conta desse pequeno corpo que Deus me deu.
Aquele Ogro parecia nem se importar ele manteve aquela cara de desprezo desde o começo da conversa.
- Não, não, Roberto não sou homem de brincadeiras. Recentemente eu conversava com o colegiado do curso de psicologia, e eles comentaram que estavam precisando de voluntários para desenvolver atividades extracurriculares na Creche Municipal da cidade, passar um tempo com as crianças, desenvolver atividades educativas, brincar, levar um pouco de esperança para aquelas adoráveis criaturas – Falava o diretor enquanto deambulava de um lado para o outro.
- E olha que feliz coincidência, eu não consigo pensar numa punição melhor do que essa. Corrigir todo essa briga, esse mal estar causado por vocês dois, com o bem, ajudando o próximo. Preparem-se vocês começam amanhã mesmo.
- EU NÃO VOU PERDER MEU TEMPO DANDO UMA DE BABÁ DE CRIANÇA POBRE, CATARRENTA, NENHUMA NÃO. OLHA PRA MIM, VOCÊ ACHA MESMO QUE EU VOU ME PRESTAR A UM PAPEL DESSE? – Sua voz rapidamente preencheu aquela sala, como ele era arrogante, ridículo.
- Escuta Yago, o que vocês fizeram fere gravemente as regras dessas reitoria, ou é isso, ou uma suspensão generosa. Agora imaginem só, o quão bem isso faria para imagem do seu pai, promotor da justiça, ter um filho boçal, arrumando briga na faculdade, se negando a prestar serviços a comunidade, que ele tanto luta? É sua escolha
OK! OK! OK! Vamos organizar as ideias muitas informações em uma única fala. Quer dizer que seu nome era Yago? Não sei por quê mais cabia perfeitamente a ele. Filho de Promotor? Tá explicado tamanha arrogância desse garoto. E por algum motivo, eu senti que ele estremeceu quando o diretor citou seu pai e tudo mais. Yago bufou de ódio, parecia um touro raivoso.
- Alguma coisa a dizer Yago? – Perguntou tranquilo e ironicamente o diretor – Pois bem, eu irei ligar imediatemente para o colegiado de psicologia e informá-los que eles já têm os dois voluntários. O trabalho começa as 14h. Bom trabalho! – Sorriu ironicamente
Rapidamente Yago deu as costas e saiu pisando fundo, eu sai em seguida, encontrando com Luan e Paty na porta da diretoria
- Beto posso saber o que foi aquilo? O que deu em você? Você poderia ter apanhado muito mais – Esbravejava Paty
- Amiga, aquele babaca veio cortando fila, me empurrando, e ainda agindo feito um idiota com aquele ar de superioridade e você queria que eu ficasse calado? Não tenho sangue de barata
- Ele é filho do Promotor José Almeida, se acha dono do mundo, é isso ai amigo, não tinha que ter baixado a cabeça pra ele não – Pelo menos Luan me apoiava
- O que o diretor falou ? – Questionou Paty
- Como se não bastasse tudo isso, eu ainda terei que realizar algumas atividades extracurriculares com ele num orfanato, creche, sei lá. Só de imaginar que eu vou ter que estar no mesmo ambiente que aquele boçal.
Eu não tinha mais cabeça mais para assistir nenhuma aula, voltei a sala peguei minhas coisas e segui para o ponto de ônibus, no caminho eu percebia as pessoas me olhando e comentando. ÓTIMO! AGORA EU SERIA A PIADA DA FACULDADE PELO RESTO DO ANO.
Eu não conseguia para de pensar naquele grosso, ridículo, eu só me imaginava socando a cara daquele idiota, como se não bastasse todas as obrigações em casa e com a faculdade, agora eu tinha mais uma atividade para ocupar minhas tarde e tudo graças a quem? Ao grande idiota, lindo, gostoso, ops, digo, babaca, otário do Yago.
Peguei meu Ônibus e segui para casa, como sai mais cedo da faculdade não tinha ninguém em casa, Lipe ainda estava na escola, segui para o nosso quarto (sim eu dividia o quarto com o meu pequeno). Me olhei no pequeno espelho pendurado na parede, minha boca já dava sinais de que ficaria roxa, já estava edemaciada, peguei um pouco de gelo e coloquei no local na tentativa de até o final do dia conseguir esconder aquilo de minha mãe.
Deitado na minha cama, a imagem de Yago continuava vindo em minha mente. Por mais ódio que eu estivesse eu tinha que admitir, ele é lindo, o que mais me chamava minha atenção, definitivamente eram seus olhos.
- OW OW OW acorda Roberto, tira isso da cabeça, ele é idiota, preconceituoso, metido. Definitivamente não é uma boa pessoa – Eu dizia pra mim mesmo tentando afastar aqueles pensamentos.
Quando deu o horário do almoço, fui buscar o Lipe na escola, ficava a umas duas quadras da minha casa, ele apesar de ser criança, não era nada bobo e logo perguntou o que tinha acontecido comigo, por que eu estava machucado. Inventei uma desculpa qualquer, e tratei de mudar de assunto.
Chegamos em casa, preparei nosso almoço. E o dia seguiu normal, a fim tarde meu telefone toca
- Fala meu encrenqueiro favorito
- Oi Luan, rsrs
- Tá mais calmo? Mais tranquilo?
- Agora sim, mas só de lembrar que amanhã terei que respirar o mesmo ar que ele idiota a raiva volta
- Relaxa, tanta coisa boa ao seu redor para prestar atenção, e você vai dar ibope justo pra aquele otário.
- É realmente ele não merece tanta atenção
- E você o que tá fazendo?
- Tava fazendo umas atividades, ouvindo algumas músicas, lembrei de você. Resolvi te ligar – Papo estranho, no mesmo instante escutei a porta da sala abrir
- Amigo, minha mãe chegou aqui, deixa eu me preparar pra enfrentar a fera aqui, quando ela me ver com esse boca roxa ela vai querer me comer vivo.
Nem precisou muito, o Lipe logo deu com as línguas nos dentes e disse que eu estava “machucado”, minha mãe então logo veio ao meu quarto preocupada
- Beto, o que foi que aconteceu, seu irmão... – Agora ela tinha visto minha boca roxa e agora um pouco menos inchada devido as compressas de gelo. – ROBERTO, o que aconteceu com sua boca? Você foi Assaltado? Te Machucaram? – Ela veio pra cima me pegando, aquelas coisas de mãe, tentando verificar minha integridade física
- M-M-ãe, mãe, calma tá não aconteceu nada demais – Falava tentando me desvencilhar – Apenas um mal entendido na faculdade, mas já foi tudo resolvido
- Mal entendido na faculdade? Roberto, você estava brigando na faculdade é isso mesmo que eu estou entendendo - Agora a preocupação deu lugar a indignação em seus olhos
- Mãe, um babaca implicou comigo, falou umas merdas, eu não ia ficar ouvindo tudo calado. Enfim foi só isso
- Só isso? Hahaha só isso Roberto, eu criei um filho ou um galo de briga? Olha pra isso com a boca toda machucada. Eu devia te dar um bom corretivo, mas eu cansaço é tamanho que por hora, é castigo de casa pra faculdade, entendeu?
Coitada, como se aquilo fosse grande coisa pra mim, nunca fui de balada, de sair, sempre tive poucos amigos, esse castigo não faria diferença. Ela ficou mais alguns minutos me dando sermão e todo aquele blá blá blá de mãe, mas no fim ela me deixou em paz.
Fui dormir, estava cansado, que longo dia. Eu só precisava de minha cama e nada mais. Deitei e mais uma vez aquele grosso voltava a atormentar meus pensamentos
Amanhã vai ser um dia e tantoContinua
Pessoal, perdoem o tamanho do capítulo, mas queria dar uma adiantada nessa parte inicial do conto, até então a ideia é não fazer um conto muito longo, mas também primo pelos detalhes e pelo andar natural da história, a partir dos próximos capítulos a história começa a se desenrolar verdadeiramente, fiquei muito feliz com os comentários, sempre fui leitor da casa, já até escrevi um conto que me rendeu ótimos comentários (Quem tive interesse pode até conferir no meu perfil), e fico feliz que estejam gostando desse também.
Tay Chris / S2drickaS2: Não sei se necessariamente teremos um triângulo amoroso na série... Rsrsrs mas que bom que gostaram e voltem sempre
Hello / Grazy s2 / Lc. Pereira / Martines / Edu19>Edu15 : Muito obrigado queridos e voltem sempre!! :*
Valtersó: Sim, esse conto terá um pouquinho de cada gênero, espero que continue gostando
Atheno: Mais pra frente teremos uma descrição mais detalhada mas posso dizer que ele tem 1,90, comparado ao Beto ele é realmente uma muralha. Abraço e volte sempre querido
Ru/Ruanito: Espero que os próximos capítulos te façam mudar essa ideia. Abraço querido
CDC LCS / LCS: Muito obrigado, e volte sempre
BDSP / Marcos Costa / S2Sonhador : Obrigado pelos comentário, tentaria manter a frequência de uma postagem por dia sempre no mesmo horário
Bolt: Problema nenhum, é que comparado ao Yago, o Beto se sente assim, um anão. Rsrsrs Abraço querido