Olá, muito obrigado a todoa que lêem e pelos comentários. Adoro ler cada um deles e saber que vocês estão gostando, me deixa muito feliz. Beijão..... ;)
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Passei a semana organizando as contas da empresa. Revisei o estoque e acertei o salário dos funcionários; dei férias pra uns e assinei contrato com outros. Tudo isso pra poder tirar meus dez merecidos dias de férias. Liguei pro Bruno e disse que iria em dois dias. Perguntei como estavam as coisas por lá e estava tudo certo para ficarmos no rancho.
— peguei o melhor lugar pra gente. Na beira do rio e perto da cachoeira, mas é mais caro.
— não tem problema. Quando eu chegar ai, vamos ao Supermercado. Te ajudo a comprar as coisas.
— comprar o que? Já to com tudo na pick-up, rapaz. Comprei até vara de pesca.
— hahaha , ta com saudade de pegar na vara né?
— pelo amor de Deus, vai começar a palhaçada. Quando sair daí me avisa.
— pode deixar.
Fiquei rindo sozinho e sabia que ele também deveria estar. O bicho era quieto, mas gostava de uma putaria, assim como eu. Fui pra casa arrumar as malas. Liguei pra minha secretária e pedi que cancelassr uma consulta ao médico que tinha deixado agendado. Peguei estrada e em uma hora e meia cheguei na casa do Bruno. Subi e antes de tocar a campainha, ele abriu a porta. Nos cumprimentamos e nos demos um abraço. Engraçado, mas senti que foi um abraço mais demorado do que o habitual. Ele ainda estava separando umas roupas e fiquei esperando na sala.
— tem alguma coisa pra beber?
— tem sim, pega lá na geladeira. Caramba, nem acredito que a gente ta indo pra um rancho. Tanto tempo que não vou.
— eu também. Faz tempo que não tiro uns dias de folga. Só trabalho.
— isso que você é o dono, imagine se não fosse?
_ ah, mas eu gosto se cuidar das empresas. O olho do dono engorda o gado, meu caro.
— hahaha, o vô Saulo sempre dizia isso, lembra? A gente ficava vendo ele cuidar o milharau durante e dia e perguntava porque ele olhava tanto. Ai ele falava a mesma coisa.
— eu me lembro. Saudade do véio Saulo.
Ele terminou de arrumar tudo e deixou a mala nos meus pés. Folgado pra caramba. Fechou tudo e disse já podiamos ir.
— comprou gelo?
— pra quê gelo?
— como pra quê? Como vamos gelar a cerveja, com vento?
— lá tem energia elétrica meu filho. Acha que vou ficar no meio do mato sem eletricidade?
— hahahaha, ta bom então.
— queria ver contigo uma licitação pra gente pegar nesse verão. A prefeitura vai receber uma frota nova de viaturas pra PM e vão precisar de ar condicionado. Que você acha?
— olha, eu não gosto muito desses esquemas com prefeitura. Você sabe como é. As empresas estão indo bem, acho melhor deixar pra lá.
— é você quem manda, chefinho.
— quer trocar a marcha?
— ta de provocação né?
— hahaha, tamo chegando.
Saímos do asfalto e descemos cerca de mil metros pela estrada de chão batido. Era um lugar bonito, grandes pinheiros plantados dos dois lados da estrada, formava um grande túnel. Lembrei de quando meu pai me levava no mesmo rancho, assim como o pai do Bruno, que era irmão de minha mãe. Meu pai faleceu quando eu tinha trinta anos, vitima de um infarto fulminante aos 66 anos de idade. Ele era um grande homem.
O Bruno não estava errado. Era o melhor lugar pra gente ter ficado. O rio corria silêncioso e a brisa fresca fazia parcer início de inverno. A copa das árvores fazia parcer um gigante guarda-chuva. Estávamos rodeados por natureza. Ah, como era bom sentir o cheiro de raíz de todas aquelas árvores. Fui dar uma volta enquanto o Bruno descarregava as coisas e no outro lado da margem, outro rancho também era ocupado. Voltei pra ajudar o Bruno, antes que ele reclamasse.
— apareceu a donzela.
— fui checar o perímetro, hahaha.
— já checou? Agora me ajuda a levar essas coisas pra dentro. Quer tomar café? Eu faço.
— opa. Vai fazendo o café que eu ajeito tudo isso aqui.
A casa tinha uma geladeira, não era grande, mas deu pra acomodar toda a carne e a cerveja. Arrumava as malas e perguntei onde ficava o outro quarto. Ele disse que só tinha um. Dei de ombros e quando abri a porta, reparei que era um quarto imenso. Tinha uma cama de casal, dois beliches e mais uma cama de solteiro. A sala também era grande, tinha sofás, cadeiras e mais um sofá-cama. Pra duas pessoas, era mais que o necessário.
— Téo, bem que você podia pegar umas lenhas pra gente, né?
— tem fogão a gás ai.
— ei, eu sou o cozinheiro. Comida feita em fogão a lenha fica mais saborosa. Pode ser?
— tudo bem, pego as lenhas.
— vou fazer umas caipirinhas pra gente.
Brunão era mestre na cozinha. Sabia cozinhar melhor que muitas mulheres por aí. Sempre que íamos acampar quando éramos crianças, ele sempre ficava em volta da fogueira olhando meu pai cozinhar. O velho ficava doido, mas o primo era curioso demais pra deixar as coisas passarem sem ter a total atenção de seus pequenos olhos curiosos.
Fui pro meio da mata procurar lenha seca. Esses lugares geralmente são úmidos, aí fica difícil encontrar lenha seca. Reparei que mais a frente tinha um descampado. Fui andando mais rápido e lembrei que era na direção da cachoeira. O sol queimava a pele e as folhas no chão eram muito mais secas; lugar perfeito. Fui revirando as folhas com os pés e comecei a pegar uma boa quantidade de gravetos. Conforme fui caminhando ouvi barulho forte de água, era a cachoeira. Uma queda de mais ou menos vinte e cinco metros de altura. Em volta, rochas negras e samambaias ornamentavam todo aquele paredão imponente. Me sentei um pouco em uma rocha a beira do poço que se formava logo abaixo da cascata e subtamente me lembrei de algo que há muitos anos esquecera.
Em um dos nossos acampamentos, o Bruno eu adorávamos nadar naquele poço que se formava ali, bem na minha frente. Na época eu tinha quinze anos, ele, treze. Nossos pais e mães ficaram no rancho preparando o almoço, enquanto nós dois fomos nos divertir. Sempre fui um bom nadador e como o Bruno não sabia nadar, carregava ele nas costas nos lugares que não dava pé pra ele. As vezes ele ficava no meu colo de frente pra mim com as pernas em volta da minha cintura.
Nesse dia em especial, ele me olhou e disse que meu pau estava duro. Começou a rir e eu disse que era mentira. Ele não parava de dar risada e colocou o braço entre nós e alcançou meu membro.
— não disse que você estava duro? — ele ria e eu morri de vergonha.
— pára. Não tem nada haver. Tira a mão daí.
— ta...ta... Já to tirando. Você ta com vergonha de mim? Que bobão.
— você só tem cara de tonto. Moleque sem vergonha.
— eu sou tímido, você sabe disso, mas com você eu não sou. Acho que gosto de você, deve ser isso.
Depois dele ter falado aquilo, tirei ele da água e voltamos pro rancho. Fiquei com um sentimento estranho na época. Na verdade, eu tive medo.
Sai do meu transe e percebi uma mão no meu ombro e me assustei. Me levantei rápido e coloquei a mão no peito aliviado quando vi que era o Bruno. Ele ria e me chamava de medroso.
— medroso o caralho. Acontece que eu estava tão longe nos meus pensamentos que nem ouvi você chegando.
— estava pensando em quem?
— como você sabe que eu estava pensando em alguém?
— só deduzi. Pensava em quem?
— no meu pai. — eu menti.
— ah ta, nele.
Notei sua cara de decepção. Certamente ele se também se lembrara de nossas brincadeiras na água, mas não queria dizer a verdade. Ele me ajudou a pegar mais lenha e voltamos conversando.
No caminho ele me parou. Pediu que eu olhasse bem a nossa volta e perguntou se eu me lembrava de alguma coisa. Fiquei uns segundo olhando e nada me meio a cabeça. Ele insistia pra que eu forçasse a memória, mas era inútil.
— não se lembra Téo?
— juro que não.
— montamos nossa barraca aqui. Lembra? Você trouxe de casa e teimou que dormiriamos aqui, mesmo com sua mãe discordando. Aí, eu vim pra cá contigo e você bateu uma punheta pra mim.
— hahaha, eu bati uma pra você?
— bateu. Caramba, como a gente era safados.
— você só era quieto quando estava com os outros meninos, mas quando estava comigo, só pensava bobagem.
— hahaha, verdade.
Chegamos no rancho e fui acender a fogão a lenha pra ele. Ele já tinha lavado o arroz, feijão e temperado a carne de panela. A lenha estava seca e isso faria o almoço ficar pronto bem rápido.
Ele colocou tudo no fogão e fomos pra fora beber a caipirinha.
Ele tinha feito num jarro de mais ou menos meio litro. Certamente queria me embebedar.
— ta doido? Quem vai tomar tudo isso?
— você e eu, oras. Tem mais alguém aqui? Que eu saiba não.
— rapaz, cê ta querendo é me deixar sem dono aqui né?
— hahaha, cuidado heim.
— minha nossa, Bruno. Pior que ta boa pra caralho isso aqui.
— passa pra cá, vou tomar mais um pouco e dar uma olhada no almoço.
Ele bebeu e se levantou. Dei uma manjada em sua bunda e percebi como era empinada. Suas coxas eram rolissas e suas canelas, grossas. Ele era mais baixo que eu, media cerca de 1,73, contra os meus 1, 82. Seu peitoral largo e abdomem liso. Ele era magro, quase não tinha pêlos pelo corpo, mas notei uma mancha, provavelmente de nascença, bem na sua cintura, rente ao cóz do shorts. Ele voltou e eu o chamei. Ele ficou parado em pé na minha frente e pedi que me deixasse ver uma coisa. Desci um pouco o cóz do short e ele me olhava desconfiado.
— que você quer ai?
— essa mancha...
— tenho desde sempre.
— nunca reparei. Parece uma folha. Já percebeu?
— já, tem mesmo o formato de uma folha. — passei o dedo de leve e ele se arrepiou.
— legal.
Ele voltou a se sentar na cadeira e me passou a jarra de caipirinha. Dei uma golada e quando voltei os olhos pra ele, vi ele analisando a mancha. Perguntei se doía e ele disse que não, mas brincou, disse que iria mandar cobrir a macha com uma tatuagem.
— vai ficar lindo com uma folha na cintura... — fui irónico e ele deu de ombros.
— e daí? quem vai ver?
— eu vou ver. Eu vou saber, hahaha.
— só você. Me deixa beber.
Eu prestava atenção no Bruno, homem bonito, atraente...minha nossa, o que eu estava pensando? Comecei a achar que estava bebendo muita caipirinha e disse que ia dar uma pausa. Fiquei sentado, pensando na vida e ele me chamou. Perguntou se eu me lembrava da vez que ele e eu saltamos da tiroleza e que eu acidentalmente cai de bunda num formigueiro.
— engraçado como você consegue se lembrar só das coisas ruins. — disse rindo.
— hahaha, mas foi muito engraçado. Você se coçava que nem um desesperado.
— caramba, minha bunda ficou toda vermelha.
— eu lembro. Parecia que tinha levado umas palmadas. A gente se divertia tanto naquela época.
— isso é verdade. Tem algo que se arrependa? — ele ficou pensativo, tomou mais um gole da caipirinha e me olhou fixamente.
— não. Não importa o que eu tenha feito naquela época, não me arreoendo de nada. Talvez tenha faltado coragem pra fazer algumas outras e disso sim me arrependo.
— como o que?
— deixa pra lá, agora já é tarde demais. Vamos comer?
Ele se levantou e entrou pra ver o almoço. Disse que estava pronto e me pediu que arrumasse a mesa. Joguei uma toalha, coloquei os pratos, os talheres e os copos. Nada de cimetria, apenas deixei lá.
— como você é ogro pra essas coisas.
— hahaha, estamos no meio do mato, não em um hotel de luxo.
— ta..ta.. vem comer senão esfria.
Servi a nós dois. Ele realmente era um mestre cuca. A pessoa que casasse com ele certamente não passaria fome, já é uma grande coisa, hahaha. Servi mais uma vez e outra. Repeti três vezes, estava uma delicia.
— tava com fome heim?
— não tomei café. Acho que vou acabar abrindo um restaurante pra você.
— hahaha, não seria uma má idei. Não que eu não goste do que faço, mas também gosto de cozinhar. Estou pensando em fazer una cursos no inverno, época que não tem muito movimento.
— se quiser, te dou total apoio. Quem sabe a gente não acaba abrindo e você não vira meu sócio?
— é, mas como fica a empresa?
— a gente da um jeito. Eu só acho que você tem que fazer o que mais gosta, sei lá.
— eu gosto do que faço. Bom, vamos ver. Na verdade, cozinhar, é mais um hobby do que uma profissão. Mas eu queria aprender a fazer novos pratos, seria bem útil.
Lavamos a louça e fui na pick-up pegar as varas e os mulinetes. Levamos pra beira do rio e voltei pegar umas cadeiras. Acabei indo no banheiro, estava apertado, entrei e quando fechei a porta, vi a camiseta dele pendurada. Fiz xixi, lavei as mãos e deveria estar muito maluco, porque mais uma vez senti o cheiro da roupa dele. Peguei a camiseta e cheirei a gola. Seu perfume estava impreguinado e tinha um cheiro muito bom. Pendurei de volta e voltei pra beira do rio.
Ele já tinha colocado as iscas e fixado as varas no chão. Tomava uma lata de cerveja, o suor escorria por suas têmporas e aba do boné estava virada pra trás; que homem charmoso, pensei.
Me sentei ao lado dele, ficamos esperando a o peixe morder a isca. Conversávamos baixinho e a vara dele mexeu. Ele puxou e teve a sorte de pegar um dourado.
— que isca você usou? Porque até agora não peguei nada.
— foi sorte, hahaha. E usei a mesma isca que você. Passal o balde. Vou assar esse aqui a noite.
— aí sim. Peixe assado na brasa é coisa de doido.
— pode deixar Téozinho, vou te deixar bem alimentado.
— hahaha, bom saber que contigo, não vou passar fome.
Não era meu dia pra pescaria, ficamos umas quatro horas na beira do rio e peguei apenas duas míseras trairas pequenas. Me levantei e tirei a vara da água, tirei a isca e decidi voltar pro rancho. O Bruno tirava sarro da minha cara e disse que era melhor ele parar.
— senão você vai fazer o que? Me bater? — ele dizia rindo.
— vou te dar uma surra de vara. — nostrei a vara de pesca pra ele e começamos a rir.
— ta doido pra me dar uma surra de vara, né?
— e você ta querendo....
Ele deu um sorriso sem graça e continuamos andando. Poucos metros antes de entrarmos na casa, acabei enfiando meu pé num buraco. Reclamei de dor e parecia que tinha torcido.
Ele veio até mim e joguei meu braço em volta do seu pescoço. Me sentou numa cadeira na varanda e esticou minha perna, colocando meu pé apoiado num banquinho de madeira.
— ta doendo? — ele perguntou preocupado.
— um pouco, será que quebrou?
— acredito que não. Deve ter dado mal jeito, só. Se tivesse quebrado, não aguentaria de dor. Vou por uma água pra esquentar.
— pra quê?
— pra por o pé dentro. Vai relaxar com a água quente. Vai ser bom.
Ele colocou a água ferver e veio limpar meu pé. Passou um pano molhado e eu olhava ele cuidando de mim. Senti uma vontade doida de abraçar ele. Queria o corpo dele colado no meu, mas tive que disfarçar ou teria uma ereção bem na frente dele. Pedi que pegasse uma cerveja pra mim e afastei todos os pensamentos e implorei ao cacete que nào subisse. Caramba, que vergonha.
Ele trouxe a água quente e misturou pra não me queimar.
— deixa que eu coloco pra você.
— obrigado.
— deixa um pouco ai dentro.
— nossa, é bom mesmo.
— é sim, deixa eu passar uma pomada no seu pé? É de cânfora.
— tudo bem, mas espera eu tomar um banho, to todo suado.
— quer ajuda?
— acho que não precisa.
— você quem sabe.
Na verdade eu queria. Queria que ele me ajudasse, mas sabia que não ia suportar ele me tocando. Ele estava mexendo comigo, de novo e depois de tantos anos. Estava revivendo sentimentos a muito tempo guardados. Sentimentos aos quais eu mesmo fiz questão de apagar na época da minha adolescência.
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Continua...