Bem que essa noite poderia ter durado uma eternidade, mas nada que é muitíssimo bom dura por muito tempo, e quando esses momentos de gozo passam do esperado, a gente começa a desconfiar. Quando Lucas se levantou e disse que era melhor nós irmos embora, senti que meus sentimentos por ele eram tão efêmeros quanto o momento em que estivemos juntos. O que me deixou entristecido. Por fim, eu não queria está sendo direcionado pelos os “hormônios”, ou quem sabe, por uma profunda vontade de sentir o carinho de outra pessoa, para tê-los em meus braços. A consequência óbvia disso seria usar o corpo do Lucas como uma espécie de consolação ao qual meu ego estaria em primeiro plano e qualquer empatia com o menino, seria apenas dissimulação artística da minha parte... eu queria me importar com ele, mas será que eu estava sendo egoísta? Os meus sentimentos até aquele momento foram dissimulação para fazer sexo com ele? Entrementes eu sabia que não o amava, como eu poderia amar alguém assim tão rápido? Mas rápido ainda afastei esses pensamentos.
Voltamos pela estrada, era um pouco tarde e a lua estava quase no centro do céu, deveria ser umas dez horas da noite; tanto eu como ele passamos a maior parte do itinerário retraídos, ele um pouco mais afrente na bicicleta. Mesmo sabendo que estava para levar a maior bronca do meu pai, estava absorto na ideia de que a estrada não tivesse fim e encontrássemos um lugar para dormirmos juntos... Lucas, já próximo de chegar ao fim da estrada de terra e início do asfalto, parou a bicicleta e me esperou e disse:
-- Ei boqueteiro, amanhã posso ir na sua casa jogar vídeo game contigo?
-- Vá se foder idiota – ele sorriu – apareça amanhã lá em casa, acho que sim.
Inacreditável, após eu dizer a última frase ele arrancou com a bicicleta me deixando sozinho. Imaginei que estivesse com pressa em chegar em casa, mas não era isso. Lá a frente quando passei perto da pracinha, ele estava sentado com os amigos dele. Estava mais do que claro que ele não tinha a intenção de ser visto comigo. Marcelo também estava na pracinha com a namorada dele, a Carol, se beijavam a poucos metros d’onde estava o Lucas, sentados de costas para os garotos. Estava na pracinha alguns conhecidos: Elaine; minha amiga, Marcos Serres; meu único amigo “revolucionário” e Katatal; que a muito tempo atrás foi meu melhor amigo, mas por razões que não direi agora, sou hoje indiferente a ele. Como moro em um interior, a pracinha da minha cidade era o local ideal para os adolescentes, adultos e pirralhos irem conversar e trocar fofocas, amiúde era fácil encontrar quem você estivesse procurando. Não temos cinema ou shopping, mas temos a pracinha, que se consiste em um terreno espaçoso com mais de trinta bancos, bem iluminada pelos postes, que tinham um acabamento dessas relíquias do passado. Uma igrejinha do padre Roberto na ponta, e um mercado do senhor Amildo na outra ponta. No centro um memorial a um antigo morador da cidade, no lado esquerdo algumas casas e boates de festa noturna, e no direito, uma escola de período vespertino e matutino, tinha-se o período noturno, porém o prefeito achou melhor negociar com os moradores para que os alunos da noite estudassem na outra cidade, que era bem mais desenvolvida, assim eles iam no ônibus para lá nos dias letivos. Minha cidade é bem pacata mesmo, mas era um lugar bom de se viver.
Ao chegar em casa meu pai estava assistindo a tevê. Entrei e ele parecia não ter notado minha presença, fui direto para meu quarto, liguei o computador e entrei na minha rede social, algumas notificações, porém nenhuma mensagem. Abri o World e comecei a digitar a parte final da minha história para publicar na Casa dos Contos Eróticos ao som de “If The Moon Fell Down Tonight” do “Chase coy” – ah, meu querido leitor. Escute essa música, ela é muito doce – quando terminei de publicar o conto, com pouco tempo, meu pai adentrou no meu quarto: “Geberson amanhã vou te deixar na casa da sua avó, preciso que você fique lá por uma semana”. Disse ele. “Mas pai! Eu estou ocupado essa semana, não posso ir...”. “Filho sua mãe vai precisar ficar mais uma semana e ela vai precisar de mim, enquanto não vendermos as casas terei que deixá-lo com sua avó; e você está de férias, arruma suas coisas para que amanhã você esteja pronto. ” Mania que meu pai tem de achar que minha vida não tem responsabilidades tão importantes quanto a dele. “ Aproveita e coma o jantar que está no micro-ondas, nada de ficar até tarde no computador. ” Ele concluiu. Mas que merda! Amigo leitor que raiva eu sinto quando isso acontece. Nasce expectativas e encima delas você cria planos, mas quando você menos espera o universo conspira contra você. Minha avó mora na outra cidade, e como não bastece acordar cedo e viajar uma hora e meia de carro, ainda teria que ficar com ela durante uma semana. Não é que na casa da minha doce vozinha seja um lugar chato, naturalmente o que me incomodava era que naquela semana eu tinha marcado de ir com meus amigos a um conserto – se é que assim que se chama – de bandas covers no sábado. Mas agora eu teria que desmarcar, e; claro. O Lucas também viria amanhã, coitado. Não encontraria ninguém em casa.
Desliguei o computador me deitei no leito, mas não consegui dormir. Pensei em tudo que tinha acontecido, desde o boquete no Marcelo, nas troças que o irmão dele fez, no dia e também como tudo tinha acabado entre nós naquele finalzinho feliz de tarde; tirei a camisa e o cheirinho dele tinha estava presente no tecido, evaporando lentamente no meu quarto, abaixei meu short com a mão esquerda e alisando minha barriga com a direita, o tecido da caminha coloquei encima do meu nariz, peguei no meu pinto, e devagarinho puxei a ponta para uma masturbação lenta e voluptuosa, fiquei pensando no toque do Lucas na minha pele, o calor daquele menino e a forma como ele sorria, a cor quente amendoada dos olhos dele e o vapor cálido da respiração dele no meu pescoço, e... foi quando aconteceu. Me lembrei do beijo sincero dele no meu rosto, me senti envergonhado, não poço pensar aquilo dele, concluir. Aquele beijo era mais poderoso do que qualquer sacanagem que eu poderia ter feito ou pensado, eu tinha que ser sincero com ele, voltei-me a pensar no que de fato estava sentindo por ele. Uma sensação de dúvida me incomodava, eu não estaria enganando o moleque, depois de tudo que ele deveria ter passado com aquilo... eu não... estava muito cansado para chegar uma conclusão, coloquei meu pinto para dentro do short, joguei a camisa com o perfume adocicado no chão e dormir em seguida...
Final do conto. Espero que tenham gostado. Ainda não terminou, tem continuação. Porém peço atenção de vocês para os títulos que a cada dia ou cada semana terá outro nome. Exemplo “Tédio na tarde de terça-feira” e “Surpresa na tarde de quarta-feira, partes: 1, 2 e 3” nomes diferentes, porém a mesma história.
Obrigado por quem estiver acompanhando e também pelas maravilhosas críticas que recebi. O conto é ficcional, todavia os elementos e a história são embasados nas experiências que tive; apenas mudei alguns nomes e cenários. Esperem pelo próximo. Obrigado!