Cap.8
Ele me olhou, olhou novamente para a rua, baixou a cabeça...
- Nós fizemos as pazes.
- Que bom ! Fico muito feliz, menos uma família desfeita !
- Eu não sei como aceitar isso que ele vive... Mas é o meu irmãozinho. Eu tenho que cuidar dele, e Não fazer ele ter raiva de mim.
- Se precisar da minha ajuda, é só ligar !- ele sorriu.
- Obrigado Ben, você já está se mostrando um ótimo amigo... - continuamos andando. Eu dirigia, fazia as curvas, parava no sinal enfim. Até que ele fez uma pergunta que me chamou atenção - Porquê esse interesse tão grande na nossa história, ein ?
- Por nada, eu não gosto de ver familiares brigando. Depois, acontece uma tragédia e você nunca nem pode pedir perdão.
- Ai, vira essa boca pra lá, nada vai acontecer.
- É só um exemplo, que Deus o livre !
- Mas... Você tem se encontrado com ele ?
- Não. Só o vi naquele dia na sua casa ? Porquê ?
- Não, nada, curiosidade ! - continuamos andando, e logo estávamos no CT, treinando para mais um jogo.
HORAS DEPOIS
Acabava de tomar banho no chuveiro, me vestia, quando meu celular começa a vibrar. Era uma ligação.
- Alô ?
- Ben ? - percebi logo que já havia escutado aquela voz. Só não lembrei naquele momento de quem era.
- Quem é ?
- Não lembra de mim ? O irmão do Rafa ?
- Léo ? Oh meu Deus, desculpa. Eu bem desconfiei que já tinha escutado essa voz em algum lugar.
- Tudo bem, isso não é nada. Eu só queria te pedir uma coisa agora ?
- O que é ?
- Vira de costas - virei-me, e lá estava ele, vestido com um moletom, uma calça jeans e um tênis.
- EI ? Como você conseguiu entrar aqui ?
- Eu sou sócio do clube, tenho acesso livre a esse vestiário.
- Ah, claro. Mas então, o que está fazendo aqui ?
- Você me prometeu um passeio, não vai cumprir ?
- Agora ?
- É, a gente pode ir no shopping, almoçar, ir ao cinema.
- Você tem certeza que ir no shopping comigo ? Da última vez que eu fui as garotas quase não me deixam sair.
- Então, como faremos ? - pensei um pouco, e então me lembrei de um lindo e acanhado restaurante que eu costumava frequentar.
- Acho que já sei aonde podemos ir.
- Aonde ?
- Eu conheço um restaurante super legal, próximo da minha casa, e o movimento lá é pequeno.
- Tudo bem, e então, vamos ?
- Ah, vamos, claro ! - peguei as minhas coisas e começei a sair ao lado dele. Eu não consegui entender aquele interesse dele para sair comigo. Mas, ele me parecia uma boa companhia e eu não tinha nada para fazer, então vamos.
NARRADO POR RAFAEL
Aquele dia muitas coisas estavam dando errado para mim. O pneu do carro furou, não fui bem no treino, e para finalizar fiquei extressado. Eu estava apenas me arrumando, me preparando para ir para casa, quando vi meu irmão entrar no vestiário. Não entendi o que ele estava fazendo ali. E estranhei ainda mais quando vi ele se aproximar de Ben, e eles sorrirem ao se verem. Por algum motivo fiquei me sentindo estranho com o encontro dos dois. Eles sorriam, pareciam felizes. Alguns minutos depois, e saíram juntos. Não, não pode ser. Será que meu irmão está querendo algo com o Ben ? E o pior, ele está deixando ? Porquê eu estou tão nervoso com isso ?
NARRADO POR BEN
Saímos em carros separados, e dentro de alguns minutos chegamos no local que eu havia pensado.
- É aqui ! - falei, saindo do carro.
- É bem bonito ! - ele disse, olhando a fachada.
- E aconchegante... Vem, vamos entrar... - entramos lado a lado.
MINUTOS DEPOIS
Escolhemos uma mesa, sentamos, fizemos os pedidos e logo estávamos apenas esperando. Durante alguns segundos fiquei o observando. Em aparência, ele era ligeiramente parecido com o irmão. Não sabia se no jeito de ser, também era.
- Eu queria agradecer a você... - falou.
- Agradecer a que ? - falei, sem entender.
- Por você ter conseguido mudar o pensamento do meu irmão. Eu... A muito tempo tentava reaver o amor dele, mas nunca conseguia, ele não dava brechas. Porém, uma conversa com você e ele reviu tudo. Não é estranho e legal ?
- Você acha mesmo que ele reviu tudo por minha causa ? E se ele já estiver pensando nisso a muito tempo, e eu apenas o ajudei a concluir o pensamento.
- É, pode ser... - de repente então ele pega na minha mão direita, me fazendo arrepiar por completo - mas de qualquer forma você ajudou. Parece que você não ajuda apenas o time, mas ajuda pessoas também, como eu... - ele sorriu - obrigado Ben... - aquele toque... E aqueles olhares foram o suficiente para me fazer corar.
- Não... Não foi nada Léo !
NARRADO POR RAFAEL
Estava dentro do meu carro, agora com o pneu concertado, retornando para casa, quando aquela cena voltou a minha cabeça. Aqueles sorrisos, eles saindo juntos. Será mesmo que as minhas desconfianças tinham fundamento ? Não consegui aguentar a curiosidade. Fiz a curva e fui procura-los.
MINUTOS DEPOIS
Andei por várias ruas ao redor do CT, próximas a casa dele. Foi quando os vi descerem do carro, em frente de um restaurante. Eles estavam indo almoçar, com toda a certeza. Esperei eles entrarem para também estacionar o carro. Meu plano era entrar e ver o que eles iriam fazer. Porém nem precisou. Ainda de longe, eu pude ver meu irmão de mãos dadas com ele, sorrindo. Eles estavam namorando, ou ficando, sei lá ? O Ben é gay ?
NO DIA SEGUINTE
Aquela cena não saiu da minha cabeça nem um momento depois daquilo. Eu não entendi o porquê de ter ficado tão impressionado. Eu já esperava que um dia meu irmão fosse namorar um homem, isso é óbvio. Mas ele ? Alguém do meu time ? Meu companheiro de ataque ? Não conseguia acreditar em uma coisa assim. Estava com raiva, sem nem entender o porquê. No dia seguinte, ele parecia mais feliz. Estava grudado no celular o tempo todo em casa. Teclava como se não houvesse amanhã.
- Mais tarde ? Não sei, acho que vou estar ocupado estudando - dizia meu irmão, conversando. Com certeza eles iriam se encontrar depois. Eu não tive coragem de perguntar. Fui para o treino, e quando cheguei lá, percebi a mesma coisa em Ben. Já tinha quase uma certeza completa. Eles estavam se pegando. Resolvi fazer um teste, e saber mesmo se eles iriam se encontrar.
- Ben ?
- Ah, Oi Rafa. O que houve ?
- Você gosta de comida japonesa ?
- Gosto, porquê ?
- Minha mãe estava querendo comer hoje a noite, mas vai acabar sobrando. Não quer ir comer na minha casa ? - ele olhou no celular, olhou para mim.
- Ah Rafa, obrigado pelo convite mas... Eu acho que não vai dar - ele já ia sair correndo em direção ao campo, mas eu o segurei.
- Você não pode sair comigo, mas para sair com meu irmão é no primeiro pedido, não é ?
Continua
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