Cap. 2 de 4
Alto, moreno, rosto perfeito, sem barba, tudo parecia ter sido perfeitamente desenhado. Cabelo bem cortado, corpo lindo, aquele ar de homem e de garoto ao mesmo tempo. Do tipo apaixonante apenas pelo olhar. Não nego, que meu desespero diminuiu ao vê-lo.
- Você acordou mesmo ? Eu não acredito ! Os médicos disseram tantas coisas, eu... Achei que você não fosse mais acordar... - olhei para ele... Apesar de vislumbrado com a sua beleza, ele era um estranho. Estranhei a forma como ele falava, parecia que já me conhecia a muito tempo.
- Quem é você ? - ele foi de uma felicidade para a tristeza em segundos.
- Ah é... Você não me conhece... Me chamo Gustavo, sou seu enfermeiro particular - dizia - fique quieto, eu irei tirar este tubo que está no seu nariz - foi uma sensação estranha, mas logo eu estava sem aquele negócio estranho e comprido.
- O que foi que houve para eu estar aqui ?
- Você não se lembra ?
- Só lembro de ver o carro capotar. O Matheus estava... O que houve com o Matheus ?
- O homem que te acompanhava no carro ? Bem... Ele faleceu.
- Faleceu ?
- Sim... Ele teve um forte traumatismo craniano e... Acabou tendo a morte cerebral decretada...
- Sério ? - apesar de eu saber que ele fez aquilo de propósito, eu fiquei triste. Eu não queria que algo de mal acontecesse com ele, eu o estimava muito - que pena ! - lagrimei por alguns minutos.
- Vocês eram muito próximos ?
- Ele foi uma pessoa muito importante para mim quando eu perdi os meus pais !
- Eu sinto muito.
- Tudo bem, isso já faz uns anos... - olhei para ele, ele parecia ser atencioso, e ao mesmo tempo fascinado com a minha pessoa - e o que aconteceu, depois do acidente ?
- Bem... Eu vi o seu acidente. O homem que te acompanhava estava dirigindo muito rápido e de repente ao tentar fazer uma curva, capotou. Eu estava indo para o hospital, cumprir o meu plantão. Quando eu vi aquilo, parei o carro e as pressas corri para o carro, com medo de ele se incendiar e ainda haver pessoas vivas dentro. Fui primeiro no banco do motorista. Tentei sentir o pulso do homem, mas não senti nada... Ele já estava morto. Foi quando olhei para Você e vi seu pescoço mexer. Tirei o seu pulso e estava muito fraco. Foi o jeito tentar te tirar do carro. Por sorte você não ficou preso, foi fácil. Teve vários cortes, várias manchas pelo corpo. Continuei monitorando o seu pulso, ao mesmo tempo em que chamava o resgate. Logo percebi que os seus batimentos estavam caindo. Eu me preocupei... Por sorte o resgate chegou e... Pudemos te trazer ao hospital. Quando chegamos aqui, vimos que você tinha fraturado a coluna, a perna, e sofrido a perfuração do pulmão. Foi uma luta. Duas semanas que você lutou para viver. Por sorte conseguiu, mas... Ficou em coma.
- Como você sabe de tudo isso ?
- Eu estive te acompanhando durante todo esse tempo, como enfermeiro.
- Todo ? Mas não te mandavam para outros pacientes ?
- Mandavam... Mas eu dava um jeito de ser escalado novamente para o seu apartamento.
- Porquê ?
- Ah... Porquê fiquei interessado pela sua história ! - ele ficou nervoso naquele momento, eu não entendi porquê.
- Quanto tempo eu fiquei em coma ?
- Seis mesesmeses ? Tudo isso ?
- Sim... E faria sete amanhã, se você não tivesse acordado... - ele parecia saber muito de mim. Era como se tivesse se dedicado a mim todo esse tempo.
- E... Essa foto aqui ?
- É uma longa história... Bem... Eu tirei o seu celular do seu bolso e... Comecei a procurar os seus dados em busca de familiares para avisar. Porém não Achei ninguém. No WhatsApp, os que você mais conversava eram amigos. Procurei no seu facebook e descobri que seus pais haviam falecido. Suas chaves também estavam na calça e... Eu tomei a liberdade de ir até a sua casa, conferir como você vive e cuidar dela pra você.
- Cuidar dela ?
- É... Eu tenho mantido o seu apartamento limpo durante estes 6 meses que você está desacordado. E foi lá que eu consegui essa foto... Ah, e os seus pertences estão nesta gaveta trancada. Eu não tirei ou acrescentei nada deles desde que os tirei do seu bolso.
- Mas... Esse hospital aqui... Não parece ser um hospital público...
- E não é ? É o Samed.
- O Samed ? Mas... Como você está me mantendo aqui ?
- Eu trabalho aqui. Então tendo plano de saúde para mim e para até cinco dependentes. Como somente tenho a minha mae como dependente, Achei que seria bom colocar você também. Assim teria o melhor atendimento - eu estava estarrecido. Não com tudo o que tinha acontecido. Mas sim com tudo o que ele havia feito por mim. Cuidar da minha casa, me ajudar a me manter num hospital particular... Era inacreditável.
- Mas porquê ? Porquê você fez isso ? - ele baixou a cabeça, olhou para os lados.
- Eu... Náo sei te responder plenamente... Acho que foi meu bom senso... Eu só... Me encantei e... Preferi ajudar.
- Isso é inacreditável. Você fez tudo isso por mim, por que se encantou com a minha história ?
- Na verdade... Eu me encantei com outra coisa...
- Com o que ? - ele olhou para o lado, suspirou...
- A sua beleza... - arregalei os olhos.
- O que ?
- Olha... Eu não sei se você é gay ou não ? Posso ter me iludido por nada durante todos esses meses... Mas algo me dizia que valia a pena - ele se levantou e caminhou até a janela - quando você começou a cursar a sua faculdade, eu estava no meu terceiro ano de Enfermagem. A primeira vez que te vi, me encantei muito. A forma como você se comportava, a sua beleza, a sua aparência, tudo me encantou. Eu passei os dois anos que me restaram de faculdade olhando para você durante os intervalos e a hora da saída. Porém, não tinha coragem de me aproximar... E você nem manifestava sinal de saber que eu existia... A faculdade terminou, eu me formei e começei a trabalhar. Nunca mais vi você, mesmo as vezes vindo a universidade rever alguns amigos. Naquele dia, quando vi o acidente, nem imaginei ter sido você um dos acidentados. Porém, quando vi o seu rosto, me desesperei. Eu não queria de forma alguma que a pessoa que eu amei em segredo, mesmo sem nunca ter trocado uma palavra morresse.
Continua
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