Nos braços de um anjo
Voe para longe daqui...
Deste escuro e frio quarto de hospital
E da imensidão em que você se sente
Você é arrancado das ruínas
De seu desespero silencioso
Você está nos braços de um anjo
Espero que você encontre algum conforto pra seu coração...
Eu abri meus olhos e a luz branca invadiu minhas retinas, me fazendo fechar meus olhos rapidamente. Flashes do acidente vieram em minha mente, eu me levantei bruscamente.
-ENZO! - Gritei eu assustando minha mãe que dormia na poltrona ao lado da cama.
-Calma meu filho. - Disse ela me fazendo deitar novamente, eu tentava sair da cama, mas o cateter e os outros aparelhos presos em mim me impediram. - Enfermeira! - Gritou minha mãe e logo um enfermeira entrou.
-Mãe, cadê o Enzo? - Disse eu a encarando, ela só me olhava com os olhos distantes. - Mãe… Mãe… Cadê ele? Cadê o Enzo? ENZO! - Gritei eu chamando por ele sentindo as minhas lagrimas rolarem. - Ele sobreviveu não é?
-Sim. - Disse ela.
-Então manda ele entrar, liga pra ele e diz que eu acordei. - Disse eu aliviado.
-Filho, você sofreu poucos ferimentos e teve apenas algumas escoriações, mas o Enzo… - Disse ela.
-O que tem ele? - Disse eu.
-Enfermeira, como esta o outro rapaz? - Perguntou minha mãe pra enfermeira que aplicava um calmante em meu cateter.
-Olha… - Disse ela me encarando. - Ele esta na UTI, e o estado dele é grave. Ele teve múltiplos ferimentos, hemorragia interna. - Ela continuou listando os ferimentos dele e cada silaba era uma facada em meu peito.
No fim da tarde me colocaram numa cadeira de rodas, minhas pernas estavam bem machucadas. E me levaram até a UTI pra ver ele, coloquei todo o equipamento de segurança pra não levar nada de ruim pra lá, prendi meu cabelo, coloquei mascara e o avental.
No corredor eu encontrei Allex, Rebecca e Giselle. Eles me abraçaram e não precisamos dizer nada, eu entrei, na ala da UTI, vi tantas coisas ruins naquele lugar, mas quando entramos no quarto dele, foi o pior.
Ele estava todo entubado, com a cabeça enfaixada. Um tubo que cobria metade do rosto e a pouca parte de seu rosto que não estava escondida, estava coberta pro cicatrizes.
Os aparelhos ligados á ele, mantinham seu coração batendo e seu pulmão funcionando, eu mal conseguia olhar pra ele.
-É minha culpa. - Sussurrei eu.
-Não, não é! - Disse Allex colocando a mão em meu ombro.
-Claro que é Allex, eu que estava dirigindo e deixei ele tirar o cinto! - Disse eu. - Nós estávamos brigando e a ultima coisa que eu disse foi que era “infeliz” ao lado dele!
-Você não é infeliz ao lado dele, eu sei disso. Sei que na hora da raiva dizemos coisas que não são verdade e também conheço o meu irmão, ninguém tem culpa de nada aqui! Nada! - Disse ele me encarando.
Nas semanas que se passaram, ele saiu da UTI, seus ferimentos sararam, mas ele continuava no estado do coma e o médico não soube dar prazo pra ele voltar e isso doía dentro de mim.
Todas as noites eu dormia no hospital, eram raras as vezes em que eu passava em casa, meu trabalho estava sendo deixado de lado, mas por consideração a amizade e por saber de toda a situação, meu chefe fazia vista grossa pra isso.
Era de tarde e eu estava dormindo na poltrona ao lado da cama dele, algo raro já que eu passava as noites vigiando ele. Eu acordei com um barulhinho, abri meus olhos e vi o pequeno com metade do corpo em cima da cama conversando com o Enzo.
-E quando você acordar, me leva na praia? - Dizia ele olhando pro rosto do irmão.
-Pequeno, veio visitar o Enzo? - Perguntei eu dando um beijo em sua testa, ele se sentou em meu colo e continuou conversando com o irmão.
-Porque ele esta dormindo tanto? - Perguntou ele.
-Porque ele esta muito cansando… - Disse eu.
-É porque ele trabalha muito né? - Disse ele me encarando.
-Pois é.
-Ai ele tem que descansar muito, mas ele já dormiu muito. Eu quero que ele acorde! Tem um monte de coisas que eu tenho que contar pra ele, meu ursinho rasgou a orelha e ele vai costurar pra mim, vai ler pra mim os quadrinhos que eu ganhei da professora e fazer panqueca, mas ele tem que acordar primeiro. - Disse ele balançando o braço do irmão. - Acorda Enzo! Chega de dormir, preguiçoso kk’s
-Daqui a pouco ele vai acordar bebê. - Disse eu.
-Minha mãe disse pra eu conversar com ele. - Disse ele olhando pro irmão
-Quem disse?
-Minha mãe…
-Minha mãe? - Perguntei eu.
-Não, a minha mãe, ela me falou quando eu tava dormindo, eu ouvi ela falando pra eu conversar com ele, que ele podia me escutar. - Disse ele, um nó se formou em minha garganta. - Meu irmão não tá cansado né? - Isso me pegou de surpresa. Eu nem sabia o que dizer.-Ele tá dodói, por isso que ele veio pro médico! Se ele tivesse cansado ele ia dormir em casa.
-Ele vai melhorar bebê. - Disse eu abraçando ele, do nada o pequeno começou a chorar. - Calma Gustavo, calma bebê. - Dizia eu abraçando ele forte.
-Meu irmão vai pro céu que nem meu pai e minha mãe? - Perguntou ele se levantando e me encarando com os olhos marejados.
-Não pequeno, claro que não, ele vai acordar! - Disse eu. - Eu sei que vai!
O Allex e a Giselle se revesavam em dormir no hospital pra eu poder arrumar minha casa, cuidar do meu trabalho e cuidar de mim também, mas mesmo assim minha cabeça estava onde ele estava e meu coração estava com o dele.
-E é por isso que eu não ando “rendendo” muito no serviço. - Dizia eu pro meu chefe.
-Joshua, você sempre foi um funcionário exemplar. Não precisa me dar explicações, você caiu um pouco de rendimento, mas eu vou ajusta-lo porque essa situação é realmente difícil pra qualquer um. - Disse ele tirando um peso das minhas costas.
Eu estava saindo da sala dele e alguém usando o mesmo perfume que o Enzo passou por mim, eu virei minha cabeça como se alguém tivesse falado meu nome, procurando… Meu coração se encheu de esperança e um sorriso apareceu um meu rosto, eu fiquei procurando, mas nada.
Meu queixo tremeu, ficou difícil de engolir a saliva e meus olhos marejaram.
Eu corri pro banheiro, me tranquei em um dos reservados e chorei ali, com a mão na boca pra ninguém escutar.
Estávamos todos reunidos no quarto do hospital, eu, Giselle, Allex e alguns familiares do Enzo. Os médicos entraram e conversaram conosco sobre a possibilidade de desligarem os aparelhos, eu só lembro de todos terem que me segurar pra eu não botar aquele médico em coma, nessa horas eu entendo o Enzo.
-Calma Joshua! - Disse Allex me arrastando pra fora do quarto.
-Como? Como eu vou ter calma? Eu não posso pensar nessa possibilidade! - Disse eu.
-É só uma possibilidade. - Disse ele. - E eu andei pensando nisso, temos que dar o direito ao meu irmão de morrer em paz, de descansar! - Disse ele me olhando com os olhos marejados. - Você acha que é facil pra mim? Quem vai cuidar de mim? Do Gus? Da nossa casa?
-E de mim? Quem vai cuidar? - Disse eu saindo correndo de lá, não sabia pra aonde ir, só que precisava ir pra algum lugar.
Peguei meu carro e fui pra praia, sempre íamos pra lá de noite. Ficávamos em cima das pedras olhando as ondas e conversando sobre o nosso dia de trabalho, só a companhia dele me faz bem, só o sorriso dele me faz bem.
-Sempre que eu ficava com medo, ou tinha alguma insegurança você me pegava em seus braços e fazia tudo isso ir embora… Cadê você agora me abraçar e fazer tudo isso que eu sinto desaparecer? - Disse eu olhando pro mar e pensando no meu amor.
Andei até um quiosque, pedi uma bebida e me sentei numa mesa. Peguei meu celular e fiquei olhando suas fotos, meu papel de parede é uma foto que o fotografo da festinha do Gus tirou de nós, nem percebemos que ele estava nos fotografando, era eu o abraçando por trás, nós dois com nossas fantasias, eu ajeitando a coroa em sua cabeça e ele olhando nos olhos e sorrindo. Seu sorriso, tão lindo. Eu dei zoom na foto só pra poder olhar em seus olhos, só pra poder ver seu olhar nem que fosse pela ultima vez.
Eu passava noites em claro, relendo nossas conversas antigas no WhatsApp, só pra poder ouvir seus áudios e sentir a saudade sumir pelos poucos segundos em que eu escutava sua voz, um sorriso se mantinha em meu rosto nesses poucos segundos e quando eu gargalhava lendo suas mensagens e lembrando do quão engraçado ele é.
Todas as vezes que meu telefone toca, meu coração dispara, eu penso “Ele acordou!”, mas não. Todos os dias eu acordo e digo pra mim mesmo: “Ele vai abrir os olhos hoje e finalmente esse pesadelo vai ter fim.”
Já era de madrugada quando o garçom se sentou ao meu lado.
-Nós já vamos fechar… - Disse ele olhando em meus olhos.
-Desculpa, pode trazer a conta por favor, eu me perdi no tempo. - Disse eu guardando o celular.
-Percebi, precisa conversar? - Perguntou ele, aquela pergunta tão simples.
-Na verdade sim. - Disse eu, não sei porque mas comecei a desabafar com aquele estranho, senti um peso sair dos meus ombros. -Eu nunca creditei nesse amor de cinema sabe? Sempre achei um exagero essa coisa de querer morrer por alguém que não seja sua mãe e sempre achei que esse “amor incondicional” nós só sentíssemos por nossos parentes de sangue, até que num doce dia eu conheci esse garoto e ele mudou a minha vida e é por isso que eu não me imagino mais vivendo sem ele. - Disse eu, continuamos a conversar e eu falava sobre o acidente e o quão difícil estava sendo.
-Você já pensou que deveria seguir em frente, sei lá? Encontrar alguém novo? - Disse ele, eu o olhei com nojo, quando eu abri minha boca pra xinga-lo, ele me roubou um beijo, mas quando seus lábios tocaram os meus eu o empurrei, abri minha carteira e joguei algumas notas na mesa, sai de lá e entrei em meu carro.
Como esse cara pode se aproveitar de um momento que baixei a guarda, se aproveitar do meu momento de fragilidade.
Quando ele tocou meus lábios não me lembrou em nada o meu Enzo, a textura macia dos lábios do meu amor, o sabor doce do seu beijo. Eu tive nojo de mim mesmo por ter deixado outro cara me tocar.
Fui pro meu apartamento, abri a porta com raiva quase arrombando, com raiva de mim mesmo. Com raiva de tudo, com raiva de nada.
Entrei no banheiro e comecei a escovar os dentes, estava com nojo de mim mesmo. Fiquei vários minutos escovando os dentes, sentindo minhas gengivas doerem, eu cuspi a espuma na pia e ela estava vermelha de sangue pela agressividade que eu escovava, queria tirar a sujeira da minha boca. Eu chorava e me machucava, queria sentir alguma coisa, queria ter algum sentimento que não fosse a dor emocional e a dor física me aliviava um pouco.
Eu quero os lábios dele, o cheiro dele, o gosto dele, a pele dele, o sorriso dele e o olhar dele. Seu olhar que me faz sentir o homem mais lindo e sortudo do mundo.
Eu entrei no banho e comecei a me esfregar com a bucha, minha pele ardia, mas eu me sentia sujo, sentia que ia levar minha sujeira pro quarto do Enzo e esse pensamento me dava asco, asco daquele homem, asco de mim mesmo.
Me olhei no espelho e não me reconheci. Continuo vivendo com o proposito de esperar por ele e vou esperar quanto tempo for preciso, quantos anos forem precisos e meu amor vai continuar intacto esperando por ele.
Lembrei de um dos muito momentos lindos que passamos. Estávamos todos reunidos na cozinha, eu, meu amor, Gus, Allex e o cachorrinho.
Enzo estava fazendo café e dançando ao mesmo tempo, a musica do Jota Quest que tocava no seu radinho:
Você chegou, quase me matou
Foi daquele jeito, todo o baile parou
Quase me levou, me levou todo ar, ar
Você chegou, quase me matou
Foi daquele jeito, todo o baile parou
Quase me levou, me levou todo ar, ar… ♫ ♪
Ele dançava de uma forma linda, só usando seu pijama, a regata de seda e a samba canção, me puxou pra dançar com ele e logo eu puxei meu cunhado e o pequeno que veio com seu cachorrinho e ficamos todos dançando no meio da cozinha, como os pais deles faziam.
O sorriso do meu amor crescia mais quando ele me encarava. Ele me deu um beijo daquele jeito que me faz sorrir.
Ele trazia luz pra aquela casa, trazia o sol, as cores, a vida. Sem ele aquela casa ficou silenciosa, triste, cinza, fria, sem vida. Colocamos o Gus num colégio integral pra que ele sentisse menos a falta do irmão e ocupasse a cabecinha com os estudos.
Ninguém gostava de parar em casa, tanto eu, quanto o Allex não gostávamos de ficar lá, porque tudo lá lembrava ele e o silencio que aquela casa se tornou era pior do que tudo, não tinha ele cantando “Hello” da Adele todo desafinado e quase estourando nossos tímpanos kkk’s Mas nós adorávamos isso, acordar com ele batendo as panelas e pulando em cima de nós, obrigando a gente a assistir os mesmo episódios repetidos de “Todo mundo odeia o Chris” e rir com ele. Me obrigando a ver suas séries e ai de mim se abrisse a boca pra falar enquanto ele as via.
Não ter ele gritando com a gente e nos obrigando a fazer as coisas em casa, parece chato, mas sentíamos saudades de tudo, como disse o Allex: “Eu preciso dele nem que seja pra brigar”.
E sentíamos falta da comida dele, do cheirinho dos temperos dele, fazia meses que não sentávamos todos a mesa pra jantarmos, como ele sempre fazia questão de fazermos, ele colocava a mesa e nós jantávamos todos juntos, como uma família e é oque deixamos de ser, ele que nos unia, sem ele não temos razão pra continuar, pra fazer mais nada.
Eu decidi ir pro único lugar aonde eu me sentia bem, coloquei uma roupa, peguei meu carro e dirigi até o hospital. Consegui convencer a recepcionista a me deixar subir no meio da madrugada, cheguei no quarto dele e quem estava lá era a Giselle.
-Tudo bem Joshua? - Perguntou ela sorrindo, mas parou e me olhou ao ver meu estado. - O que houve?
-Preciso ficar sozinho com ele amiga, posso? - Disse eu segurando a mão dela.
-Claro meu bem, eu vou lá embaixo tomar um café, vou trazer um pra você. - Disse ela saindo do quarto.
Eu fiquei olhando o meu amor ali, deitado. Me sentei na poltrona ao lado da cama, segurei sua mão e dei um beijo nela, sentindo o cheiro do meu amor.
-Sinto tanto a sua falta, chega a dói, eu nunca pensei que eu fosse sentir algo assim por alguém, mas você é parte de mim. Lembra que você se fantasiou de príncipe? Então, agora você é meu belo adormecido kk’s Você iria rir disso! - Disse eu olhando seu rosto sem expressão. -Eu tenho medo de estar sendo egoísta e estar te prendendo aqui… Os médicos perguntaram se não queremos desligar os aparelhos, eu quase bati neles por isso kk’s - Disse eu sorrindo e segurando sua mão. - Seus familiares estão pensando, já faz quase dez meses que você esta aqui no mesmo estado, sabe amor, eu penso em você todos os dias e as vezes eu penso que a culpa de tudo foi minha. É por minha culpa que você esta aqui! - Disse eu sentindo um nó na garganta. -E é por isso que eu concordo em desligarem os aparelhos, não quero te prender aqui, você não merece isso, você merece o céu, se encontrar com seus pais, lembra que você me disse que morre de saudades deles? Então, você vai encontrar com eles. Lembra o que você disse pro Gus? Quando ele perguntou onde seus pais estavam? Você disse que eles tinham virado estrelas, e você vai ser a mais brilhante. - Nessa hora eu tive que parar de falar, o choro não deixava. -Eu te amo tanto, tanto… Me promete uma coisa? Quando você for pro céu, me espera lá? Porque eu sei que não vou durar muito tempo aqui sem você.
Eu fiquei até altas horas fazendo carinho em seu rosto e conversando com ele, falando amenidades, Gus me disse pra conversar com ele, e eu estava fazendo isso, peguei meu celular e deixei tocando as musicas preferidas dele, se essa for a ultima vez que estamos juntos, pelo menos que seja especial. Eu subi na cama, me deitei ao lado dele, fiquei olhando seu rosto e sentindo seu corpo tão perto do meu, me deitei em seu peito e fiquei ali ouvindo seu coração bater perto dos meus ouvidos, abracei seu tronco e chorei, não queria deixa-lo ir, mas eu preciso libertar ele, meu amor não merece ficar preso nesse mundo, ele merece virar uma estrela no céu, só espero que os anjos não se apaixonem por ele kk’s Ele vai me esperar lá em cima e finalmente vamos ficar juntos.
Eu peguei no sono dessa forma, acordei quando estava amanhecendo.
Giselle estava dormindo toda largada na poltrona, Enzo faria algum comentário engraçado sobre isso se estivesse acordado. Eu desci da cama e fui ao banheiro, de dentro do banheiro eu ouvi uma barulheira, a essa hora o hospital é extremamente silencioso. Eu não dei muita importância, voltando pro quarto, já no corredor eu vi uma equipe de profissionais de saúde entrando apressados no quarto do Enzo, eu corri o mais rápido que pude e quando cheguei na porta do quarto estavam todos em volta da cama, eu abri espaço quase jogando eles longe, vi que os aparelhos começaram a apitar.
-O que aconteceu com ele? - Perguntei eu.
-Ele se mexeu Joshua, eu acordei e vi ele mexendo as pernas e os dedos da mão, e do nada os aparelhos começaram a apitar porque os batimentos dele aceleraram , e a atividade cerebral dele mudou. - Disse Giselle visivelmente emocionada.
-Ele esta acordando? - Perguntei eu pra um enfermeiro.
-Talvez. - Disse ele concentrado nos aparelhos.
-Como assim “talvez”?
-Achávamos que ele poderia ter “morte cerebral”, mas não, o eletroencefalograma esta mostrando atividade cerebral. Ele esta indo de um estado cerebral pro outro, pro estado de consciência.
Foi quando eu vi depois de meses ele se mexer, mexeu um pouco a cabeça e os membros. Todos pararam, o silencio se fez presente no quarto e todos se reuniram em volta da cama e ficamos o encarando, chegando cada vez mais perto dele, cada vez mais em cima dele.
Esperando…
Aos poucos eu vi suas pálpebras se mexendo, eu mal acreditei naquilo, mal acreditei que estava realmente acontecendo, meus olhos começaram a marejar e eu mal conseguia piscar, tinha medo de ser uma alucinação da minha cabeça confusa, ou mais um dos sonhos que eu estou tendo eu sonhei tantas noites com esse momento, mas não, era real! Estava realmente acontecendo.
Ele abriu seus olhos e eu mal conseguia me controlar, seus olhos tão lindos. Mais lindos do que eu me lembrava, ele encarou a todos e parou seu olhar em mim, ficou alguns segundos me encarando e depois voltou pra os enfermeiros que estavam o observando.
-Porra… Da pra sair de cima de mim? - Disse ele, a primeira coisa que ele fala depois de meses em silencio é um palavrão, isso é tão Enzo, mal abre os olhos e ele já consegue me fazer gargalhar, me faz chorar de alegria e me devolve a felicidade. Sua voz estava fraca, quase sussurrante, bem cansada e um pouco rouca.
Eles se afastaram um pouco e começaram uma série de exames.
Continua…
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