CAP 4
Abri a porta de casa, larguei as chaves em algum lugar e me estirei no sofá. Meu peito doía, minha cabeça doía... primeira experiência com o ciúme, efetuada com sucesso. Não sabia se chorava, se ria. Soluçar, solucei bastante, queria ele pra mim, queria muito e não entendia esse querer tão grande.
Choro e mais choro, engasgos e mais soluços. Um período de tempo infindável nesse meu momento. Agora já me culpava, eu dei oportunidades, me entreguei demais, me aproximei demais. Porra, eu era macho! Agora estava me desmanchando em choro por causa do viadinho do meu amigo. Mas o viadinho que me deixava louco. Na minha cabeça se passavam muitos "se's". Sem forças pra considerar mais nada caí no sono.
Acordei e fui procurar por Renato. Nada ainda. Pensar no que ele poderia estar fazendo com Marcelo fazia a dor voltar. O pior era que só me vinhas as mais pervertidas nuances sexuais dos dois. Não aguentava,as lágrimas escorriam. Levantei e dessa vez fui pra cozinha fazer algo para comer. Não sei nem o que fiz, só queria tirar a atenção das imagens. Nada. Voltei pro sofá e resolvi assistir, no percurso adormeci novamente.
Acordei com ele me chamando, fazendo alguma piada sobre tranqüilizantes pra cavalos. Eu só fitava seus olhos, o observava. Seus lábios mexiam, mas nem uma palavra me era importante. Estava como num sonho e tinha medo de que ao menor movimento eu acordasse então o fitava imóvel e impassível. Ele cansou-se de tentar se fazer ser ouvido e subiu. Fiquei o observando galgando degrau a degrau até o ponto.
Saí do transe e fiquei mais um tempo cogitando as mais diversas consequências do que eu estava por fazer, mas não aguentava muito mais. Decidi agir. E subi as escadas num passo comedido. Parei na porta do seu quarto respirei mais uma vez e girei a maçaneta: a hora era agora.
O quarto estava mergulhado na escuridão e a única luz que me guiava era a luz do abajur do seu quarto. Sentei em sua cama, levantei seu cobertor e me deitei ao seu lado.
"O que foi, Rômulo?". Ele acordou assustado. Olhei nos seus olhos, na sua boca.. e não resistiria mais. Segurei sua nuca e então não havia mais medo, não havia mais dúvidas, não havia mais homens. O que restavam eram línguas e bocas, pernas e braços dançando à luz de um abajur.