Brise do Amor – Capítulo 02
As aulas do dia haviam acabado, e os dois recém-amigos saíram da sala conversando sobre os mais variados assuntos e antes de irem embora, Ben resolveu comprar um milk-shake. Quando estavam indo, Benjamim estava tão entretido com a sua mais nova primeira amiga que não viu quando se chocou com um rapaz e derrubou sobre ele, todo o copo de milk-shake que ainda restava:
Cara – eu não acredito nisso! Você de novo, seu babaca? – Gritava com os olhos fumegantes de ódio.
Ben – e-eu... balbuciou.
Em meio às tentativas de explicar o acidente, o cara, tomado pela raiva, disfere um soco, que acerta em cheio o olho de Ben. Nesse momento, todos que ainda estavam próximos ao bloco do Centro de Artes, voltaram suas atenções à confusão. Então, quando o cara foi para continuar batendo em Benjamim, eis que Clara, que estava inerte vendo a tudo, surge entre o seu amigo e o agressor:
Clara – É o seguinte, seu idiota... não sei se você sabe, mas toda universidade possui um regulamento geral que condena agressão física dentro do espaço acadêmico. Logo, acho melhor você guardar esse ogro, que despertou em você, dentro do bolso, entender que isso foi um acidente e sumir de nossas vistas. Fui bem clara? – Gritava a amiga de Ben que havia ficado revoltada diante de tamanha intolerância.
Cara – Da próxima vez, presta mais atenção, seu viadinho – dizendo isso, saiu e foi embora.
Assim, que o agressor se retirou, Clara procurou cuidar de Ben que estava chorando diante da dor de ter apanhado e sido humilhado perante um monte de pessoas desconhecidas que ainda o observavam com curiosidade.
Clara – Deixa eu ver esse machucado, meu amigo – dizia com a voz preocupada.
Ben – Sabe, Clara... eu nunca fui tão humilhado em toda a minha vida. Sei que agi mal por não ter prestado atenção, mas foi um acidente. Por mais que eu tenha esbarrado nele pela segunda vez, no mesmo dia, não aconteceu de forma proposital – dizia isso com a voz embargada.
Clara – Ham? Como assim “segunda vez no mesmo dia”?
Então, Benjamim explicou toda a história de ter esbarrado no cara mais cedo.
Clara – Que coincidência infame!
Ben – Pois é!
Depois do ocorrido, como Clara tinha carro, deu carona ao seu amigo e o deixou em casa.
Clara – Ben, hoje à noite temos uma festa para ir e nem ouse deixar aquele cretino estragar os nossos planos – falava de forma mandona.
Bem – Mas, Clara... eu não vou aparecer a uma festa com o olho roxo.
Clara – Meu filho, isso porque você não conhece o poder da minha maquiagem. Quando eu passar aqui para te pegar, vou dar um trato nesse olho roxo. Ninguém, na festa, nem vai perceber.
Ben – Tudo bem, então. Até mais tarde – disse o garoto mais aliviado.
Clara – Ah! Outra coisa... adorei te conhecer – falava a garota que, nesse momento, deixava transparecer sinceridade em sua voz.
Ben – Digo o mesmo! Obrigado por me defender hoje – dizia em tom de agradecimento.
Clara – Amigos servem para essas coisas, Ben. Até mais tarde! E se arruma, porque quero uma bee bem bonita dentro do meu carro... kkkkkkkkkkkkk.
Ben – Pode deixar – disse o garoto morrendo de rir das loucuras de sua amiga.
Como, no primeiro dia, só haviam quatro aulas, tiveram a tarde toda para descansar e se preparar para a festa. As horas passaram voando e, quando eram 19:30, Clara buzina em frente à casa de Ben e o mesmo aparece à porta pedindo para ela entrar. O garoto estava lindo, havia colocado uma de suas melhores roupas e passado um perfume maravilhoso, o Malbec Noir.
Clara – Nossa! Que gato! Se eu fosse lésbica, eu te pegava... kkkkkkkkkk.
Ben – Como assim?
Clara – É que você é tão gay que se, um dia resolvesse pegar uma mulher, você iria ter um momento lésbico e não um momento hétero... kkkkkkkkkkk.
Ben – Ai! Não exagera – disse o rapaz dando a língua.
Clara – Tô brincando, gato. Agora, vem cá! Deixa eu usar os meus truques de maquiagem em você.
Depois que Clara maquiou o olho de Ben, os dois foram para a festa que ficava na região da Praia do Canto, zona nobre de Vitória. Chegando no lugar marcado, o fervo já havia começado e então, os dois se misturaram em meio ao povo.
Clara – Ben, vamos pegar uma bebida?
Ben – Eu não bebo e outra, você está dirigindo, não pode!
Clara – Você tem carteira de motorista?
Ben – Tenho!
Clara – Trouxe ela?
Ben – Sim, sempre trago os meus documentos em minha carteira.
Clara – Opa! Então fechou... você dirige e eu bebo à vontade. É hoje que eu viro uma esponja... kkkkkkkkkk.
Ben – Aff!
E dizendo isso, Clara vai à procura de uma bebida. Enquanto isso, Ben decide dar uma volta em algum lugar que não esteja tão movimentado e barulhento e vai para o outro lado da casa, quando, de repente, começa a ouvir uma discussão perto da piscina. Então, o garoto, em um súbito de curiosidade, se aproxima para tentar entender o que estava acontecendo ali. Mas como estava meio escuro, Benjamim, só conseguiu perceber que eram dois homens que pareciam estar tendo uma briga feia. Foi quando, de uma hora para outra, um dos rapazes, acertou a cabeça do outro com uma garrafa que estava em mãos, desacordando o agredido, fazendo com que o mesmo caísse dentro da piscina. Então, o agressor foge apressado, deixando a vítima jogada dentro da piscina.
Ben, em meio a tudo isso, ficou assustado e estático, porém a sua consciência lhe intimou a ajudar o rapaz que estava desacordado. Benjamim saiu correndo, de onde estava, e, com muito custo, conseguiu retirar o rapaz da piscina, porém o mesmo não acordava. A preocupação tomou conta de Ben e ele parou para pensar o que poderia fazer para ajudar o rapaz. Pensou, pensou e então teve a ideia de fazer respiração boca a boca. Depois de alguns segundos de tentativas, o rapaz acordou, começando a tossir muito e a expelir, uma grande quantidade de água, pela boca. Como estava escuro, Ben não conseguiu enxergar o rosto do rapaz. Dessa forma, ele iluminou a luz do celular no rosto do agredido e foi quando teve uma grande surpresa.
Ben – Você?
Continua...