Rafa – essa tua doença ta com cara de doença da paixão.
Berg – kkkk é doido é vei? Sei nem o que é isso.
Rafa – Claro que sabe po. O que tu sente pelo Beto é o que então?
Berg – O que tu disse mano?
Rafa – essa tua doença tem ou não tem haver com o Beto?
Berg – Claro que não po, isso é por causa dessas chuvas que eu tenho pego andando de moto.
Rafa – Não te conheço direito mano, mas eu também já passei por isso.
Berg – Por isso o que véi?
Rafa – Eu sei que tu e Beto estão na mesma vibe, da pra ver a forma que vocês se olham, se defendem, se cuidam, você não precisa ter vergonha disso não, eu acho maneiro.
Berg – Tu ta insinuando que eu e Beto somos viados?
Rafa – viados não, viado é um animal irracional. Vocês estão é se curtindo mesmo.
Berg – Tu não sabe o que ta falando mano, é como você mesmo disse: não me conhece direito e ta entendendo as coisas de forma errada.
Rafa – bem, então me desculpa, não quis me meter na tua vida.
Berg – tranquilo.
Rafa – mas, se um dia você de espontânea vontade quiser conversar comigo, você já sabe onde é minha casa, vou estar a disposição.
Berg – Tu ta se despedindo? Não quer mais as aulas.
Rafa – claro que quero, estou me despedindo porque irei à faculdade. (rs), passei aqui porque pensei em ti dar uma carona.
Berg – Ah pow, de boa, achei que estivesse me despedindo. Kkk!
Rafael – impossível. Onde acharia um professor tão bom assim?
Antes de eu responder a pergunta, minha mãe gritou la da sala.
Mãe – Gutemberg já esta arrumado? Já posso chamar o táxi?
Eu ainda estava do jeito que acordei (um short velho, rasgado, surrado e com gala seca e ainda estava sem cueca, se meu pau tivesse enrijecido tinha acertado no rosto do Rafael).
Berg – Tou quase pronto já! ( falei alto o suficiente para que ela ouvisse lá de baixo).
*
Rafa – então você decidiu ir ao medico?
Berg – nada, minha mãe decidiu por mim (rs), se eu não for, ela não vai sossegar.
Rafa – Eu entendo bem, mãe é tudo igual, só muda de endereço mesmo!
Berg – Pois é.
Rafa – Pois é...
Berg - ...
Rafa – Vocês vão de táxi?
Berg – sim, minha mãe não anda de moto.
Rafa – Não precisa chamar táxi não, eu levo vocês. Pronto socorro ou convenio?
Berg – Convenio, mas precisa se preocupar não, vá la pra sua aula.
Rafa – não é preocupação mano, só que eu não estou afim de ir pra aula mesmo. Vou ate me distrair.
Berg – em um hospital?
Rafa – Claro, por que não?
Berg – não sei se tem com o que se distrair ali.
Rafa – agente encontra, e ae posso esperar pra levar vocês?
Berg – você quem sabe.
Rafa – então vou ficar la na sala esperando.
Berg – Blza, é só o tempo de eu tomar um banho e trocar de roupa.
Rafa – tem pressa não, eu espero.
Tirei minha toalha e fui em direção ao banheiro, entrei no box, abri o registro do chuveiro e deixei a água lavar meu corpo, comecei a pensar em muitas coisas, pensei no Lucas, em como será que ele estava na capital? O que será que ele estava fazendo? Será que nosso destino era ficar juntos? Pensei no Beto, ele fez um drama pra eu não ir embora, ele era meu amigo de verdade e eu não podia confundir as coisas: brincadeira era brincadeira, jogo pra valer era diferente. Jamais eu teria o Beto comigo, no máximo ele ia me comer e nossa amizade acabar, e eu preferia ter a amizade dele a querer algo mais e ficar sofrendo. Pensei no Rafael, nos já estudávamos juntos há muito tempo e ele nunca fora tão próximo assim de mim, será que essa lenda de que uma estrela reconhece a outra é verdade mesmo? Será que a minha amizade com o Beto estava mesmo estranha? Será que as mas línguas já estavam falando de nós dois por ae, ou foi só o Rafael que notou algo diferente? Fui cortado dos meus pensamentos pela minha mãe.
Mãe – meu filho vamos logo meu amor.
Berg – já tou saindo mãe, dois minutos eu tou la na sala.
Mãe - O seu amigo vai dar uma carona pra nós, não vamos abusar.
Berg – Não vamos mãe, prometo que eu me troco rápido.
Mãe – esta bem, eu vou colocar as comidas no freezer, se o Bernardo chegar antes de nós, ele só esquenta.
Berg – Ta mãe, vai la que é o tempo de eu me trocar.
Saí do banheiro, e realmente me troquei rápido, parei em frente ao grande espelho que tinha na porta do meu roupeiro e fiquei analisando meu corpo, estava ficando com o peitoral definido.
Berg – Tou ficando cada vez mais gostoso, pensei comigo mesmo. Hehe
Passei um anti- transpirante, um gel no cabelo, dei um espetada levantando-o pra lateral, coloquei uma cueca box, uma bermuda jeans azul, peguei um par de sandálias, e uma camisa polo branca. Passei o relógio no pulso, passei meu Ferrari e desci. Rafael estava sentado no sofá da sala com as pernas cruzadas formando um numero quatro.
Berg – e ae patrão. Demorei?
Rafael – Nem reparei mano. (rs)
Berg – Tentei agilizar ao máximo. (rs), sabe cade minha mãe?
Rafael – passou ae pra trás.
Berg – Blza, vou la chamar ela.
xXXX
Estávamos no carro: Rafael, mamãe e eu. Era estranho porque eu não tinha papo com ele, como tinha com Beto, Kadu, Gustavo e ate mesmo Cecilia.
Chegamos ao hospital e não demorou muito para eu ser atendido, entrei sozinho na sala do medico, já era maior de idade e mamãe não podia entrar comigo. O médico fez algumas perguntas de praxe, passou aquela luzinha nos meus olhos, pediu pra eu mostrar a língua, e depois passou alguns exames, resumindo, fui furado a toa, não estava com nada de doença. O medico disse que era virose, passou uns medicamentos e me liberou.
Na volta passamos em uma farmácia, mamãe saiu para comprar os remédios que o medico receitara e eu fiquei dentro do carro com Rafael.
Rafa – e ae, o medico disse quando você vai morrer?
Berg – Ele disse que não vai demorar, tenho no máximo uns 3 anos de vida. (rs)
Rafa – (rs) porra, só isso?
Berg – Tou achando é muito.kkkk
Rafa – é nada, 3 anos passa assim óh. (rafa estalou os dedos na frente do meu rosto).
Eu apenas sorri.
Rafa – temos que aproveitar neh!?
Berg – nada mano, já aproveitei demais, já fiz tudo o que eu queria fazer.
Rafa – Eita. Tu tem quantos anos Berg?
Berg – 23. Por que?
Rafa – e já conseguiu viver tudo o que queria viver?
Berg – Não mano, acho que nós podemos viver mil anos, sempre vamos querer mais neh!? A vida é o nosso maior tesouro, juntamente com a família.
O Rafael ia falar alguma coisa, quando minha mãe entrou no carro.
Mãe – Voltei crianças.
Minha mãe jogou a notinha da farmácia no meu colo.
Mãe – Aqui óh!
Berg – Pra que eu quero isso?
Mãe – pra descontar esse valor na tua mesada.
Berg – Vish mãe, ta moscando é?
Mãe – me respeite Gutemberg.
O Rafael apenas sorria.
*
*
Quando chegamos a nossa casa minha mãe convidou o Rafael para almoçar conosco.
Berg – Ô mãe, a mãe do Rafael é chefe de cozinha. A senhora acha que ele vai querer almoçar da nossa comida requentada? (rs)
Rafael riu desconfiado, acho que ele ficou sem jeito.
Rafa – que isso, eu aceito sim, se não for encomodar.
Mãe – Tenho certeza que você vai gostar da minha comida Rafael, também sou chefe aqui da minha casa.
Rafael sorriu pra ser simpático.
Rafael - Nos passamos a manhã juntos, e eu ainda não sei o nome da senhora.
Mãe – é Renata, querido, prazer viu? Amigo do meu filho também é meu amigo.
Rafa – prazer é meu senhora, Rafael.
Rafael esticou a mão pra minha mãe mas ela não viu e ele ficou todo sem jeito.
Berg – Ficou no vácuo.kkkkkkkkkkk!
Rafael sorriu desconfiado.
Minha mãe foi pra cozinha preparar o almoço e na mesma hora, Bernardo entrou pela porta da frente. Bernardo estudava pela manha, e o papai pagava um amigo pra ir deixar e busca-lo.
Bernardo – e ae mano, blza?
Berg – tou bem. ja conhece o meu irmão ne Rafa?
Rafa – já sim, e ae tudo bem garotão?
Bernardo – Maneiro. (Bernardo subiu as escadas correndo, isso tudo era fome pelo vídeo game).
Virei-me para Rafa.
Berg – E ae, quer aproveitar pra estudar enquanto o almoço não fica pronto?
Rafael – Deus me livre mano. (rs)
Berg – também pensei isso. (rs),quer jogar game?
Rafael – eu ate curto, mas não tou afim não.
Berg – então quer fazer o que?
Rafael – Isso...
Rafel me puxou e na sala mesmo com minha mãe e meu irmão em casa me deu um beijo. Eu o empurrei de imediato.
Berg – ta estragando tudo véi, já te falei que não curto essas paradas.
Rafael – Você não precisa mentir pra mim Berg.
Berg – Não tou mentindo, você que esta me forcando a admitir algo que não é verdade.
Rafael – então você não curte caras?
Berg – Claro que não po. Eu gosto é de mulher, buceta, xoxota, rachadinha.
Rafael – ta mano, não precisa mais adjetivos. Você já me convenceu, eu que forcei a barra, estava vendo coisas onde não existia. Me desculpa.
Berg – Desculpo véi, mas não faz isso mais não, pelo amor de Deus.
Rafael – juro não fazer mais.
Berg – Assim espero.
Rafael – você pode se despedir da dona Renata por mim? Diz a ela que eu deixei um abraço.
Berg – Ué, tu já vai? Tu não ia almoçar conosco?
Rafael – Eu já tenho que ir.
Berg – Vai não mano, espera o rango, você vai gostar da comida da minha mãe.
Rafael – tenho certeza que é muito boa, mas eu tenho que ir mesmo, depois agente se fala.
Berg – Então ta, você que sabe.
Levei o rafa ate a porta.
Rafa – então e isso, estou indo nessa, ate mais.
Berg – ate mais.
Estiquei a mão pra Rafa como forma de comprimento, e quando ele encaixou sua mão na minha eu o puxei ate perto de mim e retribui o beijo que ele havia me dado.
Berg – isso pode ficar só entre agente?
Rafa – você sabia que eu curtia caras?
Berg – não, nunca nem desconfiei.
Rafa – é porque sempre guardei pra mim, e agora vou guardar o seu segredo também. Pode confiar.
Berg – eu confio.
Rafa – vem cá, eu posso voltar atrás e ficar pro almoço?
Eu ri.
Berg – Claro que pode véi, você é nosso convidado de honra. (rs)
Rafa – a honra é minha.
xXX
Naquele dia me comuniquei com o Beto apenas pelo whats e combinamos de assistir um filme em sua casa.
Comecei também a arrumar minhas coisas, iria mudar pra casa do Beto no sábado, comecei a empacotar tudo o que iria levar, não ia precisar de muita coisa, apenas o essencial.
xXX
À noite me despedi de meus pais e Bernardo. Peguei o carro na garagem, e sai pelas ruas sentido o bairro do Beto. Passei no supermercado, comprei uma pizza de calabresa e um pote de sorvete, voltei pro carro e comecei a lembrar da noite anterior, será que o Beto havia sido sacana em chamar a Débora pra casa dele, ou eu que estava querendo que tudo fluísse a meu favor? O Beto não era gay, e se rolasse algo, seria apenas sexo? Não iria rolar sentimentos? Fiquei pensando nisso durante toda a viagem, parei no sinal e resolvi mudar de percurso.
Não durou nem 15 minutos e eu cheguei aonde queria.
Interfonei e não demorou muito vieram abrir o portão pra mim.
Rafael – Berg?
Berg – Foi aqui que pediram sorvete e pizza?
**
Deixa ela saber que eu tô é com você
Se aconteceu com a gente, foi porque ela estava ausente
Deixa ela saber que agora eu vou ficar
Se você me aceitar
Nem pra casa eu vou voltar
Nunca mais eu volto lá.
**
Continua...
Boa tarde galera, estou tentando agilizar ao máximo pra ver se eu consigo terminar amanhã. Não curto muito ficar enrrolando. hehe e eu nao nasci pra ser escritor, eu gosto mesmo é de acompanhar o conto dos outros. forte abraço!!