- Bom, Antoine, analisando teus exames, eu pude perceber que o tumor reduziu um pouco. Não muito. Nós faremos a última sessão de quimio e depois faremos a cirurgia.
- Mas, e a metástase? – Eu perguntei
- Pelos exames, eu não pude perceber nada.
- Isso significa que não tem?
- Infelizmente, não. A cirurgia vai ser exploratória, Antoine. Nós vamos descobrir se tem ou não somente quando nós olharmos internamente.
- E a amputação? – Eu falei quase tremendo de medo da resposta
- Para essas perguntas, eu não tenho respostas ainda, Antoine. Nós só estamos terminando a primeira etapa do tratamento. Vamos com calma, ok?
Eu queria respostas. Eu queria saber se eu iria ou não ficar bem depois dessa cirurgia. Eu tinha um mês, um mês esperando a bendita cirurgia chegar. Bruno ainda ficou conversando com o Antônio, mas eu não entendia nada do que eles falavam. Eles analisavam juntos meus exames e utilizavam termos técnicos que só eles entendiam.
Nós voltamos para casa, eu voltei meio frustrado, pois eu achava que a quimio tinha sido um sucesso, mas ela só reduziu um pouquinho o tamanho do tumor. Ao chegar em casa, os móveis do quarto da Sophie já tinham chegado e estavam todos na sala. Era caixa de papelão para todos os lados. Bruno e Papa teriam muito trabalho pela frente.
Nós tínhamos entrado em contato com os pintores que pintaram a nossa casa, mas eles estavam muito atarefados e não podiam pintar o quarto da Sophie, então, Bruno e Papa resolveram pintar. Eu não sabia no que ia dar certo essa história, torcia para o quarto da minha filha não ficar uma lambança só. Nós só fomos em casa pegar algumas coisas para mim e para a Sophie, eu iria passar a tarde na casa da Maman. Bruno e Papa iriam sair para comprar tintas e todo o material necessário.
Eu amava ver meu Papa e o Bruno juntos, eles faziam tudo juntos, às vezes dava até um ciuminho, pois, antes, era sempre eu quem fazia tudo com ele. Mas, eu entendia e fazia questão de vê-los juntos. Papa o considerava um verdadeiro filho. Ao chegar na casa da Maman, tinha um banquete nos esperando.
- Oiiiiiiiiiiii, Jojo, minha gostosa! – Eu dei um mega beijo na bochecha da secretária da minha Maman
- Oi, meu filho! Quanto tempo, hein? Despois que vieste das Paris num veio mais aqui!
- Pois é, né? Olha só quem anda tomando todo o meu tempo, Jojo! – Eu disse mostrando a Sophie que estava no colo do Bruno.
- Aiiiii que coisinha mais linda!
- Minha filha, Jojo! – Eu disse todo bobo com um sorriso imenso estampado no rosto
- Dona Ange, a senhora bem disse que ela era linda!
- Claro que ela é, olha só para a Mamie (vovó) dela! – Ela disse desfilando
- Ela puxou mais para o Papa dela, Maman!
- E o Papa dela puxou para quem? Hein? – Ela disse rindo de mim – La beauté (a beleza) está no sang (sangue).
- Ai, desenrole essa língua, mulher! Eu não entendo o que a senhora fala!
- Claro que entende, Jojo! Depois de mais de 20 anos, como que não entende?
Elas adoravam se alfinetar, elas eram grandes amigas.
- Eu posso pegá-la um pouquinho? – Jojo perguntou
- Claro que sim, Jojo! – Bruno me olhou de cara feia
Ele não gostava que as pessoas ficassem pegando na Sophie. Ele detestava, na verdade.
- A senhora sabe segurar bebê?
- Meu filho, eu segurei o teu marido no colo. Tu achas que eu não sei carregar um bebê? Eu já passei muito talco nesse bumbum aí.
- Podia ficar sem essa, amor! – Eu disse rindo e a Maman me acompanhou na gargalhada
- Jojo, papas de primeira viagem, tu não sabes como são?
- Mas eles estão certíssimos, dona Ange. Tem que cuidar dessa princesa, agora. – Ela disse pegando a Sophie do colo do Bruno
Eu achava muito engraçado quando ele dava a Sophie para alguém segurar. Ele ficava sempre por perto, sempre de olho. Qualquer coisinha ele pulava na pessoa. Uma vez, uma colega do trabalho dele foi segurar a Sophie e não soube segurar a cabecinha dela, ele simplesmente retirou rapidamente a Sophie do colo dela e disse, na cara da moça, que não a deixaria segurar nossa filha novamente. Eu, claro, morri de vergonha, mas eu o apoiei 100%. Kkk
- Como ela é calminha, né?
- Ela é uma amor, Jojo. Né, minha filha? – Eu disse
- Ela acorda muito à noite?
- Que nada! Ela acorda uma vez, come, arrota, fica um pouquinho no meu colo ou no do Bruno e depois dorme de novo e só acorda de manhã.
- Tu eras assim também, Antoine! Né, dona Ange?
- Era! Não dava nenhum trabalho! Tu étais un ange, mon bébé!
- Eu ainda sou, Maman ! – Ela riu e riu bastante
- É, amor, parece que tua moral não tá tão alta, hein? – Eu dei um tapa no braço dele
- Como é que é?
- Opa, não falei nada!
- Acho bom! RUM! E que história é essa de eu não ser um anjo, Maman?
- Chéri, tu já aprontaste muita coisa, viu?
- Não aprontei nada, tá? Ai, ai, ai!
- Filhote!!!
- Oi, Papa!
- Por que tu já estás emburrado?
- Maman, que tá dizendo que eu apronto muito!
- Mas onde, Ange? Esse menino nunca nos deu trabalho!
- RAAAAAAAAAAAAAAA!!!! Tá vendo só? Papa entende das coisas! – Eu fiz careta pra Maman
Ela só fez rir ainda mais. Nós almoçamos todos juntos, quando o Gui me viu em casa, ele fez a maior festa. Ele foi falar com a Sophie também, ele só a chamava de titia. Eu achava bonitinho. A briga começou quando a Anne quis ficar com ela no colo, Gui não entendia por que ele não podia segurá-la. O Bruno teve que falar mais forte e os dois ficaram quietinhos. Acabou que nem um e nem outro pegou a Sophie. Nós almoçamos e logo Papa e Bruno partiram.
- Vamos, filho? – Papa falou com o Bruno, eu era o filhote e o Bruno era o filho.
- Vamos! Tchau, amor! – Ele me deu um beijinho – Tchau, princesa do papai! – Ele pegou a Sophie, que ainda estava com a Jojo, no colo e deu um cheirinho nela.
Os dois foram embora e eu fiquei com a Maman que ainda ria de mim.
- Do que é que a senhora ainda tá rindo?
- Chéri, tu já paraste para analisar em como tu és parecido comigo?
- Claro, né Maman? Não poderia ser diferente! – Eu estava chateadinho com ela ainda
- Não, eu digo em relação ao Bruno.
- Ham?
- Tu já reparaste em como o Bruno é parecido com teu Papa e tu comigo?
- A senhora está querendo falar que eu sou a mulher da relação? – Eu ficava muito PUTO quando alguém falava isso. Eu estava para guerra naquele dia, só pode, eu estava ficando puto com muita frequência e facilidade.
Eu sempre falo isso, não é por que eu estou casado com um homem que eu preciso virar a mulher da relação. Para mim, não existe essa de mulher da relação, o que existe são dois homens que se amam. Ponto! Bom, pelo menos no meu relacionamento é assim.
- Bien sûr que non! Eu só falo em relação ao temperamento, a forma de agir. Tu ralhas com ele e ele fica quietinho. Teu Papa é igualzinho.
- Papa é assim mesmo, mas o Bruno, ele não é assim, não Maman!
- É sim, chéri! Queres ver, a partir de agora te analisa quando tu falas com ele.
- Ai, credo, Maman! Hoje a senhora tá que tá, viu? – Eu falei me levantando do sofá e indo pegar a Sophie.
Ela estava no carrinho, Bruno a tinha deixado lá. Como ela tinha começado a chorar, eu fui pegá-la.
- Antoine, tu vais dar conta?
- Vou sim, Maman! Não estou com dor no joelho, agora.
Eu peguei minha filha no colo e fiz carinho nela. Logo ela parou de chorar, ela só queria um colinho de papai. Eu não a pegava sempre no colo, o que era muito difícil para mim. Eu amava ficar com minha filha.
- Antoine, vamos brincar? – Gui apareceu correndo na sala
- Agora eu não posso, Gui!
- Vai, chéri, eu cuido dela.
- Imagina, Maman! É minha filha, é meu dever cuidar dela.
Eu nunca gostei desse negócio de sair e deixar filho com mãe. A responsabilidade era minha, a filha era minha. Eu fazia questão de ficar com ela. Bruno, graças a Deus, pensava da mesma maneira.
- Deixa de bobagem, Antoine! Me dá ela aqui, vai lá com teu frère. – Ela pegou a Sophie do meu colo
Foi só ela pegar a Sophie que ela começou a chorar.
- Tá vendo? Ela quer ficar comigo, me devolva ela.
Ela veio para o meu colo, chorou um pouquinho mais e logo ficou calminha.
- Gui, depois a gente brinca, tá?
- O que a titia tem?
- Ela só tá chatinha, hoje. Ela só quer ficar quietinha.
- Poxa, eu queria brincar contigo no vídeo game.
- Antes de eu ir embora, a gente brinca, tá?
- Tu prometes?
- Prometo!
- Então tá! – Ele foi para o quarto da Anne atenta-la
Eu pedi para a Maman me ajudar a subir as escadas, eu iria para o meu antigo quarto. Eu queria deitar e a Sophie precisava dormir, era por isso que ela estava chatinha. Maman a segurou e subiu com ela, enquanto eu ia subindo aos pouquinhos. No meu quarto, Maman me entregou a Sophie e foi ver a Anne e o Gui que estavam brigando no outro quarto.
Eu primeiro a fiz dormir, o que não demorou nadinha, pois ela estava com muito soninho. Eu deitei ao lado dela e fiquei esperando o sono chegar, mas ele não chegava nunca. É incrível quando a gente se torna pai, quem é me entende, que a gente nem dorme direito pensando no filho. Eu achava isso frescura de pai e mãe, eu não entendia o porquê dos meus pais ficarem tão paranoicos comigo. Hoje, eu entendo perfeitamente. Eu fiquei ao lado dela, não dormi, pois eu tinha medo de eu adormecer e ela acordar, ou até mesmo de se movimentar e cair.
Pode parecer loucura, como que em tão pouco tempo eu já tinha desenvolvido todo esse sentimento por ela. Eu fui me tornando pai sem saber, quando ela ia lá para casa com a dona Cacilda, eu cuidava dela. Aos poucos meu coração foi entendendo que ela era minha filha. E mais, a historinha dela é tão sofrida, que ela precisava de todo o amor que eu podia oferecer, e eu, naquele momento, precisava oferecer todo o meu amor.
Em um determinado momento, eu olhei para o lado e vi a minha antiga estante de CD e livros. Ainda tinha alguns lá, eu sempre deixava algumas coisas na casa de Maman, até por que Papa e Maman não deixavam eu levar tudo. Para eles, o meu quarto precisava continuar sendo meu quarto.
Eu fui até lá e peguei um CD, o Thi tinha me dado há muito tempo. Eu peguei o meu antigo sonzinho, eu reproduzi o CD bem baixinho. Aquele CD o Thi tinha me dado logo quando a gente começou a namorar e tinham músicas nele que me fizeram lembrar vários momentos que vivemos juntos. Enquanto eu ouvia as músicas, eu resolvi dar uma olhadinha na estante.
Eu encontrei um outro CD, mas esse não tinha nenhuma informação, o que me causou curiosidade, já que meus CD são sempre muito bem organizados. Eu retirei o CD que estava no som e coloquei o que eu tinha encontrado, mas ele não tocou. Eu imaginei que seria um CD para computador. Eu liguei a máquina anciã que tinha ali naquele quarto e quando eu liguei eu quase morro de susto, ainda tinha uma foto minha, de quando eu era adolescente.
Passado o susto, eu coloquei o CD e quase morri do coração quando eu vi o conteúdo do CD. Eram várias fotos minhas e do Thi, da época que namorávamos. Eu tinha dado fim naquelas fotos quando nós nos separamos, pelo menos eu achava que tinha dado. Eram fotos que me fizeram até chorar ao lembrar os momentos que vivemos juntos. Tinha uma que nós tiramos na noite que transamos pela primeira vez, ele tinha feito uma super produção. Nós estávamos tão felizes naquela foto, há muito tempo eu não via um sorriso como aquele no rosto do Thi. Eu sou um bobo, então eu sempre imaginava em como ele estaria por dentro. Por fora estava tudo resolvido, mas eu temia o que ele escondia na parte mais profunda do coração dele. Eu tinha medo de falar com ele sobre isso e ele me entender errado. Eu me preocupava demais com ele.
Eu continuei olhando as fotos e tinha uma outra, ele estava sentado e eu estava na perna dele. Tínhamos o mesmo sorriso da foto anterior no rosto. Nós estávamos no sitio de Ferreira Gomes. Há muito tempo eu não ia para lá.
- Vocês eram lindos juntos! – Maman disse entrando no meu quarto
- Éramos mesmo, Maman!
- Vocês estão tão felizes nessa foto, não é? – Ela disse sentando na beirada da cama
- Sim!
- Como ele está, mon fils?
- Bem!
- Mas eu digo em relação a vocêsIsso eu não sei, Maman! Tenho medo de perguntar e ele entender que eu ainda tenho algum interesse nele. Não quero faze-lo sofrer ainda mais.
- Mas será que ele ainda te ama?
- Acho que sim! Ele não dá certo com ninguém, um dia desses ele estava saindo com uma menina, mas já não estão mais juntos. Ele disse que iria me explicar, mas nem falou nada. É por isso que eu acho que ele ainda sente algo. Ele me disse que nunca amaria outra pessoa, que ele iria me esperar. Mas Maman, eu não vou voltar para ele.
- Às vezes, meu filho, a vida dá cada volta e nos faz fazer coisas que nunca imaginaríamos que faríamos.
- Mas eu amo meu marido, Maman. E é um amor que não cabe em mim. É algo inexplicável. Não há nenhuma possibilidade de Thi e eu termos algo além da amizade.
- Tu amas tanto assim o Bruno?
- Amo! Nós somos almas irmãs, Maman. Somos espíritos que há muitas encarnações se encontram e se amam. No dia do nosso casamento eu soube disso.
- No casamento?
- Sim, eu acho que eu nunca lhe contei, pois nós fomos logo para Paris. No dia do casamento, eu tive a permissão de ver vários espíritos abençoando a nossa união. E ali eu fui informado que Bruno e eu nos amaríamos eternamente, por que nós sempre nos encontraríamos em outras vidas. A senhora nunca parou para se perguntar por que nós temos uma relação tão madura? Mesmo com a nossa diferença de idade?
- Eu sempre achei a relação de vocês muito bonita! E sempre me questionei sobre essa maturidade mesmo. Eu sempre perguntava isso para o teu Papa e ele dizia que era pelo fato do Bruno ser mais velhos. Mas, na minha opinião isso só geraria desarmonia, pois vocês não estariam na mesma sintonia.
- Pois é, a nossa afinidade é algo inexplicável para alguém que não acredita em reencarnação. E o Bruno não tão velho quanto vocês pensam. Ele é um molecão.
- Que lindo, meu filho!
- Ai, a senhora tá muito brasileira, hoje.
- Por quê?
- Já reparou que a senhora quase não tá misturando as línguas?
- É verdade! Isso é culpa da Jojo, ela finge que não entende o que eu falo e aí eu tenho que falar tudo em português.
- Ah, quer dizer que a senhora sabe falar português perfeitamente?
- É claro! Depois de mais de 20 anos morando aqui, o que tu achas?
- Mas que sacana que a senhora é, eu sempre pensei que a senhora misturava tudo ou falava só em francês por não conseguir aprender o português.
- Não, eu faço isso por causa de ti e dos teus irmãos. Vocês precisam estar sempre em contato com a nossa língua. E tu vais precisar fazer isso com a Sophie também. Tu e o Bruno precisam falar em francês, ela precisa crescer falando francês dentro de casa.
- Mas ela precisa aprender português também.
- Português ela aprende no dia a dia, na escola, com os amigos, na sociedade. O francês ela só pode contar com vocês, se ela não aprender com vocês, ela não aprenderá com outra pessoa.
- E eu pensava que a senhora não sabia falar português, estou chocado!
- Um dia, tua filha também vai te falar isso. Não esquece que quem é francês és tu, chéri. – Ela disse rindo
- Mas a senhora viu como o Bruno tá falando bem?
- Verdade! Eu ia até comentar isso contigo, ele está falando melhor que o Dudu que estudou a língua durante anos.
- É, mas ele viveu a língua, né Maman?
- É verdade! Mas voltando ao Bruno, me conta mais.
- Não tem mais o que contar, Maman!
- Claro que tem! Como vocês dois são juntos?
- Maman, a senhora não está querendo saber o que eu acho que a senhora está querendo saber, não é?
- Claro que quero! Eu só posso conversar contigo sobre isso, meu filho.
- Maman... – Eu disse sentindo minhas bochechas arderem de vergonha
- O que foi? Vamos, me conta. Como que é?
- Maman, eu não posso lhe contar isso! É estranho!
- Meu filho, eu não estou perguntando o que vocês fazem, longe de mim querer saber isso, eu quero saber o que tu sentes, entendeu agora?
- Ufa, agora sim! Bom, a senhora sabe como ele é, não é?
- Sim, ele é uma pessoa incrível! Dono de um coração e uma sensatez gigantescos.
- Ai, confesso que ainda estou assustado com a senhora falando português! Meu Deus, a senhora fala melhor que eu! Como isso é possível?
Eu sempre me enrolo na pronuncia de algumas palavras e ela estava falando perfeitamente bem. Isso era surreal para mim.
- Maman, também tem umas cartas na manga, viu só? Mas, vamos me conta!
- Quanta curiosidade, eu hein! Bom, qualquer momento com o Bruno é mágico, Maman. Ele me faz sentir como se eu fosse único, entende? A forma como ele me olha, me toca, fala comigo, é como se eu fosse a pessoa mais importante do mundo. Ele se desdobra por mim, ele cuida de mim, principalmente agora. Sabe, eu pensava que essa doença iria acabar conosco. Eu pensava que nós não iriamos superar todo o desgaste que essa doença causa. Mas, um dia desses, depois que colocamos a Sophie para dormir, nós ficamos juntinhos e eu acabei adormecendo enquanto ele me abraçava. Eu acabei acordando e ouvi ele falar que isso tudo só fez com que ele fortalecesse o sentimento por mim, só fez ele querer me amar ainda mais.
- Que lindo, chéri! O Bruno é um homem especial mesmo! Mas por que eu perguntei isso? quando nós temos nosso primeiro filho, é comum nós darmos toda a atenção para ele. No caso de vocês, isso é ainda mais perigoso. É normal a menina se apegar mais com o pai e o menino com a mãe. É por isso que nós temos essa conexão tão grande. No caso de vocês isso é ainda mais perigoso. Vocês são dois papas e a Sophie vai se apegar aos dois, ainda mais da forma como vocês cuidam dela. Os dois são apaixonados por essa menina. O que eu estou querendo dizer, é que às vezes a gente se preocupa tanto com o bem estar dos nossos filhos, que nós esquecemos do bem estar do nosso casamento. Eu nunca contei isso para vocês, mas logo quando eu te tive, Carlos e eu nos separamos.
- MENTIRA MAMAN?! – Eu gritei
- Xiu! Olha a Sophie!
- Maman, mas vocês parecem o casal perfeito também!
- Hoje, nós nos damos muito bem mesmo, nos entendemos e conseguimos viver com muita harmonia e amor. Mas logo no início, com a tua chegada, foi bem difícil. Nós nos preocupávamos tanto contigo, tu tinhas a saúde bem frágil, o que nos deixava em estado de alerta sempre. Nós só tínhamos olhos pra ti, o que nos levou a discutir e a brigar demais, pois tínhamos vontades diferentes e maneiras de criar diferentes.
- E a senhora está querendo falar que isso seja possível acontecer comigo e com o Bruno?
- Sim!
- Credo, Maman!
- Meu filho, eu não estou falando que vai acontecer. Eu estou te alertando para tu não deixares acontecer. Percebes a diferença?
- Sim! Mas eu acho que Bruno e eu não corremos esse risco.
- Todo casal corre! A gente pensa que não, mas filho é sempre mais forte. Nosso instinto é cuidar deles, então, nós deixamos o marido em segundo plano.
- E o que a gente faz pra isso não acontecer?
- Simples, tens que dar atenção ao teu marido também. Não podes dar atenção somente a Sophie. Há quanto tempo vocês não ficam juntos?
- Bastante! Desde quando eu comecei o tratamento que nós não... não... não...
- Não transam!
- Isso!
- Mas por que?
- O médico nos proibiu!
- Mas por que?
- Ai, Maman!!!
- Tudo bem, tudo bem! Não precisa responder isso, bom, mas nós não demonstramos carinho só na hora de transar, né Antoine?
- Eu sei, Maman!
- Qual foi a última vez que tu abraçaste teu marido? Eu estou falando de ti e não dele.
Eu fiquei pensando, e eu percebi que fazia bastante tempo.
- Faz bastante tempo, Maman!
- Tá vendo, é isso que não pode acontecer. Meu filho, eu sei que a doença pode contribuir para isso, mas meu amor, tu podes muito bem fazer carinho no teu marido. Não espera só por ele. Um jantar, quando foi a última vez que fizeste um jantar para ele?
- Nem lembro! – eu disse morrendo de vergonha
- São essas pequenas coisinhas do dia a dia que encantam a pessoa.
Eu sabia disso, ele fazia tudo isso para mim. Que vergonha, que vergonha eu estava sentindo. Eu percebi que eu estava sendo um péssimo marido, sempre esperando o Bruno cuidar de mim. Mas, quem estava cuidando dele? Eu me acomodei com a doença.
- Ai, Maman, que vergonha! Eu sou um péssimo marido!
- Não, meu amor, não és, não. Eu sei como tu cuidas do Bruno e ele de ti. Mas, agora tem a Sophie, tem essa doença também que contribui muito. Por que tu não fazes o seguinte, amanhã nós saímos, nós dois. Eles vão pintar o quarto da Sophie amanhã, não vão? Então, a gente sai e compramos o material pra ti fazer um jantar para vocês dois, que tal?
- Já lhe falei que a senhora é a melhor mãe desse mundo?
- Já! Mas fala que eu gosto de ouvir isso! – Ela disse rindo
COMENTÁRIOS DO AUTOR
Oiiii, meus amores! Sumi de novo, não foi? Sumi e fiquei preocupado, eu voltei a trabalhar essa semana e já não consegui publicar. Eu queria muito continuar publicando dois capítulos por dia, vou me esforçar ao máximo. Mas o que complica, é que (agora eu já posso contar kkk) eu voltei a trabalhar e a Sophie começou a estudar. Tá uma loucura a minha vida. Bom, mas eu vou me esforçar, ok?
Era para eu publicar dois hoje, mas eu tive que ir a uma festinha de aniversário de uma amiguinha da Sophie e passamos o dia na piscina. Estamos torradinhos! Kkkk
Amanhã teremos dois capítulos! Uruuuu!!!
Um beijooooo!!!
Até amanhã!!