Cap 5
Caminho sem volta
Fiquei sem jeito quando estava no carro com ele, ligou o som, colocou uma musica popular de sucesso da época, e ficou olhando para frente com um leve sorriso no rosto. Não podia negar a beleza dele, os traços leve e rústicos do rosto, a barba preenchido rosto dele todo, meio rala. Sua pele morena clara, a boca era carnuda, vermelha e o sorriso de canto de boca que me chamava atenção e me deixava com raiva, um sorriso safado, de cafajeste que tem sempre uma segunda intenção em mente.
O que fala daqueles olhos azuis? Os meus eram verdes, mas não tinha comparação com a beleza que era os deles, todas vez que eu me atrevia e pecava a olhar para eles meu mundo caia, tudo que estava fazendo esquecia, só existia eu e ele, nada mais.
-Assim você me deixa com vergonha. – Eu levei um pulo quando ele olhou para mim e me flagrou observando. Tinha como esse dia ficar mais vergonhoso? Eu sou branco demais e meu rosto pegou fogo na hora.
-Ta, eu que te deixei com vergonha agora então. –O sacana riu da minha cara, merda, queria descer do carro, quase o mandei para, mas quando ia falar alguma coisa, ele me interrompeu e falou.
-Olha, vou passar na minha casa rapidão, pegar umas coisas e você vem comigo. –Ele falou estacionando o carro na frente de um casarão, que parecia uma mansão, toda luxuosa e linda.
-Vem! – Ele me chamou saindo do carro e indo para a mansão, não acreditei que era dele.
-Uau, que casa linda. – Falei admirando cada detalhe que tinha na frente da casa, o jardim era perfeito, muito bem cuidado, e a casa não tinha palavra para explicar, ele era muito bem de vida.
-Legalzinha neh? Minha mãe sempre foi exagerada mesmo. –Ele falou entrando pelo portão e esperando eu passar.
-Fala para sua mãe que ela ta de parabéns. –Eu ainda tava admirando a casa.
-Infelizmente não vou poder fala isso para ela, nos deixou faz uns 8 anos e preferiu não manter contato.
Olhei para ele rápido, tentando entender as palavras dele, ele tava de óculos de sol, mas mesmo assim sabia que estava com os olhos tristes.
-Me desculpe, não sabia...
-Não, tudo bem, já passou muito tempo já...
Resolvi ficar quieto e ele foi entrando na casa me chamando.
-Vem entra, quer alguma coisa para beber? – Ele falou indo para algum corredor que devia dar na cozinha, eu neguei e fiquei de novo igual um bobo olhando o interior da casa, era perfeito.
-Ok, já volto, pode se sentar e ficar a vontade.
Sentei-me num sofá luxuoso que tinha da sala e de novo fiquei olhando cada detalhe, igual uma criança. Minutos depois ele chegou, agora vestia algo mais leve, um short Jens branco, camiseta pólo listrada e tênis. Sim ele ficou ainda mais lindo com aquela roupa, e sim eu ficava ainda mais atraído por ele. Merda!
-Bento, a onde vamos? –Falei já no carro e ele dirigia na rodovia.
-Aqui perto tem uma cidade mais ou menos grande, tem tudo que nossa cidade não tem, como é perto, compensa ir para fazer compras e sair lá.
Bom, pelos menos era perto mesmo, depois de uns 10 minutos chegamos. Formos ao shopping, tomamos sorvete, rimos e conversamos bastante, fiquei sabendo melhor sobre a vida dele, e ele tentou tirar algumas coisas da minha, só tentou, por que não entreguei quase nada.
-Sábado vou dar uma festa em casa, somente algumas pessoas, meu pai quer me dar boas vindas, ai achei que você também merecia, quer fazer parte? Se você tiver muita vergonha pode ser só sobre mim essa festa mesmo. – Estávamos voltando embora já, eu não sabia o que responder.
-Vamos, vai ser legal.
-A não conheço ninguém, vou ficar deslocado.
-Conhece sim, o meu primo Diego e o pai dele, eles vão.
-Vou ver com a dona Marli se ela libera.
-Ela libera sim, é só eu pedi, e você também não está numa prisão, tem seus dias de folga também.
-Tudo bem, bento.
-Eba, ver se anima mais um pouco rapaz. –Ele falou dando um empurrão no meu ombro, sentir dor.
-Você nunca aprende Bento? Acho que faz isso de propósito. –Eu falei com voz de dor, passando a mão no meu ombro. Ele me olhou rapidamente para não desvia a atenção do transito e de novo pediu desculpa.
-Como foi esse acidente? –Ele perguntou curioso e com receio de eu não responder, mas dessa vez respondi.
-Eu sofri um acidente de carro. – Eu não ia falar nunca a verdade, não queria ser tratado com pena, já bastava às pessoas me olharem assim e imagina se souberem a verdade.
-Vamos ao hospital? Meu pai é ortopedista, pode tirar alguns raio x, pode ver como ta as coisas.
-Bom eu estava pensando mesmo em ir a algum medico, se não for incômodo quero ir sim.
Ele virou uma rua e foi em direção ao hospital, chegando, ele conversou com uma moça que estava no balcão, ela pegou o telefone e segundo depois nos mandou entrar.
-Devíamos esperar como qualquer paciente a hora de ser atendido, e meu caso nem é grave.
-Vitor, meu pais é ortopedista não um clinico geral, nem de emergência, ele tem várias horas vagas no dia, sempre tem vaga e a cidade é pequena, poucos pacientes vêm.
Ele bateu na porta, dois segundo depois uma voz grossa e grave mandou entra.
-Boa tarde pai, trouxe um paciente para o senhor. –Ele foi abraçar o pai dele, que não era muito velho, devia ter uns 50 anos, cabelos com poucos fios brancos, expressão muito parecida com o do filho, era um coroa bonitão e simpático.
-Boa tarde garoto, já fiquei sabendo de você, alias não se fala em outra coisa na vila, parabéns você já é popular aqui. –Ele falou me dando a mão, ótimo odiava ser o centro das atenções.
-Calma pai, não assusta o Vitor, ele é vergonhoso. –O bento falou pirraçando, e eu o olhei bravo e ele parou.
-Bom, acho que já adivinhei o porquê veio aqui, podemos fazer uns raios-x e ver como ta as coisas.
Depois de 1 hora ele senta de volta e manda eu volta para cadeira.
-Bom Vitor, me parece que seu braço não teve nenhuma fratura grave, o gesso pode ficar por mais uma semana, o que me preocupa é seu ombro, que remédio está tomando?
-Nenhum. –Na correia que sai do hospital, nem conversei com o medico, somente quis ir embora o mais rápido possível, na viagem tomei uns analgésico, mas a dor física nem se comparava a ferida que estava dentro de mim, às vezes preferia sofrer por fora que lembra a dor que tinha por dentro.
-Bom, vou te passar alguns remédios, todos você pega aqui na farmácia do hospital, mas cuidado para os esforços que você faz nesse braço, fala para Dona Marli pega leve com você, se não o caso pode piorar.
Agradeci e eu e o bento pegamos o remédio e formos embora. Ele estava em silencio, estranhei isso, não era da personalidade dele ser assim.
-Você ta quieto, estranho isso. –Ele estava sério, parou o carro e olhou para mim.
-Meu pai disse que seus ferimentos e fratura nunca que poderia ser feito por um acidente de carro, ele pode está enganado, mas eu acredito nele, não gosto de mentira e não quero estar enganado com você, então, por favor, me diz quem te espancou e te machucou desse jeito Vitor?
Aquilo me atingiu como um raio, minha boca ficou seca, meu corpo todo reagiu, não vinha palavras da minha boca, toda dor veio de uma vez, e dessa vez não foi embora, meus olhos começaram a molhar meu rosto, meu desespero veio à tona. Toda dor que estava dentro de veio de uma vez, estava desabando, todo esforço tava sendo em vão.
-Meu Deus, o que fiz! –Ele tirou os óculos de sol e o cinto de segurança e veio me abraçar, pela primeira vez depois de muito tempo sentir segurança nos braços dele, apesar dele ter feito isso vim a torna, eu agradeci por ele está aqui, o calor que ele me transmitia, o cheiro dele, o jeito carinhoso de me tratar fez confiar em aceitar o abraço dele, ele passava a mão nas minhas costas, apertou um pouco meu braço, mas não liguei, a dor que sentia era mil vez maior que a dor física.
-Desculpa, como sou burro, não queria provocar isso em você, sei que deve ser um assunto muito serio, eu só queria saber a verdade, mas agora sei que você não fala, por que é algo difícil para você. –Ele estava desesperado, tentando me fazer parar de chorar, mas não via final no choro, sabia que mais tarde ia me envergonhar muito por isso, mas agora só queria liberar esse sentimento que estava preso dentro de mim, que muito tentei lutar.
Ele se afastou por um segundo, acelerou o carro e rapidamente chegou à frente da casa dele, saiu do carro, abriu a porta para mim, pegou minha mãe e sem falar nada me conduziu para dentro da casa dele, me levou para seu quarto, pediu para eu sentar, saiu do quarto e minutos depois voltou com um copo de água.
Eu já estava mais calmo, ele pegou um paninho e me deu para me limpa e fui ao banheiro. Voltei e me sentia envergonhado em desabar com ele, mas tinha feito isso e agora não podia volta atrás, era melhor a falar toda verdade antes que eu me arrepender e voltasse a me trancar no meu passado.
ContinuaGente linda, não postei ontem por que não deu, mas hoje postei mais cedo, capitulo curtinho so para não atrasar na postagem diária, o próximo capitulo me fez chorar, espero que emocione vocês tbm, amanha talvez eu posto. bjs meus amores.
