Continuação...
Eu sempre fui uma pessoa discreta e muito fechada, fui criada frequentando a igreja católica, desde pequena, antes do meu pai morrer. Ele era policial, e morreu exercendo sua profissão. Todos os domingos íamos a missa, e continuo indo com a minha mãe.
Talvez devido a minha criação, eu seja tão alheia a tudo. Só o que posso dizer é que no auge da minha juventude, eu ainda não tenho um namorado... Pra falar a verdade, eu nunca se quer beijei alguém... E não é por que minha mãe não permite, ou faltem oportunidades, muito pelo contrário, por que há rapazes que flertam comigo o tempo inteiro, e minha mãe, apesar de religiosa, não se importa que eu saia a noite, que eu faça sexo... Desde que moderamente, é o que ela diz... Mas o que acontece é que eu não me sinto preparada. É como se faltasse algo... Talvez o que faltava, o que eu tanto procurava, estava ali, e agora me fazia descer da viatura para a delegacia.
-Eu vou falar com o delegado Martins pra ver o que vamos fazer, enquanto isso vc dá uma olhada na pantera. -Ordenou Valéria se retirando logo em seguida.
Assim que Valéria virou o corredor Felipe me encarou e perguntou:
-Eu estou errado, ou vc realmente não é a pantera?
Eu repondi com suspiro:
-Vc está certo...
-Eu sabia. -falou Felipe vitorioso -Farei tudo o que puder para ajudá-la.
-Obrigada. Pode me dizer que horas são?
-Sim.-ele consultou seu relógio de pulso.
-São 20:30 já. -por fim respondeu.
-Meu deus! -Assustei-me -Eu deveria ter chegado na casa da Julia a meia hora! Ela vai ficar preocupada, ligar pra minha casa e preocupar minha mãe também... -Reclamei alto.
-Olha, se vc quizer posso te emprestar meu celular, aí vc pode ligar pra alguém. -Ofereceu Felipe -Eu não posso tirar suas algemas, mas já é uma ajuda. -Concluiu.
-Tudo bem.
Dessa forma, Felipe discou o número de Júlia, que eu sabia de cór, e colocou em meu ouvido para que eu falasse com ela. Dei uma desculpa qualquer, pois não poderia contar a verdade pra não procupá-la, Felipe desligou e eu agradeci.
-Obrigado.
-De nada. -falou sorrindo. Nisso Valéria chega, com a cara mais emburrada que já vi. Era incrível como eu me sentia completamente fora de mim, só de olhá-la, mas não podia sentir-me assim... Será que ela percebia?
-O que foi Valéria? -Perguntou Felipe, no seu habitual tom de deboche, acabando com meu transe maluco.
-O que vc acha? O delegado falou que essa garota pode mesmo ser a pantera, assim como ela pode ter combinado algo com eles envolvendo uma pessoa parecida com ela, agora o que nos resta é esperar que os comparsas dessa... -Ela me olhou com abominação. -Mulher, nos digam se ela realmente é a pantera...
Felipe perguntou já alterado:
-E...?
-E a mãe dessa maldita foi chamada pra reconhecer se ela é realmente a pantera... Ela chega em no máximo uma hora. Mas enquanto isso Felipe, -Ela sorriu maldosamente -Eu fiquei encarregada de levá-la até a "sala de tortura" e tentar arrancar a verdade dela.
"Oh meu Deus! -pensei -Eu vou ficar sozinha em uma sala com essa ela..."
Não pude evitar sentir algo pulsar dentro de mim...
Continua...