MESA PRA TRÊS 1ª PARTE CAP 13 - FICA

Um conto erótico de Cookie
Categoria: Homossexual
Contém 1094 palavras
Data: 31/01/2016 00:09:41
Última revisão: 31/05/2016 14:42:52

1ª PARTE

CAPÍTULO 13

FICAO quarto extremamente branco contrastava com as vestimentas pretas que Jorge estava vestindo quando amanheceu o dia. Ele estava sentado, dormindo sobre a maca em que Mike estava deitado. Jorge tinha a afeição de quem estivera chorado a acordado a madrugada toda.

Existiam alguns pôsteres na parede avisando sobre doenças e sugerindo silêncio, entre eles uma cruz de uns dez centímetros de madeira clara. O sol entrava pela janela, sem pedir permissão alguma, causando sombra no rosto de Mike ao encostar nas ventanas.

Jorge acordou quando ouviu alguém bater à porta, viu Aurélio entrar e sentar num banquinho também de madeira que se encontrava de frente para ele.

- Eu... fiquei sabendo... - Disse Aurélio em voz baixa sentado-se próximo a ele.

Jorge olhou para ele por um segundo e rapidamente voltou a olhar para Mike , observando se ele tinha acordado e também querendo esconder de Aurélio sua cara inchada.

- Irônico – Jorge ergueu os olhos e fez cara de desdém à cruz que se equilibrava sobre a maca em que Mike estava.

O barulho dos médicos andando no corredor preenchiam o silêncio que estava no ar naquele quarto, o dia tinha um aspecto de domingo naquele ambiente, o sol estava brilhante, mas ventava e fazia frio.

- Você não devia esconder... – Aurélio apoiava os cotovelos sobre os joelhos e olhando para o chão, ele limpou a garganta e completou – Você não é um cara que se esconde, isso... isso não faz o seu perfil, você não devia esconder, depois de tudo o que aconteceu hoje... Você é meu herói.

Apesar das coisas que se passavam pela sua cabeça, Jorge sabia que qualquer coisa que dissesse depois daquele momento era um pulo no abismo, não teria mais volta: ou ele negava tudo e se sentiria um covarde mentiroso ou assumiria o que estava havendo e sentindo e teria que enfrentar as consequências ainda desconhecidas.

- O que você acha que eu deva fazer? – Resmungou Jorge com a voz rouca quase que inaudível, olhando para Aurélio que ainda encarava o chão.

- Ser feliz! – Aurélio levantou a cabeça e viu que Jorge estava olhando para ele surpreendido com a resposta.

- Bom, filho, eu acho que eu te devo umas respostas aqui...

- Não... - Disse Aurélio confiante.

- Você não acha que..

- Não senhor Jorge, o que quer que meu pai fez... Eu não quero saber – Disse Aurélio fechando os olhos firmemente demonstrando que aquela tinha sido uma decisão horrível de se fazer – Eu sei que meu pai era uma pessoa difícil e ele fez muita coisa errada, mas... eu já tomei minha decisão e eu não quero saber.

- Mas Aurélio... - Tentou Jorge.

- Se você quiser falar agora, acho que você deveria conversar com outra pessoa – Disse Aurélio apontando para Mike e se retirando do quarto.

Jorge olhou para Mike e viu que ele estava com os dois olhos semiabertos, se aproximou da cama, abriu um sorriso enorme, com os olhos afogando em lágrimas, segurou a borda da maca e disse baixinho.

- Bom dia!

Mike, retribuiu o sorriso de Jorge com outro sorriso igualmente grande:

- Aquela praia ainda tá de pé? - Perguntou Mike fazendo força.

Jorge sorriu ao ver Mike sorrir e se sentiu feliz pela habilidade que tinha de lhe fazer feliz, depois de uns segundos os dois ficaram sérios e Jorge examinou o rosto todo de Mike e passou a mão naquelas bochechas coradas, eles mantiveram um contato visual e se escararam por minutos, até Jorge cortar o silêncio com sua voz rouca:

- Por que você não me contou?

- E se eu contasse? - Respondeu com outra pergunta, sabendo que a resposta seria longa e complicada.

Jorge respirou fundo, fechando os olhos.

- Eu devia saber...

- E ia fazer o quê? Jorge – Mike deu uma pausa para molhar os lábios secos e tentou falar o que estava engatado na sua garganta. – Eu vi e ainda vejo nos seus olhos o quanto você sofreu ... Você sabe...

Jorge se afastou virando as costas para Mike.

- Jorge, olha para mim... - Pediu Mike.

Jorge não manifestou reação alguma

- Jorge – Continuou Mike - Você não pode me curar... minha vó teve, foi brutal. Ela descobriu e duas semanas depois... - Antes de você... Antes da gente, eu quis muito estar doente por um erto tempo, eu não fazia ideia você apareceria.

- Você não pode me dizer que está desistindo... – A voz de Jorge continuava baixa, porém mais firme, se Mike estivesse um metro mais distante, não ouviria o que Jorge estava dizendo.

Jorge virou e mostrou que seus olhos já transbordavam finos caminhos de lágrimas entre suas rugas agora expandidas.

- Você não pode decidir que vai morrer e me deixar... – O queixo de Jorge começou a tremer e sua voz começou a mudar, como se todo o peso que carregava durante anos desabasse ali na frente dele agora. A amargura que carregava dentro de si, ia ficando mais leve, era emocionante se livrar dela, Jorge não fazia esforço algum para secar as lágrimas de seus olhos, pois queria mesmo era senti-las escorrer e irem embora, ele já não se importava com sua pose ou do que iriam pensar. Pediu tanto a Deus uma oportunidade de dizer adeus para Elaine, que tinha a sensação que Deus era uma figura cruel, por conceder o seu pedido agora. Ele encarava Mike como se tivesse o seu anseio cedido de uma forma cruel e devastadora, outro amor, outro câncer, “é isso mesmo Deus? Por quê? ” - Jorge tinha tantos porquês dentro dele que já nem queria ouvir resposta alguma, ele queria chorar até não haver lágrima. Jorge soluçava mais que da última vez. Não estava chorando só por ele, chorava também, por Mike e Elaine, chorava pelo “Não sei o que fazer”, chorava pela solidão, chorava pelo sentido da vida que perderia se Mike fosse embora, chorava por não poder fazer nada a não ser chorar.

- Eu vou vencer esse câncer por você Jorge. Eu vou destruir esse... - Disse Mike fazendo mais força.

- Esse caralho? – Disse Jorge forçando um sorriso no meio daquele rosto molhado!

- Esse caralho! – Mike rindo, alguns segundos se passaram e o momento cômico foi subtituído por uma núvem gelada. – Você não me respondeu.

Jorge não havia entendido.

- O quê?

- Praia... vamos à praia?

Jorge riu, fazendo com as rugas do seu rosto uma espécie de curva, deixando as lágrimas desviaram da sua boca e escorregarem pelo seu queixo.

- Vamos, vamos, vamos a qualquer praia que você quiser... vamos à Miami, se você quiser, vamos pegar ondas...

- Você vai vestir aquelas roupas de praia?

- Vou comprar e usar todos os dias em casa!

- Promete?

- Prometo.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive SamoO a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Perfeito! Leia o diário de um garoto de programa

0 0