O 27° vai ser um pouco diferente. Espero que gostemNão acreditava naquela ligação. Mesmo sabendo que câncer não é uma coisa fácil, achava que dona Marta iria sair daquela citação. No carro de Jessica mandei mensagem para meu pai sobre o ocorrido, ele respondeu que estava com Larissa no hospital novamente. Avisei para Drica que ja estava chegando na rua da casa, o carro nem estava totalmente parado e eu pulei ja correndo rumo a loirinha de olhos bastantes vermelhos de tanto chorar. A abracei com força, demonstrando abrigo e proteção para a menina de 17 anos que acabara de perder a mãe. Adriano, seu irmão mais velho sai da casa avisando que o pai deles a chamava.
-Ok. To indo. Ja volto, princesa.
Drica diz soltando minha mão e entrando com o irmão. Olhei em seguida para Jessy que estava com um olhar perdido, fui ao seu encontro. Tirei-a do conforto.
-Jessy, obrigada por me trazer aqui. Se quiser pode ir pra casa.
Ela me puxou para os seus braços, quando fomos interrompidas.
-Mel, posso falar com voce?
-Claro.
Adriano me pediu para passar a noite com Drica. Ele e o pai teriam que ir ate o hospital e IML para os trâmites e possivelmente o corpo so seria liberado na madrugada. Ele nao queria deixa-la sozinha.
Voltei ao encontro de Jessy sem jeito.
-Posso te pedir mais uma coisa?
-Ela consentiu.
Pedi que ela nos levasse até em casa, pois meu pai estava com a Larissa no médico novamente e nao poderia nos buscar.
Ela ia concordando, quando percebeu.
-Espera, "nos buscar"?
-A Drica vai dormir la em casa.
Ela ficou em silêncio.
-Olha Jessy, apesar de ser minha ex, tenho um carinho enorme com ela como amiga. O pai vai ter que correr atrás de tudo até para o velório. Eles nao tem mais ninguém aqui. Nao posso deixa-la sozinha até de madrugada e foi um pedido do Adriano. Sei que é difícil, mas me entenda. Veja a situação em que ela está. O que você faria no meu lugar?
Ela abaixou a cabeça e continou calada. Coloquei a mão em seu queixo e levantei seu rosto. Vi seus olhos marejados. Me surpreendi, mas antes que pudesse perguntar algo, ela respirou fundo, mudou sua expressão e disse:
-Tudo bem. Vamos. Eu levo vocês. So nao demora. Vou estar esperando no carro.
Eu a abracei forte. E agradeci.
-Obrigada por tudo e por estar aqui comigo. Estou tentando passar força pra ela, mas parte dessa força sinto de voce. É inexplicável o que sua presença me faz.
Ela me abraçou mais forte e Drica apareceu. Jessy se afastou.
-Vamos Adriana, vou levar vocês até a casa da Melissa.
-Obrigada... eu... so vou pegar minha mochila. - Drica respondeu um pouco sem jeito por ver nossa ligação, ja voltando para dentro de casa.
Jessica segurou minha mão carinhosamente e foi me levando ate o carro, diferente das últimas vezes, em que ela sempre me arrastava. Entramos e logo Drica surgiu no portao. Ela veio até o carro e antes de entrar falou com a voz ja embargada.
-Jessica, eu agradeço pela sua boa vontade. Mas nao precisa. Eu vou andando e encontro Melissa na casa dela, assim vocês podem ter um tempinho a mais sozinhas. Não quero atrapalhar.
Conhecendo pouco daquela patricinha mimada, imaginei logo que ela responderia de uma forma não muito amigável. Mas minha Jessy foi diferente.
- Entra ai. - Disse para a loirinha do lado de fora com um jeito calmo mas sem olhar pra ela.
Adorei sua reação mesmo imaginando que ela pudesse nao ser tão compreensível. Essa morena me surpreende a cada dia mais. Antes que ela pudesse ligar o carro, Adriano chegou próximo a mim e esticando a mão disse:
-Valeu pela ajuda, Mel.
-Sem problemas Adriano. Precisando de algo pode me ligar.
Ele sorriu para Jessica e também a agradeceu. Logo seguiu rumo ao carro do pai que estava fechando o portão para sair. O Senhor João era um homem calado. Sempre me comprimentava, mas nunca trocamos frases longas. Drica já havia me alertado que ele era quieto, mas que era um bom pai. Sempre muito rígido. Vivia para o trabalho e para cuidar da familia. Ele se limitou a um breve sorriso quando passamos ao seu lado. Percebi como estava desolado.
Seguimos sem conversar muito. Apenas expliquei o caminho para Jessica, ja que de carro teríamos que dar uma volta maior até em casa opor conta de obras nas ruas. Ela apenas sinalizava com a cabeça apos ouvir minhas instruções. Observei que ela estava distante, muito pensativa. Enquanto Drica, no banco de trás, estava imóvel, ja com um olhar perdido. Mal podia imaginar a dor que ela sentia. A mãe era sua inspiração. Sempre muito batalhadora. Foi por ela que começou a trabalhar cedo. Ir atrás de seus sonhos.
Mas eu tambem estava preocupada com a linda ao meu lado. O que ela estaria pensando? Estaria arrependida de algo? Minha parte insegura fez com que eu me perdesse em pensamentos, despertando apenas ao ouvir a voz de Jessica.
-Mel? Chegamos.
Olhei para o lado de fora do carro, estavamos na porta de casa. Drica desceu do carro e se encostou no muro. Voltei para a morena.
-Obrigada. Nem tenho como agradecer, você devia estar la com seus amigos. Curtindo o sol.
-Nao tem o que agradecer. Você tambem poderia estar lá, mas nao exitou em vir ficar com sua amiga. Eu não tinha por que nao fazer o mesmo por você.
-Entao, já que te fiz perder o dia, não quer entrar e ficar um pouco com a gente? Eu nao sei o que fazer pra distrair essa menina num momento como este. - Falei meio desanimada, já sabendo do não que ouviria.
Isso seria pedir demaisO que acham? Ela deve ou não aceitar pra ficar la? 0.O
