Continuação...
-Hahaha... -Valéria riu e falou: -Então, quem sabe, a gente vai pro meu quarto agora e vc tira todas as suas dúvidas?
Eu mordi os lábios e fiz uma careta, fingindo estar pensando e por fim balancei a cabeça afirmativamente.
Valéria sorriu e me pegou no colo, me levando pra cama. Em seguida, ela apagou a luz, ligando apenas o abajur ao lado da cama, me fazendo lembrar novamente da noite em que estive alí. Aliás, tudo no quarto me lembrava aquele dia... A cama, as peças de várias fardas penduradas na parede, o cheiro do seu perfume que era forte e suave ao mesmo tempo, a cama toda desarrumada...
Valéria estava voltando pra cama, sorrindo do seu jeito safado, quando eu baixo meu olhar por um instante e vejo sobre a cama, enrolada em seus lençóis, uma calcinha vermelha, que não era minha...
Eu fiquei olhando fixo pro objeto. Eu não ia tocar, mas também não poderia deixar aquilo quieto.
-O que foi meu anjo? -Perguntou Valéria já sobre a cama. Quando ela viu o que eu estava olhando, ela retirou a calcinha de cima da cama, sem olhar muito pra peça, tentando se desculpar em seguida:
-Helena, me desculpa, eu... -Eu a interrompi, já estava lacrimejando.
-Não Valéria, vc não tem que explicar nada. Eu sei que até ontem vc estava com outra, mas... -Eu tentava não desabar. -Pensei que vc fosse ter o mínimo de consideração... -Falei me levantando e indo até a porta do quarto, ela não me impediu. Depois eu virei pra ela e disse, triste, a olhando com o rosto molhado das lágrimas:
-Podia pelo menos ter trocado o lençol e jogado aquela porcaria fora. -Falei me referindo a calcinha.
Ela me perguntou com voz triste, ainda sentada na cama:
-Onde vc vai?
-Vou embora. -Falei sem pensar muito.
-O quê? -Perguntou surpresa, levantando. -Vc daqui não sai. -Disse convencida.
-Saio sim. -Respondi irritada.
-Como vc pensa que vai sair daqui sem dinheiro pro táxis ou ônibus e pelada?
-Não me importa. -Falei já fora do quarto.
Valéria deu um salto da cama e quando percebi, ela já estava me agarrando pelas minhas costas, me imobilizando e me levantando do chão.
-O que vc pensa que tá fazendo? Me larga! -Perguntei esperneando, tentando me soltar.
-O que vc acha? Vou te levar de volta pro quarto. -Falou meio sem paciência.
-Vc é louca se pensa que eu vou me deitar com vc. Me coloca no chão agora! -Disse quase gritando. Aquela calcinha sobre a cama e o lençol amarrotado significavam sexo... Eu tinha uma visão muito fechada sobre o amor... Para mim, ir pra cama com alguem, significava amar a pessoa. Talvez eu estivesse pagando o que fiz com Giovana, mas eu não iria dar o braço a torcer. Valéria tinha errado comigo... Eu não me importava com o passado dela, mas merecia ser considerada... Eu não era qualquer uma e ela devia saber disso. Por essa razão, eu queria ir embora, talvez se eu me afastasse por um tempo dela, ela decidisse se queria ou não me assumir... Ou pelo menos trocasse o lençol da cama... Parece idiota, mas um lençol fazia toda a diferença...
-Não, Helena! -Falou me botando no chão, enquanto trancava a porta e retirava a chave a guardando. -Eu vou trocar o lençol... Mas por favor... Deixa de ser infantil e me perdoa... -Falou enquanto ia pro guarda roupa e abria uma das portas.
-Se eu sou assim tão infantil, então me leva pra casa e chama a sua namorada aqui... Ela deve ser melhor que eu... -Falei num canto do quarto.
-Pára com isso Helena, eu já terminei com ela.
-Eu não quero nada com vc... -Falei me referindo principalmente ao sexo.
-Não se preocupa, eu não vou tocar vc. -Falou estendendo o lençol. -A menos que vc queira... -Sorriu maliciosa.
-Eu não vou dormir aí. -Falei apontando pra cama.
-Por que não? Eu acabei de trocar o lençol. O que vc quer mais?-Falou irritada.
-Eu quero ir embora. Me leva pra casa. -Falei meio que exigindo.
-Não! -Ela alterou seu tom de voz. -Daqui vc não sai, Helena.
-Me leva, eu não quero ficar aqui! -Falei a testando mais uma vez.
Ela se voltou a mim, segurando meus braços, furiosa.
-Eu já falei que vc vai ficar aqui. Se quiser pode ir, mas vai sozinha e pelada. -Ela estava gritando comigo e aquilo me magoou. Eu comecei a chorar também pela dor que ela causava segurando meus braços.
-Aii... -Gemi de dor franzindo a testa e apertando os lábios. -Me solta! Vc tá me machucando!
-Se vc tentar me tirar do sério mais uma vez, eu juro que vou... -A interrompi:
-Vai o que? Vai me bater? -Perguntei brava, ela não poderia chegar a tanto se realmente me amava... Mas ela já havia chegado aquela vez no banheiro e também quase chegou a me bater no motel e agora isso...
-Não, Helena... -Ela baixou seu tom de voz, olhando pra baixo, com vergonha. Ela ainda me segurava.
-Me solta, sua monstra. -Falei como uma menina mimada...
-Me desculpa Helena... -Ela falou enxendo os olhos de lágrimas e me abraçando carinhosa. -Eu não quis te ofender e nem te magoar.
-Tudo bem... -Respondi.
-Vc ainda quer ir embora? -Perguntou triste.
-Vc quer que eu vá?
-Não... -Respondeu sem me soltar.
-Vamos dormir então.
-Dormir? -Perguntou confusa.
-É Valéria... Sabe, fechar os olhos, descansar, sonhar... Essas coisas... -Falei carinhosa, mas um pouco irônica.
-Sim, sim... Eu sei o que é dormir... Mas pensei que... -Eu não a deixei terminar, a repreendi irônica mais uma vez:
-Pensou que eu ia adorar que vc me emprestasse uma roupa né? -Falei indo em direção ao guarda-roupas. Eu a amava, mas ela ia pagar por me humilhar.
-Mas... Eu... -Falou Valéria como uma criança indefesa.
-Obrigada amor... Amanhã eu te devolvo viu? -Falei vestindo uma camiseta larga de Valéria que quase cobria meus joelhos. Em seguida me deitei na cama virada de lado, de costas pra ela e fechei os olhos.
Depois de alguns segundos senti seu corpo colar ao meu, me fazendo arrepiar e sua boca mordiscar minha orelha enquanto dizia:
-Minha gatinha... Vc não quer mesmo?
Continua...