Thithi et moi, amis à jamais! Capítulo 117 e 118

Um conto erótico de Antoine G.
Categoria: Homossexual
Contém 4330 palavras
Data: 07/02/2016 00:31:14

Eu podia ouvir os gritos de socorro do Bruno do corredor. Alguma coisa tinha acontecido com o Antoine. Eu sai correndo e fui até o quarto. Quando eu cheguei lá, os aparelhos do quarto apitavam e o Bruno corria de um lado para o outro mexendo nos aparelhos e examinando o Antoine. Ele estava desesperado. Ao ver aquilo, eu já esperava o pior. Eu sai correndo pelos corredores e por sorte eu achei o médico do Antoine.

- Doutor, socorro! Aconteceu alguma coisa com meu amigo! O Bruno está chamando vocês no quarto.

O médico saiu correndo junto comigo. Ao chegar no quarto, Antonio enviou um sinal para os enfermeiros e os outros médicos. Ele pediu para que Bruno e eu saíssemos do quarto, ele não queria deixar o Antoine de jeito nenhum, mas eu sabia que se ele ficasse ele só iria atrapalhar o médico. Eu fui até ele e o fiz sair do quarto.

- Me deixa, Thiago! – Ele gritava – Ele não pode ficar sozinho lá. – Ele chorava

- O que aconteceu, Bruno?

- Ele está indo, Thiago! Ele está indo embora! Tá me deixando! Eu não posso deixar ele fazer isso! – Ele chorava e me abraçava

Eu nunca tinha visto o Bruno daquela maneira. Ele estava atordoado, desesperado, dava para ver a loucura e sofrimento dele. Ele que era sempre tão calmo, tão coerente em tudo o que fazia. Mas, naquele dia ele estava ensandecido. Se alguma coisa acontecesse com o Antoine eu não sabia o que iria acontecer com ele. Eu não tinha condições de cuidar dele, eu precisava saber o que estava acontecendo com o Antoine.

Eu decidi ligar para a minha tia, ela precisava vir para o hospital.

- Oi, Tata!

- Oi, Thi!

- Tata, está acontecendo alguma coisa aqui com o Antoine, eu preciso que a senhora ou o tio Carlos venham para cá. O Bruno está fora de si, eu preciso ir me informar o que está acontecendo com o Antoine, mas eu não posso deixar o Bruno aqui nesse estado. – Eu estava começando a me desesperar também.

- Meu filho, o que está acontecendo?

- Eu não sei lhe falar, Tata, eu preciso me informar. O Bruno não está em condições de falar sobre nada.

- Tudo bem! Eu estou indo aí.

- Mas, a senhora está bem, não está? A pressão não subiu, não né?

- Não, meu filho. Já estou indo! Me aguarda!

- Tudo bem!

Eu sabia que eu não podia dar uma noticia assim para a Tata, mas eu não tinha mais o que fazer. Eu esperei por ela junto ao Bruno. Ela demorou em torno de 15 minutos para chegar. Eu precisava saber o que estava acontecendo com o Antoine, os médicos ainda estavam no quarto dele.

Quando minha tia chegou, eu fui correndo para o quarto dele, eu só falei para ela ficar com o Bruno e corri atrás de alguma informação. Na frente do quarto havia algumas enfermeiras, eu tentei entrar no quarto, mas elas não me permitiram. Elas me falaram que os médicos estavam tentando reanimar o Antoine, que ele tinha tido mais uma parada cardíaca.

Foi então que eu compreendi o que o Bruno estava sentindo. O Antoine estava morrendo diante de nossos olhos e nós não podíamos fazer nada. Um médico saiu do quarto e eu, rapidamente, pude ver o amor da minha vida estendido sobre uma cama com vários tubos conectados a ele e vários médicos envolta. Aquela sensação de impotência, medo e desespero voltaram ao meu corpo. Eu sentia o tempo passar por mim. As enfermeiras a minha frente falavam comigo, mas eu não as escutava. Eu só podia ouvir meu coração bater cada vez mais acelerado.

Eu precisava saber mais, eu precisava vê-lo. Eu não sei de onde eu tirei forças, mas eu empurrei as enfermeiras e entrei no quarto. Ele estava de olhos fechados, havia diversos tubos conectados nele. Eu me aproximei mais da cama dele e pude toca-lo rapidamente. Eu queria poder senti-lo, eu precisava saber que ele ainda estava vivo.

Eu senti uma vontade enorme de vomitar, meu estomago revirava. Eu já não estava em mim. Os médicos me puxaram com força e me levaram para fora. Eu queria ficar. Eu precisava ficar.

- Ele está... ele... ele...

- Não! Ele está vivo, nós conseguimos reanima-lo, nós estamos levando ele para a UTI, ele ficará em coma induzido.

- Ele tá vivo? – Eu falava chorando

- Tá! Onde está o Bruno? Eu preciso falar com ele!

- Ele está sentado ali. – Eu disse apontando para o Bruno e a Tata

Antonio foi até eles e eu fui atrás.

- Cadê o Antoine? – Bruno perguntou, ele já estava um pouco mais controlado

- Ele teve uma parada cardíaca, Bruno.

- Eu sei, eu tentei... eu...

- Tudo bem, Bruno! – Antonio colocou a mão no ombro do Bruno – Ele está bem, agora.

- Ele já acordou? – Tata perguntou

- Não, senhora! Nós tivemos que coloca-lo em um coma induzido. Nós não sabemos qual o motivo dessas paradas cardíacas. Se ele tiver mais uma dessas, acredito que ele não sobreviva.

Essa possibilidade insistia em rodear a vida do Antoine. Cada vez que ela aparecia, eu o sentia cada vez mais longe de mim.

- Com o coma induzido, nós poderemos monitora-lo. Nós achamos que essa era a melhor opção, Bruno.

Eu vi o Bruno chorar, mas consentir.

- Ele vai ficar bem, não vai, Bruno? – Tata perguntou

- Eu não sei, Ange! – Ele chorava sem parar

Tata abraçou o Bruno e chorou junto com ele. Eu percebi que ela nunca tinha me tratado como ela tratava o Bruno, na época que eu namorava o Antoine. Eu nunca tinha feito parte da família como ele fazia. Não que eu não fizesse, mas eu era o sobrinho. Bruno era um filho.

- Ele vai ficar bem, Bruno. Ele vai ficar bem.

- O que aconteceu? – Jujuba perguntou assim que chegou

- O Antoine teve mais uma parada, Jujuba. – Eu disse secando as lagrimas

- Mas ele tá bem?

- Ele tá em coma! – Eu chorava

Minha amiga me abraçou tentando me confortar. Nós vimos ele sair do quarto e ir para a UTI. Ele não merecia passar por tudo aquilo. Ele, mais do que qualquer pessoa, merecia ser feliz. Eu sabia que ele tinha achado a felicidade dele, então por que ele não poderia vive-la? Por que ele tinha que passar por tudo aquilo? Se ele estivesse comigo naquele momento, ele olharia e falaria: Isso é óbvio, mané! Eu preciso passar por isso para poder ser feliz plenamente. Ele sempre tentava ver o lado positivo de tudo. Tudo para ele era um aprendizado, mesmo as situações mais difíceis.

A partir daquele momento, o único que era permitido ficar com ele era o Bruno. Nenhum de nós poderia entrar onde ele estava. Tata fez o Bruno comer alguma coisa na lanchonete, Jujuba e eu fomos juntos, mas nenhum de nós conseguiu comer. O medo de perder o Antoine ainda nos dominava. Eu pensava tanta besteira, mas a que imperava era: e se ele nunca mais acordar desse coma?

Naquele dia, nós tivemos que ir embora. Mas, na manhã seguinte nós estávamos lá, Dudu, Jujuba e eu. Nós íamos todos os dias, por mais que ele não estivesse acordado, nós fazíamos questão de ficar lá com o Bruno um pouco. Tata sempre vinha também, às vezes ela trazia a Sophie, esse era o único momento que eu via uma faísca de felicidade nos olhos do Bruno. Nós conversávamos bastante com ele, aquele clima chato e estranho que tinha entre nós dois foi dissipado. Nós acabamos nos aproximando bastante, pois eu sempre ficava mais tempo do que os meninos lá com ele.

O hospital inteiro vinha visitar o Antoine, como ele era querido por todos! Todos falavam com o Bruno e davam a maior força para ele. Aqueles estavam sendo dias muito difíceis para todos nós, mas em especial para o Bruno. Não sei se as pessoas o observavam tanto quanto eu, na verdade, eu nem sei por que eu ficava o observando. Eu analisava tudo o que ele fazia, por que um dia eu já estive no lugar dele. Eu conhecia muito bem aquela dor. Por mais que eu não estivesse mais com o Antoine, eu ainda sentia as mesmas sensações, os mesmo medos de quando nós estávamos juntos e nós enfrentamos a leucemia.

Todas as vezes que a Tata vinha ao hospital, ela forçava o Bruno a comer, ele só comia quando ela estava aqui, pois ninguém mais conseguia fazer ele comer. Ele tinha emagrecido bastante nos últimos dias. Ele era incansável, ele não saiu em nenhum momento do lado do Antoine. Tata cuidava da Sophie, mas quando ela vinha ao hospital e ficava no colo do Bruno, todas as vezes que ela tinha que ir embora era um berreiro só. Eu achava meio estranho em como aquela menininha tão pequenina já era tão apegada aos pais.

*******

Ao acordar, eu vi Maman.

- Oi, Maman! – Eu não conseguia respirar direito

- Chéri! – Ela me olhou e eu vi as lágrimas caindo, ela chorava demais

- Maman... – eu apontei para o nariz

- Ah, mon Dieu! – Ela saiu chamando as enfermeiras que vieram rapidamente

Elas tiraram uns tubos de mim, o que foi bem desconfortável. Eu não entendia o motivo de tudo aquilo.

- Tu estás bem, mon p’tit? – Maman me perguntou quando as enfermeiras foram embora, ela ainda chorava muito.

- Acho que sim, Maman! - Eu me sentia meio estranho, minha garganta doía

- Eu rezei tanto, mas tanto...

- E Deus escutou suas orações, eu estou aqui: Vivo!

- Quando o Bruno me falou que tu tiveste uma parada cardíaca, eu quase morri.

- Eu tive uma parada cardíaca? – Eu me assustei, ninguém tinha me falado isso

- Sim!

- Meu Deus!

- Tata? – Thi foi entrando no quarto sem perceber que eu estava acordado

- Fala, mané! – Eu disse

- Ant... Antoine?

- Não, meu espirito!

Ele correu e me abraçou forte.

- Thi, eu ainda preciso respirar para viver. – Eu disse com dificuldade

- Eu achei que eu ia te perder. – Ele chorou

Todo mundo só sabia chorar, todos que vieram falar comigo naquele dia choraram ao me ver.

- Bom, mas não perdeu! Agora, se tu não me soltares, eu acredito que eu vou morrer.

- Engraçadinho! Como tu estás te sentindo?

- Com fome!

- Isso é bom! Deixa eu chamar os médicos. – Ele me abraçou mais uma vez – Obrigado por estar vivo! – Dizendo isso ele saiu do quarto

- Ele ainda te ama, não ama? – Maman perguntou

- Não sei, Maman!

- Mais je sais! Ele te ama!

- Cadê a minha filha?

- Ela está lá fora com teu Papa.

- Deixa eu ve-la um pouquinho?

- Ela não pode entrar aqui, mon fils.

- Mas por que?

- Os médicos não deixam. Ela ainda é muito bebe.

- Que droga! Cadê o Bruno, Maman?

- Eu fiz ele ir em casa descansar um pouco, ele não saiu daqui nem um segundo desde que tu te internaste.

- Alguém cuidou dele? Ele nunca come quando ele fica nervoso...

- Eu estava de olho, não te preocupas.

- Obrigado! E a Sophie, ela deu algum trabalho?

- Nem um pouquinho! Só no dia da cirurgia que ela chorou bastante e não queria comer, mas depois eu sempre trazia ela aqui com o Bruno e ela melhorou.

- Como assim o dia da cirurgia? Não foi hoje?

- Não, meu filho!

- Não?

- Não! Foi há três semanas!

- O que?

- Meu filho, tu tiveste que ficar em coma induzido por três semanas. – Ela falava chorando

- Mas por que?

- Tu tiveste uma parada cardíaca durante a cirurgia, mas depois que tu vieste para o quarto tua pressão subiu demais, tu ficaste em um estado muito instável e tu tiveste mais uma. Os médicos acharam melhor te deixar em coma induzido, até tu te recuperares da cirurgia.

- Três semanas? Mas, para mim foi hoje! Como o Bruno ficou, Maman? Ele tá bem não está?

- Tá, meu filho! Ele está muito preocupado, mas está bem. Deixa eu ligar para ele e falar que tu acordaste. – Ela disse se levantando e pegando a bolsa dela que estava sobre uma outra poltrona mais afastada da cama e logo depois pegou o celular lá dentro. – Alô? Bruno?

- Oi, meu filho! Ele acordou!

- É, ele acordou! – Ela sorria e chorava ao mesmo tempo.

Ela ficou falando com o Bruno, mas eu não prestei atenção, minha cabeça estava meio confusa. Como eu fiquei três semanas em coma? Eu não senti nada, não lembrava de nada. Como três semanas podem ser apagadas da vida de uma pessoa? Como o tempo é tão maluco assim? Eu lembro de falar com o Bruno e adormecer. O que tinha acontecido de fato?

- Ele já está vindo para cá, mon p’tit!

- Maman, o que aconteceu de fato? – Eu disse ignorando o que ela tinha me falado

- Eu não sei te explicar direito, Antoine. Deixa o Bruno chegar que ele te conta.

- Aqui, doutor! Ele acordou! – Thi entrou no quarto com os médicos, o sorriso dele ia de orelha a orelha.

- Olá, Antoine!

- Oi, Antônio!

- Como estás te sentindo?

- Acho que bem! Um pouco com fome, mas bem.

- Com fome?

- É! Acho até que minha barriga está roncando.

Ele sorriu.

- Isso é muito bom! Vou pedir para o nutricionista te avaliar e ver o que tu podes comer, ok?

- Se o senhor fizer isso rapidinho eu agradeceria. – Ele sorriu ainda mais de mim

- Que susto tu deste em todos nós, hein rapaz?

- O que foi que aconteceu comigo?

- Após a cirurgia, nós não conseguíamos controlar tua pressão. Tu estavas muito instável e tiveste uma parada cardíaca. Na verdade tiveste duas, uma durante a cirurgia e uma depois enquanto estavas no quarto. Então, para não agravar ainda mais o teu quadro, nós tivemos que te colocar em coma induzido.

- E isso é possível?

- Acredite, não foi fácil, mas nós conseguimos. Tu vais ter que ficar aqui por mais alguns dias, temos que te monitorar. Não podemos correr nenhum risco.

- Tudo bem!

Eles fizeram uma bateria de exames em mim, o que demorou bastante. Durante todo esse tempo eu fiquei com fome. Minha barriga já doía de tanta fome. Minha garganta doía por cauda do tubo que ficou lá por três semanas. Eu ainda não acreditava que eu fiquei três semanas apagado.

- Cadê ele? – Bruno foi entrando no quarto

- Oi, amor! – Eu disse sorrindo

Ele veio andando até mim e já veio em prantos. Maman, Thi e os médicos e enfermeiras saíram do quarto e ficamos só nós dois.

- Eu tive tanto medo! – Ele me beijou suavemente na testa – Eu pensei que eu ia te perder, amor. Eu rezava todos os dias na beirada dessa cama.

- Mas eu estou aqui, agora, meu bem. – Eu disse fazendo carinho no rostinho dele

Ele estava meio barbudo, ele nunca deixava a barba crescer.

- Eu senti tanto a tua falta. Diz pra mim que tu estás bem, que tu não vais mais me deixar.

- Eu tô bem e não vou mais te deixar, bobo.

- Eu te amo, Antoine! – Ele dizia em prantos.

- Eu também te amo, meu amor.

Ele passava as mãos pelo meu corpo. Ele ainda nem estava acreditando que eu estava lá falando com ele. Ele estava mais magrinho, Maman mentiu para mim. Ele não estava comendo. Ele estava meio desleixado, ele nunca ficava assim. Tudo isso por causa dessa maldita doença.

- Tu estás bem? – Ele me perguntou

- Tô, amor! Os médicos me avaliaram e disseram que está tudo bem. Não corro nenhum risco.

- Graças a Deus! Eu quero te tirar daqui, quero te levar pra casa.

- Acho que isso ainda vai demorar um pouquinho...

- Eu sei! – Ele ficou em silêncio – Tu estás aqui! Tu estás bem! – Ele falava chorando e sorrindo

- Tô, amor! – Ele se levantou e me beijou levemente

- Eu estava com saudade de te beijar! De te sentir vivo.

- Acalma teu coração, Bruno! – Eu coloquei a mão no peito dele – Eu estou aqui, amor, e vou ficar aqui. Calma!

- Eu pensei que eu ia te perder... Eu achei que eu nunca mais iria conversar contigo.

Eu não sabia o que falar para ele. A única coisa que eu fiz foi apertar forte a mão dele e deixar ele falar.

- Tu és minhas vida, Antoine. Eu te amo demais, eu não sei o que seria de mim se eu te perdesse. – Ele ficou em silêncio por um tempo – A dor era tão grande, eu te vi morrer na minha frente. Eu te vi ir embora e eu não conseguia fazer quase nada. Eu quase te perdi. – Ele ficou em silêncio novamente e voltou a chorar – A dor era muito grande aqui, amor. – Ele colocou minha mão sobre o peito dele – Eu nunca senti uma dor tão grande em toda a minha vida. Não me deixa mais, por favor. – Ele me olhava com os olhinhos só lágrimas.

Eu tinha raiva de mim mesmo por fazer ele sofrer tanto daquele jeito. Eu fazia todo mundo sofrer por mim. É muito bom ser amado pelas pessoas, mas ao mesmo tempo, dói muito na gente quando a gente vê essas pessoas que te amam sofrerem por ti.

- Vem cá, vem! – Eu pedi para ele subir na cama

- Eu não posso subir aí. Essa é uma cama da UTI.

- E eu me incomodo com isso? Vem cá, vem!

Eu me arredei um pouquinho e eu senti uma dorzinha na minha perna, mas eu não falei nada. Ele subiu na cama com muito cuidado para não me machucar. Eu fiz ele deitar no meu peito. Ele ficou quietinho ali e eu fiz carinho nos cabelos dele. Ele precisava de carinho depois de tudo o que ele passou. Nós não falamos nada, nós só ouvíamos nossa respiração e os aparelhos que ainda estavam ligados. Ele ficou ali calminho por um bom tempo, até a Maman bater na porta, na verdade.

- Chéri?

- Oui, Maman!

- Tá tudo bem?

- Bruno?

Ele não respondeu.

- Bruno? – Eu chamei

- Ele dormiu, meu filho. – Maman disse com um sorrisinho no rosto – Ele deve estar exausto.

- Quanto tempo ele está aqui?

- Desde quando tu te internaste.

- Ele não sai desse hospital há três semanas?

- Isso!

- E vocês não fizeram ele ir para casa?

- Eu até tentei, mas ele não me ouviu. O Thi, a Jujuba e o Dudu também tentaram, mas ele não saiu daqui de jeito nenhum. O jeito foi sempre trazer roupas para ele.

- Acho que a gente vai ter que acordar ele, Maman. Se os médicos o virem aqui, eles vão brigar.

- Tadinho, mas ele está tão calminho.

- Eu sei, mas eu tô começando a sentir uma dorzinha aqui na perna.

- Então, chama logo ele!

- Amor! Bruno! – Eu fazia carinho nele – Amor, acorda! Amor!

Ele foi acordando aos poucos, ele tinha dormido para valer.

- Oi! – Ele disse meio grogue de sono ainda

- Oi, amor!

- Eu dormi?

- Unrum!

- Tu estás bem?

- Tô! Tô super bem!

Ele se levantou e se espreguiçou.

- Bruno, vai para casa. Eu fico aqui com ele.

- Não, não! Eu não vou deixa-lo aqui.

- Amor, vai descansar, vai. Depois tu voltas pra cá, eu fico com a Maman.

- Antoine? – Dudu entrou no quarto todo eufórico

- Oi! – Eu sorri

- Tu estás vivo! – Ele estava chorando também

- Tô, sim! Tu achas que eu ia te deixar fazer tuas besteiras por aí adoidado? Nem pensar! Tu precisas dos meus bons conselhos, mano!

Ele veio até mim e me abraçou.

- Tu estás vivo! Que bom, caralho!

Nós conversamos um pouco, e em um determinado momento Bruno saiu junto com a Maman do quarto.

- Mano, eu quero um favor teu.

- Mas tu mal acabaste de acordar e já queres um favor?

- Isso mesmo! – Eu sorri – Mano, tira o Bruno desse hospital. Leva ele pra casa, faz ele dormir um pouco e faz ele tirar aquela bendita barba.

- E tu achas que eu já não tentei?

- Mas eu já pedi para ele ir, a Maman vai ficar comigo. Faz ele dormir um pouquinho, por favor.

- Tá, eu vou ver o que faço. Mas, eu não te prometo nada, até por que há três semanas nós tentamos fazer ele sair desse hospital. Ele e o Thi ficaram aqui.

- O Thi?

- É, era ele que ficava com o Bruno aqui.

- O Thi? – Eu estava assustado com isso, eles não gostavam um do outro.

- Ele mesmo! Pelo visto, tu, enfim, conseguiste unir os dois. Eles vivem de papinho, agora.

- Alguma coisa boa essa doença tinha que trazer, não é?

- Olha quem veio ver o papai. – Bruno foi entrando com a Sophie no colo – Ela só pode ficar um pouquinho, eu tive que corromper uma enfermeira para ela poder entrar aqui.

Ele colocou minha filha no meu colo. Ao olhar para ela, eu percebi que eu estava vivo, eu tinha passado mais uma vez por essa doença e tinha dado a volta nela. Mas, meu medo ainda existia. E se eu tivesse câncer mais uma vez? Uma terceira vez eu não aguentaria. Minha família não aguentaria. O Bruno não aguentaria. No entanto, eu tinha uma filha, agora, e eu lutaria por ela até o fim. Não deixaria ela perder mais ninguém tão pequenina.

Eu falava com ela e ela abria um baita sorriso. Ela colocava as mãozinhas na minha boca e no meu nariz.

- Como ela cresceu, gente! Como ela cresceu tanto assim em três semanas? Ela tá linda, meu Deus! Mas, ela tá meio magrinha. Cadê a Maman que não cuidou direito da minha filha?

- Ela tá lá fora com o teu pai. – Bruno disse sorrindo, ele já tinha parado de chorar.

- E por que o Papa ainda não veio aqui?

- Ele tá chorando até agora. Ele não quer entrar aqui assim.

- Mas é muito bobo, eu vi até o Dudu chorar, gente. Meu Papa eu vejo chorar desde sempre.

- Me dá ela, amor. Eu tenho que leva-la, ela não pode ficar aqui, não faz bem nem pra ti e nem pra ela.

- Tá bom! – Ele a pegou do meu colo - Dudu faz o que eu te pedi!

- Se ele deixar...

- Amor, tu vais pra casa com o Dudu, viu? Vais dormir, tomar um banho, comer alguma coisa, tirar essa barba e depois volta pra cá.

- Não....

- Sem direito a resposta! Tu vais em casa e vais fazer o que eu estou te pedindo. Vais fazer por mim, tá?

- Tá bom! Eu vou arrastar o Thi comigo também.

- Faça isso!

Ai meu Deus, ele já estava até chamando o Thi de Thi. A coisa foi séria mesmo!

- Tá vendo, tava sentindo falta de alguém pra colocar ordem na bagaça toda. – Dudu falou e eu ri

Bruno me deu um beijo, Dudu me abraçou e os dois saíram do quarto. Foi só eles saírem para Maman e Papa entrarem no quarto. Eu olhei para o meu Papa e ele estava fazendo a maior força para não chorar.

- Oi, Papa!

- Oi, filhote! – Ele veio me abraçar – Droga, eu disse que não iria chorar! – Ele disse caindo em prantos – Que bom poder te abraçar, meu filho.

- É bom poder lhe abraçar também, Papa. Como o senhor está?

- Essa pergunta sou eu que tenho que fazer!

- Bom, mas a resposta vocês já sabem. Os médicos já falaram para vocês. Agora, eu não sei como vocês estão. Meu marido está destruído, tive que força-lo a ir pra casa. Ele e o Thi viraram amigos. O Dudu me aparece aqui chorando. Eu perdi muita coisa, quero saber como vocês estão. – Eu falava rindo

- Estamos todos bem agora que tu estás bem. – Ele disse – Eu tenho tanto orgulho de ti, filhote. Tu passaste por mais essa de cabeça erguida. Venceste mais uma vez. Eu tenho orgulho de te ter como filho. – Ele chorava – Eu te amo demais, meu filho.

- Eu também amo vocês! – Os dois me abraçaram – Cadê meus irmãos?

- Estão em casa. Ah, eu tenho uma boa noticia pra ti. – Maman disse

- E qual é?

- O Pi está vindo para cá. Quando ele soube que tu estavas em coma, ele quis vir para cá. Ele vai ficar lá em casa.

- Não, senhora! Ele vai para a minha casa, foi esse o acordo que nós fizemos!

- Antoine...

- Não, não! Faço questão do meu primo ficar na minha casa! Quando ele chega?

- Semana que vem! Falando nisso, eu preciso avisar tua tia e ele, teus avós, teus tios. Ah, Maman e Papa chegam essa semana.

- O Papie e a Mamie estão vindo também?

- Sim! Esses vão ficar na minha casa, viu? – Ela sorriu

- Tudo bem! Mas o Pi fica na minha!

- Certo!

Nós conversamos só mais um pouquinho, pois as enfermeiras vieram tirar o Papa do quarto. Só quem poderia ficar era a Maman que estava substituindo o Bruno. Eu estava vivo, eu nem podia acreditar que eu tinha vencido aquela maldita doença. Eu sabia que ainda teriam várias sessões de quimio pela frente, mas os tumores não estavam mais em mim. Eu me sentia bem e feliz ao ver meus pais, meus amigos, e meu amor ali.

COMENTÁRIOS DO AUTOR

M/A: Eu também senti isso, M/A! Eu me senti, e sinto, abençoado por Deus, sabe? Me sinto protegido. Não é todo mundo que tem a permissão de superar essa doença. Um beijo!

Ninha M: Oi, minha linda! Obrigado, obrigado pelas palavras! Um beijinho!

Plutão: Merci, mon cher! Ils étaient de temps difficiles, mais voilà, tout était bien ! Gros Bisous !

LuCaS : Obrigado ! Obrigado mesmo ! Só ele sabe das coisas, só ele enxerga tudo o que sentimos! Um beijo!

Hello: É, mas graças a Deus, e com a ajuda da minha família e dos meus amigos, eu consegui dar a volta por cima. Beijoo!

CHV2!: Oiiii! Obrigadooo!! Fico muito feliz ao saber que minha história te fez ler até aqui. É bem difícil escrever algumas coisas, às choro lembrando. Mas, fico feliz ao poder contar isso tudo a vocês. E não irei abandona-los, posso demorar a publicar devido a altíssima carga de trabalho, mas eu irei escrever até o fim. Não se preocupe. E não some mais dos comentários, não, tá? Kkk Um beijo!

FASPAN: Oi, meu lindo! Que bom que gostaste, vou falar para ele isso! Kkk Vai ficar todo bobo! Obrigado pelas palavras! Um beijo!

Kel3599: Oiiiiiiiiii!!! Seja muitíssimo bem-vindo! Graças a Deus, mas foi por pouco, bem pouco mesmo. Continue por aqui, tá? Beijo!

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Comentários

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O capítulo mais emocionante,que história comovente

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Já acompanho seu relato faz um tempo mas não tinha feito o cadastro, mas esse capitulo me fez chorar rios de lagrimas e por isso resolve criar uma conta para poder prestigiar você. Adoro sua historia e me sinto um pouco parte de sua familia de tanto que gosto de ti e de todos que estão a sua volta

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meu lindo trás mais uma capitulo pra nos hoje por favor...

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ai mais uma vez você esta judiando da gente chorei e ainda choro que nem uma criança aqui... meu deus menino você e mais que vencedor... maravilhoso como sempre... ai esse thi e o bruno conseguiu superar todas as suas diferença pra se unir na dor isso que é amor a ti homem... mais garanto que dai nasceu uma linda e especial amizade... amando seu conto cada dia mais...

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Aí mds, meu core foi à mil com esse cap... Chessus... AH, meu kirido, pode deixar, não saio mais daqui não kkkk demorei um mês eu acho pra chegar aqui kkkkk

Bjuus e até!

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Seria bom se o thi ficasse com o Pi, mas acho que ele vai ficar é com tigo né rsrs teve vezes que eu já pensei q Deus "castiga", mas isso não tem muita lógica, pois se não crianças nenhuma teria câncer e a maioria morreria assim... bjs...

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Gostei do que sua mãe falou do Thiago... Amava tanto que fez o que fez!

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Olá! Prometo não sumir dos comentários, d'accord? Kkk. Não comentei nada antes, pois, quando comecei a ler já havia 112 capítulos redigidos. Como eu disse antes a sua história é maravilhosa, e é lindo esse vínculo que seus familiares e amigos tem contigo. Ah!!! Antes que eu me esqueça, o Bruno tem algum irmão disponível? hahahaah. Um grande abraço e até a próxima.

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Sabe me encanto cada vez mais com sua história de vida. E o que aconteceu com Bruno e thi e pura verdade da vida e sei bem o que é isso. A doença vei para unir seus amigos. Minha familha parte de pai e mãe não se batia e só foi se unir após meu pai ter um avc e hoje graças a Deus ele também está bem. Fica com Deus que ele sempre vai guiar sua vida no melhor caminho, passando por batalhas e vencendo pois ele é a nossa vida.

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Queria colocar aqui um monte de elogios em francês, mas ainda tô aprendendo kkkk Mas imagine aí os melhores para vc e sua história. Tudo tão emocionante. Apesar do motivo ser ruim, adorei a vinda do Pi para o Brasil. Gosto muito dele tmb. Capítulos perfeitos, sempre.Bjão

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Seria legal se o Pi namorasse o Thi... Chorei com o desespero de todos, mas o do Bruno e Thi foi o mais comovente. Quanto domínio literário há em você hein, parabéns, tu escreve maravilhosamente bem. Já quero a continuação logo. Que Deus os abençoe hoje e sempre! 👌👌👌👏

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